This Sadness Is Unbearable escrita por Lasanha4ever
Assim que o filme acaba, eu e o Lucas voltamos para o hospício, mas não entramos, ficamos no jardim. Eu fiquei brincando com o cachorro de rua que estava passando pela grama, e o Lucas buscou um pote com água e um pouco de fruta para o cachorro comer.
- Ele é tão fofinho! – fico fazendo carinho nele.
- Lu, ele é um pit bull, esse cachorro pode arrancar a sua mão com uma mordida, não acho que fofinho é um bom adjetivo para ele.
- Ah, qual é, ele é todo branco com olhos pretos, não tem como não ser fofo!
O cachorro lambe o meu rosto e se senta ao meu lado, querendo brincar com o meu tênis.
- E ele é adulto, pô, tá calminho, posso levar ele pro meu quarto?
- Não acho que possa.
Faço biquinho e o cachorro me ajuda, fazendo aquela carinha triste que convence até a pessoa mais fria do mundo.
- Mas ele vai ficar no seu quarto, falou?
- Brigada, Lucas! – dou um abraço forte nele e guio o cachorro até dentro no hospício. O Lucas vê se o caminho tá livre de freiras e as distrai, caso apareça alguma no nosso caminho.
Assim que entramos no meu quarto, eu tranco a porta. O Lucas deixa as blusas que comprou hoje dentro do meu armário.
Levo o cachorro até o meu banheiro e o coloco dentro do box.
- Lucas, me ajuda a dar banho nele!
- Ô inteligente, troca de roupa, né.
- Baka.
Coloco um short de malha e um top. O Lucas fica babando em cima dos meus peitos, que nem são tão grandes como eu gostaria. Ele fica só tira a blusa e se ajoelha no chão ao meu lado, para darmos banho do pit bull inofensivo.
O banho durou quase meia hora, e foi um banho coletivo, porque nós três estamos molhados e ensaboados, claro que em nenhum de nós, isso foi por vontade própria.
Depois que me seco, coloco a blusa que o Lucas estava usando por cima do top e me sento na cama. O Lucas se seca e seca o pit bull, e então me puxa para um abraço.
- Vamos colocar um nome nele. – ele fala, acariciando a cabeça do pit bull.
- Hum...
- Que tal Snow?
- Snow?
- É, de Snow Patrol, uma banda de rock irlandesa muito boa.
- Prefiro pensar que é Snow porque ele parece neve. – o Lucas sorri. – Gostei de Snow.
- Vem cá, Snow. – Lucas pega o Snow no colo e brinca com ele. – Gostou do seu nome?
Ficamos brincando até o Snow ficar com sono e dormir na minha cama. O Lucas dá aquele sorriso sapeca e meio malicioso e me puxa para seu colo. Sento sobre as penas dele e apoio minha cabeça em seu peito, usando-o como travesseiro.
- Sabe por que eu comprei aquelas camisas, Luaninha? – ele sussurra com aquela voz perfeita.
- Hum?
- Pra você não precisar pegar as minhas.
- Sabe que eu ainda vou pegar várias camisas suas. São melhores.
- Por quê?
- Tem o seu cheiro, e são grandes e quentinhas.
- O meu cheiro? – ele dá uma risada, meio envergonhado. – Eu tenho cheiro de que?
- Sei lá, mas é um cheiro bom.
Ele fica fungando que nem um cachorrinho e depois balança a cabeça.
- Não tô sentindo cheiro de nada além de você, pequena.
Se ele não parar de me chamar de pequena, eu não respondo por meus atos. E as borboletas em meu estômago também não.
- É porque você tá acostumado com o seu cheiro, baka.
Levanto da cama e vou para o banheiro. Ele me segue. Arrumo o meu cabelo em um rabo-de-cavalo e escovo os dentes. Ele fica sentado na pia só me olhando.
- Por que tá me encarando? – pergunto sentindo minhas bochechas queimarem. Olho para o espelho. Puta merda, eu tô muito vermelha! Como ele não riu da minha vergonha estampada na cara?
- Você é linda. Ainda mais linda corada.
- Cego.
- Realista.
- Cego.
-Sincero.
- Cego.
- Aceita logo que você é linda, pequena.
Olho para o espelho novamente. Meu rosto está tão vermelho que pareço um tomate. Como ele pode achar isso bonito?
Ele escova os dentes e brinca com o meu cabelo. Voltamos para o meu quarto e sentamos na cama, um do lado do outro, e então ligamos a televisão em algum filme de terror, já que normalmente a gente vê os filmes que eu gosto.
- Esse filme me dá medo, Lucas. – balbucio depois e levar três terríveis sustos com o demônio aparecendo do nada.
- Que isso, Luaninha, não tem nada de mais nesse filme.
O Grito 3 tem tudo de mais, aí, e dá muito medo para alguém que só vê romance água com açúcar.
- Ah! – berro acordando o Snow e fazendo o Lucas rir da minha cara.
- Caralho, Lu, você tem tanto medo assim? – ele para de rir assim que percebe a minha cara de pânico. Muda até o canal, deixando num que está passando Bob Esponja.
- Pronto, criança vê Bob Esponja, adulto vê O Grito 3.
- Criança bate em adulto é não é presa. Adulto bate em criança e se fode.
O Snow sai da cama e dorme no chão, por cima das minhas roupas jogadas por aí. O Lucas me mostra a língua e me abraça.
- Você é muito fofa, sabia?
- Baka.
Ele dá aquele sorriso típico dele e me coloca em seu colo, abraçando-me depois. Entrelaço meus braços em seu pescoço e sustento seu olhar.
- Ei, Lu, eu posso te pedir uma coisa? – ele pergunta totalmente sem jeito e envergonhado.
- O que?
- Fecha os olhos.
Eu fecho. Escuto a respiração dele cada vez mais rápida até senti-la em meu rosto, como se ele estivesse a milímetros de distância.
E então ele me beija. No início é só um selinho, meus lábios se encontrando com os dele. Mas eu permito que ele aprofunde e entre beijos, nós começamos a rir. Sei lá por que, mas estávamos tão felizes que só conseguíamos rir e nos beijar. Ele me abraça forte mais uma vez e sussurra com os lábios colados aos meus.
- Eu acho que te amo, Luaninha.
- Eu também acho que te amo, Lucas.
E voltamos a nos beijar. Anos e anos de sentimentos guardados agora foram soltos. Acho que a vida é assim, as pessoas são solitárias por natureza, e mesmo não sabendo, passam a vida inteira procurando alguém para livrá-las da solidão. E quando a encontram, se apaixonam.
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