Os Opostos Se Atraem escrita por Lasanha4ever


Capítulo 8
Capítulo 7




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  Saio do banheiro minutos depois, não falo com ninguém. Eles tentam se desculpar, e eu finjo que aceito as desculpas. Tomo um banho relaxante de banheira logo depois de verificar cada parte do banheiro para me certificar de que não tem nenhuma barata.

  Acho que fiquei muito tempo no banheiro, porque logo vem o Danilo batendo na porta perguntando se eu estou bem. Falo que sim e ignoro o resto que ele tem para falar. Esvazio a banheira e coloco meu pijama, uma calça de moletom branca e uma blusa cinza com o famoso bigode em preto.

  Assim que eu saio do banheiro, encontro o Lipe dormindo e o Danilo deitado no colchão. Vou para o lado do Danilo, mas fico de costas para ele, e me aninho no cobertor para dormir. Mal fecho os olhos e sinto o abraço do Danilo.

  - Me desculpa por antes, Fernandinha. Não sabia que tinha tanto medo. – ele sussurra, parecendo realmente arrependido.

  - Muito medo.

  - Me desculpa.

  Não respondo, mas por algum motivo desconhecido por mim, eu sorrio.

  - Eu tô vendo um sorriso? – ele pergunta já com um tom mais alegre, e meu sorriso aumenta. - Tô realmente desculpado?

  - Só se pedir uma pizza portuguesa porque eu tô morrendo de fome.

  Escuto a risada baixa e rouca dele e sorrio. Antes de se levantar, ele me abraça mais forte e dá um beijo demorado em minha testa.

  Meia noite, o motoboy entrega a pizza e nós a comemos na sala, enrolados em um cobertor só, em cima do sofá, vendo Two And A Half Man, um seriado muito engraçado.

  - Ei, já tá com sono? – ele me pergunta um tempo depois da pizza ter acabado.

  - Não, meus olhos estão fechados porque eu quero saber como é meu olho por dentro. – eu, irônica? Que isso, nunca...

  - Amanhã tem aula, né?

  - É. – resmungo.

  - Ok.

  Não entendi por que ele me perguntou isso, mas nem quis saber. Tô com sono demais. A televisão é desligada e o Danilo me carrega no colo até o banheiro, onde eu escovo os dentes feito um zumbi e então vou para o colchão e durmo.

  Pela primeira vez em muito tempo, eu sonho com alguma coisa e consigo me lembrar do sonho quando acordo.

  Se bem que eu prefiro não ter me lembrado deste.

  O sonho começou com o Danilo e eu quase nos beijando. Só que o Lipe não nos interrompeu desta vez. O Sonho estava realmente muito bom. E então a merda do despertador toca. Eu posso sentir o beijo do Danilo em meus lábios, o que é uma doideira já que eu o beijei em um sonho.

  Olho para o lado, o Danilo já está se levantando. Que milagre, primeira vez que ele levanta só com o despertador. O Lipe já está correndo para a direção do Danilo, para brincarem.

  Coloco o uniforme e arrumo as coisas da escola e PUTA MERDA.

  - Danilo, a gente se esqueceu de fazer o dever de casa! - berro enquanto procuro desesperadamente um lápis.

  - Não esquenta, Fernandinha. A gente copia de alguém lá na escola.

  - Nem pensar!

  Faço tudo o que preciso fazer, e começo o dever de casa. Duas páginas de matemática, resumo de livro para inglês, e algumas perguntas de história e ciências. Só consigo acabar quando saio do ônibus.

  - Consegui.

  - Nerd. – o Danilo resmunga, fazendo o Lipe rir e ir para a sala de aula, com o presente para a sua paixão em seus pequenos braços.

  Eu e o Danilo passamos as aulas desse modo: eu presto atenção na aula, ele quer conversar, nego, ele pede novamente, nego, ele pede a terceira já com carinha de cachorrinho pidão, conversamos. Quando damos conta, já são três e meia, hora de sair.

  Enquanto o Danilo fica no celular conversando com alguém, o Lipe dá beijo na bochecha da Anne, que a deixa totalmente envergonhada. Eu e a Samantha ficamos conversando enquanto eu tomo conta do Lipe, pra ele não se machucar.

  - Agora me conta o que tá rolando entre você e aquele cara ali? – ela pergunta curiosa, enquanto olha para o Danilo.

  - Somos vizinhos, mas por causa de uma aposta idiota que fizemos, ele vai dormir no meu apartamento por um mês. Então somos colegas de apartamento.

  - O que? Essa história está bem melhor do que eu esperava! Vocês dormem juntos? Já se beijaram? Estão namorando?

  - Er... O que você quis dizer com dormir juntos? Tipo, na mesma cama, ou tipo, sexo?

  - Ambos.

  - A gente divide o colchão, mas não fazemos sexo.

  - Que bonitinha você toda envergonhada!

  - Cala a boca. – reviro os olhos e ela ri.

  - Eu acho que ele gosta de você.

  - O que? – falo um pouco alto demais.

  - É. – ela ri – Ele não parou de olhar pra cá desde que teve que atender a ligação. E eu vi a forma que ele te salvou daquele pervertido bêbado da festa. Totalmente apaixonado.

  - Ele não tá apaixonado por mim, qual é!

  - Quem não está apaixonado por você? – o Danilo aparece atrás de mim.

  - Você.

  Ele sorri daquele jeito besta.

  - Quer dizer então que, quando eu não estou por perto, você fica conversando sobre mim? Que fofa! Já estava com saudades, é? – lá vem ele me provocando novamente. A Samantha ri e se despede de mim com aquele olhar de “eu tô certa”.

  - Lipe, vamos logo! – o chamo. Ele se despede da Anne e do John. E então corre na direção do Danilo e pula em seu colo.

  No trajeto todo de volta para o apartamento, o Lipe foi quem mais falou. A Anne adorou o presente e amanha ela prometeu lanchar com ele. Isso é como um encontro para eles. É tão fofo ver uma criancinha apaixonada...

 Já no apartamento, eu começo o dever e o Lipe também. O Danilo está meio estranho. Ele não implicou comigo nem uma vez desde que saímos do colégio.

  - Ei, Fernandinha – ele fala, com uma feição estranha, meio séria demais para ele.

  - O que? – deixo o trabalho de lado para dar atenção á ele, que aparentemente precisa.

  - Posso te pedir uma coisa?

  - Claro.

  Ele olha para o Lipe, que parece meio interessado em escutar o que o Danilo tem para falar, então o Danilo fica quieto.

  - Mais tarde eu te falo. 

  - Ok, né.

  Quando já são dez horas da noite, coloco o Lipe para dormir e vou tomar um banho relaxante na banheira. Acabo de tirar a roupa e quanto vou entrar na água, o Danilo entra no banheiro na maior naturalidade.

  Escondo meu corpo atrás da toalha e ele se vira.

  - Desculpa Fernandinha. Pensei que fosse pra eu entrar também. – alguma coisa em sua voz me fez respirar fundo e não o expulsar do banheiro. Ele está realmente mal.

  - Tá, tudo bem. Espera só um instante.

  Fico de calcinha e sutiã e então, entro na banheira. Ele se senta ao meu lado, olhando apenas para meu rosto.

  - O que aconteceu? – pergunto tentando decifrar aquele olhar dele.

  - Aconteceu uma coisa horrível.

  - O que?

  - Meus pais vão passar umas semanas aqui.

  - O QUE?

  - É, meus pais querem ver o quão mudado eu estou, então vão passar uns dias no meu apartamento.

  - Quando eles chegam?

  - Sexta feira.

  - O Que?!

  - Quer parar de falar “o que”? – ele pede com um meio sorriso no rosto.

  - Foi mal. O que você vai fazer?

  - Pensei que você diria isso pra mim.

  Respiro fundo. Penso por um tempo.

  - Essa semana, a gente limpa o seu quarto e deixa tudo arrumadinho.

  - Tá, e?

  - E o que?

  - Meus pais não sabem que a Bianca foi pra Nova York, e nem que eu tô dormindo na sua casa, e nem que-

 - Seus pais não sabem de nada, já entendi. Então os deixaremos assim. A gente arruma a sua casa e fala que a Bianca teve que viajar porque a melhor amiga dela está doente e não pode deixa-la sozinha.

  - Eles não vão acreditar nessa. Eu já usei essa quando não quis que eles me visitassem, e no dia seguinte, lá estavam eles, sem acreditar em uma palavra do que eu disse.

  - Eles já viram a Bianca?

  - Já. E a Bianca se mudou sem ninguém saber. Então, se souberem que ela não está aqui, eu e ela estamos ferrados.

  - Então a gente diz que ela foi fazer uma excursão com os colegas de turma, sei lá.

  - Eles não vão acreditar.

  - Você confia em mim?

  - Confio. – ele diz sem pestanejar.

  - Então vai dar tudo certo.

  Ele respira fundo e sorri.

  - Posso te pedir uma última coisa hoje?

  - Pode.

  - Posso entrar na banheira também?

  Solto uma risada meio estranha e faço que sim com a cabeça. Ele sorri e tira a roupa até ficar apenas de cueca box preta. Ô cueca sedutora... Ô garoto sedutor... Ô corpinho sedutor... Ok, eu parei.

  FERNANDA! PARA DE OLHAR PARA O CORPO DO DANILO!

  Ele se senta na minha frente, e me puxa até eu ficar em seu colo, exatamente como da outra vez.

  - Ei!

  - O que foi? É confortável... – ele dá aquele sorrisinho fofo e sussurra com aquela voz rouca e sexy.

  - Ô, muito confortável eu no seu colo. – reviro os olhos.

  - É confortável você nos meus braços.

  Eu assumo. Realmente, estar dentro de seu abraço é maravilhoso. Confortável e eu meio que me sinto segura – ok, essa parte é idiotice, mas é verdade.

  Não sei quanto tempo ficamos abraçados ali na banheira, apenas escutando a respiração um do outro, mas então meus olhos foram fechando lentamente...

  Sinto alguém me levantando e abro os olhos. Eu estou enrolada em uma toalha enorme, nos braços do Danilo, indo para o colchão.

  - Eu dormi?

  - É. Você é fofa dormindo. – ele e aquela voz rouca... Ô combinação boa...

  Ele me coloca no chão. Vou para o closet e coloco meu pijama, uma calça comprida de moletom e uma camiseta qualquer minha. Coloco as roupas molhadas no banheiro e encontro o Danilo só de bermuda saindo do mesmo.

  - Melhor secar seu cabelo, não? Senão vai ficar doente.

  - Nem, daqui a pouco ele seca. – resmungo, cheia de sono.

  Deito no colchão e ele deita atrás de mim, puxando-me para perto dele. Dormimos de conchinha, e isso está começando a se tornar um bom e aconchegante hábito...

  Acordo espirrando e o Danilo ri.

  - Acho que da próxima você deve me escutar e secar o seu cabelo, Fernandinha.

Reviro os olhos e mostro a língua para ele, que ri e se levanta da cama. Acorda o Lipe e separa o uniforme para os dois.

  Levanto da cama e sinto meu corpo fraco. Eu quase nunca pego uma gripe, mas quando pego, é horrível. Algumas vezes tenho a sorte da gripe durar pouco tempo, tipo um ou dois dias. Mas, quando a Lei de Murphy quer prevalecer, eu fico uma semana, quase duas, gripada. Coloco o uniforme e vou para a cozinha.

  - Ei, nada disso, Fernandinha! Deixa que eu faço o café da manhã do Lipe, vai dormir.

  - Que? Nem pensar! Eu tenho que ir pra escola!

  - Doente?

  - É.

  - Nem pensar, pode ir voltando para o quarto!

  Reviro os olhos e começa outra leva de espirros. O Danilo me leva a força para o quarto e eu fico ali. Eles se despedem e vão para a escola. Volto a dormir. Quando acordo novamente, o Danilo está se sentando ao meu lado.

  - Já acabou a aula?

  - Não. Eu só deixei o Lipe na escola e voltei. Não posso deixá-la sozinha enquanto está doente.

  - Que? Nem pensar! Pode ir voltando para a aula.

  Ele nega e tira uma mecha de meu cabelo do meu rosto.

  - Idiota.

  - Idiota preocupado com você. Agora deita na cama que eu vou pegar um remédio pra você.

  - Mas não tem remédio de gripe aqui.

  - Eu comprei antes de vir pra cá.

  Ele me surpreendeu dessa vez. Fico deitada na cama até ele aparecer com um copo com água e o remédio. Tomo sem reclamar e me aconchego no cobertor. Ele se deita ao meu lado e abraça minha cintura.

  - Tô doente, sai de perto.

  - Tenho imunidade alta, não tem problema.

  Ele liga a televisão e ficamos abraçados. Toda hora eu tinha minhas crises de espirro.

  - Ei, Fernandinha. – ele me chama com aquela voz rouca e perfeita.

  - O que?

  Nossos rostos estão a milímetros de distancia. Eu sinto a respiração dele em meu rosto, e a barba rala raspando em mim.

  Ele se aproxima tanto que- O QUE ELE TÁ FAZENDO? O QUE EU TÔ FAZENDO? POR QUE EU NÃO CONSIGO AFASTÁ-LO?

  É como se fosse uma explosão de sentidos. Meu coração bate tão rápido que eu acho que ele poderia sair pela minha boca. Minha pele fica sensível e meus lábios ainda mais. Deixo meus olhos abertos para poder olhar para os dele, que brilham mais que duas estrelas.

  Nossos lábios se encostam novamente e eu sinto meu corpo responder ao beijo com pequenos espasmos. Ele sorri e me abraça forte, juntando nossos corpos e me beijando com mais ímpeto.

  Sinto as mãos dele passeando em minhas costas e enroscando em meu cabelo. Nossas línguas se movimentam com naturalidade e agitação. Você já beijou alguém enquanto está sorrindo? É, eu e ele estamos assim. Já não tenho mais ar, mas não quero parar o beijo.

  Merda. Tô com uma vontade fenomenal de espirrar. Afasto-me dele, que me olha confuso, e espirro umas três vezes. Volto a olhar para ele envergonhada. Toda a coragem de beijá-lo esvaeceu.

  Ele está sorrindo, parece tão feliz como nunca.

  - Isso foi um erro. – comento.

  Ele está totalmente sério e com uma cara bem, mas bem triste.

  - Por quê? Eu gosto de você. Você gosta de mim. Deu nisso. – ele espera um estante e dá um meio sorriso - Vai negar? – até triste ele me provoca...

  - Não é isso. – ele sorri, mas fica confuso. – É que eu tô gripada. E você vai ficar doente se ficar me beijando.

  Ele ri alto e me abraça forte. Sinto seus beijos em meu pescoço e sorrio.

  - Eu tenho imunidade alta. – repete o que disse antes e volta a me abraçar.

  - Se você aparecer doente, eu vou rir muito da tua cara.

  - E eu vou falar que valeu a pena. – ele olha em meus olhos e eu sinto meus lábios formarem um sorriso. E então voltamos a nos beijar.

  Deitamos, aprofundando o beijo. A mão dele entra em minha blusa e fica passeando pelas minhas costas, mas ele não tenta tira-la, e nem eu quero que ele a tire.

  - Ei. – pergunto enquanto ele continua me beijando – Você realmente gosta de mim?

  - Eu me recuso a responder a essa pergunta depois de todo esse tempo. – ele dá um beijo na ponta do meu nariz e ri da minha careta.

  - Então eu me recuso a ceder. – sussurro e saio de perto dele, procurando meu celular. Já é hora de busca-lo na escola, e meu estômago clama por comida desesperadamente.

  Ele fica de mau humor até buscarmos o Lipe na escola. O Lipe e a Anne estão de mãos dadas, que cena mais fofa! E o John de vela ali do lado da Anne.

  - Oi princesa. – o Danilo fala sorridente para a Anne. – E aí Lipe, e John.

  - Danilo! – o Lipe abraça o Danilo e volta a segurar a mão da Anne, que sorri.

  - Minha mãe tá me chamando. Tchau! – o John se despede.

  - Fê! – o Lipe e a Anne berram e correm na minha direção, abraçando-me.

  - Gente, eu tô doente, melhor não se aproximar muito não.

  Eles se afastam só um pouco e fazem aquela cara de cachorrinho pidão que o Danilo domina. Eles estão quase dominando ela também.

  - O que vocês querem? – pergunto.

  - A Anne pode ir lá pra casa?

  - A minha mamãe não ‘tá em casa. Ela viajou. E eu posso ir pra qualquer lugar se a minha babá for comigo.

  - E cadê a sua babá?

  A Anne aponta para uma senhora rechonchuda e baixinha vestida de branco, andando em nossa direção.

  - É verdade? – o Danilo pergunta para a babá, que já escutou a conversa.

  - Sim.

  - Posso ir pra sua casa? Posso, posso? Por favor...

  Um fato: crianças de sete anos são muito persuasivas.

  Outro fato: um amor entre crianças é tão inocente e fofo que encanta a todos.

  - Pode, mas desde que não baguncem o meu apartamento.

  - Obrigada! – a Anne agradece toda angelical e o Lipe dá um sorriso de agradecimento pra mim.

  Assim que chegamos ao meu apartamento, a babá se prontifica a cuidar do casal apaixonado, e o Danilo fica conversando comigo. Desta vez sem beijos.

  - Eu realmente gosto de você, Fernandinha. – ele sussurra.

  - Por que disse isso agora?

  - Não é obvio? – eu, crente que ele ia falar alguma coisa fofa – Agora você não precisa se recusar a ceder á minha gostosura.

  Reviro os olhos, mas dou um sorriso. Ele consegue ser metido, implicante e fofo ao mesmo tempo.

  - Qual é. Um beijo a mais, um a menos, tenho certeza que aqueles nomes todos que você mencionou não vão ficar com ciúmes. – ok, ele sabe provocar bastante, e consegue ser bem persuasivo. Sem muito bem o caminho dessa conversa. Se eu falar não, ele vai querer saber se os caras são reais, e se eu tenho ou já tive algum relacionamento com eles. Se eu falar sim, ele vai perguntar as mesmas coisas.

  - Como você é implicante, velho! Eu não conheço todas aquelas pessoas, ok?

  Ele sorri, olha para meus olhos e então, meus lábios. E só para me provocar, ele morde o lábio inferior dele. Sexy. Ô guri sexy. Ô sedução.

  O Danilo olha para a babá como se fosse uma criança sapeca e de dieta mal esperando a hora da mãe ir embora para ele comer quanto chocolate quiser. E eu não sei o que estou sentindo. Não deveríamos nos beijar. Amigos não se beijam, mas foi muito bom... Não consigo esquecer a sensação de seus lábios nos meus. De suas mãos passeando em minhas costas.

  PARA DE PENSAR NISSO, FERNANDA!

  Assim que a babá se distrai olhando para as crianças, eu o beijo rapidamente. Sorrimos alegremente, e logo, eu começo a espirrar.

  - Ei, Fernandinha, melhor você descansar.

  - Argh, já tô cansada de descansar.

  Ele sorri e me pega no colo contra a minha vontade, o que encanta o Lipe e a Anne, e assusta a babá.

  - Lipe, me leva pro seu quarto desse jeito? – escutamos a Anne pedir e rimos. Tão inocente e fofa...

  O Danilo me deita no colchão e me cobre com o cobertor. Por fim, ele se senta ao meu lado e fica fazendo cafuné em mim. Ignoro meu coração batendo que nem uma britadeira e fecho os olhos.

  - Assim eu durmo mais rápido. Para com isso. – resmungo com voz de sono, e ele não para.

  - O intuito é esse, Fernandinha.

  Dito e feito. Só acordo quando o Danilo traz um prato de macarronada para eu comer. Os espirros diminuíram drasticamente, mas eu ainda estou bem mal.

  O Danilo hora ou outra, espirrava, mas tentava disfarçar dizendo que tinha muita poeira por aqui.

  Quando anoitece, o Lipe entra no quarto segurando a mão da Anne, que por sua vez, era seguida pela babá.

  - Fê, a Anne vai embora agora. Ela pode voltar amanhã? – ele me pergunta com uma tristeza eminente, e esperança em seus olhos.

  - Pode sim, Lipe.

  Os dois me abraçam alegremente e a Anne vai embora segurando a mão da babá.

  - Lipe, já para o banho, e depois vá fazer seu dever de casa! – peço enquanto tomo um remédio.

  - Pode ser de banheira? – ele me pede, e reveza o olhar entre o Danilo e eu.

  - Deixa que eu prepare o banho dele, Fernandinha. Você precisa descansar.

  - Velho, eu tô bem! Vamos, Lipe. – seguro a mão do Lipe e vou até o banheiro com ele, mas antes de fechar a porta, olho para o Danilo e falo – E você precisa estudar, amanhã temos teste de francês.

  Ele fica desolado. Encho a banheira para o Lipe, que toma seu banho alegremente, e veste seu pijama. Assim que ele sai do banheiro, eu tomo um banho rápido com o chuveiro, enquanto a água da banheira vai saindo. Coloco meu pijama quentinho e o Danilo entra no banheiro.

  - Privacidade, a gente não vê por aqui. – imito a Globo, o que o deixa com um sorrisinho besta no rosto.

  - Não mesmo. – ele me abraça por trás e fica mordiscando o lóbulo da minha orelha. Ele está me enlouquecendo. Como eu o afasto sem deixar na cara que quero seus lábios longe de mim? – Quem me dera ter chegado um pouco mais cedo e te visse tomando banho...

  - Sai de perto seu safado! Eu quero pentear o cabelo antes que seque! – gaguejo um pouco e coro rapidamente.

  - Ok, ok. – ele se afasta e vai tirando a roupa. Desta vez, ele não para com a bermuda. Ele continua, e vai tirando a cueca lentamente, provocando-me. Viro o olhar rapidamente, concentrando em pentear meu cabelo, e escuto a risada dele. Ô risada sedutora... Ô garoto sedutor. Mas ô garoto safado, viu...

  Enquanto ele toma banho, evito olhar para o box. Acabo de pentear o cabelo e caminho para a saída do banheiro.

  - Espera Fernandinha! A gente precisa – ele espirra – conversar.

  Meu coração bate rápido e eu sinto minhas bochechas corando. Não quero conversar com ele sobre os beijos. Não mesmo. Ainda estou tentando entender o que aconteceu.

  - Depois a gente conversa! – saio correndo do banheiro e vou para a minha cama, que na verdade é a do Danilo também.

  Finjo que estou dormindo e ele não me acorda. Escuto o barulho do livro sendo folheado e dou um meio sorriso. Ele está mais responsável agora. Um tempo depois, a televisão é desligada e o Danilo se deita ao meu lado, sinto sua respiração em meu rosto, e, logo depois seus lábios na minha testa. Ele dá um longo suspiro e me abraça. Durmo logo em seguida, completamente confortável em seu abraço.

  - ATCHIM! AAAATCHIM! AAAAAAAAAAAAACHIIIIIIIM! – acordo com o Danilo espirrando. O Lipe ainda está dormindo, ainda é de madrugada.

  - Imunidade alta, né? – implico enquanto me levanto do colchão para buscar um remédio.

  Quando eu volto, ele está pior ainda. Espirrando feito um condenado. Dou-lhe o remédio e coloco-o para dormir. Eu já estou bem. Por incrível que pareça, sem gripe alguma.

  - Fernandinha, se eu morrer, o meu apartamento fica com você. – ele resmunga e tem mais uma crise de espirro.

  - Para de ser dramático!

  Ele fica com um biquinho no rosto, deixando-o completamente fofo.

  - Olha pelo lado bom, você não vai precisar fazer a prova de Francês.

  - Mas vou ficar longe de você.

  Coro com o comentário e fico sem fala. Ele percebe e dá um sorriso meio estranho.

  - Hoje você vai me ajudar, né? – ele pergunta enquanto eu me aninho no cobertor.

  - Ajudar em que?

  - Ajudar a arrumar o meu apartamento.

  - Ah, claro.

  Ele sorri e então se deita ao meu lado, mas sem me abraçar, o que torna tudo muito menos confortável. Não consigo nem dormir. Fico apenas de olhos fechados. Escuto a respiração dele, que também parece estar bem acordado, mas não me prontifico a começar a conversa.

  - Eu sei que você tá acordada, Fernandinha.

  Respiro fundo e abro os olhos, fitando os dele.

  - Você tá estranha. É por causa do beijo?

  Não respondo, mas sinto minhas bochechas corando.

  - Eu sou meio impulsivo às vezes, mas eu não me lembro de você ter dito para eu parar.

  Mordo meu lábio para esconder o sorriso.

  - E-e-eu não disse. – gaguejo e ele sorri abertamente.

  - Então por que tá toda estranha?

  Desvio o olhar e respiro fundo. Nem eu realmente sei. Só não quero namorá-lo. Não agora. Não quero namorar ninguém. Mas eu gostei demais de beijá-lo.

  - Vai me deixar no vácuo, é?

  - Argh! Como você é implicante. – reviro os olhos e respiro fundo. – Eu só não tô querendo namorar, entendeu? Não quero nada sério.

  Ele sorri maliciosamente.

  - Você já ouviu falar em amizade com benefícios?


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