POV Thalia Grace

— Então? — pergunto a Annabeth um pouco impaciente. — Quem poderia nos ajudar?

— Bom... Já ouviram a expressão: “Palavras, o vento as leva.” Certo? — diz com um sorriso genuíno.

Nico sorri em resposta e soca sua outra mão em reconhecimento. — Ah! Engenhoso, mas típico de você.

— Hã? — Percy pergunta.

— Eu também não raciocinei aí não... — digo.

Nico e Annabeth começam a rir. — Cabeça de alga e cabeça de pinheiro... — diz Annabeth em tom de desaprovação. — Vocês tem que prestar mais atenção ao que eu digo.

— Ei, eu prestei a atenção! — exclama Percy indignado, fazendo Nico e Annabeth rirem mais ainda.

— É, eu sei. O que te faz um lerdo completo. — ironiza Nico e Percy chuta o seu amiguinho... Ou seria amigão? Bem, de qualquer forma nunca saberei o tamanho e não é como se eu me importasse com isso. Não, não me importo. De forma alguma. Não.

— CARALHO! — grita Nico. — Por Hades! Quer que eu te jogue no tártaro, Perseu?!

— CALEM A BOCA! — ralho com eles. — Caso não tenham percebido, temos TRÊS dias para terminar a missão e ainda estamos no acampamento! E nem ao menos sabemos onde está a serpente! Raios de Zeus...

— Bom, resumindo... — diz Annabeth. — Vamos encontrar Éolos, o senhor dos ventos.

— Tá, legal. Mas o que ele tem a ver com uma cascavel? — pergunta Percy.

— É uma SERPENTE! Di immortales, Percy, eu tenho que repetir? — enfatiza Annabeth e Percy revira os olhos. — Ele é o senhor dos ventos, pensem nisso. Todos os lugares da Terra em vento, ele sabe de tudo que está acontecendo.

— Tá, mas onde que ele fica? Se o vento fica em todos os lugares... — pergunta Percy. — E porque ele nos ajudaria? Que eu saiba a casc- hã, serpente não tem nada a pagar com ele...

— Pois é, teremos que o convencer... E obviamente, o seu castelo fica em cima de Pikes Peak. — diz Annabeth e todos se surpreendem, inclusive eu. — Qual é gente? Só eu que presto atenção nas aulas de mitologia?!

— ÓBVIO! — todos respondemos juntos, a deixando emburrada.

— Certo, temos três dias para chegar na montanha, que fica no Colorado, implorar ao Senhor dos Ventos por informação, sair de lá, encontrar o lugar da serpente, matá-la partindo-a ao meio, morrer alguém e finalmente voltar para cá... Fácil. — digo ironizando.

— Vamos como até o Colorado? É muito longe! — exclama Nico. — Eu não poderia levar todos vocês até lá... Pelas sombras, vocês sabem.

Abro minha mochila, rezando para que Apolo tenha colocado algo que ajude. Me surpreendo ao achar uma passagem para avião daqui uma hora. Avião. Altura. Muita altura. MUITA. ALTURA.

— De avião. — falo mostrando a passagem, tentando me recompor do medo súbito. — Deve ter nas suas também.

Nico e Percy estremecem.

— Nem pensar! — exclama Percy. — Zeus me odeia. Vai nos matar.

— Com certeza. — diz Nico encolhendo-se.

Annabeth olha para os dois com desdém. — Vocês são idiotas ou o quê?! Thalia vai estar no avião também, acha que Zeus mataria sua própria filha mesmo que vocês estejam em seu território?

Os dois param e começam a considerar.

— Vamos logo então. — diz Nico. — Cheguem mais perto, eu os transporto até o aeroporto. Acho que até lá eu consigo fácil.

Todos nos encostamos em Nico e ele logo nos leva até ao aeroporto viajando pelas sombras. Não entrarei muito em detalhes sobre a viajem, só que é desconfortável e parece que vou vomitar a qualquer segundo.

Quando finalmente, ênfase no FINALMENTE, chegamos ao aeroporto, fizemos o check in e fomos esperar.

Difícil era saber quem estava mais nervoso: Nico, eu ou Percy e até mesmo Annabeth.

— Qual é o problema Annabeth? — a pergunto. Ela não tinha problemas com aviões ou altura, então por que a ânsia?

— Bem... Estamos no meio de um aeroporto e ainda faltam quase uma hora para viajarmos realmente. Com certeza vai aparecer um monstro nesse meio tempo.

— Você está preocupada demais. Isso é normal para qualquer semideus em qualquer lugar fora do acampamento. Acalme-se. — diz Nico e ela assente.

Depois disso ninguém falou mais nada. Até o momento em que entramos no avião, não vimos nenhum monstro, o que realmente foi MUITO esquisito. Sentamos em nossos respectivos lugares, e por coincidência — ou seria Afrodite? — Percy e eu nos sentamos ao lado. Ele olhava firmemente para mim.

— O que foi? — o pergunto tensa, vendo que em poucos minutos o avião decolaria.

— Thalia está tudo bem? Vamos trocar de lugar, eu fico na janela. — diz, e troca de lugar comigo.

Fico meio confusa. Por que ele estava fazendo isso?! Então me lembro. Claro... Percy era a única pessoa em todo o mundo que sabia que eu tinha medo de altura. E estava querendo me ajudar. Sorrio fracamente com o pensamento.

— Obrigada. — respondo, mas o meu medo ainda não havia passado.

Ele me olha perceptivelmente preocupado. Leva minha cabeça até o seu peito e a encaixa lá, logo depois me abraçando e entrelaçando uma de suas mãos fortemente na minha. Sinto uma descarga elétrica em mim e tenho certeza de que não tem nada a ver com o fato de que sou filha de Zeus.

Annabeth nos encara furiosa e Nico confuso.

— Eu estou aqui Thalia. Vai ficar tudo bem. — foi a última coisa que ouvi depois de adormecer nos braços do filho de Poseidon sem nem ao menos ver o avião decolar.

***

Acordo assustada e irritada com o grito de Annabeth. Já ia xinga-la por ter me acordado, mas me lembro que estou no avião em uma enorme altura então continuo com a cabeça emperrada em Percy.

— Hã, gente?! — chamava Annabeth. Sua voz parecia tensa. Percy, eu e Nico viramos em direção a ela. — As duas aeromoças tem cabelos de serpente.