Alpha - The Survivors escrita por Doug


Capítulo 2
Mudança de Planos




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Peter?

Uma mão encosta no meu ombro e eu me viro para trás para ver quem era. Era meu irmão, John.


Já terminou a prova? – perguntei


Sim, não estava tão difícil assim. – ele respondeu


Depois das semanas que eu te ajudei a estudar para essa prova, é quase que sua obrigação não achar a prova difícil – falei dando um riso


Ah, cala a boca Peter

Virei-me para janela de novo, e John fez o mesmo. Ficamos observando o temporal por alguns minutos, quando ouvíamos o barulho da porta da nossa sala se abrindo, olhávamos para trás para saber quem tinha terminado a prova e voltávamos a olhar para o temporal. Parei de prestar atenção ao temporal e comecei a prestar atenção no nosso reflexo na janela. Nós nem parecíamos irmãos, exceto pelos nossos olhos castanhos-escuro, ele era um pouco mais alto que eu, tinha os cabelos loiros da nossa mãe, que ele mantinha sempre curto, e tinha o porte físico de nosso pai, não muito musculoso, não muito magro, mas extremamente forte. Já eu era totalmente desprovido de músculos, não era fraco e nem forte, tinha os cabelos pretos do nosso pai, que estavam sempre bagunçados devido à minha preguiça de arrumar eles quando acordo. Minha atenção voltou a tempestade quando uma das árvores caiu com a força do vento.


Já pensou em alguma coisa? – ele me perguntou


Sobre o Teste?


Óbvio, com o que mais seria Sr. Sabe-tudo? – ele falou imitando minha voz


Não enche – respondi – E sim, já pensei em alguma coisa – falei baixinho


O quê? – ele perguntou olhando para mim


Aqui não, alguém pode ouvir – falei apontando discretamente para um de nossos colegas – Vamos lá para fora


Você tá louco? Ir lá pra fora com esse temporal?


Sim, o temporal está tão forte que ninguém vai poder nos escutar – expliquei


Ah, entendi. Vamos então

Caminhamos pelo corredor até chegar a escada, John cumprimentava os nossos colegas que encontrávamos no caminho para o pátio, pelo tom de sua voz percebi que ele ainda não havia se conformado com a ideia de que mais da metade da turma estaria morta daqui a alguns dias. Comecei a me lembrar do ano passado, quando eu decidi que não ter amigos era a melhor, vivíamos discutindo sobre isso. Ele achava que minha atitude era errada, que eu devia fazer amigos e ajudá-los a sobreviver, “já que cinco alunos podem sobreviver, por que esses alunos não podem ser seus amigos?” era o que ele sempre dizia. Nunca respondi essa pergunta pra ele, não por não saber a resposta, mas porque eu não queria brigar com ele. A resposta era simples, “ninguém é seu amigo na Cidade”, era isso o que eu pensava e ainda penso pelo menos. Esse ano nós não discutimos sobre esse assunto, já que eu, aparentemente, estava fazendo “amigos”.

Chegamos na porta que levava ao pátio e pegamos um par de capas de chuva que estavam pendurados na parede, e então saímos.

Parecia que a tempestade tinha piorado, o vento era tão forte que eu não conseguia andar em linha reta. Nós paramos e então ele perguntou:


E então, qual é seu plano?


Meu plano é arranjar um jeito de nos encontramos na Cidade e sobreviver até que o Teste Final acabe, sem alianças, sem amigos, só nós dois lutando juntos para que sejamos parte dos cinco vencedores. – Falei friamente


Porra, pensei que você tivesse tivesse desistido dessa ideia de “sem amigos” – ele falou bravo – Cinco pessoas podem sobreviver, CINCO! – ele estava quase gritando


E daí, caralho? – comecei a ficar bravo também – Do que adianta fazer amizades com pessoas que podem te apunhalar pelas costas na primeira oportunidade que tiverem?


Como você sabe que vão fazer isso? Você é vidente por acaso? – ele perguntou com raiva


E como você sabe que não vão fazer isso? – rebati

Ele não respondeu. Havíamos chegado em um impasse, nenhum de nós ia desistir de sua opinião.


Vamos fazer assim então, você escolhe uma pessoa pra se aliar enquanto não nos encontramos na Cidade, e quando nos encontrarmos...– dei uma pausa – quando nos encontramos a gente resolve, mas não escolha a primeira pessoa que você ver, analise bem ela antes de se aproximar – falei com um ar de superioridade – Fechado?

Ele sabia que essa era minha proposta final, e sabia que eu tinha modificado parte do meu plano para que ele ficasse de acordo, coisa que eu não faria com ninguém mais.


Fechado – ele falou depois de um tempo


Ok – falei – Mas enfim, vou ir tomar um banho e ir para o dormitório dormir, o dia foi cansativo hoje – falei fingindo estar sonolento – Até amanhã


Também vou tomar banho daqui a pouco, mas vou ficar aqui pensando mais um pouco – ele disse – Então, até amanhã.

Eu podia perguntar sobre o que ele ia ficar pensando na chuva, mas resolvi apenas voltar para dentro da escola, com um único pensamento em mente. “Tomara que ele não tenha percebido que eu menti, tomara que ele não descubra a verdadeira mudança que eu fiz no meu plano”.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado desse capítulo, e que continuem lendo minha história :)
Críticas, elogios, sugestões e etc. são bem-vindas.
Até o próximo capítulo o/