O Filho De Ártemis escrita por Marina Leal, DiasLuiza


Capítulo 9
A deusa virgem e o conselho


Notas iniciais do capítulo

Esperamos que gostem!!



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- Ele é um semideus não é? Eu reconheci pelo cheiro. – Disse o rapaz chamado Klint para a mãe dele.

- E se for, o que você tem a ver com isso? – Ela disse rispidamente, mas tanto ela quanto Caleb já sabiam o que a presença do sátiro significava.

- Ele precisa ir para o acampamento, lá ele vai ficar seguro. – Ele disse as palavras que Caleb não queria ouvir. – Monstros podem atacar, armadilhas piores que aquela que vocês acabaram de passar, por favor, me deixem ajudar vocês.

Caleb se levantou, ficando ligeiramente atrás da mãe dele, enquanto analisava o rapaz. Ele usava parte de uma armadura e suas pernas de bode (isso se ele tinha mesmo) estavam escondidas por uma calça jeans e ele estava apoiado em muletas.

- O que você quer dizer? – Ele falou e o sátiro sorriu.

- Se eu não estivesse lá, vocês teriam passado anos lá dentro. – Ele disse. – Graças a mim, vocês saíram rapidamente, com sorte só se passaram alguns dias.

Caleb sentiu seu queixo cair.

- E o que você está fazendo aqui sátiro? – A mãe dele falou bruscamente.

- Atualmente só existem duas opções para sátiros. – Ele falou melancólico. – Ou nos escondemos em lugares como aquela pensão, a espera de que algum meio-sangue apareça e possamos levá-lo para o acampamento, ou vamos para a Campina dos Sátiros e esperamos que os semideuses vão até nós.

- Seu trabalho não é recrutar meios-sangues nas escolas? – A mãe dele perguntou abaixando levemente o arco.

- Recentemente algo aconteceu, não sabemos o que é, mas sátiros não podem mais entrar nas escolas e semideuses somem sem motivo. O único lugar seguro para ele é o acampamento.

Caleb olhou para o céu e chamou a atenção da mãe, ele apontou para onde olhava e ela pareceu em choque, ela procurou na lata de lixo rapidamente e apareceu com um jornal encharcado na mão.

- Não é possível! – Ela falou e o sátiro pareceu preocupado.

- O que houve? – Ele disse.

- Hoje é 22 de setembro, amanhã já é o equinócio de outono! Passou-se um mês! – Ela respondeu. – Devíamos estar na Filadélfia.

O sátiro suspirou.

- É isso o que a pensão faz, eles abriram várias filiais recentemente. A sede original fica em Las Vegas, e é conhecida como Hotel e Cassino Lótus. – Ele disse. – Em algumas filiais o tempo passa mais depressa, em outras, nem tanto.

- Caleb, alguma ideia de como vamos fazer para ir diretamente para a Filadélfia? – Ela o olhou enquanto ignorava o sátiro.

Ele estremeceu, então pensou “Que se dane!”.

- Meu prazo está acabando mesmo. – Ele disse um tanto nervoso pela verdade daquelas palavras. – Talvez possamos ir de avião.

Ele achou que a mãe iria o repreender por sugerir aquilo, mas ela pareceu considerar a opção.

- Você está certo, vamos de avião.

- Ei, espera! – Klint disse e ambos o olharam. – Se ele está indo para o leste, por que não vai direto para o acampamento?

A mãe dele olhou para ele, e ele percebeu que teriam que dizer parcialmente a verdade.

- A mãe dele ordenou que eu o levasse para a Filadélfia antes de levá-lo para o acampamento. – Layla disse trincando os dentes, para ela era uma traição revelar que a mãe de Caleb era a deusa.

O sátiro sorriu.

- Então eu irei com vocês.

 Caleb e Layla ergueram as sobrancelhas em descrença.

- Não. – Caleb disse.

- Em hipótese alguma. – Layla falou.

Klint revirou os olhos.

- Vocês podem morrer dizendo isso, mas eu vou! Não vão me impedir.

Layla suspirou e olhou mortalmente para ele.

- Não nos atrase. – Disse e começou a andar, sempre mantendo Caleb ao seu lado.

****

Embarcar no avião foi a parte fácil. Como Zeus não sabia de quem Caleb era filho, ele foi um tanto gentil e não bombardeou o avião com turbulências e isso foi um alívio para Caleb que aproveitou o tempo para dormir um pouco, pois sabia que seu tempo de paz estava acabando.

Assim que dormiu teve um sonho.

Ele estava em um salão gigante, havia doze tronos em formato de ferradura. Mas essa não era a parte surpreendente, o que o impressionou de verdade foram as pessoas que ele viu ali e no mesmo instante soube que estava vendo o Conselho Olimpiano reunido.

- A guerra está se aproximando! Não podemos ficar parados! – Uma mulher dizia em alto e bom som, Caleb a olhou e viu que ela tinha olhos cinzentos e cabelos loiros.

- Atena está certa! – Disse outra mulher e a voz dela fez a pele de Caleb formigar, ele a conhecia bem demais para não reconhecê-la. Ártemis. – Por que nos reunimos se não começamos a nos preparar?

Nenhum deus respondeu, todos olhavam para o chão, sem encarar nenhuma das duas deusas.

- Meu pai. – A outra deusa, Atena, disse e o deus em questão a observou. – Há uma coisa que o senhor precisa saber. – Todos os deuses ergueram os olhos e Caleb sentiu seu coração começar a bater mais rapidamente.

É agora. Pensou.

- O que seria querida Atena? Que você e Poseidon descobriram que se amam? – Disse outra deusa e Caleb voltou seu olhar para ela e esqueceu como respirar. Aquela deusa era muito linda, perfeita.

Atena trincou os dentes, mas antes que ela pudesse responder alguma coisa a mãe de Caleb falou.

- Não Afrodite. – Ela disse calmamente. – É sobre mim. – Todos os deuses pareceram repentinamente interessados. O que ela poderia estar escondendo de todos?

Ela assumiu a forma de uma mulher adulta, o que pareceu surpreender todos os deuses, e Caleb notou o olhar de cobiça de alguns ali presentes. Ele cerrou os dentes, ela era sua mãe, merecia respeito.

- Diga Ártemis. – O homem sentado no primeiro trono do lado esquerdo disse.

Ela suspirou e criou coragem antes de dizer em alto e bom som:

- Eu tenho um filho.

 Os deuses pareceram chocados demais para falar alguma coisa no primeiro momento.

- Você quebrou seu voto? – Falou um homem que era mais parecido com um modelo e que parecia pronto para fulminar qualquer um.

- Quantos anos essa criança tem? – Perguntou outro deus, enquanto vários dos outros começaram a conversar e lançar perguntas.

- Silêncio! – Zeus disse parecendo seriamente irritado. – Ártemis, o que você fez?

- Não quebrei meu voto pai. – Ela falou calmamente. – E certamente não me apaixonei.

- Por que Atena não diz nada? – Perguntou o deus que estava sentado ao lado de Zeus. – Por acaso ela sabia dessa história o tempo todo?

A deusa em questão lançou um olhar assassino para o deus e falou:

- Eu sabia, sim, que Ártemis tem um filho, mas como nenhum de vocês aceitaria a criança na época, eu e ela resolvemos mantê-lo escondido de todos.

- Nunca vamos aceitar um filho de uma promessa violada! – Gritou o deus que havia falado antes.

- Apolo, ele é seu sobrinho e eu não permitirei que você, ou qualquer um deste conselho faça qualquer mal a ele, pois ele não é filho de uma promessa quebrada!

Um deus pigarreou.

- Eu lamento discordar de você Ártemis, mas uma virgem ter um filho, é uma forma de violação do seu voto. – A deusa o calou com o olhar que lhe deu.

- Atena soube desde o momento que o estava carregando, ela sabe que nunca tive nada com homem algum, Ares! – Ela disse parecendo mais perigosa a cada palavra que falava. – E que me mantive longe dele por todo esse tempo! Mas ele não deixa de ser meu filho!

Os deuses olharam para Atena, como se esperassem que ela dissesse algo em favor da outra deusa.

- Ártemis ainda é donzela, como sempre foi, seu filho foi concebido como eu fui concebida por meu pai. – A deusa disse e Caleb percebeu que todos estavam custando a acreditar naquela história.

Zeus balançou a cabeça, parecendo incrédulo.

- Todos sabem que somos capazes de gerar um filho sem termos relações diretas com seres humanos. – Atena continuou e até mesmo Caleb parecia convencido pela forma com ela apresentava seus argumentos. – Meus filhos nascem dos pensamentos meus e de seus pais mortais, e mesmo assim vocês não parecem escandalizados com esse fato. Ártemis é donzela, isso é indiscutível. Seu filho é fruto de um voto tecnicamente violado.

Os deuses concordaram levemente, os argumentos da deusa da sabedoria eram fortes.

- Mas um semideus como ele é um perigo, como podemos ter certeza de que ele não pode ser usado contra nós? E porque o manteríamos vivo? – Disse o deus que era parecido com um modelo. Apolo.

- Meu pai. – Ártemis disse e Zeus fez um sinal para ela continuar. – Eu peço que dêem a Caleb uma missão. Se ele fracassar, eu o darei ao senhor, o destino dele estará em suas mãos.


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Notas finais do capítulo

E então? Reviews?



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