Paradoxo Temporal: A Origem De Ginmaru escrita por Vanessa Sakata
Em Yoshiwara, Gintoki, Shinpachi e Ginmaru foram direto à loja de Hinowa, a fim de procurar saber mais a respeito de Saitou Hikari, a mulher que dera à luz ao filho do Yorozuya. Era hora de remexer no passado, por mais que não se soubesse por onde começar a fazer tal tarefa.
Por ele, não fazia diferença alguma remexer no passado. Mas para Ginmaru, sim.
- Ela era bonita? – o garoto perguntou.
- Hã? – Gintoki estava absorto em seus pensamentos.
- Pai, eu perguntei se a minha mãe era bonita.
- Sim, ela era bonita. Era uma mulher bem bonita.
- Ela era boazinha?
- Hm... – ele coçou a cabeça pensativo. – É, era sim.
- Você não sabe nada sobre ela, não é? – o olhar de Ginmaru era acusador.
- Hã?
- Um menino da minha classe disse que descobriu que o pai dele não sabia nada sobre a mãe porque a abandonou. Você não fez isso também, certo?
Aquilo soava mais como uma afirmação do que como uma pergunta, e Gintoki não conseguia uma resposta rápida. E isso só piorou a situação.
- Agora eu entendo... Você engravidou a mamãe e nem quis saber da gente! E só tá comigo por pena, não é?
- Ei, espera aí, Ginmaru! De onde você tirou isso?
- Pra você não saber nada sobre a minha mãe, tá mais do que na cara, não tá?
- Deixa de dizer bobagem, pirralho! Isso são minhocas que botaram na sua cabeça!
- Você é um estúpido, pai! Você tá sempre fugindo de me responder alguma coisa sobre a minha mãe! Por que você faz isso?
O Yorozuya se abaixou para ficar cara a cara com o menino:
- Ginmaru, você não sabe de nada! Para de dizer asneiras, moleque! Não diga isso como se fosse verdade!
O garoto começou a chorar e, num ato impulsivo, saiu correndo sem rumo por Yoshiwara. Quando Gintoki já iria correr atrás do filho, Tsukuyo apareceu, junto com os primeiros pingos de chuva.
- Aquele não era o Ginmaru correndo? – a loira perguntou.
- Era, sim, Tsukuyo-san. – Shinpachi respondeu. – Ele ficou chateado com o Gin-san.
- Seria melhor se você não fosse atrás dele, Gintoki. – ela disse. – Ele parece bem confuso. Além do mais, ele não fica perdido por aqui, você sabe bem disso.
*
A chuva começou a cair em Yoshiwara, e era uma chuva consideravelmente abundante. Em um beco, Ginmaru estava completamente solitário e encharcado, sentado junto a uma parede e abraçando os joelhos. Sem contar que estava completamente confuso e tremendo de frio.
Não entendia por que seu pai nunca lhe dizia nada de como era sua mãe. Toda vez que ele perguntava, a resposta era evasiva. Ele sempre mudava de assunto. Será que ele abandonara sua mãe quando descobrira que ela o esperava?
Mas... Então, por que ele o criava? Não era mais fácil largá-lo pra outros pais o adotarem?
Ele não entendia. Não conseguia entender isso.
Ouviu passos molhados se aproximarem e se encolheu ainda mais pelo frio e pelo medo, enquanto seus cabelos prateados grudavam em sua testa.
- Ginmaru – reconheceu a voz de Shinpachi. – Gostaria de vir comigo? Seu pai tá preocupado com você.
- Se ele estivesse preocupado comigo ele não te mandaria vir no lugar dele, Sensei.
- Ele não me mandou vir no lugar dele. Ele me pediu para ajudá-lo a te encontrar.
- Ele não vai me abandonar como ele fez com a mamãe?
- Ele não abandonou a sua mãe, Ginmaru.
- Como sabe?
- Conheço o Gin-san há anos. Ele não seria capaz disso.
- Shinpachi-sensei, isso é verdade?
- É, sim. Sabe, ele nem fazia ideia de que uma noite sem compromisso faria sua mãe esperar você, entende? Ela era como a Hinowa-san, a mãe do Seita. Por isso que seu pai não sabia que sua mãe estava grávida de você. E nem que ela estava doente e havia morrido assim que você nasceu. Ele só soube disso quando você apareceu lá na Yorozuya, e agora que a Tsukuyo-san disse sobre a doença da sua mãe.
Ginmaru ficou cabisbaixo e começou a chorar, considerando-se um “menino mau”. Soluçava bastante, porque agora achava que fora um menino muito malcriado para com seu pai. Outros passos se fizeram ouvir nas poças de água.
Envergonhado, o garoto olhou para cima, com os olhos vermelhos marejados de lágrimas. Levantou-se ao reconhecer quem agora lhe dava abrigo com o guarda-chuva e se abaixava. Era Gintoki, que recebeu um forte abraço de um Ginmaru completamente ensopado e que não parava de chorar.
- Pai... Me desculpa...! Sou um menino mau...! Me desculpa...!
- Calma, Ginmaru... Tá tudo bem. – Gintoki afagou a cabeça do filho com um sorriso complacente.
Sentiu o garoto continuar a soluçar muito e não se importava com o seu ombro sendo molhado. Sentia-se aliviado por conseguir encontrar o filho, que agora tossia bastante enquanto o carregava.
Percebeu que agora ele ficava anormalmente quente, mesmo encharcado, e que tossia bastante... E isso começava a preocupar o Yorozuya, enquanto carregava o filho em seu ombro.
- Pai, você me perdoa? – Ginmaru perguntou após tossir novamente e ainda carregado por Gintoki pelas ruas de Yoshiwara.
- Pelo o quê? – ele questionou com os olhos fixos no trajeto que fazia, junto com Shinpachi.
- Por ser um mau menino.
- Você não é um mau menino, Ginmaru. Eu que não sou um bom pai, então eu é que te devo desculpas.
- Tem certeza?
- Oras, onde já se viu o seu pai não saber nada da sua mãe? – o Yorozuya sorriu irônico. – Tudo o que eu sei da sua mãe foi porque o Shinsengumi investigou de onde você veio pra parar lá em casa.
- É?
- Sim. Eu realmente não fazia ideia de que a sua mãe estava esperando um bebê. Muito menos um com o cabelo igual ao meu. Quando você for um pouco maior vai entender essas coisas de adultos.
Andaram mais alguns passos e Ginmaru murmurou:
- Pai... Tô com muito frio...
Gintoki colocou Ginmaru nas costas e retirou o cinto e a faixa que seguravam seu quimono branco à cintura. Retirou-o e colocou por cima do filho, que tremia muito. Conseguiu ajeitar o cinto preto novamente à cintura, onde colocou de volta a sua inseparável espada de madeira e prosseguiu o caminho.
Assim que chegaram à casa de Hinowa, Tsukuyo logo percebeu que Ginmaru estava ruborizado e bastante abatido. Colocou a mão na testa do menino e ficou surpresa:
- Gintoki, esse menino tá ardendo em febre!
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