Paradoxo Temporal: A Origem De Ginmaru escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 10
Dias chuvosos inspiram histórias tristes




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/349501/chapter/10

A tosse do garoto ecoava pela casa, enquanto Shinpachi chegava com uma sopa bem quente ao quarto ao mesmo tempo em que Gintoki, com o dorso da mão direita na testa de Ginmaru, verificava a temperatura dele. Percebeu que a febre do menino não havia diminuído ainda.

Gintoki estava pagando o preço por ser covarde e não ter contado direito o que deveria ao filho. E por não ter procurado saber direito sobre a mãe dele.

Não fosse por isso o moleque não tomaria toda aquela chuva e não estaria do jeito que estava.

– Gin-san, essa sua cara me preocupa. – Shinpachi comentou.

– Eu não tenho outra cara, Shinpachi-kun. Ainda não se acostumou com ela depois de tantos anos?

– Não é isso, Gin-san. Você precisa descansar também.

– Não dá pra descansar muito quando se tem um moleque ardendo em febre.

– Ele vai melhorar, é só uma gripe forte.

– Mas será que ele vai continuar chateado comigo? Eu me senti patético quando ele me abraçou pedindo perdão.

– Para com isso, Gin-san. Assim nem parece você.

– É que eu deveria saber mais sobre a mãe do Ginmaru. Ficou parecendo que eu estava enganando ele.

– Entendo. E como vai fazer para descobrir mais sobre ela?

– Eu mesmo vou procurar por respostas. – dirigiu-se até a porta para calçar as botas e pegar o guarda-chuva. – Vou pedir pra velha ou pra Tama virem te ajudar enquanto eu estiver fora.


*


A chuva continuava a cair por toda a região de Edo e, mesmo assim, Gintoki caminhava até Yoshiwara, mas, desta vez, sozinho. Tinha que caminhar, pois se fosse com a scooter não teria visibilidade alguma para pilotá-la. Além do guarda-chuva, tivera o cuidado de se agasalhar, vestindo o quimono branco por completo. Chegara a Yoshiwara e, com a chuva, lhe sobreveio a sensação de déjà-vu.

Oito anos atrás também chovia dessa maneira. E fora a fatídica noite em que, sem saber, havia dado um passo para a paternidade, por assim dizer.

Andou calmamente pelas ruas, olhando cada fachada até encontrar o local no qual entrara e encontrara aquela mulher chamada Saitou Hikari. Tudo o que sabia a seu respeito era realmente o que o Shinsengumi havia apurado e o pouco que Tsukuyo sabia por alto, além do pouco que ele mesmo sabia pela própria mulher.

Por ele mesmo, nem iria atrás de procurar saber sobre uma mulher com a qual se deitara apenas para satisfazer seus primitivos instintos masculinos e para esquecer assim a tragédia que mexera com ele na época. Mas como agora a coisa não era por ele, mas por Ginmaru, a situação mudava de figura.

Não queria que Ginmaru fosse como ele, completamente sem raízes a não ser o distrito Kabuki, onde “renascera” após a guerra perdida da qual participara quando mais jovem. Queria que o garoto tivesse um passado do qual poderia se orgulhar.

Só dizer que a mãe dele era bonita e que era boa de cama não servia.

Por fim, achou o local em questão. Adentrou-se ali e encontrou a mesma mulher que o recebera anos atrás. E não fora difícil para ela reconhecê-lo.

– Em que posso ajudá-lo? – ela perguntou educadamente enquanto fazia uma mesura. – Gostaria de escolher qual das nossas belas cortesãs?

– Eu não vim para isso. – Gintoki respondeu. – Vim para pedir uma informação.

– Que tipo de informação?

– Sobre uma mulher chamada Saitou Hikari, que trabalhou aqui oito anos atrás.

– Bem... Como é o seu nome mesmo?

– Sakata Gintoki.

– Bem, Sakata-san... Infelizmente ela faleceu há oito anos. Foi no parto. Ela engravidou de um cliente. Uma pena, porque ela era muito bela, quase ao nível de Hinowa.

– Não sabe mais nada a respeito dela?

– Desculpe-me a indelicadeza, mas... Por que tanto interesse em Hikari, Sakata-san?

Gintoki suspirou antes de responder de forma direta:

– Porque o cliente que a engravidou fui eu.


*


– A febre dele está baixando. Melhor deixá-lo dormir mais.

– Ainda bem, Otose-san. – Shinpachi disse. – Porque antes de sair, o Gin-san estava bem preocupado com o Ginmaru.

– Aonde aquele irresponsável foi, afinal? A Catherine me passou o recado, mas não para onde ele ia.

– Ele foi a Yoshiwara.

– E ele se diz preocupado com o filho... O Gintoki é irresponsável como sempre, e eu achando que ele estava deixando de ser um completo idiota.

– Ele disse que ia procurar por respostas, mas não necessariamente disse que iria para Yoshiwara. Acredito que ele tenha ido para lá... Procurar respostas sobre a mãe do Ginmaru. Não acho que ele iria se divertir; pareceu sair daqui a contragosto.

– É, pode ser. Mas espero que ele esteja realmente fazendo isso ou eu mesma vou arrancar as bolas dele!


*


– Compreendo. Então foi você quem a engravidou.

– Sim. E oito anos depois estou aqui para saber mais sobre ela.

– Por que quer remexer no passado, Sakata-san?

– Porque o fato de eu mal conhecer a mãe do meu filho já me causou problemas demais. E o que o Shinsengumi sabe sobre ela não é suficiente.

– Bem, ela era viúva de Saitou Hayato, um novato no Shinsengumi. Ela tinha cerca de vinte e cinco anos de idade e não chegou a ter filhos com o falecido marido. Não deu tempo, pois ele foi morto em um assalto. Ele foi morto e o dinheiro que possuía para pagar as dívidas foi levado. Essas dívidas foram cobradas de Hikari, que por não ter trabalhado antes, acabou vindo parar aqui em Yoshiwara como uma cortesã. Ela era muito agradável, mas ainda sofria muito com a perda brutal do marido... Ela testemunhou a morte dele.

“Dessa eu não sabia”, Gintoki pensou. “Pareceu comigo quando vi a Kagura sendo assassinada...”

– Mas o sofrimento dela não acabou, Sakata-san. Quando ela descobriu a gravidez, foi pressionada a interrompê-la. Porém, ela não quis fazer isso. Nem mesmo quando descobriu que estava gravemente doente. Ela não queria carregar mais uma morte traumática em suas costas e fez uma escolha difícil: preferiu se sacrificar pelo bebê que esperava. Ou era a mãe, ou era o filho.

– E ela escolheu se sacrificar para acabar com o próprio sofrimento. – Gintoki afirmou.

– Sim. E antes de ela morrer no parto, pediu para que o pai da criança fosse encontrado. Uma das mulheres da Hyakka sabia onde ele vivia.

– E foi assim que o bebê foi parar na minha casa. – o albino concluiu. – Bem, já ouvi o suficiente.

– Sakata-san – a mulher o questionou quando ele deu as costas. – A propósito, qual o nome da criança? Para caso algum conhecido pergunte.

– O nome dele é Sakata Ginmaru. Se algum conhecido perguntar, diga que ele tá sendo bem cuidado pelo pai.

– Pode deixar.

– Bem, vou embora. Obrigado por dar atenção a um cara que não te deu lucro nenhum.

Gintoki novamente calçou as botas e pegou o guarda-chuva, para assim seguir seu caminho de volta para casa. Assim que se viu já na rua, caminhou com ar bastante pensativo, procurando ordenar em sua mente as novas informações sobre Hikari. Pelo o que lembrava, realmente ela era quase do nível de Hinowa. Ficava a incógnita de como Ginmaru chegara até ele.

Uma mulher das Hyakka não iria até a Yorozuya deixar um bebê sem que Tsukuyo soubesse. E a loira realmente não sabia disso.

E será que a mãe de Ginmaru queria realmente que o garoto fosse entregue a ele, o pai? E como ela sabia que ele era o pai do bebê? Apesar de chamar atenção por ser albino, Gintoki sabia que não era o único homem de Edo a possuir tal característica.

E por que ele não soubera quando Hikari estava grávida? Ainda havia muitas perguntas sem resposta, fazendo várias interrogações pipocarem por sua cabeça.

– Espere, por favor! – uma voz feminina chamou sua atenção.

A mulher de estatura mediana, cabelos castanhos e olhos verdes aparentemente corria para alcançar Gintoki, que não sabia se era para ele que ela pedia para esperar.

– Yorozuya-san – ela o chamou após tomar um fôlego e ele olhar para trás. – Eu preciso falar com você!

– Comigo?

– Sim. Eu soube que você está procurando saber mais sobre Saitou Hikari. Talvez eu possa te ajudar quanto a isso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Paradoxo Temporal: A Origem De Ginmaru" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.