Hail The Rebels escrita por dothewindything


Capítulo 6
Capítulo 5 - Encontros e Desencontros




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Hail The Rebels

Capítulo 5 – Encontros e Desencontros


“Bom, agora ao que parece, acho que nós deveríamos nos apressar e encontrar—Karkat, está me ouvindo?” Kanaya deu-lhe um leve tapa atrás da cabeça “Meu Deus, qual é o seu problema?”. “Hã?” ele piscou os olhos, um tanto confuso. “Desde ontem você está assim, o que houve?” ela cruzou os braços, e tentou não transparecer sua impaciência. “Nada...?” ele respondeu, ainda com os pensamentos fora de ordem. Desde que o incidente do livro que ocorreu noite passada, ele não conseguia pensar direito. Não era porque queria, na verdade estava irritado, mas sua concentração falhava em recobrar. Aquela garota tinha alguma coisa, mas ele não sabia dizer o quê exatamente. E por que deveria se preocupar? Afinal, era só uma garota estranha que ele tinha conhecido, não era como se eles fossem se encontrar novamente. E mesmo assim, ela estava em seu caminho. Ele certamente não iria fraternizar com uma garota estúpida que não estivesse o ajudando. “Ai!” seus pensamentos foram interrompidos quando ele trombou em alguém a sua frente “Caralho, será que dava pra prestar atenção” ele se levantou e estendeu a mão para a pessoa a sua frente. “Terezi?” Kanaya sorriu, também a ajudando a se levantar “Há quanto tempo!”. “Não é? Desde que você foi trabalhar no Palácio nunca mais consegui te ver!“ Terezi sorriu e naquele momento Karkat gelou. Não, não era possível. Não podia ser a mesma garota, não, não, não. Ambas se viraram para ele, fazendo com que o rapaz engolisse em seco. A garota sorriu, seus olhos com a incomum tonalidade de verde-água brilhando intensamente “Eu tenho a impressão que te conheço de algum lugar...” seu sorriso se tornou mais largo “Mesmo assim, vamos logo com as apresentações! Eu sou Terezi, Terezi Pyrope! Você é...?”. Ele congelou. Não precisava estar há muito no Reino para saber que ela era a filha da juíza. Merda. Em que roubada ele havia se metido. Qualquer deslize agora poderia ser fatal. Literalmente. Ele não poderia nem arriscar a revelar seu verdadeiro sobrenome. Ele estendeu a mão relutantemente e eles se cumprimentaram “Karkat... Karkat M-Maryam...”. Por um momento Terezi pareceu um pouco confusa, seu largo sorriso agora era como uma expressão de dúvida. “Não sabia que tinha um irmão, Kanaya” ela comentou. Kanaya suspirou e sorriu novamente “Ah, você provavelmente não o conhecia porque ele geralmente está com Porrim na enfermaria”. Por dentro, Terezi ainda estava um tanto desconfiada, mas Kanaya não era do tipo que iria mentir, certo? Por ora ela iria deixar de lado – e até que tinha gostado dele. Não parecia ser de todo uma má pessoa. Não, ele não era. Ela sorriu. E, aliás, ele tinha um cheiro interessante. Não iria comentar – porque certamente teria que explicar toda a obsessão dela com cheiros – estava com pressa e essa era um tipo de história que levava um tempo. Mas ainda assim era um aroma bom, que remetia a árvores de cerejeira floridas. “Bom, foi muito bom te conhecer, Karkles!” ela deu um risinho ao ver o rosto dele formando uma expressão de quem não tinha gostado do novo apelido. “Vejo vocês por aí, até logo!” ela acenou enquanto voltava para o prédio da Corte. “Karkat Maryam? Sério mesmo?” Kanaya deixou uma risada escapar de seus lábios assim que Terezi estava distante o suficiente deles. “Cala a boca” ele grunhiu, fazendo que Kanaya risse um pouco mais.

“Aradia”

“Aradia!”

“Somos nós”

“É tão bom te ver”

“O que foi? Está com medo? Não seja patética”

“Aradia-chan! Vamos brincar!”

“Eu conheço uma brincadeira muito legal, sabia?”

“Por favor, compartilhe”

“Aradia, porque você me deixou morrer?”

“Aradia! Trate de se levantar e fazer logo seu serviço, sua vaca estúpida!”

“Eu te odeio”

“Podemos brincar de roleta? Russa, eu quero dizer”

“Que tédio. Eu provavelmente morri disso”

“Você me acha bonita? Sabe, é que algumas pessoas cortaram o meu rosto, mas eu ainda sou bonita, não é mesmo?”

“Eu te odeio”

“Ele me deixou sozinha. Todos me deixaram sozinha”

“Aradia! Qual você prefere? O laço azul ou o amarelo? Na verdade tanto faz, não é mesmo? Qualquer um vai combinar com a sua pele opaca, quando você estiver morta, eu quero dizer”

“Chega, chega, chega!” ela gritou, com as mãos apertando sua cabeça. As vozes riam, como se aquela fosse a situação mais divertida que eles já presenciaram. Mas Aradia não concordava. Ela já não aguentava mais todo esse sofrimento. Ela não iria suportar por muito tempo. Claro, todos esses anos, ela tinha pessoas a seu lado, pessoas que estariam ao lado dela pela eternidade se ela precisasse. Mas as coisas mudaram. As pessoas crescem, têm responsabilidades, necessidades a serem preenchidas. Ela mesma tinha seus problemas e necessidades, só que não era capaz de enfrentá-las. Pelo menos não mais.

“Ei Aradia, acho que já está na hora”

“O que? A hora? Mas já?”

“Será que podemos ser rápidos com isso? Isso cansa minha beleza!”

“Sim, sim, mil vezes sim! Vamos brincar um pouco!”

“Certamente, um pouco de diversão não seria má ideia”

“Eu te odeio. Vamos logo com isso”

“Não faz diferença. Todos me deixaram sozinha. Não é justo que você tenha pessoas ao seu lado. Eu não tive ninguém comigo. Portanto apresse-se, humana inútil”

Aradia se levantou lentamente. Deu um longo suspiro antes de ir até o seu quarto. Remexeu em algumas gavetas e não encontrou nada. Desceu até o bar e procurou nas prateleiras. Nada. Onde é que estavam? Ela não poderia ter perdido. Ah. Lembrou-se das palavras de Sollux na ocasião. É, ele tinha levado as lâminas para longe. Droga. Ela sabia que deveria ter deixado um par extra de lâminas escondidas em outro lugar. Se ela fosse mais cautelosa, estaria certa de que ele não teria descoberto. Que ele não iria brigar com ela. Que ele não iria se preocupar com ela. Que ele não tentaria fazer das tripas coração para salvá-la. Era tão estúpido que ela deixou escapar um riso irônico. Ele definitivamente não precisava de mais preocupações. E agora tudo havia se tornado assim. Ela se lembrou de como ele tinha ficado bravo com as coisas que ela havia feito. Mas agora era muito tarde.

Aradia pegou uma garrafa qualquer de vinho barato e a jogou no chão, observando ela se estilhaçar em dezenas de pedaços – uns maiores e outros menores. Ela começou a sentir seus pés um tanto úmidos com os respingos que caíram nela. Ela se abaixou e pegou um pedaço em particular, um grande pedaço de vidro verde com três pontas esculpidas. Aradia suspirou. Estava realmente na hora.

“Isso, isso, isso! Vamos lá, vamos lá!”

“Isso será peculiar a meu ver”

“A-ra-di-a-cha-n! Deixe-me ver a cor do seu sangue!”

“Eu te odeio. Pra ser honesto, todos te odeiam. Sinceramente, quem você pensa que você é? Você é só uma humana inútil que não merece viver mais um segundo sequer. Você acha que seus amigos gostam de você? Me poupe. Isso se chama dó. Vocabulário, imbecil. E aquele garoto que você supõe que te ama? Nossa, você só me faz dar risadas. Palmas. Até parece. Tenho certeza que ele te odeia tanto quanto eu. Até hoje eu me pergunto porque ele não arrumou alguém melhor do que você. Você é patética. Acho que até aquela garota da realeza é melhor que você. As coisas seriam melhores se você fosse como ela. Definitivamente. Até aquela puta da sua irmã é melhor que você. Faça um favor pra humanidade e morra logo. Eu te odeio. Anda. Já está na hora”

“É verdade. Você está certo” Aradia começou a derramar algumas lágrimas, murmurando entre soluços “Você está absolutamente certo. Eu sinto muito por ser assim. Eis aqui meu pedido de desculpas”. Uma pequena –porém profunda – linha se formou no pulso da garota. Rapidamente, um sangue vermelho, que costumavam chamar de “vermelho Borgonha” começou a cair de seu ferimento.

“Isso, isso! Vamos lá, isso é muito pouco!”

Aradia começou a cavar cortes mais profundos em sua pele. Era uma dor horrível, mas mesmo assim, ela não sentia. Era uma dor quase inexistente, uma dor sem valor ao ponto de ser sentida propriamente. Ela sentiu-se cada vez mais imersa na tarefa. Cortes se sobrepunham em antigas cicatrizes, algumas recentes e outras por demais antigas. Sua visão começou a ficar escura. Ah, finalmente ela estava adormecendo. De repente, um barulho de coisas caindo pode ser ouvido na frente do balcão. “Aradia? Kanaya está por aqui?” uma voz feminina ecoou pelo local “Aradia? Oh meu Deus, Aradia!” a mulher gritou quando avistou a jovem e a pegou nos braços. “P-Porrim...?” Aradia se limitou a murmurar. Porrim rapidamente tirou de sua bolsa de trabalho um kit de primeiros socorros. “Respire” ela disse, em um tom que soou como uma ordem “Eu consigo lidar com isso” ela murmurou, sua voz fraquejando um pouco. Porrim conseguiu deixar um leve xingamento escapar enquanto lutava para cicatrizar os ferimentos mais profundos. Essa era uma emergência para a qual ela definitivamente não estava preparada.

“Bem, bando de inúteis, vocês estão prontos? O último de vocês se assegure de deixar o navio em boas condições. Daqui vocês estão dispensados temporariamente. Quando voltarmos ao mar, eu irei me assegurar de chamá-los um por um. E estejam certos de que eu mato aqueles que resistirem” Vriska sorriu quando seus subordinados responderam com um fervoroso “Sim senhora!” ao seu discurso. Sim, aquela era realmente uma tripulação pela qual ela não poderia pedir melhor. Era um grande grupo de pessoas leais e talentosas, com habilidades incríveis, cada um o seu modo. “Bom, iremos descer agora. Spades, por acaso há alguma coisa da qual eu esteja me esquecendo?” ela perguntou, olhos fuzilando o homem já em seus tardios 30 anos. “Não senhora” ele grunhiu. Vriska lembrava-se como se fosse hoje o dia em que finalmente havia capturado e escravizado os famosos piratas do “Midnight Crew”. Fora um trabalho excepcionalmente excelente, provavelmente sua melhor, maior e mais recompensadora captura. Nos dias de hoje, Spades havia deixado de ser escravo para se tornar alguém importante na tripulação. Embora fosse um tanto estúpido, ele tinha uma habilidade sobrenatural para lidar com objetos afiados, principalmente com facas de combate. E era, surpreendentemente, alguém realmente confiável.

Toda a tripulação caminhou até os grandes portões e muralhas que guardavam o imenso Reino de Alternia. Vriska respirou fundo. Sim, estava em sua terra natal. Era um lugar desprezível, mas ainda era sua terra natal, onde o mar não era capaz de alcançar e fazê-la esquecer de momentos importantes de sua vida que ocorreu naquele local. Rapidamente, alguns guardas se aproximaram e requisitaram informação. Ela levantou seu chapéu e deixou que olhassem para ela, seus olhos apresentando uma visão defeituosa do olho esquerdo ocultos por um tapa-olho. “Sinto muito, mas quem é você?” eles perguntaram ainda desconfiados. Vriska bufou, era claro que estes eram guardas bem recentes no ramo. Coisas deveriam ser mudadas daqui em diante e ela já sabia com quem contatar. “Marquesa Spinneret Vriska Mindfang Serket, Capitã da Tripulação e Navio dos Spider8reaths” ela disse, não conseguindo evitar um sorriso vitorioso no rosto. Os guardas não conseguiram conter seu sobressalto. Não era possível que a Capitã dos Spider8reaths estivesse em Alternia. Ela não teria nada de importante para fazer por aqui. Mesmo assim, eles não conseguiram recusar o “gentil” pedido da Marquesa. “P-por favor, seja bem-vinda” um deles conseguiu dizer, tropeçando em suas próprias palavras. Ela abaixou o chapéu e movimentou uma das mãos para que o resto da tripulação entrasse também. “É o seguinte. Já deixei claro minhas instruções e espero que as sigam. Não roubem, não matem, não façam nada que não seja trabalhar, beber, comer e dormir enquanto estiverem por aqui. Ajam com naturalidade. Entendam que as consequências serão severas para os que ousarem irem contra a minha palavra”. Vriska pôde ver sua tropa concordando com a cabeça. Ela se virou para eles, enquanto eles começavam a se afastar, pensando em que iriam fazer naquele recesso. Vriska suspirou. Com certeza teria um dia cheio pela frente, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, ela tinha que ver uma pessoa importante.

Sollux suspirou assim que percebeu que o Sol estava se pondo. Finalmente aquele dia infernal havia terminado. Deus de misericórdia, como ele estava cansado. Fisicamente e psicologicamente falando. Na verdade, até hoje ele não sabia por que mantinha esse emprego. Era literalmente o pior de todos – sim, o pior de todos, sem exceções – e ele realmente nem precisava disso. O Mercado Negro era capaz de sustentá-lo por um ano completo e tudo isso só com um trabalho, uma arma por mais pitoresca que fosse. Talvez ele fosse sair daquele emprego, talvez não. Certamente Aradia ficaria furiosa. Ah sim, ele mantinha aquele emprego por causa dela. Não por causa da necessidade, a taverna também a mantinha de modo que ela fosse capaz de sustentá-la e ainda ter alguns gastos à parte, nada muito luxuosos. Ela não podia se dar a muitos luxos, de qualquer maneira. Ela também não se importava muito, mas ainda assim era algo injusto. Ela não podia fazer absolutamente nada, e tudo por causa daquele maldito sistema de castas baseadas em cores de sangue. Ultimamente Sollux se pegou pensando em diversas ocasiões sobre uma ideia de rebelião. Até que não seria tão ruim? E também, ele estava com a paciência no limite por conta de tudo que estava acontecendo aos lowbloods. Ele mesmo já tinha sido vítima de diversas ações, tudo porque ele era de uma classe relativamente baixa. Ele mesmo não dava a mínima para cores de sangue – e que basicamente a grande diferença alarmante era a cor. Era tudo besteira ao ver dele. E ele não se importaria nem um pouco de chutar a bunda de qualquer highblood metido a besta. Isso seria divertido, de certo ponto de vista. “Ora, ora, veja quem eu encontrei!” passos lentos se aproximavam cada vez mais. Sollux se limitou a revirar os olhos. Não, não esse idiota. Não esse idiota, não hoje, não agora. “Bom te ver, Sol” Eridan sorriu sarcasticamente. “É realmente uma pena que eu não posso dizer o mesmo” Sollux disse, começando a se afastar. Não, ele não iria brigar com aquele babaca. Não havia ninguém no mundo que ele odiasse mais do que Eridan Ampora. Qualquer ser humano era infinitamente mais tolerável que ele. “Não seja assim Sol, vamos conversar” Eridan chamou, embora o outro rapaz não tenha dado o mínimo de atenção. “Cara eu já acabei o que tinha que fazer aqui, cai fora. Ou será que você é tão estúpido que não consegue nem entender isso?” Sollux começou a andar mais rápido. “Não, não, nós temos coisas realmente importantes a discutir” o tom da voz de Eridan se tornou sério, chamando um tanto de atenção do outro. “E o que seria?” ele demonstrou-se levemente interessado. Eridan rapidamente caminhou até ele e o segurou pela camisa “Eu sei sobre você, seus amigos e a Fef” Eridan grunhiu “E sugiro que vocês se afastem dela”. Algo clicou na mente de Sollux. “Então é por isso que ela nunca mais voltou desde aquele dia... É claro que alguém estúpido e inútil como você tinha algo a ver com isso” Sollux conseguiu se soltar e cruzou os braços “Você é só um babaca que provavelmente vai casar a força com ela, pare de fingir que você tem alguma autoridade sobre a vida dela”. “Eu sou uma pessoa muito importante na vida da Fef! E não estou forçando ela a nada que não seja para o bem dela”. Sollux sorriu ironicamente, aquilo era tão patético que chegava a ser cômico “Oh, não me faça rir, cara de peixe”. “Escuta aqui seu...” Eridan respirava pesado “Eu faço tudo o que posso para o bem dela, e não vou deixar que plebeus como vocês tirem Fef de mim e do lugar que ela pertence! Nem que eu precise te matar para isso”. “Não estamos tirando ninguém de nenhum lugar. E você me matando? Eu gostaria de ver você tentar”. Sollux realmente não tinha levado nada a sério até sentir o soco que Eridan havia lhe dado no rosto. Os dois começaram a trocar chutes e socos extremamente violentos, seus corpos começando a evidenciar os hematomas e respingos de sangue espalhados. “V-vocês, parem com isso!” um garoto apartou a briga, separando eles. “Nitram, não me atrapalhe agora! Eu irei pessoalmente acabar com você se você me atrapalhar por mais um segundo que seja!”. “Escuta aqui Ampora, o TV não tem nada a ver com isso. Se for fazer alguma coisa, isso é problema meu não dele”. “Muito bem. Estarei preparando sua punição, Sollux Captor” Eridan ajeitou sua capa e saiu do local, passando uma das mangas de sua roupa no intuito de limpar seu rosto sujo de sangue. Tavros soltou o braço de Sollux e falou que estaria indo na frente. No caminho, Sollux rapidamente se olhou em uma poça da água ali perto. Droga. Parece que alguém iria levar horas e horas de sermões de uma garota em especial.

“Apareça Highblood. Eu já estou aqui”. “Cara, que bom te ver. É realmente muito bom te ver, Eq irmão” Gamzee lentamente começou a emergir das sombras, seus olhos azuis que lembravam mais uma cor puxada para um roxo escuro do que azul de fato. A escuridão apenas favorecia essa característica. Equius pode sentir algumas gotas de suor descendo de sua testa. Céus, ele precisava de uma toalha. Mas agora não era a hora de se preocupar com esse tipo de coisa. Ele estava em uma missão, uma missão extremamente perigosa, diga-se de passagem. Hoje ele iria literalmente assassinar Gamzee Makara, algo que ele já deveria ter feito há muito tempo atrás. O rapaz de cabelos negros emaranhados sempre fora um empecilho na vida de Equius. Um empecilho grande, difícil de ultrapassar. E não só um empecilho na vida dele, mas na vida de todos. O antigo ministro de setores de alimentação em Alternia era o tipo de pessoa da qual não era possível confiar, ainda mais com seus diversos transtornos de personalidade. Ele não era o tipo de pessoa da qual ninguém deveria se orgulhar de ter por perto, nem mesmo o próprio. “Então Eq, vamos começar com a diversão? Tenho certeza que esse é o único motivo da sua vinda cara. E cara, eu fiquei felizão quando soube que você vinha me ver. Uma pena que você não trouxe a outra irmã. Cara, tudo ia ficar mais divertido se ela estivesse aqui também”. Equius conseguiu sentir seu sangue ferver mais um pouco com as palavras do rapaz a sua frente. Fazia algum tempo que Gamzee estivera perseguindo Nepeta e ele por algum motivo desconhecido, do qual a própria Nepeta se recusava a revelar, provavelmente algo do passado dela. Isso deixava Equius um tanto curioso, mas ele não era corajoso o suficiente para perguntá-la. E o último encontro deles não fora nem um pouco amistoso. Equius nunca seria capaz de perdoar o que Gamzee fez com sua única e preciosa amiga. Por causa dele, ela tinha todos aqueles problemas. Depois do acidente ela sempre esteve assim, sozinha, abandonada – quase como um gato de rua. Talvez seja por causa da semelhança de sua vida com gatos de rua que ela ganhou uma estranha obsessão por felinos, ao ponto de que ela julgava amá-los tanto que frequentemente saía em caçadas para matá-los e gravar suas lembranças de caça em uma caverna qualquer, pintada com o sangue destes animais. Felizmente, as coisas estavam mudando para melhor. E ele definitivamente não deixaria que Gamzee estragasse isso sem uma boa luta, nem que fosse uma luta que colocaria sua própria vida em uma linha tênue entre vida e morte.

“Vamos irmão, não me deixe esperando. Até porque tenho coisas mais importantes para tratar. Vamos, eu sei que eu posso terminar bem rápido com seu sofrimento. E o dela também. Ou melhor, eu posso prolongá-lo. Isso, assim é bem melhor. Não deve existir mais nada do que uma morte longa e bem dolorosa, certo? Vamos voltar aos velhos tempos, cara. Vamos voltar aos tempos dos carnavais sombrios!” Equius não esperava que Gamzee realmente estivesse preparado para uma luta. Talvez ele não devesse jamais ter subestimado a inteligência do magricelo rapaz que agora estava armado e tão pronto para matar quanto ele estava. Agora esta era uma típica luta da qual a força física não era necessária – para muito do desgosto do Zahhak, especializado em combates onde o uso da força física levava a vitória certamente. Gamzee começou a acelerar seus passos, da forma que era difícil acompanhar seu ritmo. Equius se distraiu por alguns momentos a ouvir um barulho, provavelmente de uma pedra caindo no chão. E este foi tempo suficiente para que o adversário tomasse conta da batalha. Equius fora desarmado, seu melhor arco e flecha havia se partido ao meio – ainda assim a corda estava intacta, ainda presa a duas extremidades da peça. Um sorriso que podia ser facilmente classificado como macabro formou nos lábios de Gamzee. Equius acabou por cambalear e caiu no chão, dando tempo suficiente para Gamzee posicionar a corda e girá-la no pescoço do Zahhak. “Acabou cara. Eu ganhei, como se isso não fosse óbvio o suficiente”. Lentamente o ar foi escapando dos lábios de Equius, sua voz já se perdendo à medida que a corda se agarrava mais e mais ao pescoço do rapaz. Não, isso não estava acontecendo. Só mais um pouco e tudo, tudo estaria-

“Equius!”

Com um esforço quase que sobrenatural, Equius conseguiu ver pequeninos pés chutando as costas do Makara, fazendo com que ele cambaleasse e caísse, dando tempo para que a mesma pessoa que possuía estes pequenos pés fosse capaz de soltar Equius da corda. “Ne..peta...?” ele conseguiu murmurar, com a voz mais rouca do que já era originalmente. “Equius, ah meu Deus! Você não podia ter feito isso!” lágrimas começaram a cair do rosto da garota. “Saia daqui, eu consigo cuidar disso” ela ordenou, sua voz com um tom que ele jurou nunca ter ouvido igual. Era como uma verdadeira autoridade da qual ele devesse temer. Ele conseguiu respirar, tomando um pouco de fôlego para que pudesse prosseguir a falar. “Nepeta, você não deve fazer isso, ele é perigoso demais para você tentar combatê-lo”. “Realmente irmã, você deveria ouvir o cara” Gamzee apareceu subitamente, fazendo com que Nepeta ficasse em posição de guarda “Você... Qual é o seu problema?” ela rosnou e avançou com um punhal em mãos. Ela fora rápida, mas ainda assim sua rapidez não fora tão párea a rapidez do rapaz. Ela sim havia conseguido feri-lo, mas fora nada mais que um arranhão no rosto dele, fazendo que um pequeno filete de sangue arroxeado escorresse do rosto do rapaz. Felizmente (ou não), o corte não havia acertado seus olhos, mas o corte era suficientemente grande para deixar uma cicatriz profunda, senão eterna, em seu rosto. Em contrapartida, ele havia sido capaz de agarrar o pulso da garota antes que ela pudesse fazer algum estrago maior. “Tsc, tsc, tsc... Irmã, você nunca aprende, não é mesmo? Você... nunca... pode... vencer... a... mim...!” ele girou cada vez mais intensamente o pulso de Nepeta em cada intervalo de suas palavras, até que um estrondo o informasse de que ele havia quebrado o pulso da garota. O feito fez com que ele gargalhasse assombrosamente. Gamzee soltou o – agora quebrado – pulso da garota e fez um sinal com a mão para que eles saíssem. “Já tive muita diversão por hoje, caras. São os milagres, são os milagres! Foi o Messias quem me disse! Até outro dia. E não se esqueçam: vocês jamais serão capazes de me vencer! Esse é o poder dos milagres” ele gargalhou ainda mais enquanto os outros dois corriam rapidamente para longe do lugar onde estavam. Gamzee sorriu. Literalmente, os carnavais sombrios só estavam começando. E ele podia sentir isso.


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Notas finais do capítulo

LITERALMENTE O MAIOR CAPÍTULO ATÉ AGORA. E provavelmente será o maior capítulo mesmo porque Jesus Cristo, quase 4 mil palavras em um só capítulo. Pior que quando você lê ele fica muito, muito curto. São os milagres cara. E beeeeem, muito drama e muito clichê em um capítulo só. Mesmo assim, é o que tem pra hoje. E uia, atualizei mais cedo do que esperava. Bem, a partir do próximo a revolução realmente começa, então sit your fucking asses tight.
E muito obrigada por todo o apoio, eu vou continuar e terminar essa fic sem dúvidas! Muito obrigada mesmo!
Aliás, provavelmente semana que vem ou na próxima irei começar uma (ou três, não sei ainda se quero colocar todas) fanfics novas de Homestuck, por isso depois queria que olhassem depois e etc... Mas aí se eu realmente postá-las, irei comunicar aqui e etc. Enfim, até o próximo ♥



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