Ichigo acabara de tomar banho e se trocar nos vestiários do centro de treinamento do Karakura FC, e se encaminhava para a saída cabisbaixo. Sim, agora Kurosaki Ichigo era jogador profissional de futebol, mais precisamente o goleiro reserva da equipe. Inicialmente Ichigo só optou pelo futebol na escola porque era o que lhe pagava melhor e estava juntando dinheiro para poder morar só e se livrar das maluquices de seu pai, mas com o tempo Ichigo tomou gosto pelo esporte e logo descobriu o quanto poderia ser lucrativo ser um jogador profissional. Quanto estava perto de sair um de seus companheiros de time o chamou.

_ Ei Ichigo, espera ai!

_ Hum? Hasebe, o que houve? – Ichigo questionava seu amigo que chegava perto dele cansado.

_ Agente sempre vai junto para casa, por que não me esperou como sempre? – Ichigo e Hasabe moravam praticamente um do lado do outro.

_ Ah é! Esqueci de te falar. Hoje eu vou dormir na casa do meu pai, como ele vai viajar a trabalho, me pediu para que eu cuidasse das minhas irmãs.

_ Hum, entendi. Mas suas irmãs já não são grandinhas para passarem uma noite a sós não?

_ São, mas o que meu pai tem de desleixado quando se refere a mim, ele tem de super-protetor quando se trata das minhas irmãs. E eu também prefiro estar por perto para ajudar se acontecer alguma coisa. – Disse Ichigo desanimado.

_ Beleza então, mas me diz só uma coisa, você vem andando desanimado ultimamente. É por que o treinador ainda não te colocou como titular mesmo você se saindo muito bem nos treinamentos? – Mesmo antes de obter uma resposta continuou – Se for por isso não se preocupe não, o Kawashima não vem se saindo bem nos últimos jogos, mas como ganhamos não houve muita cobrança, mas eu garanto que logo logo você receberá sua chance no time titular.

_ Não é isso, eu até ouvi o treinador conversar com ele e dizer que mais uma falha e me colocaria no lugar dele.

_ Então não dá para entender. Embora sejamos um time pequeno estamos indo muito bem e pelo que você disse está tudo bem com sua família. – Pensou um pouco e achou uma possibilidade – Ah, já sei. Você está com saudades da escola, ou melhor dizendo, dos amigos de escola, não é? Sei como é! Eu também tive esse problema. A escola termina, cada um vai para um canto e às vezes passam-se anos para rever os amigos.

_ É, pode ser. Vou indo, até mais Hasabe! – Falou Ichigo já tomando o rumo da casa de seu pai.

Ichigo sabia que Hasabe tinha acertado no ponto que sua melancolia era resultado de saudades, mas não era dos amigos da escola. Keigo e Mizuiro sempre que possível iam visitá-lo e até assistir os jogos (mesmo Ichigo não jogando). Uryuu estudava em uma faculdade de medicina em Karakura mesmo, e coincidentemente morava na mesma rua que Ichigo (também não agüentava mais o pai e se mudou assim que se formou). Sado tinha uma banda, que como não tinha muito sucesso, só tocava por Karakura mesmo, então se viam quase sempre. Tatsuki se tornou uma grande carateca e representava o Japão em algumas competições, mas as competições duravam pouco tempo e quase sempre ela estava em Karakura treinando. (ai nesse gif está uma pequena demonstração de suas habilidades http://26.media.tumblr.com/tumblr_m3orkn8ORA1rn2llbo1_400.gif). E como tanto a Terra como a Soul Society estavam em paz, Rukia, Renji e outro Shinigamis sempre vinham para o mundo humano simplesmente a passeio ou em missões simples. Havia apenas uma pessoa que ele não se encontrava a muito tempo, e justamente a pessoa que era mais importante para ele, a garota que ele amava.

_ Yuzu, Karin, Cheguei! – Disse entrando na casa e como não obteve resposta se dirigiu para a sala, pois ouvia o barulho da televisão ligada.

Ichigo ao entrar na sala viu que suas irmãs estavam assistindo um daqueles programas de fofocas dos famosos.

_ Onii-chan, que bom que você chegou, venha assistir conosco, estão falando da Orihime-chan. – O coração de Ichigo acelerou.

Orihime no final da escola estava encontrando dificuldades para pagar seu estudo com o trabalho que era cansativo demais e ainda pagava mal. Então quando estava em um passeio com Tatsuki, um estilista assim que a viu se encantou com sua beleza e como uma de suas modelos estava doente, ele a chamou para fazer uns desfiles de sua nova coleção. No começo Orihime estava receosa, mas o estilista lhe ofereceu um bom pagamento e na situação que Orihime se encontrava teve que aceitar.

Surpreendendo a todos, esses poucos desfiles que Orihime fez foram um sucesso estrondoso, o que chamou a atenção de estilistas renomados que logo a chamaram para seus desfiles e em poucos meses ela se tornou uma das Modelos mais famosas do Japão e do mundo.

Nos últimos meses esteve na Europa em vários desfiles importantes e sempre era alvo de paparazzi.

_ Eu não gosto desses programas. Eu vou subir! – Ichigo disse tentando fugir do assunto.

_ O que foi onii-chan? Você não gota mais da Orihime-chan?

_ Não é isso! – Com certeza não era Isso, Ichigo já tinha certeza que a amava desde que ela foi levada para o Hueco Mundo, mas por covardia não conseguiu falar isso para ela e agora que ela era famosa no mundo todo, parecia impossível ele conseguir-la – É que nesses programas só sabem falar mal dela, inventando coisas, ou quando falam bem, só sabem falar da beleza dela como se isso fosse a única qualidade que ela tem.

_ Hum... Ichi-nii, você falou de um jeito que parece que está ap... – A campainha toca.

_ Eu atendo. – Ichigo disse rápido e em pensamento dizendo: “Salvo pelo gongo”. E se dirigindo a porta.

Ao abrir a porta Ichigo toma um susto e fica paralisado sem saber o que fazer ou falar, então decide comprova que não está alucinando.

_ I... Inoue? É você mesma?

_ Boa noite, Kurosaki-kun!

_ O que você está fazendo aqui?

_ Bem, eu... Como eu estou de férias eu vim te visitar. – Disse com seu tradicional ar inocente e envergonhada.

_ Onii-chan, quem é que... – Yuzu vê Orihime – AHHHHH, Karin vem cá, a Orihime-chan está aqui. – Ela praticamente arrasta Orihime para a sala.

Na sala as meninas não paravam de fazer perguntas para Orihime.

_ Orihime-chan, como é ser uma modelo famosa? Você gosta de ser modelo? Você isso? Você aquilo? – Eram perguntas atrás de perguntas, que Orihime respondia todas com a mesma forma gentil que sempre teve. Ichigo a observava impressionado de como ela mesmo com todo esse tempo e sua carreira meteórica, ela não perdeu seu jeito gentil, delicado e inocente de ser.

Depois de alguns minutos de perguntas e mais perguntas, Ichigo achou que estava na hora de dar um descanso para Orihime, ainda mais na hora que Yuzu perguntou se era verdade uma fofoca que saiu em uma revista que ela estava tendo um caso com um ator famoso e antes que Orihime pudesse responder Ichigo interveio.

_ Acho que já está bom de tanta pergunta, deixem a Inoue relaxar um pouco.

_ Mas eu não me importo de responder as perguntas delas.

_ Mas aposto que Yuzu não fez o jantar ainda.

_ Ah, é verdade, a Orihime-chan chegou e eu esqueci completamente. Eu já vou preparar algo para comermos. Você pode me ajudar Karin-chan? – Yuzu e Karin foram para a Cozinha fazer a janta, e Ichigo e Orihime subiram para o quarto para conversarem.

_ Então Inoue, era verdade? – Ichigo perguntou sem jeito – Era verdade que você e aquele ator estavam... – Não conseguiu terminar a pergunta.

_ Claro que não! Ele apenas foi me parabenizar depois de um desfile e tiraram uma foto nossa juntos e inventaram isso tudo. – Falou meio desajeitada e depois continuou mais triste – Não gosto quando fazem isso.

_ Sabe, você está um pouco mais madura, mas no geral continua exatamente como era antes. – Ichigo disse com um leve sorriso.

_ Ah, mas tem muita coisa que eu ainda posso mudar em mim, só tem uma coisa que eu sei que nunca vai mudar.

_ E o que seria? – Perguntou curioso.

_Eu... Eu não tenho coragem de dizer.

_ Por que não? Agora fiquei curioso, me diz.

_ É que... É sobre quem eu... É sobre quem eu amo. – Disse escondendo o rosto com as mãos.

Ichigo sentiu tudo tremer, não acreditava no que acabou de escutar. “Então Inoue ama alguém? E é um sentimento forte? Não! Só pode ser um desses atores ou modelos famosos.” Pensou Ichigo. Ele tinha que confirmar.

_ Então, quer dizer que você ama alguém e sabe que nunca vai deixar de amá-lo?

_ Urum! – Respondeu balançando a cabeça positivamente e ainda com o rosto escondido nas mãos.

_ Não! Por favor, diga que é mentira. Diga que é uma brincadeira. – Orihime o olhou confusa. Ichigo nunca teve coragem de dizer o que sentia, mas não conseguiu se controlar nessa situação. – Por favor, Inoue eu... Eu te amo! Eu sempre te amei! Então por favor, diga que isso não é verdade.

Orihime caminhou sorridente até a janela sendo iluminada pela luz da luz cheia, e se virou para Ichigo e com um sorriso de orelha a orelha no rosto lhe respondeu.

_ Não é mentira nem brincadeira o que eu disse, eu realmente amo alguém e tenho absoluta certeza que sempre vou amá-lo.

_ E você ainda me diz disso sorrindo despudoradamente? – Seu rosto entristecia e ele abaixava a cabeça e fechava os olhos.

_ De que outro modo eu diria, se essa pessoa que eu tanto amo acabou de falar que me ama e que sempre me amou?

Ichigo apenas a olhou com os olhos arregalados. “Eu só posso está sonhando” pensou. Mas, mesmo que fosse sonho não poderia deixar esse momento passar. Aproximou-se lentamente dela que parecia ainda mais bonita iluminada pela luz da lua, nenhum dos dois falava mais nenhuma palavra sequer, apenas foram se aproximando até que por fim se abraçaram e seus lábios se encontraram. Foi um beijo que misturava sentimentos, o sentimento do primeiro beijo, do reencontro, da paixão e até da luxúria. Mesmo com a falta de oxigênio os incomodando, não queriam se separar do beijo que ambos esperaram por tanto tempo, mas foram obrigados a pararem quando Karin os chamou de fora do quarto.

_ Ichi-nii, larga a Orihime-chan e abre a porta. – Ichigo veio abrir a porta

_ Que história é essa? Nós estávamos apenas conversando. – Tentou disfarçar.

_ Tá bom, sei. Só uma coisa, quando forem ficar se agarrando não façam isso na janela, porque um paparazzo acabou de tirar a foto de vocês e enviou para o programa, e agora vocês estão em todos os programas de fofocas.