A Longa Vida De Serena Cullen escrita por Angelicca Sparrow


Capítulo 21
Capítulo 20 - Bem-Vinda ao Lar! Parte I


Notas iniciais do capítulo

Agora uma (breve?) maratona de Serena em sua terra natal! Com todos do seu bando antigo, todos seus amigos (e inimigos) de volta. Várias lembranças também... Boa leitura!



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O ar estava úmido e quente. Sentia minha pele ensopada, me sentia sufocada. Não conseguia interpretar nenhum sentido além do tato. De vez em quando sentia algo como meu corpo formigar, depois tudo voltava a ser vazio e escuro. Quando pensava que estava recobrando os sentidos algo me puxava para o sono eterno novamente.

Em um determinado tempo, consegui discernir os sons com mais clareza. Ouvia uma brisa leve soprar a minha volta, através dos sons conseguia perceber o dia e a noite, e em minha mente tentei contar os dias até que eu saísse daquele purgatório e Deus, finalmente, me liberasse para o paraíso ou para o inferno talvez... Me lembro de ter sentido medo, medo de Deus na verdade não existir, e medo de ficar naquelas “meias sensações”, meio morta e meio viva, para sempre... Medo de que quando tudo acabasse, acabasse definitivamente.

Ouvi o som de algo bem nítido parecido com passos, vibrações no chão também ajudaram a interpretar o enigma. Passos que vinham na minha direção e rodeavam através do meu corpo. Estaria eu morta mesmo? Duvidava disso...

Eu sobrevivera. E havia alguém ali comigo, talvez me ajudando nessa batalha contra a morte, por que pior do que a situação em que eu estava, era praticamente impossível ficar. Algo muito gelado foi atirado em minha direção, e meu corpo estremeceu. Pessoas pareciam conversar, haviam talvez 3 ou 4 pessoas ali comigo.

Meu corpo começou a ser mexido, revirado, afagado de vários lados, pareciam querer uma resposta, assim como eu. Não sentia minhas pernas, meus braços, nada.

– Ela é um lobo agora, não é tão fatal perder alguns litros de sangue... – ouvi alguém dizer em uma voz um pouco distante.

– Não foram apenas alguns litros, foram muitos litros! – outra respondeu.

– Você ao menos sabe quem ela é, e o que ela é capaz de suportar! Ela já ficou meses sem comer só para alimentar a alcateia.

– Cale a boca, vá dar uma volta por aí, antes que eu faça você se arrepender de permanecer aqui...

Silêncio.

Mais alguns dias se passaram talvez, antes que eu ouvisse vozes novamente. Era uma canção.

Salve, linda flor, que se abriu para o céu. Pequena florzinha, que tem cheiro de mel. A onça já a ama, o jacaré também... A arara não reclama, a rã só te quer bem... Seu pai a fez princesa, por ele ser um Rei. O rei da lua cheia, do medo ele viveu sem... Menina tão pequena, rainha se tornará, com o filho de outro rei, a princesa se casará... Será a mais selvagem, a mais bondosa também, adorará sorrir, e quererá quem te quer bem.

– Zafrina... – tentei sussurrar, mas as sílabas saíram misturadas e ininteligíveis. Meus pés e minhas mãos me respondiam vagarosamente. Se eu pudesse chorar, estaria em um mar de lágrimas... Aquela música, a mesma que ela cantava para mim quando eu era muito pequena, a minha música.

– Oh, meu bebê! – Zafrina começou a soluçar do mesmo jeitinho que sempre fez quando ficava emocionada, e me abraçou.

Abri os olhos lentamente, esperando pela luz branca na neve refletir em meus olhos. Assim que meus olhos se adaptaram pude ver que não havia neve... e não havia sol. Estava de noite.

– Consegue falar, querida? – ela sussurrou, enquanto levantava minha cabeça com um braço.

– Calor... – sussurrei rouca.

– Oh, sim... Beba um pouco de água. – ela entornou uma tigela de folhas trançadas cheia de água em meus lábios, a maior parte do líquido escorreu pelo meu pescoço, aliviando meu calor.

– Onde... – disse.

Seus olhos vermelhos vívidos brilharam, e ela exibiu as lindas fileiras de dentes brancos em um lindo sorriso.

– Estamos em casa.

Pisquei os olhos várias vezes, tentando reconhecer alguma coisa da casa dos Cullens, mas tudo parecia esquisito ali. O teto era feito de cipó, e na verdade eu estava deitada na grama. Árvores nos cercavam de vários lados, e nenhuma delas pertencia aos Estados Unidos. Demorei para assimilar o que ela dissera com “casa”. Eu estava no Brasil.

Tentei me levantar rapidamente, mas acabei me desequilibrando e caindo novamente. Batia braços e pernas tentando lutar contra as mãos de Zafrina.

– Acalme-se, acalme-se, Serena! – ela disse enquanto tentava me conter.

– Não, não, não, não... – eu repetia sem parar enquanto me debatia mais e mais, em completo desespero. – Edward! Edward! Emmet! Alice!

De repente minha visão ficou menos turvada, e eu estava deitada em minha cama, no quarto no fim do corredor da casa dos Cullens. Tudo estava calmo, Edward estava sentado na minha frente me pedindo para ficar calma. Olhei em meu relógio de cabeceira : 3h34 AM.

– Edward? Tive um pesadelo... – sussurrei meio sem jeito, enquanto sentia minha pele suada.

– Shh... Está tudo bem... – ele foi se aproximando de mim para me abraçar.

Achei aquelo gesto estranho, Edward era casado agora. Devia estar em sua lua de mel, o que estava fazendo ali no meu quarto? O que estava acontecendo? Fiquei desconfiada automaticamente.

Empurrei Edward rapidamente, e me afastei até a parede. As imagens começaram a tremeluzir e a vibrar novamente e uma forte dor de cabeça me atacou. Agachei no chão com as duas mãos envolvendo minhas têmporas, enquanto lutava para não gritar. Estava ficando louca.

Quando abri os olhos, estava de dia. Permanecia deitada no tapete de grama verde e aparada. Me sentei e vi que não sentia mais dor, via e ouvia claramente. Pássaros cantavam alegremente, e outors animais gritavam na floresta densa. Meu corpo exibia apenas manchas avermehadas dos lugares onde eu fora baleada, provavelmente. Há quanto tempo estive desacordada?

Ao meu lado, a tigela com água estava cheia. Não hesitei em bebê-la até o final, a água limpa e fresca parecia recém retirada do rio. Um barulho forte de asas batendo se fez audível na árvore à minha esquerda, e uma linda Arara vermelha pousou no galho mais baixo, me observando com curiosidade. Suas penas vermelhas, amarelas e azuis eram brilhantes e extremamente perfeitas.

– Estou no Brasil... Estou em casa... – disse com uma mistura de medo e satisfação. Isso explicava o calor, a umidade e os barulhos da floresta Amazônica.

Fechei os olhos e respirei fundo, lutando contra todas as lembranças amaldiçoadas que eu estivera evitando nos últimos meses, todas últimas memórias que eu tivera daquele lugar...

Meus ouvidos sensíveis captaram um outro som, desta vez à minha frente, atrás de uma parede improvisada com samambaias e galhos. Fiquei agachada, em posição de defesa, pronta para qualquer animal que estivesse me espiando. Me aproximei vagarosamente, como um lince. Atrás das folhas da parede, vejo um homem de costas. Nu.

Franzi o cenho e me afastei, confusa. Ele estava pegando alguma coisa nos galhos de uma árvore antes de se virar na minha direção com olhos que continham um rio de emoções diversas. Olhos que aprisionavam todos os sentimentos que eram escondidos, olhos tão escuros que pareciam sombras.

Ele permaneceu me olhando, segurando um grande tecido fibroso vermelho. Meu rosto se transformou em um oceano de lágrimas silenciosas.

Shadow? – sussurrei sem voz enquanto me levantava trêmula e me aproximava dele, hesitante.

Ele pareceu ponderar se aproximar-se de mim era uma boa ideia, mas por fim ele acabou dando um passo para frente. Ficamos cara a cara, eu tentei absorver as mudanças que o melhor amigo de Max tivera desde que eu o abandonei junto com a matilha. Shadow sempre foi um garoto reservado, de poucas mas sábias palavras. Era bem alto, moreno, tanto os olhos quanto seus cabelos era negros, extremamente negros, ele sempre tinha uma expressão de raiva, mas por dentro ele era um poço de proteção se segurança além de sua aparência de índio marrento (e havia uma cicatriz bem profunda em todo o seu peitoral). Desde que eu os deixara, Shadow cresceu mais uns 20 centímetros no mínimo, seus músculos dominaram o seu corpo, ele parecia mais responsável, assim como desconfiado. Ele adquiriu uma postura de líder...

– Você é o... – tentei formular a frase.

– Sim – ele respondeu com a voz mais grave que antigamente – Agora eu sou o Alfa.


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