Paradoxo Temporal: A Origem De Ginmaru escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 6
Cadê a licença-paternidade nessas horas?




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/349501/chapter/6

Após a invasão e a retirada do Shinsengumi, procurando Katsura em todo canto da Yorozuya, tudo ficou em paz no local. Sozinho e em meio à bagunça que ficou ali, Gintoki segurava Ginmaru no colo e ainda permanecia no dilema de como faria no dia seguinte pra poder ir fazer o serviço que havia combinado.

Depois de tanta babaquice, não tinha mais ninguém a recorrer para cuidar do menino.

Sentou-se mais uma vez à sua escrivaninha, reconhecendo que era realmente um tremendo estúpido. Teria que se virar com aquela criança se quisesse garantir uma grana pra sustentar a ele e ao moleque.

Dava graças aos céus que era homem e não precisara parir Ginmaru. Senão a situação seria pior. Aliás, como as mulheres aguentavam cólicas e TPM todos os meses, e ainda por cima, parir?

Ainda não conseguia se acostumar à ideia de paternidade e tudo o que a envolvia. Não era a mesma coisa que lidar com o Shinpachi, que era bem mais jovem, ou com Kagura, quando ela ainda vivia ali.

Não era relação entre pai e filho, era como se ele fosse o irmão mais velho da “Família Yorozuya”. Diferente da que encarava agora, com Ginmaru.

Na verdade, Gintoki ainda continuava completamente perdido na sua nova realidade, agora como um “pai solteiro”. Não sabia o que fazer diante disso, parecia um garoto indeciso quanto ao que queria ser quando crescesse.

No entanto, ele já crescera fazia tempo. Se seus cabelos já não fossem prateados, a esta hora grande parte deles estaria branca de tanta preocupação.

O “Mini-Gintoki” em seus braços o preocupava muito. Muito mesmo. Não pelas noites maldormidas por causa do choro do bebê, ou pelas fraldas a serem trocadas, ou até mesmo pelo leite que tinha que tirar da geladeira para dar a ele.

O maior problema é que o Yorozuya ainda era completamente desajeitado e no fundo morria de medo de, num vacilo, ferir a criança com a sua falta de jeito e devido à aparência muito frágil do recém-nascido.

Argh! Quanta neura agora! Por que um de seus espermatozoides tinha que cumprir o destino de encontrar um óvulo? Por que tinha que cuidar do resultado dessa soma?

A partir de agora, suas contas iriam subir, seu estoque de alimentos acabaria mais rápido... Era coisa demais pra sua cabeça! Era responsabilidade demais para um cara que era irresponsável até para consigo mesmo.

Não seria melhor amadurecer a ideia de entregar a criança para adoção?

*

Chegou ao endereço anotado, no qual faria o serviço combinado por telefone. O local mais parecia uma casa mal-assombrada, mas era um orfanato.

Ok, isso soou irônico demais para seus pensamentos, pois pensava que o ambiente era cheio de frufrus infantis e coloridos e pensava em deixar Ginmaru lá. Mas, com um lugar como aquele... Melhor se virar pra criar o moleque mesmo, porque nem ele estava muito afim de botar os pés lá.

Porém, combinado era combinado. E receberia um bom pagamento no final, mesmo sendo por um simples trabalho de...

De que mesmo? Ah, sim, limpeza e capina do jardim do local. Se bem que o “jardim” estava mais para um matagal que há tempos que não era cortado.

Gintoki sentiu que aquele lugar não era mesmo muito agradável. Sentiu que Ginmaru se mexia ás suas costas. Por falta de alternativa, havia decidido carregar o bebê preso às costas com uma espécie de lenço grande.

Por falta de opção, era obrigado a fazer isso.

A construção parecia mesmo com uma casa mal-assombrada. Em estilo tradicional nipônico, era um casarão cuja fachada era muito malcuidada e bastante assustadora.

Um vento gelado soprou, agitando o matagal que ficava de ambos os lados da calçada de pedras que o Yorozuya percorria, pé ante pé, bastante inseguro.

Fantasmas lhe davam arrepios só de imaginar.

Engoliu seco e tocou a campainha. Por que tinha a sensação de que não iria gostar mesmo de entrar ali?

Nisso, a porta corrediça tradicional e bastante barulhenta se abriu e uma velhinha de cabelos brancos e desgrenhados atendeu. A velha era tão decrépita, mas tão decrépita, que perto dela Otose era apenas uma múmia, não um fóssil.

Claro que Gintoki ficou assustado com aquela decrepitude toda à sua frente.

“Nunca vi um fóssil tão fossilizado assim em toda a minha vida...!”, pensou ao mesmo tempo em que se segurava para não borrar as calças de tanto medo.

- Hm... Quem é você? – ela perguntou, olhando para cima e encarando o homem com o dobro de sua altura à sua frente.

- Sou Sakata Gintoki, o Yorozuya. – o albino disse, enquanto fazia uma mesura e sua coluna rangia, de tão endurecido de medo que ele estava. – Foi comigo que a senhora combinou o serviço por telefone.

Gintoki sorria de modo “afável” por fora, mas por dentro estava mais do que apavorado. Precisava de muito autocontrole pra não sair dali correndo como um apavorado. A única coisa que o segurava ali era a necessidade de grana mesmo.

- Ah, sim... – a velhinha lembrou. – Eu sou Fukuda Akemi.  Não imaginava que você fosse um rapaz tão charmoso... Se eu fosse um pouquinho mais jovem, te pegaria!

“O QUÊ?”, Gintoki berrou em pensamento. “MAS NEM SE VOCÊ NASCESSE DE NOVO, VELHOTA!”

- Desculpa, mas... – ele argumentou para se safar da piscadinha marota da velha Fukuda. – É que eu tenho um filho pra sustentar, sabe...? – apontou para Ginmaru em suas costas enquanto seu rosto estava congelado com um sorriso amarelo.

- Ora, ora... O que me encantam são as crianças. E esse menininho seu é muito exótico.

O Yorozuya percebeu que a velhinha olhava para Ginmaru de uma forma bastante estranha, o que o deixou em estado de alerta. Se ainda não tinha decidido de vez se iria ficar com o moleque ou deixá-lo ali para adoção, agora decidira: melhor apertar os cintos e encarar o papel que teria que desempenhar de “pai solteiro” mesmo.

Seguindo a estranha velhinha, entrou no casarão para pegar as ferramentas de jardinagem. Não pôde evitar olhar para o ambiente mal iluminado e para as crianças que estavam ali, abatidas e com rostos expressando medo. Nenhum brinquedo espalhado, nenhum som de algazarra infantil, nem nada.

Não era essa a ideia que tinha de um orfanato. E, pra arrematar, o local tinha uma atmosfera bastante carregada, tensa, sufocante. Desde que chegara ali sua espinha gelava... Como se algum “sentido-fantasma” dentro de si o alertasse de algo.

Nisso, viu uma menina bastante pálida a alguns passos de distância de onde estava. Ela o encarou com um olhar bastante curioso, no entanto bastante assustador. Sua aparência era bem fantasmagórica, o que fez com que Gintoki começasse a tremer as pernas de tanto pavor.

Em seguida, a garotinha pegou uma faca e a empunhou de forma ameaçadora, sem deixar de encarar o ex-samurai. Este, por seu turno, não conseguiu conter um grito agudo de pânico.

- O que houve, meu jovem? – a velhinha perguntou como se nada tivesse acontecido.

- É que... É que... – ele tentava apontar para onde estava a suposta menininha, que já não estava lá. – Ué? Sumiu?

- O que sumiu?

- N-Nada... Nada, não...!

- Este lugar está repleto de assombrações, Yorozuya-san. – o rosto da velha se tornou dramaticamente sombrio.

- Ah, não diga...! – Gintoki tentava disfarçar o pânico que começava a sentir de forma cada vez mais intensa.

- Sim... E essas assombrações matam as crianças daqui. Por isso que elas vivem com medo... Pois qualquer pessoa que se encontra aqui neste orfanato pode ser a próxima vítima.

Após uma pausa tensa e dramática, como em filmes, a velha Fukuda acrescentou:

- Quem pisa neste orfanato amaldiçoado pode encontrar a morte aqui mesmo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Paradoxo Temporal: A Origem De Ginmaru" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.