O Filho De Ártemis escrita por Marina Leal, DiasLuiza
Notas iniciais do capítulo
dois capítulos para compensar pela imensa demora
- O que foi? – Ela perguntou enquanto ele olhava para ela.
- Você tem certeza que quer ir comigo?
Iole suspirou e se dirigiu pela rua indo em direção a cidade enquanto deixava ele para trás.
- Ei! – Ele gritou e colocou a mão no ombro dela. – Você não acha estranha uma coisa?
Ela voltou seu olhar para ele.
- O quê? – Disse um tanto na defensiva.
- O nosso quase encontro com a Lâmia foi o mais perto que estivemos de encontrar um monstro durante essa viagem inteira.
A garota franziu a testa e seus olhos pareceram confusos por algum tempo.
- É verdade.
Então ele baixou os olhos.
- Bem, talvez tirando a vez que eu deixei Alícia presa...
- Não foi sua culpa Caleb. – A garota disse em tom firme e voltou a andar. – Não se preocupe, eu vou ajudar você a salvar a sua namorada.
Ele sentiu o rosto quente e tentou pensar em algo para dizer.
- Ela não é minha namorada! – Ele disse, mas Iole já estava bem à frente e não parecia ligar se era verdade ou não o que ele dizia.
- Vamos filho de Ártemis, temos uma carona para pegar e apenas um dia e meio para salvar a sua namorada e o Senhor dos Céus, não é muito tempo, então eu realmente espero que a nossa sorte de não toparmos com monstros continue. – Ela falou enquanto andava e ele suspirou.
- Garotas são seres complicados. – Murmurou e se perguntou como sua mãe conseguia conviver com muitas garotas por perto enquanto ia atrás da filha de Hera.
Salina talvez fosse um lugar bonito, com casas bem cuidadas e belos jardins, mas Caleb não conseguiu admirar as coisas por muito tempo. Vários pensamentos rondavam sua mente, perguntas que ele não conseguia responder.
- Como foi que eles sabiam onde deixar o recado para você? – A garota falou de repente depois de andarem por um tempo e ele congelou no lugar.
- Não sei. – Caleb disse devagar enquanto pensava em uma resposta melhor.
Passaram o restante da viagem em silencio até que Iole fez com que ele pedisse carona para um casal que por sorte estava indo para Kansas City.
A mulher era tagarela e o homem parecia um tanto envergonhado, mas eles conseguiram se virar bem até chegarem à cidade. Eles desceram do carro assim que entraram nos limites da cidade e Caleb olhou em volta.
Havia uma pequena mata ao lado e a cidade do outro, de repente uma flecha passou zumbindo ao lado da orelha dele e se prendeu numa árvore próxima, contendo um pedaço de papel, Caleb olhou para Iole, que parecia em choque e leu o recado em voz alta.
- Vá para Burr Oak Woods, estaremos esperando você lá.
A garota voltou os olhos dourados para ele.
- Caleb, alguma coisa não está certa.
Ele tinha que concordar com ela. Algo estava muito estranho ali.
- Isso é uma armadilha. – Ela continuou e ele sentia que ela estava falando a verdade.
- Eu sei, mas não posso deixar Alícia presa novamente e fugir, isso seria... covardia. – Ele baixou a cabeça.
Iole trincou os dentes e empinou o queixo.
- Deixa que eu vou. – Disse e Caleb ergueu os olhos para ela.
- Por quê? Você nem a conhece.
- Mas ela é importante para você, e para mim é o bastante. Não se preocupe, é só você me seguir, seus instintos de camuflagem são melhores que os meus. Então você se esconde e se algo ruim acontecer, você aparece e ajuda a mim e a ela. Simples. – A garota disse com um sorriso e ele retribuiu.
- Você é louca, mas vou confiar no seu plano.
- Muito bem, vamos então.
*****
Eles se esgueiraram por entre as árvores mais densas do bosque e chegaram a um lugar bem afastado, onde havia uma pequena clareira com um círculo de pessoas fortemente armadas. Caleb procurou freneticamente por Alícia, mas não a viu. Então a garota apontou para algo.
- Caleb, ali. – Ela sussurrou apontando para o um grupo mais afastado do centro da clareira. – É ela não é?
Ele assentiu e então Iole praguejou em grego antigo.
- O que foi? – Ele perguntou tenso.
- Olhe novamente Caleb. – Iole disse com seu olhar fixo em um ponto mais abaixo do rosto de Alícia. Então Caleb viu, no braço da filha de Hermes uma pulseira metade prateada e metade dourada repousava calmamente.
- O que é aquilo? – Ele perguntou.
- É uma pulseira da ilusão, criada por Hécate, a deusa da magia, ela vai ver tudo distorcido enquanto a estiver usando.
- Como assim? – Caleb disse ainda fitando Alícia parada, olhando ao redor, alerta.
- Ela irá nos ver como monstros, como inimigos. É a mágica da pulseira, aqueles que a encontram podem manipular a mente de qualquer um e fazer com que o ser manipulado veja somente o que eles querem. – Iole sussurrou para ele.
- Mas como não existem mitos sobre isso?
Iole o fitou sombriamente.
- Minha mãe junto com os outros deuses roubou as quatro pulseiras que Hécate havia feito e a fizeram jurar por todas as coisas sagradas que ela não iria fazer mais nenhuma. Ninguém deveria saber da existência delas, a não ser eu... – Ela parou de falar rapidamente e fitou a filha de Hermes. – Mas pelo visto nossos inimigos descobriram a existência das pulseiras e isso claramente não é bom.
- O que faremos? – Caleb olhou pela clareira.
- Eles não me conhecem, temos uma vantagem sobre eles, mas não gosto das nossas chances. – Ela pensou por um instante. – Procure o outro que está com a pulseira, quem a está controlando. Há um meio de tirá-las, mas precisaremos das duas.
Os olhos da garota varreram os braços de todos no campo, mas nenhum estava com a pulseira. Caleb olhou em desespero para Iole.
- Eu realmente não queria fazer isso. – Ela falou baixinho, com uma expressão intensa antes de olhar para ele. – Pode ser que eu não volte, então, adeus Caleb.
- O que você vai fazer? – Ele perguntou.
- Serei uma distração, espero que você seja bom com a espada. – Ela pausou por um momento. – Irei afastar o máximo deles comigo, mate alguns dos que ficarem com suas flechas, se não adiantar, lute com a espada e salve Alícia.
- Não, você não pode! Já viu quantos eles são? Mesmo que metade siga você, ainda serão muitos.
A filha de Hera sorriu.
- Não se preocupe, tenho meus truques. – Disse e se afastou rapidamente dele.
Caleb ficou sem saber o que fazer, até que um som invadiu a área ao redor, parecia um animal grande.
- Iole. – Ele murmurou e sorriu ao ver que algumas das pessoas que estavam ali correram para ver o que era o barulho, entraram na mata e não voltaram mais.
Logo mais deles estavam saindo rapidamente, ficando na clareira somente Alícia e outros seis. Caleb pegou as flechas que ia precisar. Fez pontaria e lançou as flechas rapidamente. Seis corpos caíram no chão, sobrando apenas a garota que se colocou em posição, a espera do inimigo.
Então Caleb se armou com a espada e saiu do abrigo das árvores e seu olhar encontrou o de Alícia.
- Alícia, sou eu. Caleb. – Ele disse se aproximando lentamente.
- Não pode me enganar monstro! Fique aí onde está! – Ela falou, os olhos brilhando de raiva e medo.
Caleb ficou sem saber o que fazer, então a filha de Hermes o atacou.
Ela era rápida e ágil, em poucos movimentos já quase o havia ferido duas vezes, mas apenas porque ele não queria machucá-la. Na terceira tentativa ele não teve tanta sorte e a espada da garota acertou suas costelas e ele trincou os dentes para segurar a dor e continuar lutando.
Ela atacava e ele fazia o melhor para bloquear.
- Alícia, sou eu. – Ele tentava argumentar, mas ela continuava o atacando repetidas vezes.
Com uma rasteira inesperada ele foi ao chão, a espada voou para fora de seu alcance e ele não poderia, mesmo que quisesse, lançar uma flecha para se salvar.
Alícia ergueu a espada, mas não completou o movimento. Algo atingiu sua cabeça por trás e ela desmaiou, largando a espada e caindo no chão.
Caleb procurou ao redor e viu dois vultos se aproximando.
- Ela o atingiu, precisamos parar esse sangramento logo, graças aos deuses não foi um ferimento grave. – Disse uma voz de garoto. – Ela está desacordada, precisamos aproveitar esse tempo para prendê-la.
- Caleb? – Era a voz de Iole, mas soava distante como em um sonho. – Caleb, você vai ficar bem, por favor, aguente firme.
Então tudo ficou escuro.
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