Você deve estar se perguntando como foi a festa das líderes de torcida, e a resposta é bem simples: Foi um desastre, literalmente, mas foi nela que obtive a minha segunda lembrança, mas estou me adiantando, tenho que te contar dos inúmeros preparativos que Lily e Mabel fizeram.

            A festa foi em numa segunda-feira (coisa idiota né? Mas isso foi muito bem pensado e você vai entender o motivo no final), então Lily e Mabel me arrastaram juntamente com Alan para um dia de compras. Eu decididamente não queria ir pois no dia seguinte nos teríamos uma prova muito importante, mas era MUITO importante, e eu tinha que estudar ou tia Susan me mataria.

            Fomos até o centro de Linn e eu comprei uma causa jeans e uma camisa do Avenged Sevenfold, o que fez as meninas quase me matarem gritando que isso não era apropriado para uma festa, mas eu não ligava, eu odiava festas.

                                   O motivo do meu ódio por festas

            Meus pais morreram em um acidente de carro a caminho da minha festa surpresa de sete anos.

            As meninas compraram seus vestidos e ainda escolheram a roupa do Alan, que praguejava em alemão por não ter gostado nem um pouco, principalmente porque o gesso dele não combinava nem um pouco com a roupa.

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            A casa da Mirela estava enfeitada da forma mais ridícula possível (pelo menos em minha opinião), tudo era rosa, desde o bolo até a água da piscina. Mas o que realmente me chamou atenção foi que tinha uma espécie de máquina de fotos (Oh céus, até isso era rosa?) no meio da festa, e todos tinham que passar por ela em algum momento se quisesse permanecer lá dentro, eu achei idiotice e todos concordaram comigo silenciosamente, pois nenhum de nós chegou perto daquilo.

            Entrei na festa acompanhado de Lily e Alan com Mabel, e percebemos que ficaríamos completamente deslocados, só tinham “populares” na festa, e quando digo isso me refiro às líderes de torcida e o time de futebol, e com exceção de Annie não conhecíamos ninguém.

            Passamos muito tempo procurando a Annie, e quando finalmente a encontramos percebemos que ela estava muito mal, parecia que ia vomitar a qualquer momento e estava chorando. Quando Alan a viu ficou imediatamente pálido e correu até ela conosco em seu encalço.

            Assim que ela pôs os olhos em nós empalideceu e ficou rígida de repente, e então começou a chorar mais ainda.

            - Vocês tem que ir embora daqui! – Agora ela soluçava, o que poderia ter acontecido?

            - Mas foi você quem nos chamou, por que mudou de ideia agora? – Mabel quase gritava, todos nós sabíamos que ela estava fazendo um esforço enorme para ficar na casa da Mirela.

            - Foi um erro, um dos maiores da minha vida. Agora saiam daqui! – Eu não entendia, alguma coisa estava errada, eu tinha um pressentimento ruim.

            - Mas o que é isso Annie, que falta de educação expulsar as pessoas desse jeito. – Mirela. Eu levei um susto ao reconhecer sua voz vinda de um lugar tão próximo de mim.

            - Mirela... – Sussurrei com raiva. Eu não gostava nem um pouco dela pelo que ela tinha feito à Mabel.

            Olhei para Annie que lançou um olhar de puro ódio para Mirela. Não entendi nada, afinal elas eram amigas, ou assim eu achava. No último segundo Annie olhou para mim desesperada e apenas mexeu os lábios em um apelo silencioso “Por favor, vão embora”.

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             - Ai Lily, você pisou no meu pé! – Estávamos dançando uma música lenta, o que fez Lily ficar vermelha, mas depois que ela pisou no meu pé ela parecia que ia explodir e seus pedaços se esconderiam de tanta vergonha.

            - Desculpe. Você sabe onde está a Annie? Não tenho visto ela desde que a Mirela bateu nela...

            E foi exatamente isso que aconteceu: Mirela ficou com tanta raiva por Annie ter nos mandado ir embora que deu um tapa na pobre coitada, o que fez com que ela chorasse mais ainda e fugisse correndo.

            - Eu também não tenho visto ela... – A música mudou para “Holidays” do Green Day, o que me assustou um pouco. O que diabos aquela música estava fazendo em uma festa pink como aquela? Mas foi então que a desgraça aconteceu.

            Um grupo de jogadores de futebol veio e empurrou Lily e eu em direção a piscina. Quando caímos eu pude ver que fizeram o mesmo com Alan e Mabel, e foi então que eu a vi. Annie. Era disso que ela estava falando, a festa era uma armadilha da qual ela fez parte, mas pelo visto ela se arrependeu.

            Uma coisa que você tem que saber sobre pegadinhas: Elas nunca são uma simples queda da piscina, isso é apenas o começo. Fomos literalmente içados da piscina e colocados dentro da máquina de fotos cor-de-rosa. Lá dentro começaram a cair penas e algo muito, mas muito grudento mesmo, e então vieram os flashes das fotos. Quando finalmente conseguimos sair da armadilha da Penélope Charmosa foi que o pior aconteceu: pessoas começaram a filmar e rir (não posso culpa-los, estávamos parecendo verdadeiras galinhas), e então jogaram farinha em nós.

 Mas então, eis que surge uma defensora. Annie vem em nosso socorro. Ela se coloca entre nós e a multidão e grita:

- JÁ CHEGA!! Eu não virei líder de torcida para humilhar as pessoas. – Então ela nos ajudou a levantar e nos entregou toalhas molhadas para tirar todo aquele grude, penas e farinha das roupas e me disse:

- Sinto muito por ter feito isso, mas eu tinha medo de que fossem fazer algo parecido comigo.

- Sem problemas, você nos ajudou e isso paga tudo, você provou ser uma boa pessoa, e poderia ser uma boa amiga, se você quiser é claro. – Os olhos dela se iluminaram por um momento, mas isso logo não fazia importância, eu tinha visto a minha segunda lembrança.

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Quando cheguei em casa nem ao menos parei para explicar o motivo de minhas roupas estarem sujas. Eu estava empolgado, tinha achado minha segunda lembrança e tinha que colocá-la junto com a outra.

Abri o baú onde estava o cabo do pompom e depositei lá dentro um botton, mas não era apenas isso, ele era do Green Day e preso a ele estava o seguinte bilhete:

“Entregue isso ao DJ, ele saberá o que fazer e dará o sinal”.

Era isso, o “sinal” para o dia do maior mico da minha vida, e também do dia em que ganhei mais uma amiga: Annie.