Alpha - The Survivors escrita por Doug


Capítulo 6
Vigilância


Notas iniciais do capítulo

Mil desculpas pela demora para postar esse capítulo. Tive um terrível bloqueio de criatividade e não consegui sequer escrever uma frase durante essas semanas. Mas aqui está, o capítulo recém saído do forno! Espero que gostem!



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Acordo com alguém batendo a porta do meu vagão.

– Quem é? – pergunto com a voz rouca

– Sou eu, John. – ele continua a bater na porta

– O que você quer? – ainda não estava raciocinando direito

Já chegamos em Tekhno, quase todo mundo do trem já saiu, só falta a gente! Anda logo, seu preguiçoso! – ele fala

Quase caio da cama quando ele diz que já chegamos em Tekhno. A viagem dura um dia e meio! Eu devia estar realmente cansado para dormir todo esse tempo.

– Ok, já vou indo! – digo enquanto pego os meus tênis e os calço.

Dou uma ajeitada na minha camisa que está um pouco amassada, e passo a mão no meu cabelo tentando deixar ele um pouco mais apresentável. Pego minha mala e abro a porta do vagão. vejo John apontando para seu relógio de pulso preto.

– Está atrasado, bela adormecida. – ele debocha

– Mal começou o dia e você já está enchendo meu saco, se continuar assim vou querer ir para Cidade o mais rápido possível – rio. John também ri. Nós dois sabemos que é mais fácil lidar com o Teste Final rindo, ao invés de chorando.

– Digo o mesmo. – ele diz e voltamos a rir

– Vamos logo. – digo – Mal posso esperar para ver a mãe e o pai

– Eu também – John diz – Vamos

Caminhamos pelo corredor do trem, até a saída. E então vemos nossos pais. Nossa mãe com os longos cabelos loiros caídos sobre os ombros dela. Seus olhos verdes, que pareciam brilhar. Ela estava usando um vestido preto que ia até os tornozelos mais ou menos e um sapato de salto alto preto. As laterais do vestido eram feitos de um material verde, que brilhava, assim como os seus olhos. Desvio o olhar de nossa mãe e observo nosso pai. Ele havia cortado seus cabelos pretos, deixando-os parecidos com os cabelos de John. Ele estava usando um calça jeans cinza, um casaco de couro preto e calçava um par de All star pretos, exatamente iguais aos meus. As laterais das mangas do casaco também tinham listras verdes, do mesmo material do vestido de nossa mãe.

– Peter! John! – nossa mãe corre em nossa direção. Seus cabelos balançando com o vento deixava-a ainda mais bonita. Quando ela chega perto de nós, ela nos abraça. – Senti tanta saudades de vocês – Ela fala enquanto nos abraça. O abraço dela me dá uma sensação de conforto e segurança que eu não sentia faz tempo. Como se nada de mau pudesse me atingir. Ela para de nos abraçar, e olha em nossos rostos. Percebo lágrimas se formando em seus olhos – Vocês mudaram tanto.

– Mãe... – lágrimas começam e escorrer pelo meu rosto. E antes que eu ou John pudéssemos falar mais alguma coisa, meu pai nos abraça.

– Como estão, campeões? – ele nos chamava assim desde que nos conhecíamos por gente.

– Bem... – a palavra sai da minha boca involuntariamente. Ele para de nos abraçar e começa a olhar os nossos rostos, igual a nossa mãe. – Pai... Mãe... - digo, a emoção desse momento é tão forte que eu não consigo falar direito.

– Estávamos morrendo de saudades de vocês – John completa. Ele também está chorando de emoção

– Eu imagino – nossa mãe responde

– Bem, vamos para a casa que não vejo a hora de comer o delicioso jantar que sua mãe preparou para vocês – meu pai responde rindo, enxugando as lágrimas de seus rosto com as mãos.

Caminhamos até a plataforma do trem que nos levará para a nossa casa e esperamos por uns 20 minutos até o trem chegar. O trem de Tekhno é totalmente diferente do que eu e John pegamos para chegar aqui. O trem tem um formato retangular, e é totalmente preto. Com exceções das listras verde que atravessam o trem. Listras, que quando o trem para se tornam vermelhas. Sinalizando que trem está parado. As portas se abrem silenciosamente e então entramos. O interior do trem é totalmente feito de aço. Nos sentamos em um banco feito de um material macio e confortável. Quando menos percebo, o trem já está se movendo. Olho para a janela, esperando o trem sair da estação para eu ver a cidade de Tekhno. Durante alguns segundos tudo o que vejo são as paredes da estação, até que o trem sai dela e eu vejo a cidade de Tekhno à noite. Grandes prédios pretos e retangulares, com janelas onde a luz de dentro escapava, e listras verdes ,iguais as do trem, que atravessavam o vão entre as janelas, mostrando que o prédio está ativo, cobriam grande parte da cidade. Alguns prédios estavam com as listras vermelhas, sem nenhuma luz saindo de sua janela. Sugerindo que ninguém mais estava trabalhando neles. Fico admirando pelo jeito em que os prédios contrastam com o céu escuro e as luzes das estrelas e da lua. E então imagino como eu vi esses prédios da última vez. Como era de dia, ao invés de pretos, os prédios eram totalmente brancos. Isso era uma das coisas que eu amava sobre Tekhno. Era ótimo ficar observando os prédios mudarem de cor durante o anoitecer. O branco tornando-se levemente cinza, e então preto. Me perco nos pensamentos até chegarmos perto de casa. A parte de Tekhno onde moramos, tinha apenas alguns prédios que nem os que vi anteriormente. Casas, do mesmo estilo que os prédios, constituíam a maior parte do nosso bairro. A maioria estava com as listras vermelhas. Poucas casas estavam com as listras verdes. Apenas as famílias que estavam esperando alguém deviam estar acordadas a essa hora. O trem para numa pequena plataforma ao ar livre, e descemos. Caminhamos por algumas quadras até que chegamos na porta de nossa casa. Nossa era igual as outras ao redor. Preta, com um formato meio retangular, pequenas janelas quadradas e as listras vermelhas em volta dela. Um pequeno painel se abre quando meu pai pisa no fino tapete preto de boas-vindas. Ele coloca sua mão direita no painel, que é escaneada por alguns segundos e uma eletrônica voz feminina fala “Reconhecimento completo. Arthur Lesker.”. Então as listras vermelhas se tornam verde e a porta se abre, deslizando-se para cima. A sala de estar está exatamente igual a última vez que eu a vi. Um grande sofá de veludo preto encostado na parede. Ao lado dele, uma bela estante de mogno repleta de livros. Alguns novos em folha, provavelmente lançados nesse mesmo ano, outros mais velhos que nossa tatatarávo. A alguns metros a sua frente havia duas poltronas do mesmo material que o sofá, separadas por um pequeno criado-mudo. No centro, havia uma longa mesinha de café, feita de vidro.

Um cheiro familiar chama minha atenção. Um cheiro vindo da cozinha, que faz minha boca salivar.

– Peru assado! – exclamo quando reconheço o cheiro

– Exatamente – nossa mãe diz enquanto sorri

– Nossa, estou faminto. A comida lá de Akadima não chega nem aos pés da sua, mãe – diz John

– Oh, obrigada – responde nossa mãe

– Vamos comer então! – exclama meu pai se dirigindo para cozinha

Nós seguimos-o até a cozinha. Onde um grande e suculento peru assado está posto no centro da mesa de vidro. Saladas, frutas, pães e sucos ao seu redor, fazia o jantar parecer um grande banquete digno de rei.

Você preparou tudo isso sozinha, mãe? – pergunto – Deve ter um dado um trabalho.

– Capaz. Nem deu tanto trabalho – ela responde

– Ei! Não se esqueça que te ajudei, Nathalie! – nosso pai fala

– Só se ajudar significa ficar comendo o jantar antes de ele estar pronto, querido – ela ri

– Ok, ok – meu pai fala enquanto se senta em uma das extremidades da mesa.

Eu, John e nossa mãe nos sentamos logo após do nosso pai. Corto um pedaço razoavelmente grande do peito do peru, um pouco de salada, alguns pãezinhos, metade de uma laranja e coloco-os no meu prato. Encho meu copo com suco de limão, e dou um gole. Sinto o leve gosto amargo de limão descer por minha garganta. Corto um pequeno pedaço do peito de peru que está no meu prato e o mastigo lentamente, saboreando cada segundo de delicioso sabor.

– Olhe para vocês, vocês cresceram muito durante esse ano – nosso pai diz. Eu não precisava ser um vidente para saber aonde isso ia chegar – E as namoradas?

– Pai! – John e eu, falamos ao mesmo tempo

– Calma. Só estava brincando com vocês – ele fala

Reviro os olhos enquanto pego um pãozinho, e vejo um belo e grande lustre pendurado no teto. Nunca tinha visto ele antes, e nossos pais não são muito de comprar coisas novas. Eles gostam das antigas lembranças que as coisas velhas trazem.

– De onde veio esse lustre? – pergunto. Por alguns segundos tudo o que ouço é um silêncio.

– Bem... Nós ganhamos esse ano. – nossa mãe finalmente fala

– De quem? – John pergunta

– De um amigo de seu pai. Ele sabia que vocês estavam vindo e disse que era para usarmos quando vocês chegarem. Como algum tipo de presente, ou coisa do tipo – ela responde. Algo estava soando estranho. Amigo de trabalho? Presente? Isso parecia muito suspeito para mim. Alguma coisa estranha deve estar acontecendo ou já aconteceu. Papo vai, papo vem, quando me dou por conta o jantar já tinha acabado. Apenas um pequeno pedaço de peru sobrou. John dá uma garfada nele e o mastiga.

– Alguma dica para a Cidade? – ele pergunta, depois de engolir um pedaço do peru.

– Nós não podemos revelar nada sobre a Cidade para vocês – nosso pai dá uma pausa, olhando para o lustre com um olhar estranho – É proibido.

– Mas... – tento falar, mas sou interrompido por nossa mãe.

– Nada de mas. – ela responde rapidamente, quase furiosa. Ela pega um pequeno guardanapo e limpa sua boca. – O jantar estava ótimo, mas já é hora de dormir. Estou prestes a protestar, quando reparo alguma coisa no lustre. Aguço minha visão um pouco e percebo que há uma pequena câmera nele. Eu sabia que alguma coisa estava errada. Aposto que esse lustre foi, na verdade, um presente de algum encarregado do Governo para nos vigiar. Mas por quê? Para nossos pais não falarem nada sobre a Cidade? Não. Eles não esconderiam uma câmera só para isso. Deve haver algo a mais. Sei que perguntar algo para aos nossos pais agora não iria levar em nada.

– Ok – finjo um bocejo – Já estava começando a ficar com sono mesmo. Boa noite.

– Boa noite – John e nossos pais respondem.

Subo as escadas de metal em direção ao meu quarto, e quando chego perto da porta ela se abre. Entro no meu quarto e percebo que ele está do jeito que eu deixei. Minha cama de solteiro virada para a janela, de um modo que eu pudesse ver o céu enquanto tentava dormir. Minha prateleira acima da minha cama, com minha própria coleção de livros estava intacta. Penso em abrir meu guarda-roupa mas ao invés disso deito na minha cama e penso sobre a câmera. Fico pensando o por quê de ela estar ali. Será que têm escutas escondidas aqui também? Penso sobre isso por minutos, olhando o céu pela minha janela, até que ouço o suave deslizar de minha porta abrindo.

– Só vim te dar um beijo de boa noite – era a voz da minha mãe. Ela me dá um beijo na bochecha. Enquanto seu rosto está perto do meu, pergunto em um sussurro.

– Tem câmeras e escutas aqui certo?

– Shhh. - ela diz – Sim, tudo ficará bem. – a resposta dela é clara. Estou certo. E tem câmeras e escutas no meu quarto também. Ela põe sua mão debaixo do meu travesseiro, chegando à minha mão. E me dá, o que parece ser um papel. Puxo, mas ela prende minha mão e fala suavemente enquanto beija minha outra bochecha. – Esse é para te proteger na Cidade. – Entendi a mensagem. Isso são as informações sobre a Cidade. E eu só deveria ler quando estivesse nela.

– Você já deu um beijo de boa noite à John? – pergunto

– Irei fazer isso agora – ela diz enquanto se levanta e dirige-se até a porta – Te amo, Peter.

– Também te amo, mãe.

Ouço minha porta se fechando, e fico imaginando o que está escrito no pedaço de papel que está em minha mão até que adormeço.


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