Senti a raiva tomar conta do meu corpo. Ali aonde? Raios, nunca se deve confiar em monstros, ainda mais se eles forem parecidos com o Papai Noel. Só que mil vezes mais fedorentos.

Olhei para a água, tentando entender o que ele quis dizer com aquilo. A minha vontade era de saltar ali mesmo e nadar até acha-lo. O ódio me consumia, e eu tinha quase certeza de que eu estava à beira de um ataque de nervos. Santana pareceu perceber isso, pois veio ao meu encontro de imediato. Senti os braços da latina abraçarem a minha cintura e deixei que ela beijasse meus lábios. Santana afastou o rosto do meu e afastou as mechas dos meus olhos.

- Não fique irritada, Britt-Britt. Eu sei o que acontece quando você fica fora de controle. – ela disse me abraçando – Seus olhos estão até meio esverdeados, por favor, fique calma. Eu te amo, Brittany, amo muito. Por favor, mantenha a calma.

As palavras e os gestos de Santana fizeram com que meu corpo relaxasse. Senti meus músculos acalmarem e passei os braços pela cintura da morena. Santana estava certa, nunca acontecia nada bom quando eu perdia o controle, ainda mais quando estava perto d’água. Da última vez, acabei deixando Quinn encharcada e com vontade de arrancar os meus órgãos vitais fora. Mas tirando isso, tudo bem.

Olhei para os irmãos Berry. Rachel ainda tinha os olhos arregalados e Blaine brincava com o cabelo nervosamente. Quinn estava com o rosto inexpressivo, como se tivesse acabado de descobrir que tem alguma doença terminal e que não fosse durar muito. Aproximei-me da loira e toquei seu ombro. Quinn continuou sem se mover, o que me deixou preocupada. Apertei suas bochechas, o que normalmente a faria me dar um tapa, mas ela mal se mexeu. Puxei Quinn pelos braços, mas ela não esboçou nenhum movimento próprio. Santana nos observava de longe, como se estivesse pensando no que fazer. A latina aproximou-se e segurou meu rosto entre suas mãos.

- Você não vai ter um ataque de ciúmes e não vai ficar emburrada comigo. É o único jeito de fazê-la se mexer, certo? – Santana disse olhando nos meus olhos. – Por favor, não tenha um ataque.

- Mas o que você...

Não tive tempo de continuar a minha frase. Santana fez uma careta, puxou o rosto de Quinn e a beijou. Meu corpo estremeceu em raiva, ciúmes e eu senti que estava perdendo o controle. Minhas mãos tremiam, assim como o resto de meu corpo. Santana afastou os lábios de Quinn e limpou a boca. A loira tinha os olhos arregalados.

- Mas que merda foi essa, Lopez? – Quinn gritou limpando a boca. – Você ficou louca? B me mataria se... Ouu, nem vem. Não me olhe assim, Brittany. Ah, deuses, de novo não.

Santana rapidamente veio ao meu encontro e segurou meu rosto entre suas mãos, olhando em meus olhos.

- Você sabe que eu precisei fazer isso – ela disse em um sussurro – Britt, eu amo você. Só você, entendeu? Quinn precisava de ajuda, você entende? Não fica assim, eu te amo. Eu te amo, eu te amo, eu te amo!

Santana puxou meu rosto e beijou meus lábios, acalmando meu corpo. Ela se afastou e colou a testa na minha, acariciando as minhas bochechas com o polegar. Senti meu corpo relaxar e passei os braços ao redor de sua cintura.

- “Não tenha um ataque de ciúmes”? Você ficou louca? – perguntei puxando-a para os meus braços – Nunca mais faça isso, Santana Lopez. Você é só minha.

- Sim, senhorita Pierce. – ela respondeu me abraçando – Então estamos bem?

- Ainda estou pensando sobre isso. – respondi apertando seu rosto.

Santana riu e me puxou pela mão até o resto das pessoas. Quinn ainda tinha uma careta no rosto e Rachel ria dela. Parecíamos estar bem novamente. O assunto do parentesco dos irmãos Berry teria que esperar um pouco mais.

- Detesto interromper – Santana disse – Mas alguém tem alguma ideia do que ele quis dizer quando apontou para a água?

Quinn estava prestes a dizer alguma coisa, quando um som de mugido irrompeu pelo cais. Olhei para a água e encontrei Bessie me encarando dentro d’água.

- Bessie! Agora não! – falei.

- O nome dele não é Bessie, Brittany – Harmony falou sombriamente – É Ofiotauro. E desde quando você conhece ele?

- Hm, algum tempo. – respondi baixando a cabeça.

- E por acaso passou pela sua mente cheia de algas falar sobre isso? – Harmony gritou.

- Não fale assim com ela. – Santana rosnou parando na minha frente. Quinn aproximou-se também, como se quisesse me proteger.

- Mas ela foi estúpida! Pare de proteger a sua namorada, Santana. – Harmony disse – Deixe que ela mesma responda pelas merdas que faz.

- CALE A BOCA. – Quinn gritou, empurrando Harmony para longe de nós duas. – Eu estou farta de você, Harmony. A missão é minha, eu sou a líder. Não ouse criticar ninguém, muito menos a minha melhor amiga. Eu fui clara?

Harmony engoliu em seco e assentiu. Santana beijou meu rosto e envolveu minha cintura em um abraço.

- Não é sua culpa – ela sussurrou me apertando em seus braços.

- Eu sou estúpida – sussurrei de volta.

- Não, não é. Você é genial, Brittany. Nunca mais diga isso. – ela retrucou séria.

Sorri e encostei meus lábios em sua testa, beijando o local. Quinn pigarreou mais do que alto, fazendo com que Santana me soltasse de seus braços.

- O que devemos fazer com ele? – Perguntei.

- O Ofiotauro deve ser sacrificado. Diz a lenda que aquele que mata-lo e queimar suas entranhas no fogo ganhará poder ilimitado para destruir os deuses. – Harmony disse em um tom baixo.

- Não podemos sacrificá-lo. Ele é inocente! – protestei.

- A menina está certa – Uma voz disse logo atrás de nós. – O Ofiotauro deve ser sacrificado por Lucy Quinn Fabray. Você o matará, queimará suas entranhas e em seu décimo-sexto aniversário, destruirá o Olimpo.

Virei-me lentamente para encarar o dono da voz que eu já conhecia. O Dr. Streppe estava parado logo atrás de nós, com um sorriso no rosto.