Talvez eu deva estar tomando a decisão errada. Na realidade ela está completamente incorreta! Eu não podia ter feito amor com ele, não podia, não devia... mas eu não resisti aos meus desejos. Eu o queria mais que tudo agora, queria seu calor, seus beijos e seus abraços... queria sentir seu coração acelerado quando me deitava em seu peito ou seu sorriso empolgado quando queria me fazer alguma surpresa...

... 2 meses sendo amantes, 2 meses enganando pessoas inocentes e 2 meses que foram os melhores de toda a minha vida...

...porque eu estava perdidamente apaixonado por Jung Yunho, o namorado do meu melhor amigo.

Ele acabara de me enviar uma mensagem pelo celular, me convidando para um jantar em seu apartamento após o trabalho. Nos olhamos e trocamos sorrisos... eu no balcão e ele próximo às estantes de livros. Junsu nada sabia e continuava a ser nosso melhor amigo e talvez, quem sabe, seria confidente de nossa paixão. Ele havia conhecido Dana, mas ainda me perguntava sobre Yoochun.

Yunho uma noite havia me contado sobre o porquê de não ter apresentado Yoochun a Junsu. Junsu sempre se encucava com alguma coisa nos relacionamentos dele e então falava coisas sem querer, que acabavam prejudicando o namoro. Tudo terminava um pouco ruim no final.

Eu consegui sair mais cedo da livraria, tempo de passar em meu apartamento e me arrumar para o jantar. Yoochun não estava em casa, por sorte, assim que deixaria um bilhete dizendo que havia ido visitar alguns amigos que haviam chegado do Japão. Isso seria mais convincente e mais seguro se eu escrevesse que tinha saído com Dana.

Tomei um banho rápido e vesti meu melhor conjunto, e claro, bem casual e simples. Peguei minhas coisas e logo parti, me certificando se o bilhete estava no lugar correto.

x-x-x

Yoochun

A praça estava movimentada. Andava observando as ruas e as pessoas que lanchavam em pequenos quiosques espalhados pelo local. Caminhava sozinho, sentindo um pouco de frio, mesmo com o céu limpo e estrelado. A lua estava belíssima, então me sentei para que eu pudesse observá-la melhor e mais confortavelmente.

Sem que eu percebesse, acabei pensando naquela noite em que Yunho e Jae haviam sumido estranhamente. Aquele amigo de Yunho tinha dito que viria, mas eu não pude vê-lo. Aquela noite foi tão tensa... ainda mais por que alguém me fez lembrar a pessoa que mais marcou a minha vida... e de uma forma inexplicável.

[flashback]

Por que aquela voz ao telefone me parecia tão familiar.... tão doce?

- Yoochun!! Yoochun!! – Dana balançou meu corpo levemente até que eu despertasse para que logo eu abrisse um sorriso sem graça no rosto.

- Nada... Ele também não conseguiu falar com o Yun e pelo que eu percebi, nem soube do Jae desde que saiu do trabalho.

- E agora!? – percebi que seus olhos já se enchiam de lágrimas.

- Ele disse que está vindo para cá. Acho que ele vai poder nos ajudar – sorri mais tranqüilo. O melhor amigo de meu namorado deve conhecê-lo mais que eu.

Esperamos alguns minutos e nada. Ele não apareceu.

- Dana, fique aqui... eu vou procurar Yunho e Jae – me levantei, indo em direção a porta.

- Me deixe ir com você? – pediu preocupada.

- Não, é melhor que fique aqui caso o amigo de Yunho apareça.

- Ok  - cabisbaixa, voltou a alisar o visor de seu celular com o polegar.

- Não se preocupe. Eles devem estar bem – tentei conforta-la ao mesmo tempo em que também tentava fazer o mesmo comigo.

Saí, caminhando pela longa rua, me lembrando de todos os lugares que Yunho gostava de ir. Fui ao mais próximo primeiro, mas ele não estava lá. Fui ao segundo e também não havia um rastro seu, assim como no terceiro, no quarto, no quinto... Yunho não estava em nenhum desses lugares. Pensei em ir ao seu apartamento... talvez ele já tivesse chegado. Peguei o caminho mais rápido, mesmo não estando muito longe de seu prédio e foi quando eu vi...

...vi aquele ser que há tempos eu desejava ver... o sonho das minhas noites e a lágrima das minhas saudades... sentia sua falta, ainda.

Ele vinha em minha frente para que pudesse atravessar a rua a qual eu havia acabado de atravessar. Eu parei, fiquei imóvel... minha respiração se cortou e eu apenas olhava o nada a minha volta.

- Junsu...? – surrei para mim mesmo e quando me toquei que aquele garoto podia ser o meu Susu-ah eu me virei ansioso, mas ele já havia ido. Aquilo teria sido uma visão? Uma ilusão?

De repente eu não me lembrava mais do que estava fazendo, muito menos do que eu ia fazer e para onde eu estava indo. Apenas segui um caminho qualquer, sem rumo... precisava pensar. Não era possível que meu coração tenha despertado aqueles esquecidos e doces sentimentos por Junsu... ainda mais agora.

[/flashback]

Respirei fundo e permanecia com os olhos fechados. Eram tantas duvidas que habitavam minha mente nesse momento... mas apenas uma certeza se fazia presente: eu ainda amava Junsu, meu Kim Junsu.

Acabei por reviver o resto daquela noite com lembranças do meu pequeno... quando éramos amigos e quando começamos a namorar. Tais coisas que só eu e ele sabíamos.. que só eu e ele podíamos dizer que foram as mais perfeitas do mundo, as mais sinceras e os mais fortes e doces momentos que não eram e nem poderiam ser iguais a nenhum relacionamento que eu já tive.

Junsu

As vezes penso se no mundo realmente há o acaso... os reencontros e os desencontros. Para mim, naquela noite em que eu me dirigia até a casa de Jaejoong, pensei ter visto ele. Talvez seja algo da minha imaginação... mas eu pude senti o perfume que eu jamais esqueci quando passei perto daquele rapaz. Seria o mesmo perfume? Claro... existiam milhões daqueles pelo mundo... Mesmo assim continuei seguindo meu rumo... precisava ajudar a encontrar Jae, assim como Yunho.

[flashback]

- Você é o amigo do Yunho? – perguntou a jovem moça que atendeu a porta.

- Sim – sorri. Ela me puxou para dentro e fechou a porta. A olhei um pouco confuso, mas eu sabia que ela estava desesperada para encontrar logo seu Jaejoong – E você é Dana, não é isso?

- A-Aham – estava muito preocupada... deu para notar sua voz trêmula – Namorada do Jaejoong...

- Prazer... – falei educadamente, mas não demorei a prosseguir – O que houve?

- O Jae e o Yunho sumiram... não sei onde estão e nem o que podem estar fazendo com eles – falava nervosa, prestes a chorar. Eu tentei acalma-la.

- Calma senhorita... Olha, eu te juro que nada aconteceu – lhe prometi, afinal eu sabia que Yunho devia estar aprontando... agora o Jae... eu realmente não fazia idéia de onde poderia estar – Por que não vai tomar um banho e relaxar? – lhe recomendei... era o melhor para ela.

- O-Ok... – limpou seus delicados os olhos e sorriu de soslaio – Muito obrigada – e se retirou para o banho.

Eu olhei ao redor, sem saber o que fazer. Resolvi olhar o apartamento, mesmo que seja um pouco errado... mas estava curioso em ver como eram as coisas por ali. Andei até o quarto de Jae, o encontrando facilmente. Era bem organizado e bem... perfumado. O cheiro de Jae estava em todo o lugar. Olhei algumas fotos sobre sua estante... tinha algumas só com ele e outras com parentes.

Não resisti a tentação quando avistei um pequeno baú sobre a mesmo cômodo dos porta-retratos. Eu tentei de verdade não abri-lo, mas eu o fiz e por sorte parece que alguém esqueceu de trancá-lo. Havia só algumas cartas e ao fundo uma fotografia virada. Tinha alguma coisa escrita atrás...

- “Para o amor da minha vida... minha luz, meu anjo. Eu te amo ~” .  Eu a peguei e a desvirei para que pudesse vê-la e... na foto era...

- Yunho? Jae? – arregalei os olhos... não podia ser... não podia estar acontecendo isso – Vocês...

- Amigo do Yun? – ouvi Dana me chamar de longe. Rapidamente guardei tudo e coloquei o baú em seu devido lugar. Logo saí daquele cômodo, sorrindo. Meu coração estava a mil e em minha cabeça milhões de coisas confusas.

- Estou a-aqui! – avisei enquanto caminha até a sala.

- Alguma noticia? – perguntou um pouco mais tranqüila que antes. O banho realmente foi uma boa idéia.

- Não... Mas não se preocupe. Creio que os dois estão muito bem – falei um pouco decepcionado. Eu já sabia o que havia acontecido... ou o que estava acontecendo... pelo menos eu desconfiava.

[/flashback]

Eu sabia de um segredo... Um segredo que eu nunca revelei para os verdadeiros donos.

Deitei-me pensando em muitas coisas... em tudo que estava começando a se revelar. Não demorou para que eu adormecesse.

x-x-x

- Cadê você meu Jay – Dana suspirava sentada a um baixo sofá embaixo da janela.

Repousava sua cabeça em seus braços que estavam sobre o parapeito. Olhava o céu e pensava em seu amado Jaejoong que agora havia se tornado tão indiferente com ela.

- Por que está tão distante Joongie? – disse tristemente.

Respirou pesadamente e quase no mesmo instante ouviu o toque da campainha. Levantou-se estranhando o fato de ser alguma visita... ou talvez fosse seu Jaejoong. Sorriu ao achar que ele estava ali, mas ao abrir a porta... abriu os olhos de par em par.

- Chaaang? – perguntou confusa. O que seu primo estaria fazendo ali? E com duas malas, uma em cada mão?

- Oi pequena otaku! – falou brincalhão, adentrando ao apartamento como se estivesse em sua casa.

- Hey – fechou a porta e voltou-se para o primo que acabara de se sentar no sofá após abandonar suas duas maletas – O que faz aqui e por que você está tão folgado? – cruzou os braços e inflou a bochecha.

- Ora minha pequena priminha Dada – riu – Eu vim morar com você, o que mais seria?

- QUE!? – engoliu seco. Não podia ser... não iria sobreviver por muito tempo – E quem disse isso? Quem te enviou aqui?

- Sua mãe. Ela me pediu para que viesse cuidar de você enquanto eu curso meus oito semestres na faculdade – sorriu alegre. Apesar de estar ali por um motivo mais forte e desconhecido, estava bastante empolgado com seus estudos. Sempre sonhou em estudar em Seul e sair do Japão.

- Então ela me faz uma coisa dessas? – resmungou – Que mãe é essa? – disse chorona e com uma voz infantil, juntamente com um biquinho divertido nos lábios que fez Changmin rir.

- Pois é... onde será meu quarto?? – perguntou olhando ao redor avistando somente duas portas ( a cozinha era emendada com a sala).

- Pois é... não tem lugar pra você aqui – disse séria ainda com os braços cruzados.

- Bom... eu vejo que ali deve ser um quarto e ali... – apontou para a outra porta – Deve ser o banheiro. Acho que vou dormir no quarto, né!? – falou sorrindo como se fosse a situação mais norma do mundo, o que deixou Dana ainda mais furiosa.

- Como assim!? E eu? Onde vou dormir? – perguntou incrédula.

- Aaah minha doce e queria priminha... Eu já trago sua roupa de cama para o sofá, ok!? – e andou até o quarto que agora era ‘seu’.

- Só faltou saltitar – falou seca. Nunca perdia a paciência com os outros, mas seu primo era realmente a perdição de seus dias – Mas eu não vou deixar ele mandar em mim dessa forma! Não mesmo! – e foi para o seu quarto, batendo os pés com força querendo mostrar liderança.

- O que foi priminha? – Changmin a olhou enquanto segurava algumas roupas de cama.

- Você não vai ficar aqui! Você tem dinheiro e pode muito bem pagar um hotel ou comprar um apartamento para você! – gritou – Então pode indo Chang-baka.

- Não Dada – choramingou fazendo um biquinho – Vim aqui a pedido de sua mamãe para cuidar de você não posso fazer feio para a minha madrinha. Vou ficar! – sorriu.

- Não MESMO! – esbravejou com os punhos cerrados.

- Ah eu vou – ainda sorrindo, foi até a sala e depois de uns segundos voltou com um pequeno pacote na mão – Sabe o que é isso?

- N-Não – olhou curiosa, levando um dedo a boca.

- Pois é...  – começou a dizer, abrindo o pacote – Este é... – rasgando o papel de presente – A coleção completa do manga Hana Yori Dango – e mostrou todos os volumes, os espalhando pelo chão – Você não estava louca com um desses?

- A-Aham...

- Veja que bonitos...

- A-Aham @-@

- Então... você vai querer?

- Siiiim!!!  *-*

- Mas... tem uma condição!

- Qual? – perguntou em um tom desanimado.

- Ficarei aqui e dormirei no seu quarto – cruzou os braços sorrindo esperto.

- Ok – não podia negar que faria tudo pra ter aquela coleção tão rara – Mas onde eu irei dormir!? T-T

- Você tem duas opções: dormir na sala... ou... – fez uma expressão pervertida – do meu ladinho na sua cama – piscou sorrindo.

- QUE!? Seu safado! – franziu o cenho furiosa – Vou pra sala... e me dá aqui que são meus u-u – recolheu todos os volumes do chão, abrindo um largo sorriso ao sair do quarto cheia de mangas em seus braços.

x-x-x

Jaejoong e Yunho trocavam sorrisos e por vezes, quando ninguém os olhava, um beijo ou outro bem suave. Jantavam no melhor restaurante de Seul... e um dos mais caros. Jae já se sentia mais a vontade ao lado de Yunho e com ele sorria da forma mais especial do mundo... e não era o mesmo se estivesse com qualquer outra pessoa. Mas isso só o fazia lembrar dos que sofreriam mais se descobrissem tudo isso...

- O que está pensando meu amor? – perguntou Yunho, acariciando a mão de Jae sobre a mesa.

- N-Nada... – abriu um sorriso um pouco triste.

- Certeza? – perguntou agora acariciando a face do loiro.

- Uhum... – envergonhou-se pelo gesto do moreno, desviando o olhar rapidamente, fazendo Yunho sorrir.

- Então ta, mas qualquer coisa estou aqui.

- Ok...

- ...

- ...

- ...

- Yunho... – sussurrou ainda cabisbaixo.

- O que foi meu anjo? – segurou o queixo do outro, levantando seu rosto para que pudessem se olhar.

- Eu... preciso te responder algo – desviou o olhar marejado.

- O que foi Jae? – preocupou-se com a expressão triste de seu amado.

- Eu... – engoliu seco – Eu te quero – e sorriu com suas bochechas mais vermelhas do que nunca – Eu te amo...