A Longa Vida De Serena Cullen escrita por Angelicca Sparrow


Capítulo 1
Introdução




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"Porque? Qual a razão de existir se a única coisa que a vida faz, é trazer sofrimento?"

Deitada no chão úmido de folhas, em meio a mata amazônica, meu lar, observava o pequeno volume de terra recém misturada, ainda molhada. Chorava baixo, porém já chorava ininterruptamente havia mais de 20 horas. Temia mais que tudo, o que estava embaixo da terra. Desejava que fosse mentira, mas minha memória me traia. 

Havia passado quase um dia inteiro da pior tragédia da minha vida, observava ainda incrédula o lugar em que desajeitadamente enterrei Max, no mesmo lugar em que morrera. Em frente a nossa cabana... não passava de 2 metros de distância de onde tínhamos dormido pela última vez. Seu sorriso, sua risada de dentes brancos e perfeitos vinham a tona a todo momento, mas era rasgados pela cena real a minha frente. Lentamente arrastei cada perna, cada braço, para que eu me sentasse encostada em nossa árvore. Olhando para o túmulo, e ao mesmo tempo para o nada. Me recusava a fechar os olhos, imaginando que dali ele se levantaria e me consolaria como ele sempre fez. Mas isso não era possível, nunca mais seria possível. Agarrei o colar em meu pescoço, e tentei sem sucesso não chorar mais alto. Arranquei o colar com mais força do que necessário e pousei-o sobre o monte de terra, lágrimas caindo sobre ele. 

Era um fim de tarde a parte do dia em que eu mais gostava, porém nesse dia, eu não me importava. Nada mais me interessava... A minha vida terminou ali, junto com o corpo sob a terra. Agachada perto do túmulo, parei de chorar e apenas imaginei ele me abraçando novamente, o dia em que ele me resgatou da morte, quando ele me apresentou para o bando. O Bando... o que eu diria para eles? O desespero tomou conta de mim. 

- Eu... não posso contar a eles. Pensariam que a morte dele foi minha culpa. - disse chorando, mal reconhecendo minha própria voz. - Preciso dar um jeito.

Me levantei um pouco zonza, minha saia de pele que antes era comprida até o pé, agora estava rasgada acima dos joelhos e cheia de sangue. Me apoiei em nossa árvore , e tentei reunir forças novamente, mas cai. Soluçando abracei o tronco da árvore. No meio dela, estava entalhado o brasão do nosso bando e um coração dividido ao redor. Lembro-me do dia em que fizemos isto, e me lembro dele me explicando o significado... "Veja, o lado direito me pertence, o macho alfa, e o outro lado é seu. Você é a fêmea alfa do bando. Não, você é minha fêmea alfa..." - ri com a doce lembrança. Podia sentir seu perfume, natural e puro como só ele... podia lembrar de sua pele morena, macia e quente, e seu cabelo negro liso e rebelde que caia em seus olhos. Lágrimas brotaram e não pude contê-las.

Encostei a testa no tronco áspero, todo entalhado com gravuras, nomes pensando em uma solução para o meu bando... Mas uma coisa me chamou a atenção. Havia uma espécie de mapa em sua base, bem próxima ao solo. Um mapa estranho, e com um nome gravado: Cullen.

Me levantei desconfiada, e entrei na cabana. Procurei dentro de algumas caixas de madeira algo que servisse de papel. Achei um pedaço e fui para fora de novo. Caminhei até as cinzas da fogueira que fizemos... antes da tragédia. Peguei um pedaço de madeira em brasa, e voltei à árvore. Coloquei o papel sobre o mapa entalhado e esfreguei o carvão sobre ele até o mapa ficar nítido no papel em branco. Tentei entendeu o mapa, quando percebi que o céu estava ficando cinza, já era quase a hora da chuva. Logo, os outros viriam nos buscar para fazer a escolta e dar algumas ordens. Eles não podiam chegar... não podiam ver o que tinha acontecido. Rapidamente, separei uma mochila, e coloquei algumas frutas, e outras coisas que eu fosse precisar. Abri uma gaveta para pegar alguma faca, e me deparei com o pingente dele. Max carregava o pingente em forma de lobo branco para todos os lugares... Justo no dia de sua morte, ele não estava com ele. Peguei o pingente e me sentei na cama, ainda desarrumada, do jeito que havíamos deixado na noite anterior. Comecei a chorar novamente, me punindo pela atitude covarde que estava prestes a fazer... Mas não poderia ficar, e aguentar essa pressão... 

Agarrei-me no lençol, senti seu cheiro pela última vez, e sai da cabana decidida. Os Volturi me pagariam... Iria vingar cada um que eles mataram, cada um. Procuraria por ajuda, esse Cullen deveria saber de alguma resposta, ai então eu poderia morrer em paz. Tentaria suicídio ou algo assim, mas apenas depois que o último Volturi estivesse morto sob meus pés. Max não teria morrido em vão, e quem sabe em uma outra vida eu pudesse ser feliz com ele. A chuva começava a cair.

Dando um último beijo sobre o colar que deixei sob o túmulo, chorando de raiva caminhei em direção ao rio, e ao chegar na margem,  olhei para trás por sobre o ombro.

- Jamais desistirei de você, Max. Vou lutar até o fim. - disse antes de partir para a jornada da minha vida. 


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Notas finais do capítulo

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