POV Ally

      A aula foi boa, tentei aproveitar ao máximo os dois períodos que tivemos com o professor. Quando o sinal tocou, saí correndo novamente até a próxima aula. Acho que a Trish chamou o meu nome, mas não dei muita atenção, só queria chegar logo até a próxima aula, onde agora eu poderia sentar na frente.


POV Austin

       A aula foi legal e chata ao mesmo tempo. Legal, obviamente por causa do professor, chata por causa da Kira, ela ficava me mandando recadinhos melosos que eu não gostei nem um pouco, principalmente de alguns dizendo coisas bem... Deixa pra lá.
          - Austin, você viu a Ally sair correndo para o próximo período?
      - Sim, ela passou logo depois que o sinal tocou. Parecia um fantasma, literalmente, pois eu só vi o vulto de uma garota com mechas loiras passando.
      - Eu a convidei para o almoço, mas ela não confirmou nada, então não tenho certeza, espero que ela queira ir conosco.
      - Pois é, espero que ela vá.
      - Vamos para próxima aula?
      - Professora Lizandra? Ótimo, fundão estamos indo. – A Trish sorriu e o Dez veio logo atrás, parecendo perdido em seus próprios pensamentos, mas ele é sempre meio perdido então não vou falar nada.
      Fomos para sala da professora, e a Ally já estava lá, sentada bem a frente da mesa dela. Eu não a entendo, parece que toda a aula ela tenta ao máximo ficar ao longe de todos.
      Direcionei-me ao fundo com os dois e fiquei esperando todos entrarem para podermos começar. A Kira tinha as próximas aulas em outra sala e o meu sorriso ficou cada vez maior. Parece que até o sol lá fora resolveu aparecer. 
      - Bom dia classe, abram seus livros na página 125. Teste surpresa no próximo período baseado neste capítulo. Silêncio e aproveitem o tempo que lhes estou permitindo para estudarem. – Todos fizeram sons de desapontamento na classe, menos eu e a Ally. Ela, pois ficou muito concentrada no livro, e eu que estava concentrado demais a observando.


POV Ally

      Fizemos um teste surpresa que na realidade foi bem fácil, e eu fui a primeira a acabar. A professora sorriu para mim, disse que eu poderia fazer algo livre, que se resumia a ler ou escrever algo e depois ela continuou lendo empolgantemente seu livro.
      Eu, por minha vez, peguei meu diário e comecei a escrever nele, precisava desabafar com alguém (ou no caso, algo) sobre hoje.

      “Querido diário, não está sendo nada fácil para mim. Descobri por telefone ontem que meu pai morreu de overdose. Quando descobri fiquei muito triste, apesar de já ter lhe contado que ele me batia quando ficava bêbado, isto quer dizer, todos os dias. Mas ele era a única pessoa que eu tinha no momento como meu apoio, e agora, quem eu terei? Minha mãe está na África e se eu falar a ela o que aconteceu, com certeza vai querer me transferir para ficar junto com ela. E eu não quero! Fiz uma promessa para mim hoje de manhã que iria esperar pelo menos até o dia do meu aniversário para contar a ela. Não quero deixar tudo para trás, apesar de não ter ninguém que se importe mesmo. Hoje quero ir à ponte, em cima daquele rio que eu adoro. Lá tem as melhores flores que alguém queira colher e também o dinheiro que escondi de meu pai. Deixei em baixo daquelas pedras que gosto de sentar para compor, como ninguém vai lá, não tenho com que me preocupar. Eu acho. Beijos querido diário, tenho que fechar, vou correr para a máquina de lanche perto da biblioteca, pegar algo e depois correr, o banheiro me espera.

      Fechei meu diário, o guardei e esperei o sinal tocar. Hoje meu recreio seria... Interessante.


POV Austin

      Quando tocou o sinal, vi novamente a Ally sair correndo da sala, só que dessa vez chamei a Trish e o Dez para irmos atrás dela. A seguimos até perto da biblioteca onde ficava uma máquina com lanches. Ela pegou algo e depois seguiu para o banheiro feminino. E ficou lá.
      - Trish, você não quer entrar lá dentro?
      - Vamos deixar ela sozinha. Mais tarde podemos seguir ela e ver aonde ela vai para conversarmos com ela..
      - Por que você não vai agora falar com ela?
      - Ela é muito mandona, vai acabar puxando os cabelos da garota para ela vir almoçar conosco. – O Dez falou já recebendo um peteleco na orelha, e logo em seguida fazendo uma cara de quem não tinha falado nada demais.
      - Você está certo, mas eu te dei o tapa para você nunca mais falar de mim. Entendeu? – Ele assentiu e eu falei:
      - Podemos seguir ela até a casa dela.
      - Ou para onde ela vai depois.
      - Como assim Trish?
      - Eu li um pedacinho do diário dela, quando fui entregar o teste à professora. Ela dizia que ia pegar um dinheiro perto daquela ponte que a gente costumava ir. Lembra?
      - Tem certeza? Existem tantas outras.
      - Aonde existem as flores mais bonitas que a gente já viu?
      - É você está certa. Podemos nos organizar e mais tarde ir até lá.
      - Eu vi também que ela vai buscar naquelas pedras, acho que são aquelas grandes, na parte rasa do rio. Mas vamos com calma, ela deve ser meio tímida.
      - Meio? – Falei apontando para a porta do banheiro. – Não gosto de ver as pessoas tristes, principalmente ela, que parece não ter nenhum amigo.
      - Nós sabemos Austin. Você ajudou muito a gente, e nós lhe ajudamos também. Mas acho que esse “me sinto mal por ela” não é só por que você quer ajuda-la. – Ela sorriu para mim e depois olhou par o Dez que também sorriu e perguntou:
      - Como assim? – Ela revirou os olhos e eu comecei a rir, logo depois seguimos para o refeitório.
      Nós vamos conseguir ajudar a Ally, custe o que custar.


POV Ally

      Entrei no banheiro com uma barra de chocolate e um pacote de bolacha recheada e fiquei na última cabine do banheiro. Escutei umas vozes lá fora que pareciam ser do Austin, da Trish e do Dez, e fiquei mais quieta do que já estava para eles não me escutarem, mas depois de uma conversa, eles foram embora.
      Peguei meu livro e comecei a ler, só que parei, pois um dos meus machucados estava se abrindo. Droga! Peguei um creme que tinha em minha mochila e comecei a passar, ele parou de sangrar, mas começou a arder muito.
     Botei um bracelete que eu tinha na mochila e torci para ele não se abrir novamente, só que estava com uma louca vontade de fazer o contrário, e pegar um bisturi e abri-lo.
     Eu acho que estava ficando louca de novo... Senhorita Britt lá vou eu novamente...  Espero que ela me ajude mais dessa vez, espero que ela seja o meu apoio...