O Filho De Ártemis escrita por Marina Leal, DiasLuiza
Notas iniciais do capítulo
bem, eu só queria pedir que os leitores fantasmas dessem o ar da graça em pelo menos um comentário, mesmo.
Boa leitura
Ele ouviu um barulho na entrada da tenda e viu sua mãe e Ártemis conversando pelo reflexo do espelho, elas pareciam muito concentradas qualquer que fosse o assunto que discutiam.
Sua mãe gesticulava bastante, mas a deusa fez um leve sinal e ela se acalmou. Ele só havia pegado uma palavra entre as várias outras sussurradas: Caçada.
Ele se virou para as duas que pareceram surpresas em vê-lo acordado.
– Ele se desenvolveu bastante nesses poucos dias, não é mesmo minha senhora? – Layla disse com admiração para ele, que corou sob o elogio.
– Eu vejo. – A deusa disse e olhou para a expressão de Caleb. – Você parece assustado.
Ele engoliu em seco e voltou-se para o espelho novamente, ainda não acreditando que era ele ali.
– O que houve comigo? – Ele sussurrou e sentiu duas mãos em seus ombros. Sua mãe.
– Seu corpo é preparado para se adaptar à sua condição de semideus, querido. Por isso se desenvolveu tão rapidamente em tão pouco tempo. – Ela disse o tranquilizando. – Relaxe está bem?
Ele assentiu e olhou para Ártemis, que observava a cena serenamente, como se não fosse sua mãe também e não tivesse nenhuma responsabilidade em relação a ele ou se importasse que outra mulher cuidasse dele, então o anel em seu dedo esquentou e ele se sentiu culpado. Ártemis se preocupava com ele sim, apenas não se sentia como sua mãe no sentido prático.
– Layla está certa. – A deusa disse ainda olhando para o rosto da mãe dele.
– O que vocês estavam conversando? – Caleb perguntou, mas desejou rapidamente ter segurado sua língua, pois as duas enrijeceram.
– Nada importante. – Ártemis disse em tom casual. – Apenas detalhes.
Ele as encarou por um momento, então deu de ombros, se elas não queriam contar, ele não podia fazer nada.
– Venha, tenho poucas horas para ficar com você, então vamos aproveitar ao máximo para treinar. – A deusa disse e ele pôde sentir os músculos doendo em antecipação, mas conseguiu manter a expressão inalterada.
Nada o irritava mais que reclamações e caretas, e essa característica ele tinha total certeza ter vindo de Ártemis. Ele forçou um sorriso e pegou seu arco.
– Não, treine com a espada hoje. – Ela falou e ele assentiu e largou o arco.
A deusa saiu da tenda e ele a seguiu, sua mãe logo atrás dele.
– Caleb. – Ela disse e ele se virou para ela, em suas mãos estavam alguns objetos que ele não reconheceu. – Isso é uma armadura.
A expressão dele passou de surpresa para compreensão.
Ela o ajudou a encaixar cada tira no lugar, o ensinando rapidamente enquanto a deusa esperava pacientemente, com as facas em punho.
– Uau, isso pesa! – Ele disse surpreso para a mãe. – Para quê tudo isso?
– Lady Ártemis acredita que você está se saindo bem, então agora ela pode começar a pegar um pouco mais pesado com você. – A mãe dele sorriu travessamente. – A armadura é uma precaução, só isso.
Ele assentiu, seu rosto sério. Havia entendido muito bem a parte do “pegar mais pesado”, sim, precaução nunca é demais. Ele se voltou para a deusa que fez um gesto para ele se aproximar.
Caleb retirou o anel e o lançou para cima, em dois segundos ele tinha uma espada em sua mão.
– Muito bom! – A voz da deusa mostrava sua aprovação assim como seu rosto, mas dava para ver por seus olhos que ela estava focada. – Podemos?
Ele se colocou em posição e começaram a treinar. Parecia que ele estava lutando contra um exército inteiro, mas apenas tinha tempo para desviar os golpes e quando ele tentava estudar o modo como a deusa atacava. Às vezes ataque frontal, às vezes lateral, mas ele não conseguiu encontrar um padrão nos ataques dela, algumas vezes ela era sutil e ágil como uma cobra em outras ela era mais agressiva e firme como um leão.
Eles travaram as lâminas por cinco minutos na primeira vez e numa falha do bloqueio da espada as adagas da deusa estavam uma no seu pescoço e outra na base das suas costas, respectivamente.
Ele sabia que ela era capaz de derrotá-lo como uma mosca, mas aquilo era um treino e Caleb notou que estava aprendendo bastante.
– Vamos de novo. – A deusa disse e retirou as facas de caça da garganta e das costas dele.
Dessa vez ele estava mais focado e foi capaz de aplicar alguns golpes, nenhum fatal em uma luta de verdade, mas ainda assim foi satisfatório para ele.
Eles passaram quinze minutos dessa vez, e em um descuido dele a deusa deu uma rasteira e colocou ambas as facas do lado do seu pescoço.
Ela sorriu e levantou-se antes de oferecer a mão para ajudá-lo a se levantar.
– Esse último golpe não foi justo. – Ele disse enquanto ela o passava um copo com água.
– Lembre-se de uma coisa Caleb. – A deusa disse seriamente. – Nem sempre seu adversário vai ser tão digno quanto você.
Ele assentiu e olhou em volta a procura da mãe.
– Layla estará de volta em pouco tempo, não se preocupe. – Ela disse ao ver os olhos dele procurando ao redor.
– Aonde ela foi?
– Ver se vocês podem partir em segurança. – A deusa disse e ele suspirou.
– Você precisa mesmo ir? – Disse baixinho.
– Sim. – Foi a resposta que ele recebeu.
– Minha senhora? – A voz de Layla chegou até eles antes dela e ele se virou na direção dela.
– Está tudo certo Layla? – A deusa perguntou.
– Sim, podemos partir imediatamente se assim quiser. – A ninfa respondeu.
– Muito bem. – Ártemis disse olhando para ela.
Depois do reencontro com a deusa sua mãe não parecia mais a mesma. Caleb pensou, agora ela usava jeans e uma parca prateada.
Talvez seja a roupa que as Caçadoras usam. Disse a si mesmo.
– Pegue as mochilas dentro da tenda Layla, a partir de agora vocês precisarão se ajudar até que eu conte a verdade ao conselho.
– Sim minha senhora.
A deusa se voltou para Caleb, seus olhos dourados parecendo perturbados.
– Adeus meu filho, somente as Moiras sabem quando eu o verei novamente.
Ele tentou não se sentir triste quando sua mãe o passou a mochila prateada e a jogava aos ombros.
– Vão agora. – Ela disse e eles se afastaram, ele olhou para trás quando estavam a alguns metros de distancia e olhou nos olhos da deusa que era sua mãe.
– Ainda sentirá orgulho de mim. Mãe. – Ele disse baixo e decidido e ela assentiu como se tivesse ouvido e concordasse com ele.
– Sei que terei. – Ela murmurou e começou a desarmar acampamento depois que sua Caçadora e seu filho sumiram entre as árvores.
*****
– Mãe? – Caleb perguntou hesitante depois de algumas horas de caminhada.
– Sim querido? – Ela disse enquanto lia um mapa com atenção.
– Para onde estamos indo?
– Passaremos alguns dias em Detroit, depois vamos para Cincinnatti. E se o plano de Lady Ártemis der certo vamos para a Filadélfia, depois para Nova York e daí para o acampamento. – Ela passou o dedo mostrando o caminho que eles iriam percorrer e ergueu os olhos para estudar sua expressão. – Por que pergunta?
– Hum, como vamos ir para Detroit? Não temos dinheiro mãe. Como vamos sair de Chicago?
– Não se preocupe com isso querido, temos algumas semanas até o equinócio de outono, que é quando sua mãe contará sobre sua existência para os outros deuses, até lá espero já estarmos na Filadélfia. – Ela disse tranquilamente e Caleb fez as contas.
– É um mês até o equinócio. – Ele refletiu para si mesmo. – É, parece ser tempo o suficiente.
– Se nenhum monstro atacar. – Ela falou baixinho, mas Caleb ouviu.
– Como assim?
– Porque você acha que sua mãe vai arriscar tudo para que você vá para o acampamento?
Ele franziu a testa, não havia pensado nisso.
– Ela sabe que aqui fora os perigos para você serão maiores e... – Ele notou os olhos de sua mãe se arregalarem ao olhar sobre o ombro dele. – Corra Caleb! – Ela falou e o empurrou na direção oposta, mas ele viu do que ela estava com medo. – Eu disse para correr!
Ele firmou o queixo e disse:
– Não, vamos lutar juntos, não vou te deixar sozinha! – Ela o encarou, parecendo surpresa por um instante.
– Muito bem. – Disse e se armou com um arco que surgiu do nada. – Pegue o seu arco, lembre-se do que sua mãe disse, evite usar a espada.
Ele assentiu e ajeitou o arco rapidamente com uma flecha pronta para ser atirada.
O homem ergueu a mão na direção dele e fez sons estranhos, como castanhola sendo batida e Caleb mirou bem no ponto entre seus olhos por baixo do capuz que ele usava.
Não force os músculos demais, senão a flecha receberá toda a tensão e será necessário um novo tiro. A voz da deusa voltou até ele, que relaxou os ombros e lançou a flecha com precisão, o monstro gemeu de dor e surpresa e se desfez em poeira amarelada.
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