A Maldição Do Titã - Brittana escrita por Ju Peixe
Notas iniciais do capítulo
Mais um porque vocês foram legais hoje
- O que exatamente está fazendo? – Quinn perguntou, quebrando o silêncio.
- Silêncio, maninha. Estou tentando me concentrar – Apolo respondeu, abrindo um sorrisinho.
As caçadoras pareciam querer manter certa distância do deus. Provavelmente era coisa de Artémis que achava o irmão uma praga. Não posso culpa-la, ele era extremamente irritante quando queria. Ou seja, quase sempre.
“Da árvore tiramos a fruta
Da fruta tiramos a polpa
Como Apolo é muito quente
Dele tiramos a roupa”
- E então, o que acharam? – ele perguntou.
- Lindo. Agora quer fazer o favor de nos dizer por que está nos ajudando? Que eu saiba, os deuses não podem interferir diretamente nas missões. – Quinn falou.
- Exatamente. Então, me chame de Fred. Fred, o sem-teto. O que acham? – ele disse com um sorriso torto no rosto, deixando a mostra a falta dos dentes da frente.
- Ap... Digo, Fred. Por que está aqui? – perguntei.
- Eu sei que é uma das regras de Zeus. – ele disse, com os olhos, antes brilhantes, tornando-se escuros. – Mas ninguém mexe com a minha irmãzinha. Eu sou o único que pode fazer a vida dela miserável.
- Entendo. – Quinn falou – E você pretende nos ajudar de que maneira?
- Ora, irmãzinha. Já estou ajudando – ele disse, voltando a sua alegria habitual – Olhe para fora, a que velocidade acha que estamos indo?
- Muito rápido. E sabe onde está Artémis? – a loira retrucou.
- A nossa priminha já sabe. O palpite dela está mais do que certo, loira. Acharão o menino sátiro também, mas sejam rápidos. Não temos muito tempo. Durmam um pouco meninas. Principalmente você, Brittany. Vai precisar.
Dito isso, ele desapareceu e nos vimos sozinhos novamente. Decidi aceitar seu conselho e voltei para o carro, acomodando-me nos braços de Santana.
Xxxxxx
No meu sonho, eu era outra pessoa. Estava vestindo uma antiga túnica grega, que era arejada demais lá embaixo, e sandálias de couro laçadas. A pele do Leão da Neméia estava amarrada nas minhas costas como uma capa, e eu estava correndo para algum lugar, sendo puxado ao longo do caminho por uma garota que segurava firme minha mão. A parte constrangedora: eu era um homem.
- Depressa! - ela disse. Estava muito escuro para ver o rosto dela claramente, mas podia ouvir o medo em sua voz. - Ele vai nos encontrar!
Era noite. Um milhão de estrelas resplandeciam no alto. Estávamos correndo pelo meio da grama alta, e o aroma de mil diferentes flores intoxicava o ar. Era um bonito jardim, ainda assim a garota me guiava através dele como se estivéssemos prestes a morrer.
- Não tenho medo, - tentei falar para ela.
- Devia ter! - ela disse, puxando-me para perto. Ela tinha longos cabelos negros trançados até as costas. Suas roupas de seda brilhavam fracamente à luz das estrelas.
Corremos pelo lado da colina. Ela me puxou para trás de um arbusto com espinhos e nós caímos, os dois respirando pesadamente. Não sabia por que a garota estava com medo. O jardim parecia tão pacífico. E eu me sentia forte. Mais forte do que jamais havia me sentido.
- Não há necessidade de correr, - falei para ela. Minha voz soou mais grave, muito mais confiante. - Já superei centenas de monstros com as mãos nuas.
- Não esse aqui, - a garota disse. - Ladon é muito forte. Você deve dar a volta, subir a montanha até o meu pai. É o único jeito.
A dor na voz dela me surpreendeu. Ela estava realmente preocupada, quase como se ela se importasse comigo.
- Não confio no seu pai, - eu disse.
- Não deveria,- a garota concordou. - Você terá que enganá-lo. Mas não pode pegar o prêmio diretamente. Você morrerá.
Eu abafei um riso.
- Então por que você não me ajuda, linda?
- Eu... eu tenho medo. Ladon irá me parar. Minhas irmãs, se elas descobrirem... vão me renegar.
- Então nada pode ser feito sobre isso. - Levantei, esfregando minhas mãos.
- Espere, - a garota disse.
Ela parecia estar agonizando sobre uma decisão. Então, com seus dedos tremendo, levou as mãos acima da cabeça e arrancou um longo broche branco do seu cabelo.
- Se você deve lutar, leve isto. Minha mãe, Pleione, deu para mim. Ela era filha do oceano, e o poder do oceano está dentro disto. Meu poder imortal.
A garota soprou o alfinete e ele brilhou fracamente. Resplandecia à luz das estrelas como uma concha polida.
- Pegue,- ela me falou. - E faça disto uma arma.
Eu ri.
- Um alfinete de cabelo? Como isso vai destruir Ladon, linda?
- Talvez não, - ela admitiu. - Mas é tudo que posso oferecer, se você insiste em ser teimoso.
A voz da garota amoleceu meu coração. Abaixei e peguei o broche, e quando o fiz, ele cresceu longo e pesado em minha mão, até que segurei uma espada de bronze familiar.
- Bem equilibrada, - eu disse. - Ainda que eu prefira usar apenas as mãos. Como devo chamar essa lâmina?
- Anaklusmos, - a garota falou, triste. - A corrente que pega de surpresa. E antes que você saiba, foi varrido para o mar.
Antes que eu pudesse agradecê-la, houve um som de passos na grama, um sibilo como ar saindo de um pneu, e a garota disse:
- Tarde demais! Ele está aqui!
Acordei assustada com o sonho. Santana tinha as mãos passeando por meus cabelos loiros e a cabeça recostada no banco. Esperei meus batimentos cardíacos se acalmarem um pouco antes de levantar de seu colo.
- Britt, tá tudo bem? – ela perguntou me abraçando – Você está meio pálida.
- Eu... Foi tão estranho, Sanny. – murmurei encostando minha cabeça em seu peito.
- O que exatamente, Britt? – Ela perguntou franzindo a testa – Me conta o que aconteceu.
- Eu sonhei... Foi um sonho estranho. Estava tudo errado, tudo ruim. – murmurei e contei todo o sonho para ela.
- A história não me é estranha, anjo. Mas não consigo me lembrar. – ela disse me apertando em seus braços.
- Não precisa, San. Eu sei de alguém que deve lembrar. – sussurrei. – A mulher... A mulher do meu sonho era Harmony.
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