A Segunda Seleção. escrita por Gabii


Capítulo 14
Caos


Notas iniciais do capítulo

~> Depois de tanto tempo, está ai, ele é mio grandinho, mas espero que gostem ;D
~> Não deixem de comentarem.
~> Desculpem os erros ortográficos .



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POV> TALISON

O céu estava escuro e nuvens de chuva se formavam negras e grandes em torno do castelo, uma fina chuva começou a cair levando um inesperado frio para todos os presentes que tiveram que se abrigar dentro do Salão do Castelo.

Eles murmuravam baixinho quando eu passava e me cumprimentavam apenas com a cabeça, sem sorriso e sem festividades.

Eu forneci a eles um lugar confortável a se sentarem e fiz com que as lareiras fossem acessas. Empregados prepararam pequenos aperitivos em questões de minutos para servir a eles que comeram e beberam com gosto tudo o que lhes era servido.

Quando estava tudo terminado eu finalmente fiz o que queria há tanto tempo fazer, lavei as minhas mãos suadas num dos banheiros do primeiro andar do castelo. Peguei o grande buquê de flores e finalmente me dirigi ao pequeno quarto na ária hospitalar.

Fazia quase quinze semanas que ela estava adormecida na área hospitalar, seu coração quase parara de bater e com o impacto da queda fez com seu cérebro inchasse, ela respirava com ajuda de aparelhos, seu coração apitava e agora sim eu podia ouvi-lo todos os dias, sabendo que ela estava a beira de um precipício que talvez nunca acabasse.

Mamãe tinha esperanças, ela sussurrava pelos cantos e dormia todas as noites no quarto de Allana, não era mais a mãe de um povo. Ela era mãe apenas de Allana.Ficava dias sem comer e sem dormir, ás vezes a pegávamos vagando sem saber aonde ir, chorava todo o tempo e brigava com todo o mundo.

Papai fez com que fosse sedada, era para o bem dela.

Quando cheguei ao leito dela fiquei surpresa ao ver mamãe acordada.

Ela usava um vestido de seda negra até um pouco abaixo do joelho, um sobretudo branco com botões negros e uma pequena sapatilha, seus cabelos estavam presos com grampos de diamantes no alto da cabeça, seus lábios estavam pintados com gloss e seus olhos estavam muito tristes.

—Precisamos conversar. — as primeiras palavras que ela me dissera depois de que Allana entrará em coma.

Seus passos eram pesados e ela andava meio encurvada como se carregasse o peso do mundo sobre os ombros, ela me levou para fora da ala hospitalar, para longe suficiente de Allana, paramos perto de um pequeno sofá perto da janela.

Fora lá que ela ganhará Pollo Miranda.

Ela se virou e me olhou nos olhos, havia uma faísca de doçura incomparáveis em seus olhos e uma tristeza tão grande que eu seria capaz de pegar a tristeza dela e coloca-la junto de mim, para não ver ela daquele jeito.

— O que foi mãe? — eu perguntei.

Ela continuou me olhando e seus olhos se enchiam de lágrimas brilhantes e cristalinas que escorriam pelo rosto dela como pequenas gotas de chuva.

— Ela se foi.

Ela disse antes de cair no choro.

O ar me faltou e o meu mundo pareceu girar e girar, como se estivesse embriagado, senti algo úmido escorrer pela minha pele, não me preocupei por estar chorando, eu não me preocupava com mais nada há meses.

Minha mãe se jogou nos meus braços e chorou, sua lágrimas frias como gelo congelando meu coração e fazendo poças em minha roupa, com cuidado aos poucos eu a senti ir se enfraquecendo e meus joelhos cedendo, eu me sentei com minha mãe deitada em meus braços.

Eu não conseguia acreditar, eu não conseguia acreditar que minha irmã tinha ido embora, eu sentia meu coração bater e eu queria arranca-lo de meu peito para poder dar a ela.

Eu sabia que todos estavam sentindo a sua falta, isso explicava a demissão das servas dela, das visitas, festas e bailes cancelados, de tudo que estivesse ligado a ela. Todos queríamos que ela estivesse entre nós novamente.

Meu coração enfraquecia e eu sentia respirar sem vida, meus olhos se embaçaram e eu não desejava mais a luz, eu não desejava mais nada. As portas ao meu redor pareciam ser mais livres do que meu coração, as pessoas da casta oito pareciam ser mais felizes do que eu.

Pela primeira vez na vida eu não desejei que outras pessoas tivessem a minha vida, pois eu não queria que elas passassem pelo o que eu estava passando.Era muito sofrimentos, muita angustia para uma pessoa só, mas o suficiente para mim saber que eu era forte para conseguir dar a volta por cima.

Só que sem ela dar a volta por cima, por baixo, pelo lado direito ou esquerdo, não tinha graça.

Não havia graça num mundo sem graça.

Mamãe continuou soluçando em meu colo, enquanto uma chuva torrencial desabava do céu. Os raios grandes e brilhantes espalhavam-se pelas nuvens e iluminavam o mundo triste.

—Daqui à uma hora...os parelhos serão desligados. — falou mamãe, os soluços embaraçando as palavras que tentavam sair de sua boca.

O mundo girou com mais força, um vento repentino bateu na janela e um cheiro doce de baunilha e lavanda se espalhou, o último perfume que Allana experimentara.

Mamãe fungou e eu lhe entreguei o lenço branco com as iniciais da Allana gravado nas bordas, isso a fez chorar mais ainda.

Deixei mamãe deitada no sofá e fui até a ala hospitalar, encontrei um enfermeiro e disse que minha mãe precisava ser sedada, ele disse que não poderia seda-la até que os aparelhos fossem desligados.

Eu quis que minha vontade fizesse eu voltar até a sala e ficar com a minha mãe, que precisava de mim no momento.Mas algo me empurrou porta a fora e fez com que eu fosse até o pequeno jardim que Lanna havia criado quando tinha dez anos.

Com cuidado eu fui arrancando algumas das flores que eu sabia o significado.Elas estavam molhadas, as gotas de chuva escoriam como diamantes sobre suas pétalas e folhas deixando uma trilha brilhante.

Voltei quarenta e cinco minutos depois, com o maior buquê de flores nos braços.

Havia poucas pessoas na Ala Hospitalar, um pequeno circulo se formava ao redor da cama de Allana, todos vestiam lindas e lustrosas roupas pretas, todos carregavam nos braços belíssimos buquês de flores.

Quando me aproximei, eles murmuraram boas vindas e voltaram os olhos para Allana.

Ela estava linda.

Usava um vestido branco perola sem nenhum enfeite, seus ombros brancos apareciam e seus pés estavam descalços, seus cabelos ruivos encaracolados estavam penteados brilhantemente e estendidos ao seu redor como aureolas de fogo, seus olhos estavam fechados e uma maquiagem branca os contornava, suas mãos estavam pousadas uma em cima da outra na barriga as unhas sempre bem cuidadas estavam grandes e lixadas em linha reta, no seu dedo anelar usava o anel de noivado que usava desde os doze anos. Um arco de prata com um diamante bem lapidado e quatro pedrinhas ao redor. Uma esmeralda, uma safira, um rubi e um ônix.

Mamãe estava sentada na cabeceira da cama, perto dos aparelhos. Ela usava o mesmo vestido de uma hora atrás e seus olhos estavam vermelhos e inchados, papai estava do lado dela, o terno negro os olhos levemente avermelhados o olhar triste e os ombros pesados. Do lado deles havia as três servas de Allana, depois os nossos quatro avós, a madrinha de Allana,Mackenzie.A Rainha Alexia, o Rei Adílson, o Príncipe Lucas e o Príncipe Filipe.

Pollo Miranda rondava os pés da cama agitado, como se soubesse que algo ruim iria acontecer.

Aproximei-me de mamãe e fiquei surpreso ao perceber que o perfume de Allana havia sumido de vez e só restara um cheiro parado de soro e medicamentos.

Um silêncio triste e arrastado se balançava pela sala em pequenos movimentos. Quando Mackenzie fungava, quando Alexia enrolava uma mecha do cabelo, quando Filipe olhava para Allana, quando Lucas acariciava Pollo Miranda. Tudo contribuía para deixar a sala mais triste e isso pesava em meu coração de um jeito pateticamente horrível.

Depois de alguns minutos que se seguiu o silêncio, finalmente um médico entrou.

Ele tinha cabelos grisalhos e olhos de um azul elétrico contornados pelos óculos redondo, usava um terno negro por baixo do jaleco branco, no braço carregava uma pequena planilha e analisava alguns documentos.

Ele cumprimento todos com um aceno na cabeça e quando passou na minha frente vi que sobre a planilha tinha uma foto de Allana com um enorme buquê de flores nos braços, sobre a foto estava escrito com tinta vermelha : Coma ( desligamento dos aparelhos).

Senti meu estomago embrulhar e a minha visão se anuviou por alguns segundos, quando eu consegui me firmar no chão eu olhei diretamente para o médico, ele falava baixinho com minha mãe e uma expressão de pura pena banhava seu rosto como uma chuva fina de verão.

Eles conversaram por alguns segundos e minha mãe escondeu o rosto pálido nas roupas de meu pai, o médico parecia muito triste, mas estava decidido.

Ele olhou para todos nós, com seus olhos claros e falou:

— Eu entendo que todos vocês estão tristes, perder uma pessoa como a Princesa Allana Cristal não é fácil, mas tenho certeza de que ela não se foi ainda, tenho certeza de que independente de tudo, seu coração continuará batendo dentro de nós, por nós.

Um silêncio se prosseguiu a essas palavras e Mackenzie começou a chorar baixinho, seus cabelos dourados caíram sobre os olhos avermelhados por causa do choro, puxei um lenço de meu bolso e entreguei a ela.

Os olhos verdes claro encontraram com os meus, ela tinha apenas vinte e dois anos e amava Allana como uma irmã.

Alexia se mexeu para perto do Rei Adílson e seus olhos ficaram pregados ao chão, os seus filhos trocaram um olhar entristecido e o clima da sala caiu.

Então mamãe foi para perto daquela pilhas de aparelhos, ela se abaixou e beijou a testa de Allana, sua lágrimas ficaram na testa de Lanna e escorreram como se aquelas fossem sua próprias lágrimas.

Papai beijou como mamãe a testa de Lanna e apertou sua mão rígida, Mackenzie abraçou com força o corpo inerte de Allana e depois beijou sua bochecha, colocou um pequeno buquê de Amaranto (imortalidade), Áster-italiana(Adeus), as três servas de Allana deram um abraço em grupo nela e colocaram um buquê de rosas vermelhas (amor), Cravo rosa ( Nunca esquecerei de você).

Alexia e o Rei Adílson apertaram as mãos dela e Alexia deixou o seu lenço, e o Príncipe Lucas a beijou nos lábios e Filipe a abraçou com força.

E então chegou a minha vez, eu cheguei perto de minha irmã, vendo as linhas resecadas de sua pele, de seus lábios, imaginando o surto que ela daria caso acordasse a vesse a sua pele sempre perfeita daquele jeito, o seu perfume havia desaparecido e fora substituído por algo seco que me lembrava os remédios que ela se negava a tomar, quando me agachei e beijei sua testa e depois sua bochecha senti sua pele frágil e fria.

“Um coração batendo, mas sem o cérebro funcionando” - dissera papai algumas semanas atrás.

Depois eu apertei suas mãos, estavam rígidas, como se antes de bater com o cabeça no chão de mármore do banheiro ela tivesse prestes a soquear alguém, então coloquei uma única flor, ela era a flor que eu me negava a dar para ela, a sua flor preferida que só se cultivavam belas em Amsterdã, uma Tulipa Vermelha o a flor símbolo do Amor Eterno.

“Volta pra mim” - eu sussurrei - “ Por favor volta pra mim”

Alevantei-me e envolvi minha mãe com os braços, ela chorou e continuou chorando até que o médico a desse alguns calmantes que ela bebeu como se fosse o Elixir da vida.

Então o médico foi para perto da aparelhagem, se curvou para todos e colocou as mãos em cima de alguns botões, olhou para Allana e com calma foi afundando o botão, então algo estranho aconteceu.

O CDI* com aquele bipe chato, mas que para mim se tornará importante desde que começará a me mostrar como andava o coração que mais me importava na vida, começou a apitar mais depressa, perdendo aquele ritmo lento chato do mesmo nível de batimentos cardíacos.

Mamãe alevantou a cabeça e o que se segui foi algo complicado.

Mamãe gritou sua voz chorosa elevando-se.

“NÃO DESLIGA ESSE APARELHO”

Papai tentou segurá-la antes que ela se jogasse sobre o médico, as servas de Allana seguraram o médico que estava começando a ficara agitando.

Ele apesar de ser velho jogou seu peso contra as três meninas, ele caiu sobre o pé de uma loira que gritou com força e dor, as outras duas foram jogadas para trás, uma bateu com as costas numa cadeira e a outra bateu com a cabeça do lado de uma mesa fazendo o vidro que estava em cima se espatifar em sua cabeça, sangue jorrou do enorme corte banhando o pescoço branco e manchando eternamente o vestido bege da garota.

Mais gritos se seguiram, Alexia foi para perto da garota machucada e gritou por ajuda, sua voz ficando super afinada.

Lucas pegou a serva e correu porta a fora com ela, uma trilha se sangue os seguindo como uma sombra.

Filipe deu um copo de água a garota que havia batido as costas e a ajudou a se sentar na cadeira, depois pegou a outra serva a que estava com o pé machucado e a colocou na berrada na cama de Allana, seu pé estava torcido.

O médico já estava recuperado e tentava passar por America que não queria deixar ele passar.

Isso tudo acontecia ao meu redor, mas era como se o caos e a desordem momentânea não me atingisse, um vento doce veio brincar com os meus cabelos e o seu sopro gelado congelou as lágrimas que se formavam em meus olhos.

Então eu gritei, minha voz se elevou por sobre o choro da serva com o pé torcido, dos berros desesperados de mamãe, das ordens baixas de papai, dos soluços de Alexia e da respiração difícil da serva que batera as costas.

“ALLANA!”

Todos pararam, todos os corpos foram congelados e se viraram para ver o que estava acontecendo.

Exclamações foram pronunciadas bem baixinho, lágrimas inundaram os olhos e gritos ficaram presos nas gargantas, o vento era o único que falava, que trazia e que levava alguma coisa.

O perfume doce e inesquecível de Allana inundou minhas narinas, lágrimas, lágrimas de alegria pareciam inundar meu peito como um tsunami.

Ela estava lá irradiava algo a mais do que sua simples sedução, seus olhos estavam abertos lágrimas cristalinas lavavam seu rosto, sua pele voltara a brilhar.Ela respirava com dificuldade, a mão sobre o peito eu sentia a sua dor, a cabeça dela latejava, seus olhos ficaram pequenos quando ela encarou a luz do quarto, como se fosse um bebê aprendendo a olhar.

Todos no quarto estavam parados admirando, então ela sussurrou algo, algo inaudível.

Algo que fez com que meu coração tremesse, algo que fez com que meus ouvidos apitassem.

Ela soluçou e disse novamente.

“Eu estou aqui..tudo vai ficar bem”

E inesperadamente tudo ficou bem, todo o caos que se instalara foi varrido, toda aquela dor, toda aquela tristeza...simplesmente sumiu.

Ela estava ali, ela estava viva.

Seu coração batia por si só.

Ela sorriu por entre ás lagrimas, e era como se um farol irradiasse sua luz para nós, para nós encontramos nosso caminho.

E eu encontrei o meu, naquela pessoa que renascia nos braços da emergência.

POV > Allana.

Eu senti meu coração bater com muita força contra meu peito e parecia que ele saltaria a qualquer momento pela a minha boca, minha cabeça latejava e o mundo dava voltas insistentes por sobre meus olhos.

Havia pessoas ao meu redor e elas gritavam, elas pareciam desesperadas e eu desejava mais do que tudo voltar a dormir, não aguentava ver toda aquela dor...aquele desespero.

Depois que finalmente o mundo parou de dançar e eu consegui olhar a minha volta, vi pessoas.Loiras,morenas e ruivas, altas e baixas, magras e meio encorpadas todos olhavam para mim, como se eu fosse Cristo ressuscitado.

Eu olhei para eles e eu vi quando uma alegria incontrolável e uma admiração espantosa reluziam em seus olhos de cores diferentes, eu senti que ela estava direcionada a mim, mas caso eu conseguisse virar minha cabeça, tenho certeza de que haveria alguém muito mais bonito que eu ali.

Eu olhei para cada uma das pessoas e senti que eles esperavam por algo.Mas por o que? A única coisa que eu poderia lhes dar era mais dor de cabeça!

Porque me olhavam com tanta felicidade?!Porque?!

Eu queria voltar a dormir, eu queria sair.

Elas eram pessoas que eu não conhecia. Eram seres que não precisavam de mim, eu queria eles longe de mim, eu desejava que eles pudessem estar o mais distante possível de mim.

A presença deles ao meu redor afetava a minha alma.

Porque eu tinha a sensação de que eu deveria estar feliz?

Eu escutei um choro ao longe, um choro agudo alto, dolorido e eu desejei falar algo, algo para acabar com aquela dor.

“Eu estou aqui...tudo vai ficar bem”

O choro cessou eu sorri, as pessoas ao meu redor choraram emocionadas e eu senti a exaustão tomar conta do meu corpo.

Eu cai para trás e meus olhos se fecharam para a escuridão sem fim a qual meu corpo já estava acostumado.


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