Os raios de sol gentilmente atravessaram as cortinas da minha janela, iluminando o meu rosto e me fazendo acordar aos poucos.

Huaaaaa – me espreguicei, levantando da cama num pulo e indo direto á janela. Suspirei. O ar estava puro e fresco, e o céu estava azul. Era uma sexta-feira incrivelmente bonita e ensolarada.

No meio do ano, normalmente, todos os estudantes entram em férias de verão.  Essa é uma época em que todos saem para se divertir com a família e com os amigos, e comigo, o ritual sempre foi o mesmo.

Eu estava esperando muito por essas férias, porque meus pais haviam prometido que nesse verão iriamos visitar a minha avó, que mora em outra cidade. Nessa mesma cidade mora uma amiga minha, a Sakura. Sempre fomos melhores amigas, até haver a necessidade de o pai da Sakura se mudar, por conta de seu emprego.

Desci as escadas correndo, tropeçando nos pés. Quando cheguei à cozinha, lá estava minha mãe, preparando o meu café da manhã, enquanto meu pai comia tranquilamente uma torrada com manteiga ao mesmo tempo que lia um jornal.

- Bom dia, papai, mamãe – dei um beijo de bom dia em cada um e me sentei – o que você está lendo aí papai?

- estou vendo a previsão do tempo, querida. Não podemos arriscar nossa ida á uma cidade praiana sem checar o clima – ele disse, olhando para o jornal – parece que vai fazer sol neste fim de semana todo – uma pausa para dar uma mordida na torrada – estamos com sorte pessoal – ele sorriu para mim e para mamãe – se aprontem logo, prometi á minha mãe que chegaria ainda hoje – ele riu.

Foi uma refeição tranquila, fora o fato de eu estar totalmente empolgada por finalmente poder visitar a Sakura. Terminei meu café e subi, para tomar um banho refrescante.

O dia estava quente e abafado. Tomei um rápido banho frio e me vesti, logo depois carreguei as malas – que havia feito ontem á noite – até o carro.

- Estamos todos prontos? – gritou papai lá do carro, enquanto minha mãe corria para fora de casa, colocando um sapato no meio do percurso.

- sim! – gritou, trancando a porta da frente.

Entramos no carro e seguimos viajem rumo á casa da minha avó.

No meio do caminho, um grande congestionamento tomou conta da estrada, mais precisamente numa ponte, nos obrigando a ficar muito tempo parados num só lugar. Eu estava entretida, olhando para toda aquela água, indo num fluxo contínuo e incansável para o leste, quando ouvi um barulho vindo de trás de nós. Era um barulho alto de pneus derrapando, e me perguntei como era possível acontecer isso em meio a um congestionamento. Tamanha foi minha curiosidade, que acabei me ajoelhando no banco do carro para ver se conseguia enxergar alguma coisa em meio a tantos carros.

Foi aí que eu percebi que minha vida estava por um fio.

Um grande carro vermelho vinha se aproximando de nós, totalmente desgovernado. Ele bateu na lateral do nosso carro, com força o suficiente para quebrar as grades da ponte, nos jogando direto para a água.

Eu estava caindo rumo á morte. Eu tentei gritar, mas tudo o que consegui fazer foi reproduzir alguns gemidos abafados dentro da minha garganta.

Como por mágica, tudo á minha volta ficou escuro, e eu me encontrei caindo de um precipício invisível, e sabe lá deus onde eu iria parar.

Altura sempre fora um de meus maiores medos. E agora, aqui estava eu, caindo dentro de um buraco negro sem fim. Uma horrível sensação se vertigem se apoderou de mim e a minha vista se embaçou. Eu estava inconsciente.