A Longa Vida De Serena Cullen escrita por Angelicca Sparrow


Capítulo 19
Capítulo 19 - Só eu e você - Parte I


Notas iniciais do capítulo

Um capítulo adicional pra vocês maravilhosas e maravilhosos! #calmajake



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A noite parecia calma para os habitantes de Forks, mas para mim e Jacob, foi a noite mais turbulenta dos últimos tempos. Nós dois corríamos na frente da matilha em uma velocidade incalculável por entre as altas árvores da floresta. De vez em quando eu ouvia um gemido de um dos lobos atrás de mim, e imaginei que os pensamentos de Jacob deviam estar afetando sua matilha. Após muito tempo de corrida incessante, chegamos próximos a placa que indicava a praia de La Push à esquerda, onde a matilha parou arfando. Aquela não era minha parada, avancei mais rápido com Jake à meu lado, e continuamos correndo para bem longe dos uivos desesperados de Seth e Sam durante horas, talvez dias... Eu não estava prestando atenção nisso.

Jacob estava cambaleante, diminuiu a velocidade e as vezes tropeçava nas próprias patas, era evidente o seu cansaço não só físico como psicológico também após tanto tempo correndo. Assim que eu estava pronta para parar de correr ele caiu no chão com um barulho gigantesco e ficou imóvel enquanto soluçava e estremecia.

Aproximei meu focinho do dele tentando consolá-lo, e também percebi que estava exausta demais, com dores em todos os músculos. O grande lobo avermelhado soltou um ganido agúdo, ele estava chorando.

“Não Jake... Não chore...” pensei repetidamente, mas eu também chorava por dentro. Afinal de contas podíamos fugir, correr, escapar pra qualquer lugar no planeta, mais isso não afastaria as lembranças terríveis de nossos corações partidos, era inútil. Jacob respirava com dificuldade, e uma dor incômoda em minha barriga me lembrou que não comíamos a dias. Decidi caçar algo para comermos, e deixar Jacob e eu sozinhos por um momento.

Depois de poucas horas voltei para a clareira onde deixara Jacob, com um grande alce macho entre as presas e o coloquei ao lado do lobo deitado. Agora ele já estava mais calmo, seu olhar estava perdido no horizonte e se eu não estivesse escutando sua respiração e seu coração pulsante, poderia jurar que ele estava morto. Meus pelos brancos estava sujos de terra e sangue, eu já não ligava para as aparências... Me sentia desprezada, ignorada, abandonada não só por Edward, mas por todos. Não poderia voltar para minha matilha, não poderia voltar para os Cullens, e não sabia para onde fugir desta vez.

Era só eu e meu igualmente sofredor amigo, sozinhos em algum lugar muito distante em uma noite iluminada pela lua cheia. Pensei em obrigar Jake a comer, mas nem eu mesma estava com fome. Me deitei a seu lado e coloquei a cabeça sobre as patas dianteiras, suspirando levemente. Algum tempo depois espirrei, cortando o silêncio profundo da floresta e parei para observar lindos flocos de neve caindo do céu, mas desaparecendo antes de tocar a grama. Jacob permanecia na mesma posição, inerte, quando também espirrou. Nos viramos para observar ao redor, flocos de neve cobriam as copas dos pinheiros, e a cena era muito bonita, mas estava ficando frio.

Agarrei o pescoço do alce morto e já frio e o pousei na frente de Jake, incentivando-o a comer. Depois de me observar durante minutos, ele decidiu comer. Ele fez uma pausa para me encarar e eu decidi comer junto com ele. Eu arranquei parte da pele e perfurava a carne macia e sangrenta com os dentes mastigando lentamente cada pedaço, Jacob fazia o mesmo. Eu o observava com cautela, caso ele se rendesse ao ataque de dor novamente, pois ele ainda não parecia recuperado. Até observei que minha atitude de ajudá-lo estava me fazendo esquecer da minha própria dor.

Depois que comemos nos abrigamos em baixo de uma árvore larga que nos protegia um pouco da neve que caia. Jacob se aninhou perto de uma raiz exposta do lado oposto ao que eu fiquei, e ele me observava pelo canto do olho. Fechei os olhos e enrolei minha cauda em volta do meu corpo para me proteger da friagem, mas mesmo assim não estava confortável, sentia falta da minha cama... Havia me desabituado a dormir na floresta.

“Na verdade, acho que me não me habituei a dormir como loba...” pensei.

Mantive longe o pensamento e espirrei novamente, incomodada com os flocos caindo em meu focinho. Jacob soltou um grunhido e eu abri os olhos para encará-lo. Eu o vi abrindo um espaço ao seu lado. Um pouco hesitante me aconcheguei em seu corpo e descobri que ele era muito mais quente que eu. Relaxei instantâneamente.

“Deve ser por que você é híbrida... Não esquenta tanto como eu.” ouvi a voz rouca de Jake e levantei a cabeça.

“Jacob? Eu posso te ouvir agora.” – respondi em pensamento.

“Sinto muito...” - ele estremeceu e abaixou a cabeça chateado.

“Não sinta. Apenas durma.”- Aconselhei, para nós dois.

Fiquei contando os minutos até chegar a quarenta mas o sono não vinha. Jacob respirava lentamente próximo à meu ouvido, ele estava cochilando de leve. Seu corpo se movimetava conforme sua respiração, e ele foi se aconchegando ainda mais em meu pelo. Ele era muito quente, muito mesmo.

“Você quer morrer de hipotermia?” – sua voz ecoou em minha mente, me pegando de surpresa.

“Eu não morro de hipotermia” – eu ri – “Mas não consigo evitar sentir calor perto de você.”

Jacob colocou uma pata sobre meu corpo, me dando um abraço de lobo.

“Não me provoque” – adverti sem humor.

“Vai dormir...”

“Eu iria se eu conseguisse” – bufei.

“Meu calor atrapalha?” – ele riu em minha orelha.

“A forma de lobo me atrapalha, Jacob” – respondi espurrando-o para trás.

“Não deixe que isso seja um problema” – ele me respondeu então sua voz se silenciou.

Me mantive imóvel quando entendi a situação em si. Nossa, aquilo era constrangedor. Rosnei baixinho para que o homem se afastasse de mim.

– É o seguinte, eu quero dormir. Não vou conseguir se você ficar pelos cantos tremendo de frio e acordada. E não é como se eu nunca tivesse visto o corpo de uma garota... – ele disse mau-humorado.

Eu me virei para encará-lo e fiz cara de surpresa com sua declaração. Mantive meus olhos fixos em seus olhos.

– Ah, você sabe o que eu quis dizer Serena. Não dificulte as coisas pra mim. – ele sussurrou deitando na grama e apoiando os braços atrás da nuca.

– Eu sei... Me desculpe. – disse com minha voz humana assim que me transformei. Me aproximei dele e deitei em seu peito.

Jacob se manteve perfeitamente imóvel, tão imóvel que nem respirava mais. Tive que reprimir um riso. Então ele parou pra me observar com uma sobrancelha levantada.

– Nada não. Está tudo bem com você? – mudei de assunto rapidamente.

– Tirando o fato de eu ainda estar respirando, estou perfeitamente bem. – ele fechou a cara, chateado.

– Mas você nem está respirando... – ri suavemente em seu peito e ele me encarou de volta um pouco desconcertado. – Você tem vergonha, eu entendo.

– Vergonha, eu? – ele perguntou surpreso. – Eu não tenho vergonha de nada.

– Não parece. – suspirei com o sono chegando .

Jacob se manteve calado, e eu arrisquei um olhar pra cima, para seu rosto. Ele estava sério, e encarava o céu.

– Você parece bem confortável nessa situação. – ele disse sem me olhar.

– Mais ou menos... – sussurrei fechando os olhos, senti ele me olhando de volta.

– Como assim mais ou menos? – ele perguntou curioso.

– Com você... é diferente. – disse ainda mais baixo, bocejando, mas abri os olhos rapidamente – Quer dizer... Você é meu amigo. Não tem nada sensual nisso tudo...

Senti ele concordar com a cabeça, mas ele não disse mais nada. Quando fui fechando os olhos e ficando inconsciente, me aninhei ainda mais em seu peito largo e senti que ele me abraçava para espantar o frio. Eu me senti segura, me senti protegida, e incrivelmente me senti querida, desde a morte de Max.

Apaguei e comecei a ter o mais lindo sonho. Eu estava em casa, em frente minha cabana, e estava colhendo alguns côcos em uma palmeira quando senti um abraço quente por trás de mim.

– Bom dia meu amor! – aquela doce voz, com um toque de malícia reconfortou meus ouvidos.

– Bom dia Alfa! – ri enquanto juntava os cocos nos braços e me virava para encará-lo – Acordou feliz?

Ele estava estonteante, um enorme sorriso branco iluminava minha visão, estava com seu grande cocar de penas vermelhas, laranjas, amarelas e pretas que descia até seus pés, seu corpo moreno estava todo pintado com tinta branca e as únicas peças que vestia eram seu cordão da sorte amarrado no tornozelo direito e seu colar que eu havia lhe dado.

– Como dormir ao seu lado e não acordar se sentindo o homem mais poderoso do mundo? – ele sussurrou em meu pescoço.

– Você é muito arrogante! – gargalhei enquanto dava um soco em seu peito e deixava alguns cocos caírem no chão.

Max os pegou habilidosamente antes que atingissem o chão.

– E por que está usando isso, amor? – disse franzindo o cenho enquanto tirava o grande cocar de sua cabeça e arrumava seus cabelos negros. – E vá colocar alguma roupa antes que as lobas te vejam assim!

– Hoje é um grande dia, queria fazer algo especial. – ele murmurou se abaixando para deixar os côcos no chão. – E não se preocupe com as lobas, nenhuma delas tem o meu coração. – ele piscou pra mim ainda de joelhos.

Passei a mão pelo meu pescoço e segurei o meu colar, que Max me dera de presente enquanto o observava sem me cansar.

– Eu ter te atacado ontem não foi o suficiente? Você quer que eu te ataque hoje novamente ainda pela manhã? – perguntei me abaixando na sua frente e deitando-o no chão com força.

Ele abriu o enorme sorriso e passou as mãos pelo vestido curto de pele de onça que eu usava.

– Você é a civilizada mais selvagem que eu já vi. Ou será a selvagem mais civilizada? – ele brincou aproximando seu rosto do meu.

O beijei com paixão, abraçando-o pelo pescoço enquanto ele passava a mão por entre meus cabelos.

– Case-se comigo. – ele sussurrou ainda arfando.

Voltei a beijá-lo, e já estava tirando o vestido quando parei de repente.

– Como? – perguntei fitando-o.

– Case comigo, Serena. Já somos Alfas, líderes da maior matilha da américa, temos a floresta toda só pra nós. Você é a única que eu quero. A única que eu tive, e a única que eu terei. Nos casamos em Paris, Egito, Dubai, onde você quiser...

– Eu não quero me casar, casar é só um rótulo. E o que eu sinto por você lobo, é muito grande pra ser rotulado. – disse dando ênfase para cada sílaba antes de beijá-lo novamente.

Max sorriu orgulhoso de minha resposta, destruiu meu vestido com um simples puxão e seu olhar se transformou em puro prazer.

– Eu amo você Bella.

Acordei em um susto, a última frase sendo repetida mil vezes na minha mente, aquilo foi como o paraíso se transformando em inferno. Eu estava suando, havia calor de mais ao redor de mim, e o nome da Sra. Cullen continuava ecoando em meus ouvidos.

– Não, Bella... Bella…

– Eu te amo Bella.

Olhei para meu lado, Jacob estava se remexendo. Uma perna minha estava apoiada em sua perna. Ele estava tendo um pesadelo.

– Jake, ei. Jake, acorde... – sussurrei e coloquei uma mão em seu rosto. – Jake é só um pesadelo...

– Não, Bella... Não... Você é um... deles. – Jacob continuava gemendo.

– Jake, sou eu. Acorde! – falei um pouco mais alto e ele abriu os olhos em um susto.

Ele me abraçou muito forte, mas eu quase não senti. Retribui o abraço, e comecei a sussurrar palavras para acalmá-lo. Ele arfava e parecia desesperado. Algo quente começou a escorrer em minhas costas nuas e a sensação me fez arrepiar, mas eu precisava me focar.

– Não chore, Jake... Estou aqui... – disse com calma, passando a mão em seus cabelos.

Conforme ele foi se acalmando, era quase impossível não se sentir desconfortável daquele jeito, mas ele precisava de um apoio e infelizmente não havíamos lembrado de pegar roupas. Percebi que suas costas estavam arranhadas, e as minhas também ardiam.

– Está tudo bem com você? – perguntei baixinho, ainda preocupada.

– Estou bem. – ele murmurou.

Fui soltando-o devagar e me afastei para ver seu rosto. Ele estava péssimo. Manchas escuras estavam sob seus olhos, e parecia que ele precisava de repouso. Ele também fazia a mesma avaliação em mim, e passou um dedo sobre minha têmpora me fazendo recuar com dor. Ele ainda parecia um pouco confuso e observou o meu corpo inteiro. E isso me incomodou.

– Por que está nua? – ele perguntou mas depois pareceu se recompor – Esquece, me lembrei.


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