Ficlets And Drabbles escrita por Nihaxy


Capítulo 4
What do you wanna eat?


Notas iniciais do capítulo

Agradecimento especial à Bruna, por ter digitado esse cap :))) Se não fosse ela, provavelmente levaria uma semana pra eu superar minha preguiça, psé .-. Hope you like it! *-*



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Cinco semanas. Trinta e cinco dias. Oitocentos e quarenta horas, que mais pareceram se arrastar em segundos infinitos, intermináveis.

Se ela tivesse tido a menor ideia de que esse seria o preço a pagar, ela teria pensado três vezes antes de se jogar contra o suspeito que – infeliz e ingenuamente - pensou ser capaz de despistar a polícia correndo e se enfiando no labirinto de becos que era o subúrbio.

Quando ele passou correndo na sua frente, Jane não teve dúvidas: acelerou ainda mais, achou um ponto no chão que garantisse impulso e pulou, efetivamente derrubando o malfeitor no processo.

Ela já ia preparada para uma possível luta quando o indigente percebesse o que acontecera e tentasse escapar. Era puro instinto, por parte de ambos. Ela só não se preparara para o murro que iria levar, um golpe de sorte tão grande que, assim que sentiu o contato da mão com sua mandíbula, a detetive foi atingida por uma dor lancinante e pensou ter escutado um “crack” de alguma coisa quebrando. Isso, porém, só serviu para aumentar sua ira, e em questão de segundos o suspeito estava devidamente imobilizado e algemado.

Menos de uma hora depois, ela se encontrava na emergência do Boston General Hospital, prestes a encarar a dor de ter o osso da mandíbula empurrado de volta para o lugar.

Ela teria expelido todos os palavrões conhecidos num avalanche se não soubesse que tentar falar só faria doer mais.

Maura chegou um pouco depois no hospital, preocupada, à procura da namorada. A legista teria rido da situação e da expressão da outra se não estivesse tão preocupada por algo grave ter acontecido. Jane estava sentada numa maca, impaciente para receber alta, uma expressão assassina na face, que teria amedrontado a todos se não fosse completamente aniquilada pelas bandagens que imobilizavam toda a parte de baixo do rosto da morena.

As semanas de recuperação pareceram o inferno. Sim, Jane já havia passado por situações piores, mas, de todas as vezes que se ferira no trabalho, nenhuma a condenara a passar cinco semanas encarregada da papelada, tendo que ouvir repetidamente as piadinhas infames de Crowe, sem poder nem responder, visto que, com a mandíbula enfaixada, era realmente difícil formar palavras. Ela também estava sendo obrigada a se alimentar exclusivamente de coisas, no máximo, pastosas, e jurara nunca mais encostar um dedo numa porção de sopa ou vitamina depois disso. Angela ainda se utilizava da situação para ficar, se é que era possível, ainda mais superprotetora. Jane sabia, sim, que seu trabalho era arriscado e que sua mãe se preocupava por que a amava. Mas isso não a impedia de desejar que a mãe desse, pelo menos, um pouco de tempo para ela ficar sozinha com Maura.

Maura. Aí estava a raiz do ódio pela mandíbula imobilizada. Sim, por que nessas cinco semanas, Jane fora expressamente proibida de... hm, expressar exatamente seus sentimentos pela loira – principalmente de modos que não envolviam exatamente palavras. Jane não achava que sua libido era parte importante do cotidiano – na verdade, até conhecer a legista, duvidava que a possuísse -, mas, nesse último mês, ela parecia estar sempre prestes a explodir de frustração.

Não ajudava em absolutamente nada o fato de Maura permitir, no máximo, um beijo na bochecha – sempre argumentando que se o osso não fosse devidamente restaurado, poderia demorar meses para que tudo voltasse ao normal.

Então ela esperou. Não sem reclamar constantemente, claro, mas ela esperou. Ela já tinha uma amizade única com Maura antes de tudo, então a abstinência de contatos físicos mais intensos era como voltar a isso – exceto, por exemplo, que agora elas sentavam no sofá ou iam dormir já abraçadas, sem fingir que não perceberam o ato na verdade deliberado acontecer.

Foram as cinco semanas mais torturantes da vida de Jane, mas eventualmente o dia chegou. Na noite da véspera ela estava tão alegre que parecia prestes a soltar fogos de artifício. Ela não se lembrava de ter acordado mais feliz – exceto na primeira vez que acordou com Maura sonolenta em seus braços. Ao sair do médico, já sem bandagens e sem nada prendendo seus movimentos faciais, encontrou uma Maura igualmente sorridente à sua espera.

– Vejo que...

O que quer que a legista fosse dizer foi interrompido pelo pressionar insistente de lábios contra os seus, e ambas se deixaram perder na sensação de que há muito eram privadas.

Quando oxigênio se tornou necessário elas se separaram, andando até onde o carro fora estacionado.

– Para comemorar a sua liberdade, você escolhe onde iremos jantar hoje. – disse a loira num tom brincalhão – E eu prometo não reclamar muito, mesmo que sua escolha siga o padrão de sempre e nos leve a um lugar de gosto duvidoso que só sirva comida gordurosa. De que você mais sente falta?

– Eu realmente agradeço a oferta, Maur. – respondeu a detetive, pausando e abaixando para sussurrar no ouvido da namorada, a voz mais rouca e mais baixa que o habitual – Mas o que estou pensando em comer não é exatamente servido num restaurante. – completou, um sorriso provocador no canto dos lábios.


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