POV DAVID 

Larissa e eu estávamos com nossos rostos à poucos centímetros de distância e eu não pude evitar, eu me aproximava mais a cada segundo que se passava. Agora, nossos narizes se tocaram e vi a cabeça dela se inclinar um pouco para o lado, o que, para mim, significava que eu poderia continuar. Sem hesitar nem um pouco, puxei sua cabeça pela nuca e toquei minha boca na dela, que correspondeu. O beijo começou a ficar intenso e rápido, nossa respiração estava sincronizada, o que me parecia perfeito pois iríamos aguentar o beijo por mais tempo. Ou não, o celular dela começou a tocar e, lentamente, nos afastamos. Larissa esperou mais três toques para que sua respiração voltasse ao normal, ou perto disso:

-Alô. Sei lá. Para que você precisa dela? Compra outra aí na rua, a sua tá tão velhinha. Sei lá, velho. Hum, tá. Você deixou em cima da sua mala. Vocês ainda estamos aí embaixo? Que lerdos! Ok. Já vou jogar. Uma coisa que pese? Uma caneta de cada lado serve? Então tá, já vou jogar. Tchau.

Ela se levantou e foi em direção à parede em que a mala de Mandy estava encostada e pegou um pano, que se me lembro se chama echarpe, pegou mais duas canetas e as enganchou uma de cada lado do pano, abriu a janela, olhou para baixo, fez uma bola com o pano e o jogou, em seguida fechou a janela com força. 

Ela se voltou para a cama e me olhou sem graça. Comecei a pensar que talvez eu tivesse feito isso rápido demais, aliás eu nem havia lhe contado que a garota que eu disse que gostava, era ela. Ela abaixou a cabeça mas continuou a me olhar e eu senti cada vez mais que deveria pedir desculpa:

-Olha, me desculpe por isso. Eu não pensei racionalmente antes de fazer isso e entendo que parece muito estranho e errado, mas em minha defesa: você não é minha irmã de verdade. Apesar de eu ter tentado me convencer de que é sim desde que te vi pela primeira vez, eu não consigo. Você é muito linda para se ignorar, ou perder a oportunidade. Me desculpa?

Ela chegou mais perto da cama e se ajoelhou sobre ela:

-Olha, eu entendo perfeitamente essa de não ser sua irmã de verdade, eu também tenho tentado me convencer de que você é sim meu irmão desde o dia da praia. Mas você não ajuda, como eu poderia simplesmente te ignorar como se você não fosse - ela me analisou de corpo inteiro - Tudo isso que você é!

-Isso foi bom ou ruim?

-Bom, tipo MUITO bom 

-Ah, eu também fiquei interessado pela parte que você falou que só teve interesse em se convencer de que eu era seu irmão no segundo dia. O meu foi no primeiro. 

-Vamos dizer que você não era muito amigável no primeiro dia, só ficou legal depois que você mandou seus irmãos me afogarem na praia.

-Ah entendi - eu me levantei e fiquei de frente para ela - Vai me desculpar ou não?

-Eu não estou brava. E nem estava tentando fazer você me pedir desculpas 

-Então por que aquela carinha que fez querer te beijar mais?

-Era essa a intenção. Mas na verdade eu estava tentando me lembrar da onde nós paramos - era incrível como ela tinha o sorriso mais lindo do mundo

-Ah é? - ela concordou com a cabeça - Acho que era aqui

Eu me inclinei e nós começamos o mesmo beijo intenso de antes. Ela levantou seu corpo e eu estiquei minhas pernas, fazendo com que ela ficasse em cima delas. Ficamos assim por algum tempo até que ela começou a se inclinar para trás enquanto me puxava pela gola da minha camisa. E quando vi ela estava deitada na cama e eu estava em cima dela, mas aí eu me inclinei para o lado e inverti nossas posições. Nós já estávamos quase sem nenhum fôlego, ambos sabíamos e ambos continuamos, até que ela apoiou suas mãos ao lado da minha cabeça e levantou seu tronco, mas suas pernas continuavam sobre as minhas e seus pés continuavam a se entrelaçar com os meus. Olhei em seus olhos e a vi respirar rapidamente, ela se jogou para o lado oposto da cama e ficou lá por um tempo até que se levantou:

-Certo, hãn, eu tenho que tomar banho então decide: vai ficar ou vai para o seu quarto?

-Acho que vou ficar, por que? 

-Para saber se eu tranco a porta ou não 

-E por que não tranca a porta mesmo assim?

-Sei lá, você vai estar aqui e...

-Olha eu fico muito feliz em saber que você acha que eu poderia te proteger de alguma coisa, mas tranca a porta do mesmo jeito tá?

-Tá, vou tomar banho. O controle da TV está no criado-mudo do seu lado, meu celular tem jogo e o computador está na primeira gaveta do móvel da televisão. 

-Ok, valeu

POV LARISSA 

Eu ainda não tinha processado o que havia acabado de acontecer e fiquei pensando nisso durante todo o banho. Quando terminei, coloquei meu pijama e me deitei junto com David que estava vendo um canal americano, ele colocou seu braço por cima dos meus ombros e eu apoiei minha cabeça sobre seu peito e ele, com a mesma mão que estava sobre meus ombros, pegou minha mão que estava mais perto:

-Já colocou pijama é? 

-Já, tá frio e eu sei que vou ficar com preguiça de sair daqui para colocar o pijama depois

-Ah, então nem vai me levar até a porta na hora que eu for embora?

-Não

-Curta e grossa. Então tá.

Ficamos ali até mais ou menos 22h30 quando lembramos que Mandy poderia chegar a qualquer momento e que seria estranho para ela, então nós despedimos com um selinho demorado e ele foi embora. Graças a Deus que ele foi embora naquela hora, 10min depois Mandy chegou. Nós duas ficamos conversando por bastante tempo mas eu não estava me concentrando direito, e depois nós duas fomos dormir. Lembro que em meu sonho re-vivi cada momento daquela noite.

[...]