O Filho De Ártemis escrita por Marina Leal, DiasLuiza


Capítulo 32
Iole ou Alícia?


Notas iniciais do capítulo

leiam as notas finais



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POV: Caleb

Caleb teve uma ótima noite. Era bom dormir em uma cama de verdade e sem se preocupar em ser atacado por monstros. Nem sonhos.

Na manhã seguinte Quíron reuniu o conselho de guerra, mais Steve e Alícia. Todos os semideuses se reuniram em torno da mesa de pingue-pongue na sala de jogos e Caleb notou que vários lançavam olhares de esguelha para Iole, principalmente os garotos. Penélope, o Oráculo, parecia preocupada.

– Então. – Quíron começou e todos se calaram. – Conte-nos como foi a missão Caleb.

Todos olharam para ele, que se mexeu desconfortável com a repentina atenção e começou a narrar os acontecimentos, algumas vezes Iole, Steve ou Alícia interrompiam para complementar as partes que ele esquecia. A história toda só levou 15 minutos para ser contada, mas quando acabou todos ficaram em silêncio.

O primeiro a fazer algum movimento foi Quíron. Que levou a mão, com três dedos em forma de garra sobre o coração. Um antigo gesto para afastar o mal.

– Então a causa de todos os males que nos afetam recentemente é Érebus?

Caleb assentiu e viu que Iole fez o mesmo.

– Estivemos com ele, eu e Caleb. – Ela falou e todos olharam para ela, ignorando alguns olhares irritados ela continuou: - Ou pelo menos uma pequena parte dele.

– Quíron, será que isso tem a ver com o fato de Helena ter fugido? – Falou de repente uma garota que Caleb não reconheceu, mas ao que tudo indicava era uma filha de Afrodite. A maquiagem perfeita e o perfume enjoativo que a garota exalava não deixavam margem para erro.

Ela era bonita, isso Caleb não negava, mas não parecia natural. Não como Alícia e Iole (N/A: eu ouvi dizer que os garotos gostam mais de garotas ao natural, meninos, por favor, me digam se é verdade).

– Espera aí. – Alícia falou interrompendo os devaneios de Caleb. – Quem é Helena?

Caleb percebeu que era um assunto delicado pela forma tensa como todos reagiram.

– Uma filha de Poseidon. – Respondeu lentamente a antiga conselheira de Caleb, Nattaly. Ele percebeu que a garota olhou para Quíron como se pedisse autorização para continuar falando. – Ela chegou há dois dias. Era reclusa, não falava com ninguém, aparecia nos treinos e mandava muito bem. Mas fora isso ninguém sabia como ela era. E na manhã do mesmo dia que vocês chegaram ela sumiu, achamos que ela fugiu para não cumprir a missão destinada a ela.

Depois que a filha de Hermes parou de falar houve um silencio incomodo.

– Como é o nome completo dessa garota? – Alícia perguntou de repente e Caleb percebeu algo estranho em sua voz além de curiosidade. Medo.

– Helena Watson. – A irmã dela respondeu prontamente e Alícia ficou ainda mais tensa. – Por quê? – Nattaly perguntou percebendo que a Alícia não estava bem.

– Helena Watson é o nome da minha prima que sumiu do hospital quando era bebê. – Alícia falou, sua voz não mais alta que um sussurro. – Minha mãe me falou que ela não havia pegado a menina para criar porque não permitiram, ela já possuía um bebê especial para cuidar.

Os semideuses se entreolharam com preocupação e Quíron limpou a garganta.

– Bem, vou tentar fazer algumas pesquisas sobre isso, por hora não temos mais informações e não podemos fazer nada. – Ele falou tentando tornar o clima mais leve. – A não ser a cerimônia de queima da mortalha. Conselheiros, reúnam seus campistas. O conselho de guerra está suspenso.

*****

Queimar a mortalha foi divertido para Caleb, como não possuía companheiros de chalé, os filhos de Apolo se ofereceram para o trabalho. Eles pegaram um lençol velho e escreveram vários insultos por todo ele. Mas Caleb não ligou, na verdade os entendia. Já a mortalha de Alícia era linda. Feita de seda verde-água com um caduceu ricamente bordado.

Assim que terminaram a cerimônia Quíron deu aos campistas 10 minutos de folga antes de voltarem aos treinos diários. Sem ter o que fazer, Caleb se dirigiu à praia. Sentou em um dos vários bancos de areia e se concentrou na situação que precisava resolver enquanto fitava o estreito de Long Island e as pequenas ondas que lambiam o chão da praia.

Alícia ou Iole? Pensou objetivamente tentando se decidir.

Não era justo que as fizesse esperar, quanto mais tempo ele demorasse, mais esperanças falsas criava em uma delas. E ele não suportava a ideia de magoar nenhuma das duas.

Então lembrou de Alícia e de todos os momentos que tiveram juntos no acampamento e durante a missão. Antes da busca ele não a via como nada além de amiga, mas agora...

Caleb sacudiu a cabeça. Alícia era só uma parte da equação. E Iole era a outra.

Quando seus pensamentos se voltaram para as lembranças que tinha da filha de Hera, Caleb deu uma risada. Não havia garota mais confusa que ela. Mas nunca haveria no mundo outra pessoa que o entendesse mais. Nem Alícia o entendia como Iole. Mesmo que o conhecesse há muito mais tempo.

Ele sentia que estava chegando perto de uma resposta, agora só precisava entender o que sentia. Fechou os olhos e imaginou duas situações.

Em uma delas ele estava com Alícia, namorando a filha de Hermes, conversando e rindo. Ele estava feliz, ela seria uma boa namorada, mas para ele faltava algo.

Então se imaginou com Iole, de mãos dadas com ela na praia do acampamento, conversando sobre pequenas coisas, bobagens. Seus lábios se encontrando como na primeira vez.

E nesse momento ele soube que escolha seu coração havia feito.

*****

Durante o jantar Caleb mal se concentrou nos avisos de Quíron e do sr. D. Estava ansioso para falar com ela, tanto que quase não comeu, empurrou metade da comida no braseiro de bronze antes de voltar para a mesa oito.

O jantar nunca foi um evento tão demorado para Caleb, mas finalmente acabou e todos se preparavam para ir ao anfiteatro.

– Caleb, você vem? – Alícia perguntou quando viu que ele não havia levantado.

– Vou, só... tenho que resolver uma coisa aqui, é rápido. – Ele respondeu evitando o olhar dela.

– Está bem. – Caleb a ouviu dizer antes de se afastar com os outros filhos de Hermes.

– É agora. – Caleb murmurou e levantou, suas pernas tremiam enquanto se encaminhava para a mesa que Iole ainda ocupava. Ele tocou no ombro dela, já que a garota estava de costas.

– Ai Caleb! Que susto! – Ela exclamou ao sentir a mão do garoto em seu ombro.

– Desculpe. – Ele murmurou. – Iole, hum, será que podemos conversar?

A garota olhou para ele.

– Acho que sim, o que deseja? – Ela perguntou parecendo magoada enquanto se levantava. – Se é sobre você gostar da Alícia e querer ficar com ela, tudo bem, eu entendo! Pode ir para lá com ela!

Caleb ficou surpreso com a abordagem sem rodeios da garota. E ainda mais surpreso pelas conclusões que ela havia tirado.

Ela realmente acreditava que ele havia escolhido Alícia? Mesmo? Mas ele não estava ali com ela e não com a filha de Hermes?

Caleb sacudiu a cabeça, nunca ia entender a mente feminina, só mesmo uma mulher para tornar uma situação tão simples em um bicho de sete cabeças. E o pior (ou melhor?): Estava completamente apaixonado por ela.

– Iole, espera! – Ele falou segurando o braço dela quando percebeu que a garota havia começado a se afastar. – Calma! Não é isso o que eu quero te dizer! Será que você pode olhar para mim?

A filha de Hera respirou fundo antes de se voltar para ele e Caleb viu que algumas lágrimas haviam caído por suas bochechas.

Ele pegou a mão dela suavemente com uma das suas e enxugou o rosto de Iole com a outra.

– Eu não escolhi ficar com a Alícia. – Caleb falou baixinho e acariciou o rosto da garota enquanto aproximava o dele. – Ela me conhece bem, mas não igual a você.

– Caleb. – Ele ouviu a garota sussurrar e agora já estavam testa com testa. – Não faz isso...

– Psiu! – Ele pediu sabendo que se não terminasse o que estava fazendo acabaria perdendo a coragem e talvez nunca fizesse. – Ainda não acabei.

A filha de Hera sorriu e Caleb pensou que ela ficava mais linda dessa forma. Era agora então.

– Iole. – Ele murmurou e olhou nos olhos dela, que pareciam brilhar a cada segundo que passava. – Eu escolhi você, eu quero ficar com você, namorar você. E você, quer namorar comigo?

Caleb não esperou a garota responder, a abraçou com força e a beijou da mesma forma que haviam se beijado na mansão de Érebus. Mas dessa vez ele sentiu a diferença. Beijar a pessoa que você escolheu para si era uma sensação surreal. Era único e incrivelmente forte. Não havia forma de descrever.

– Sim. – Ele a ouviu murmurar quando soltou os lábios dela por um breve momento antes de beijá-la novamente.

Somente quando ouviu os passos apressados de volta ao refeitório é que ele soltou Iole e a olhou. E ficou um tanto surpreso. A garota estava envolta em uma aura rosa e ele também.

– O que é isso? – Ele perguntou e olhou ao redor. Cada semideus no acampamento olhava para os dois semideuses com um ar chocado.

– Eu nunca havia presenciado isso. – Uma garota cochichou nervosamente para outra ao fitar Caleb e Iole com espanto. – A benção da mamãe.

Então alguns poucos semideuses se aproximaram e ajoelharam perante Caleb e a garota.

– Sejam felizes, Caleb e Iole. O mais novo casal abençoado de Afrodite.


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Notas finais do capítulo

para aqueles que shipparam Calícia, mil desculpas, e para aqueles que shipparam Ioleb, aqui está. Esperamos que gostem, beijos e até amanhã com o final (buá buá buá).



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