A Chave Do Segredo - Dark Mystery escrita por Cristina Abreu


Capítulo 21
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Meu Deus... Mais de três meses sem postar? É sério isso mesmo? :O
Acho que vocês não querem mais nem atacar pedras em mim... Já devem ter me abandonado mesmo T-T
Apple Pies, miiiiiiil desculpas! Sério... Eu não sei como fui deixar de postar por taaaaanto tempo! DESCULPA, DESCULPA, DESCULPA!!!
Eu acabei viajando, e agora pra recuperar a matéria dada na escola está fooooooda! Sei que não é uma boa desculpa, mas é a que eu tenho! Então... Realmente, me desculpem!
Aí está o capítulo de clímax... Não sei se ficou legal, mas eu espero que vocês gostem (isso é, quem ainda não desistiu de mim)...
Boa leitura!



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Capítulo 20

Mundo dos Mortos.

Momentos Finais.

Lauren

Eu tinha certeza de que meus olhos estavam abertos, mesmo que tudo o que pudesse enxergar fosse apenas a escuridão. Tentei tocar meu ferimento – sabia que continuava a sangrar -, mas parei ao sentir a dor excruciante de antes. Todos os meus músculos doíam. Praguejei em voz baixa. Parecia que eu estava sendo rasgada no meio; a sensação de ter a alma partida estava cada vez mais forte.

Sentindo vertigem, fechei meus olhos, querendo que o escuro pudesse tomar-me por inteira. Era fraca demais para sentir tamanha dor. Logo não conseguiria mais manter-me desperta.

Foi quando senti um baque e um aumento momentâneo da dor. Abri meus olhos, respirando com dificuldade, pensando que fosse enlouquecer com a situação em que me encontrava. O cenário mudara. Ainda estava um breu, mas consegui ver algo que indicava a existência de fogo no horizonte. Instantaneamente fiquei atraída pela promessa de luz e calor. Tentei levantar-me para caminhar até lá, negando-me a pensar em Derek e em como ele poderia afastar todo o mal que sentia com apenas um toque. Bem, o garoto não estava ali, de qualquer modo – ou eu acreditava nisso, pelo menos -, e o que havia de mais promissor por enquanto era a flama, que se transformou num fogaréu conforme eu me aproximava.

E maldita a hora que o fiz. Um demônio de olhos pretos estava me encarando, sentado confortavelmente aos pés do fogo, que o tocava, mas que não parecia fazer nenhum estrago. Meu enjoo piorou e eu quis voltar para a antiga escuridão. Ela parecia mais amiga do que este homem com um sorriso perverso em seu rosto forte e endurecido. Não consegui definir se era bonito ou não. O medo prevalecia.

— O que estamos fazendo aqui? – perguntei, rompendo o silêncio tenso que havia se instalado entre nós. Ele não respondeu de início, e então algo na minha mente subitamente despertou. Arfei. – Você é o homem com que eu sonhei naquele dia...

Naquele dia em que havia fugido de Derek feito uma mulher enlouquecida, completei em minha mente.

— E você é uma garota insuportável e tola que não cala a boca. Será que nem a morte pode fazer esse milagre? – ele bufou.

— Se você me respondesse, ao menos faríamos algum avanço. – não deixei seu comentário sobre morrer perturbar-me. Eu já havia morrido uma vez e voltara, o que me dava alguma esperança de continuar viva desta vez também. – Então, continuo perguntando: o que estamos fazendo aqui?

— Deixe-me retrucar, Lauren. Quem você acha que eu sou? – ele percebeu que eu iria protestar, não que tivesse o direito de monopolizar a conversa com a minha curiosidade, porque rapidamente disse: — Responda a minha pergunta e você terá o início de uma resposta.

— Não faço a mínima ideia de quem você é, mas sinto que já o conheço de algum modo. – respondi, ficando curiosa com a minha própria resposta. Porém, eu havia sido verdadeira. Mesmo que não soubesse quem aquele homem era, algo dentro de mim sabia quem ele era.

— Hm... Isso porque não é você. – ele resmungou alguma coisa consigo mesmo. – Interessante, não sabia que ela conseguia fazer isso. Influenciar em suas emoções. Diga-me, o que você sente? Raiva, desprezo... Talvez um pouco de amor por mim?

Olhei-o abismada. Não sentia nada além de medo, mas meu coração bateu mais forte com as palavras dele. Então pesquei algo em sua frase que não havia percebido antes.

— Quem seria “ela”? – sussurrei. Pelo que sabia, estávamos sozinhos.

— Morrigan. – senti que meu rosto transformou-se ainda mais em uma careta de confusão. De quem ele estava falando, afinal de contas? – Santo Deus, eles deixaram você no escuro, não deixaram?!

— Do que diabos você está falando? – gritei. Minha cabeça parecia que iria explodir. – Quem é Morrigan?!

— Vou explicar e depois acabar com isso de uma vez por todas. Ainda não acredito que o seu precioso Derek não tenha dito nada, mas isso me leva a pensar que Death acabou mudando de lado. Nada bom...

“Bom, comecemos por quem sou, ou seja, apenas um guerreiro determinado a acabar com todos os meus inimigos. Isso que vou lhe contar aconteceu há mais séculos do que posso dizer, e se você pesquisasse um pouco sobre a cultura celta, poderia achar essa lenda. É claro que ela sofreu diversas variações, então ninguém pode descobrir a verdade. Porém, agora vou tentar ser breve e completo. Vamos ver se consegue completar suas lacunas, hein?

“Eu estava passando por um lago quando vi uma mulher ruiva se banhando. Ela era linda, e parecia que a lua a seguia por todos os lados, favorecendo ainda mais o seu corpo com aquele brilho prateado. Como sou homem, parei e a observei. Quando ela me notou, sorriu e me convidou para me juntar a ela.”

Os olhos do guerreiro ficaram vagos, como se ele não estivesse mais me vendo, mas sim o que ocorrera nos tempos passados. Tremi e senti uma queimação dentro de mim. Alguma coisa me incomodava desde que ele mencionara a lua, e não consegui evitar olhar para cima. Hoje seria noite de lua cheia, mas eu não via nenhum resquício dela.

— Cheguei mais próximo, é claro, e só então vi que ela tinha diversas armaduras cheias de sangue aos seus pés. Deveria estar lavando-as; talvez essa fosse sua função no vilarejo onde morava, eu havia pensado.

“A mulher me provocara. Beijara-me e tentara ser possuída por mim. Eu me esquivei porque teria uma batalha difícil pela manhã. Depois de alguns minutos tentando me desvencilhar de todas as formas possíveis, ela ficou irritada. Disse que poderia me salvar e que eu pouparia minha vida se dormisse com ela naquela noite. Óbvio que eu disse não, que ela estava louca se pensava que podia me salvar, sendo uma mulher como era.”

Ele riu, mas foi um riso totalmente sem humor.

— Mal sabia eu que ela era uma deusa. E mal sabia ela que o que aconteceu deveria realmente ter acontecido. Estava tudo nos planos do destino, Lauren. Tudo. Resumindo, eu a dispensei e ela jurou que eu morreria – que me mataria com suas próprias mãos e ainda disfrutaria do meu sangue. Segui meu caminho sem nem olhar para trás. Por certo, eram apenas alucinações de uma mente desvairada.

“No entanto, não avancei muito. Um corvo cruzou meu caminho e de repente virou aquela mulher. Ela estava vestida em vermelho; sua visão durou apenas alguns segundos, depois desapareceu. E então eu soube que realmente estava perdido!”

— O que tem a cor vermelha? – perguntei. Minha voz não passava de um sussurro, tanto porque estava com dores horrendas como por estar assustada.

— Ela representa a morte, em alguns cultos. Ao menos, naquela época representava. – ele suspirou. – No dia seguinte, em batalha, fui ferido gravemente. Eu, que nunca antes fora acertado! Fui deixado lá para morrer por meu oponente, que logo já estava lutando com um dos meus companheiros. Meus ouvidos latejavam, mas ainda pude ouvir um grasnar de um corvo.

“E então o animal estava em cima de mim, se alimentando do sangue em minhas feridas. Quando estava quase morto, Morrigan se transformou novamente na mulher vestida em vermelho e me deu um sorriso, que logo foi extinguido.

“Seus olhos se arregalaram e ela caiu ali, ao meu lado, sem respirar. Mal pude acreditar, mas meu sangue havia a matado. Nenhuma deusa nunca morrera antes, e eu estava confuso. No entanto, não tinha mais tempo para minha própria vida. Morri junto dela.”

Expirei e só então percebi que estivera prendendo minha respiração. Morrigan... Mas o que ela tinha a ver com aquilo tudo? Comigo? Aliás, o que ele tinha a ver comigo?!

— Você deve estar pensando que foi uma coisa romântica, não? – fiz uma careta e balancei minha cabeça. Aquilo estava mais para mórbido.

— Por que você conseguiu matá-la?

— Porque estava no meu destino. Se eu dormisse com ela, ela continuaria o que foi criada para fazer. Ela destruiria esse mundo, de alguma forma. Os celtas podem cultuá-la como uma deusa tríplice, a mãe da magia e de um monte de coisas a mais. No entanto, ela foi criada para trazer apenas dor e sofrimento para o mundo.

— Então você teve que morrer...

— Sim, eu tive. Fui para um plano totalmente diferente, sozinho. Não tive contato com ninguém e refleti sobre tudo isso por mim mesmo. Então imagine a minha surpresa quando descobri que a vadia tinha retornado. Algo que se deve saber, Lauren: uma mulher desprezada nunca vai parar de buscar vingança.

Engasguei. Morrigan estava viva novamente? Como?!

— Ela voltou à vida? Também foi julgada? – meus olhos se arregalaram.

— Ela ainda não retornou. Mas está quase. – olhou para cima e eu acompanhei seu olhar. Em algum momento daquela conversa, a lua cheia havia aparecido, mas continuava encoberta por uma fina camada de nuvens. – Quando a lua sair por completo... Ela vai voltar.

— E onde ela vai estar? Você não pode destruí-la? – meus joelhos tremeram e eu cedi. Caí no chão.

— Por que você acha que eu retornei também? Eu tive uma aliada. Death era a pessoa certa para me ajudar. Ela e Derek, mesmo que o garoto não soubesse de tudo. Mas é claro, ela mudou de lado! Se não tivesse mudado... Você não estaria mais viva!

“Ela deveria ter te matado naquele acidente estúpido. Ganharia com isso! Se você estivesse morta, poderia ajudá-la a receber um dom mais poderoso que o de Life! É claro que eu não sei como ela faria isso, mas sei que esse seria o presente dela. Embora você desconheça desse fato, Lauren, você sempre vai estar mais próxima da morte.”

— N-Não. – gaguejei. O que aquele homem dizia estava totalmente... – Mas o que eu tenho a ver com você ou com Morrigan?!

Ele suspirou, como se estivesse tentando resgatar um pouco da paciência que perdera por falar comigo. Esperei, incapaz de me mexer, mesmo que algo dentro de mim dissesse para levantar-me e sair correndo dali, não importa para onde fosse.

— Morrigan é... Você!

— O QUÊ?! – meu grito ecoou pela escuridão. – Você está louco! Não sou Morrigan!

— Tudo bem, você está certa. Você não é Morrigan, mas ela está dentro de você, só esperando o momento propício para sair. Como posso explicar de um modo que essa sua mente burra entenda? Hm... Você sabe o que é um receptáculo?

Apenas assenti. Já havia lido algo a respeito.

— Seu corpo é como um receptáculo. Apenas uma concha que carrega alguma coisa. E essa coisa é Morrigan. A única diferença entre um receptáculo e você é que... Você tem uma alma própria, infelizmente, do contrário tudo isso teria sido bem mais simples e fácil. Se Death a tivesse matado, Morrigan morreria com você. Era essa a razão mais importante para a sua morte, não apenas o domínio de dons superiores que ela já possui.

— Se eu sou um receptáculo... Imagino que você também seja. – não sei de onde retirei forçar para falar.

— Será que em seus momentos finais você está ganhando um pouquinho de inteligência? Está quase certa. Eu sou o que o receptáculo carrega. Voltei porque preciso destruir Morrigan, e consequentemente você. No entanto... Só tenho uma chance. Death me colocou dentro desta concha, e se eu falhar, morrerei. E aí teríamos um grande problema. Portanto, não vou falhar.

— Derek! – arfei. – Derek é seu receptáculo...

Oh, meu Deus! Não, não!

— O quê? – o guerreiro soltou um riso alto. – Não! Minha “concha” não é Derek e sim...

Ele fez uma pausa. Tremi e me lembrei do que ocorrera – há quanto tempo? Duas horas? Um dia? Um mês? – naquela casa da qual tinha fugido. Em como havia sido perseguida por alguém com uma faca. Estávamos em três. Derek, eu e...

— Cameron. – o nome saiu por meus lábios e me causou dor. Nunca que eu imaginaria que ele estivesse metido nisso tudo. Como Derek não me contara isso? Como?!

— Oh, sim. Seu primeiro namorado. E como lutei contra os sentimentos dele... Se ele lhe amasse, não conseguiria te matar, então algumas vezes tive de assumir o controle. Mas Derek sempre estava lá. – suspirou dramaticamente e apanhou algo do chão. Brilhava. – É uma pena que ele não esteja aqui agora. Sem mais salvamentos, Lauren. Hora de brincar!

Antes que ele corresse até mim, as árvores farfalharam e algo pulou delas. Quase sorri ao ver Brooke correndo em minha direção e ficando à minha frente. Quase.

— Lauren, corre! Procure Life, ela está por aí. Eu cuido dele! – ela rosnou e eu a obedeci. Levantei-me e sai correndo às cegas, tentando não cair enquanto juntava todas as minhas forças para aumentar o ritmo.

Não sei por quantos minutos fiquei correndo, mas se pareceram horas até que uma bola de pelos marrons me alcançou. Parei subitamente, tentando recobrar o fôlego. Droga.

— O que aconteceu? – perguntei após recuperar-me um pouco.

— Despistei aquele homem. Por que não correu logo, Laury?! – Oh, Cameron... Será que ele estava bem?!

— Desculpe... Acho que mais uma vez você me salvou, não é? – sorri e escolhi uma árvore. Antes que me sentasse, ela balançou a pequena cabeça e disse para continuarmos.

— Temos que encontrar a Life. Ela está numa campina aqui perto, vamos! – eu a segui, correndo para manter-me ao seu lado.

Chegamos à campina rapidamente. E foi então que a dor voltou com força total. Gritei e meu corpo caiu no chão. Algo rasgava dentro de mim. Estava mais forte do que quando eu estava junto de Megan.

— Brooke! – chamei-a. Por que ela não estava fazendo nada?!

— Ótimo... A lua cheia apareceu. – não era a voz da minha gatinha. Com algum esforço, levantei a cabeça e encarei diretamente os olhos claros de Life.

— Por favor, me ajude! – gemi. – Por favor!

— Mas é claro, querida. É claro que vou ajudar-lhe. Mas isso talvez doa um pouco mais...

De repente ela estava de joelhos ao meu lado, com uma lâmina afiada em sua mão. Cortou meu braço, enquanto eu gritava em desespero. O que ela estava fazendo?! Ah, Deus... Por que não havia pensando nisto durante minha conversa com aquele homem?!

Se Death fora sua aliada, e ele estava tentando matar Morrigan – me matar! – então a deusa também teria alguém que a ajudava. E não poderia ser mais ninguém senão Life. Mas que merda!

— Pensei que estivesse do meu lado. – disse por entre os dentes. Ela riu.

— Mas é claro que não... Acho que você já deveria saber que ninguém é tão bom quanto parece. Ou tão mal. Estar morta seria bem melhor para você, Lauren. Às vezes a vida é traiçoeira, não se esqueça disso.

Life suspirou e cortou-me mais fundo. Urrei.

— Ah, sim. Preciso de sangue limpo para concluir o ritual. – notei que aquele sangue roubado de mim estava sendo derramado em um cálice.

Graciosamente, Life se levantou e encontrou um ângulo no qual ficava bem debaixo da lua cheia, agora aparecendo quase que totalmente. Sabia que quando as últimas nuvens se dispersassem, eu estaria acabada.

Ela apanhou uma espécie de graveto no chão e o arrastou pela terra, derrubando meu sangue enquanto murmurava palavras que me eram estranhas. Parecia ser uma língua antiga – ainda mais antiga que o latim. Conforme falava, eu me contorcia no chão, gritando sem parar.

Meu último vislumbre foi a lua cheia, agora descoberta. A dor então atingiu seu clímax e eu arqueei as costas. Realmente, desejava estar morta. Mas logo estaria. Já cega pela dor, ouvi um bater de asas e um som horrível de pássaro. Aquele som só poderia ser um grasnar de um corvo.

A dor desapareceu, mas eu não via mais nada. Agradeci a ninguém em especial e soube. Eu morri. Ou ao menos, pensava que sim.

***

Mundo dos Mortos.

Momentos Finais.

Morrigan

Senti meu corpo mudar do corvo para a mulher que eu costumava ser. Era a primeira vez em muito tempo que eu respirava aquele ar por meus próprios pulmões. Sorri e notei o corpo de Lauren no chão. Provavelmente estava morta, mas não liguei para isso naquele instante, porque estava livre.

E viva.

***

Algum lugar na Inglaterra.

Momentos Finais.

Derek

— Socorro! – ele ouviu o grito de Megan e correu até ela. O corpo de Lauren estava caído no chão, ainda mantendo uma expressão de dor em seu rosto. O coração de Derek se apertou. Chegara tarde demais?

— Megan, o que houve? – perguntou com a maior calma que pôde. Os olhos castanhos de Megan o encararam com uma expressão de ódio. Ele nem piscou quando a garota começou a golpeá-lo.

— Tudo. Isso. É. Culpa. Sua! – gritava entre um soco e outro. Sem querer perder mais tempo, Derek agarrou os punhos de Megan para pará-la.

— Megan, cale a boca! – grunhiu. – Eu sei que sou o culpado por isso, mas eu quero salvá-la. E estamos perdendo tempo enquanto você me bate.

A garota pareceu pensar por um momento. Derek estava quase a sacudindo, quando ela finalmente piscou seus olhos e encarou os dele.

— Muito bem. – ela desistiu. – Salve-a.

Derek assentiu e largou-a, indo se agachar próximo a Lauren, fazendo-lhe um rápido carinho na bochecha. Tentou não fazer uma careta quando notou que a pele dela estava gelada.

— Preciso que você faça uma coisa por mim. – virou-se novamente para Megan. – Procure por Cameron. Não estou tendo um bom pressentimento sobre aquele garoto.

— Acha que Cameron está envolvido nisso? – a boca de Megan se escancarou. – Não pode ser. Ele sempre tentou protegê-la... É impossível.

— Na verdade, não. Quem está mais próximo é quem tem mais chances de destruí-la, não acha? Corra, Megan.

Ela não ficou ali para um segundo aviso. Começou a correr, como se já soubesse o caminho. Derek franziu a testa, mas não deu muita importância para isso. Não ligava se Megan acabasse se perdendo na floresta, ou se Cameron fizesse algo com ela – caso ele estivesse certo sobre o menino. Naquele momento, só se importava com Lauren.

Segurou a cabeça da amada e fechou os olhos. Ele não poderia estar ali para ajudá-la. Teria que alcançá-la no Mundo dos Mortos, onde sabia que ela estava. E isso seria muito difícil.

***

Mundo dos Mortos.

Momentos Finais.

Lauren

Senti uma cutucada em minhas costelas, e foi isso que me fez acordar. Abri meus olhos e vi o cabelo ruivo de Morrigan – ao menos, pensei que seria ela. Estava muito escuro (para onde fora a lua cheia?!), de modo que não consegui ver a cor dos seus olhos. Mas eles me assustavam mesmo assim.

— Hm, ela não está morta. – suspirou. A voz dela era baixa e contida, porém ainda se notava um tom de malícia. – É difícil matar você, Lauren. Não sei o porquê.

Suspirou e deixou-me ali. Gemi e rolei de lado, querendo erguer-me e fugir dali o mais rápido que conseguisse. É claro que não fiquei de pé por dois segundos. Meu corpo estava fraco e imediatamente voltei a cair no chão. Ótimo.

— Morrigan, o que vamos fazer com ela? – Ah, então Life ainda estava por ali. Olhei-a com mágoa, sabendo muito bem que me enganara. E Brooke, então? Ela fingiu ser minha guardiã e me levou diretamente para a morte!

— Matá-la, é claro. Acho que ela não sobreviveria se levasse uma facada no coração, não é, Lauren? – Morrigan sorriu para mim. Tremi e me abracei. – Não, é claro que não iria.

“E de qualquer modo, não podemos deixá-la viva. Ela acabaria com meus planos, já que é uma enxerida. Ela foi a chave do segredo, mas... Creio que ela continue sendo. Ainda temos muitos segredos, e não sabemos se ela não é a chave para alguns deles também.”

Morrigan suspirou e veio até mim. Afastei-me dela, impulsionando meu corpo para trás. Ela parou a menos de dois metros de distância, rindo da minha atitude e, provavelmente, do meu olhar. Não duvidava nada que parecesse um animal machucado.

— Lauren, você foi a minha chave. Graças a você, e a sua estupidez, estou de volta. Então devo agradecê-la. Não se preocupe... Não vai doer nada, e você vai se sentir aliviada.

Mordi meu lábio para não derramar minhas lágrimas. Senti que elas rolariam se não me controlasse, e não queria chorar na frente daquela mulher, nem na frente de Life. Ela já me vira chorar muitas vezes.

— Death quase conseguiu acabar com tudo. Naquele momento, achei que ela não devolveria de volta a vida. Mas felizmente ela não soube tomar a decisão correta. E nem estava tão certa que eu estava mesmo dentro de você. Acho que ela não imaginava que uma garotinha tão fraca pudesse ter algo poderoso dentro de si. Brooke, aquela gata maldita, a avisou após conversar com Life. Acho que os animais são inteligentes, até mesmo mais do que humanos.

— Ela... – pigarreei. – Ela me trouxe até Life...

— Oh, não. – Life também se aproximou. – Eu fingi ser ela. Queria tirá-la da jogada há muito, mas nunca consegui. Após um tempo, ela descobriu meus planos de trazer Morrigan de volta, já que é tão antiga quanto as próprias lendas.

Não disse nada. Não sabia como respondê-la, e nem queria. Minha vontade era de fugir.

— Bem, ainda bem que tudo acabou bem, não é?! – Morrigan riu, preenchendo o silêncio. Seria uma risada contagiante se não fosse as circunstâncias.

— Acabe logo. – falei. – Mate-me.

— Ah, Lauren... Meu eterno guerreiro tinha razão. Você está mesmo mais próxima da Morte!

Ela pegou a adaga do sacrifício, onde meu sangue ainda jazia, e a lambeu. Torci meu nariz, mas fechei meus olhos quando vi que ela se preparava para vir até mim. Esperei o golpe fatal – por Deus, dessa vez eu iria morrer de verdade! –, só que ele nunca veio.

Abri os olhos ao mesmo tempo em que ouvi o baque surdo.

O guerreiro de antes estava sobre ela, lutando para mantê-la no chão e apanhar a lâmina. Morrigan grunhiu e conseguiu jogá-lo longe. Arregalei meus olhos e percebi que o homem nunca ganharia dela. Morrigan era uma deusa.

— Ah, é claro que ainda falta você, querido! – ela fez um beicinho. – Life... Mate a Lauren enquanto eu cuido dele. Sempre foi meu dever matá-lo mesmo.

Suspirou como se estivesse entediada e jogou a arma para Life, que a pegou ainda no ar, virando-se para me encarar. Seus olhos estavam vazios, sem toda aquela gentileza e meiguice que antes jogava para cima de mim.

— Mostrando a verdadeira face, hein, Life? – sorri, tentando ser sarcástica. Talvez ainda conseguisse um pouco de tempo.

— Se me irritar, Laury, vou tornar sua morte um tanto pior. – ela retrucou, também sorrindo. – Acho que agora eu meio que controlo as duas partes. Hm... Death deve estar se remoendo naquele seu palácio mórbido.

Ela avançou sobre mim, mas parou quando ouviu um grito de raiva vindo de Morrigan. Nós duas nos viramos para ver a luta que acontecia do outro lado da campina, esquecendo-nos uma da outra.

— Venha provar meu sangue, Morrigan. Acho que você morre por ele! – o homem a provocou. Morrigan tentou se aproximar dele, sem sucesso. Porém ela sabia que não ficariam naquela dança para sempre. Uma hora o guerreiro se cansaria.

— Oh, querido. Eu já o provei uma vez e não o quero novamente. É sujo, nada puro. – ela sorriu. – Prefiro vê-lo morrendo sozinho, se é que me entende. A morte é sua parceira, não a minha.

Pulou sobre ele e conseguiu abrir um talho em seu rosto. Minha boca se abriu quando me concentrei naquela face. Era impressão minha ou, aos poucos, ele estava se transformando em Cameron? Merda, merda!

— Hm... Acho que seu receptáculo não é tão bom quanto ao meu... Mas também, foi a Morte que lhe deu a vida. Não tinha como ser de outro modo. – acertou-o mais uma vez, mas fundo. Gritei vendo os olhos azuis que cintilavam.

— Cameron, não! – arrastei-me até ele, mesmo sabendo que nunca chegaria até lá.

— Sabe o seu erro? Você a amou também. – Morrigan suspirou. Comecei a chorar ao perceber que nada restou do guerreiro. Quem sangrava agora em suas mãos era Cameron por completo.

— Laury... – ele cuspiu sangue. Um soluço alto saiu da minha garganta.

— Últimas palavras, hm... Cameron? – o sorriso de Morrigan agora era completamente doce. – Acho que não.

Não percebi que o grito era meu quando ela cortou o pescoço dele. Entrei em desespero e consegui levantar-me, não querendo acreditar que vi mesmo seus olhos perdendo a vida. Não... Cameron, não!

— Life... Agora! – Morrigan ordenou.

Senti alguém avançando sobre mim e de repente eu estava no chão. Não fora Life – fora meu próprio corpo, cansado e destroçado; minha própria alma derrubara-me. Cameron estava morto, e agora não sobrava nada de mim. - Olhei para trás e Brooke estava lá, rosnando para Life e Morrigan como se fosse um tigre, e não um gato.

— Derek, por favor, que você esteja aí! – Brooke gritou. Derek? Ele viera me resgatar?

Mas recebemos somente o silêncio, até o riso de Morrigan preenchê-lo novamente. Gemi e notei que estava próxima do corpo de Cameron. Não sei como consegui, como avancei os metros que faltavam e peguei sua cabeça em minhas mãos, acariciando seu cabelo negro sedoso. Derek não viria e em breve eu estaria com Came.

— Onde está o seu amor, minha querida? Eu até daria um sermão a você sobre amar, mas não temos muito tempo para isso. Estou cansada e quero deitar-me um pouco. – Brooke miou. – Desculpe-me, Brooke, mas você não é nada perto de mim. Talvez ganhasse de Life porque... Bem, ficou claro que ela é uma incompetente.

Life olhou-a com ressentimento, mas não a contradisse. Se eu era patética, aquela mulher então...

— Errada, Morrigan. Amar às vezes pode ser a solução. – como uma sombra, Derek cravou uma faca nela e a puxou. Morrigan gritou e segurou o ferimento. Olhei para aqueles olhos negros e não sei se lhe agradecia ou se apenas chorava.

Não sabia o que aconteceria agora. Não estava mais presente. Deitei-me ao lado de Cameron, ainda encarando seus olhos azuis, agora tão frios. Foram eles que me encaminharam para o nada. O terceiro desmaio daquele dia.

Desta vez eu sabia que não estava morrendo, porque sabia que não teria tanta sorte assim. A vida era muito mais complicada que a morte, como aprendi hoje, e duvidava que pudesse livrar-me dela assim tão fácil.

Após fechar meus olhos, ouvi um canto doce e o segui. De alguma forma, lembrava-me a voz de Derek, e eu estava feliz com isso.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Por favor, não me deixem no vácuo... Suas respostas e opiniões me ajudam muuuuuuito. Então digam tudo: dúvidas, angustias, decepções, o que eu poderia mudar, o que eu TENHO que mudar... Desabafem! Eu imploro!
A história está chegando ao final. Apenas mais dois capítulos (que eu tenho que reescrever!). Não posso mentir e dizer que vou postar semana que vem. Não vou, porque tenho que me matar mais do que já estou me matando agora. Viajar é muito bom, mas depois... Ai ai. Tudo bem, Cris, relaxa.
Bom, espero que vocês tenham gostado. E eu já disse lá em cima: deixem seus comentários! Eu sei que não ando respondendo-os, mas isso é só porque estou com uma tremenda falta de tempo (e de responsabilidade). Ainda vou dar uma resposta a todos, e leio todos! Então, poooooooor favor, não deixe de comentar.
É isso, Apple Pies. Nos vemos assim que eu ressuscitar das notas vermelhas que eu vou tirar! (Deus, permita que isso seja apenas drama...)
Beijinhos!!!



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