O Filho De Ártemis escrita por Marina Leal, DiasLuiza


Capítulo 19
Um encontro quase mortal com Alícia


Notas iniciais do capítulo

dois capítulos para compensar pela imensa demora



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- O que foi? – Ela perguntou enquanto ele olhava para ela.

- Você tem certeza que quer ir comigo?

Iole suspirou e se dirigiu pela rua indo em direção a cidade enquanto deixava ele para trás.

- Ei! – Ele gritou e colocou a mão no ombro dela. – Você não acha estranha uma coisa?

Ela voltou seu olhar para ele.

- O quê? – Disse um tanto na defensiva.

- O nosso quase encontro com a Lâmia foi o mais perto que estivemos de encontrar um monstro durante essa viagem inteira.

A garota franziu a testa e seus olhos pareceram confusos por algum tempo.

- É verdade.

Então ele baixou os olhos.

- Bem, talvez tirando a vez que eu deixei Alícia presa...

- Não foi sua culpa Caleb. – A garota disse em tom firme e voltou a andar. – Não se preocupe, eu vou ajudar você a salvar a sua namorada.

Ele sentiu o rosto quente e tentou pensar em algo para dizer.

- Ela não é minha namorada! – Ele disse, mas Iole já estava bem à frente e não parecia ligar se era verdade ou não o que ele dizia.

- Vamos filho de Ártemis, temos uma carona para pegar e apenas um dia e meio para salvar a sua namorada e o Senhor dos Céus, não é muito tempo, então eu realmente espero que a nossa sorte de não toparmos com monstros continue. – Ela falou enquanto andava e ele suspirou.

- Garotas são seres complicados. – Murmurou e se perguntou como sua mãe conseguia conviver com muitas garotas por perto enquanto ia atrás da filha de Hera.

Salina talvez fosse um lugar bonito, com casas bem cuidadas e belos jardins, mas Caleb não conseguiu admirar as coisas por muito tempo. Vários pensamentos rondavam sua mente, perguntas que ele não conseguia responder.

- Como foi que eles sabiam onde deixar o recado para você? – A garota falou de repente depois de andarem por um tempo e ele congelou no lugar.

- Não sei. – Caleb disse devagar enquanto pensava em uma resposta melhor.

Passaram o restante da viagem em silencio até que Iole fez com que ele pedisse carona para um casal que por sorte estava indo para Kansas City.

A mulher era tagarela e o homem parecia um tanto envergonhado, mas eles conseguiram se virar bem até chegarem à cidade. Eles desceram do carro assim que entraram nos limites da cidade e Caleb olhou em volta.

Havia uma pequena mata ao lado e a cidade do outro, de repente uma flecha passou zumbindo ao lado da orelha dele e se prendeu numa árvore próxima, contendo um pedaço de papel, Caleb olhou para Iole, que parecia em choque e leu o recado em voz alta.

- Vá para Burr Oak Woods, estaremos esperando você lá.

A garota voltou os olhos dourados para ele.

- Caleb, alguma coisa não está certa.

Ele tinha que concordar com ela. Algo estava muito estranho ali.

- Isso é uma armadilha. – Ela continuou e ele sentia que ela estava falando a verdade.

- Eu sei, mas não posso deixar Alícia presa novamente e fugir, isso seria... covardia. – Ele baixou a cabeça.

Iole trincou os dentes e empinou o queixo.

- Deixa que eu vou. – Disse e Caleb ergueu os olhos para ela.

- Por quê? Você nem a conhece.

- Mas ela é importante para você, e para mim é o bastante. Não se preocupe, é só você me seguir, seus instintos de camuflagem são melhores que os meus. Então você se esconde e se algo ruim acontecer, você aparece e ajuda a mim e a ela. Simples. – A garota disse com um sorriso e ele retribuiu.

- Você é louca, mas vou confiar no seu plano.

- Muito bem, vamos então.

*****

Eles se esgueiraram por entre as árvores mais densas do bosque e chegaram a um lugar bem afastado, onde havia uma pequena clareira com um círculo de pessoas fortemente armadas. Caleb procurou freneticamente por Alícia, mas não a viu. Então a garota apontou para algo.

- Caleb, ali. – Ela sussurrou apontando para o um grupo mais afastado do centro da clareira. – É ela não é?

Ele assentiu e então Iole praguejou em grego antigo.

- O que foi? – Ele perguntou tenso.

- Olhe novamente Caleb. – Iole disse com seu olhar fixo em um ponto mais abaixo do rosto de Alícia. Então Caleb viu, no braço da filha de Hermes uma pulseira metade prateada e metade dourada repousava calmamente.

- O que é aquilo? – Ele perguntou.

- É uma pulseira da ilusão, criada por Hécate, a deusa da magia, ela vai ver tudo distorcido enquanto a estiver usando.

- Como assim? – Caleb disse ainda fitando Alícia parada, olhando ao redor, alerta.

- Ela irá nos ver como monstros, como inimigos. É a mágica da pulseira, aqueles que a encontram podem manipular a mente de qualquer um e fazer com que o ser manipulado veja somente o que eles querem. – Iole sussurrou para ele.

- Mas como não existem mitos sobre isso?

Iole o fitou sombriamente.

- Minha mãe junto com os outros deuses roubou as quatro pulseiras que Hécate havia feito e a fizeram jurar por todas as coisas sagradas que ela não iria fazer mais nenhuma. Ninguém deveria saber da existência delas, a não ser eu... – Ela parou de falar rapidamente e fitou a filha de Hermes. – Mas pelo visto nossos inimigos descobriram a existência das pulseiras e isso claramente não é bom.

- O que faremos? – Caleb olhou pela clareira.

- Eles não me conhecem, temos uma vantagem sobre eles, mas não gosto das nossas chances. – Ela pensou por um instante. – Procure o outro que está com a pulseira, quem a está controlando. Há um meio de tirá-las, mas precisaremos das duas.

Os olhos da garota varreram os braços de todos no campo, mas nenhum estava com a pulseira. Caleb olhou em desespero para Iole.

- Eu realmente não queria fazer isso. – Ela falou baixinho, com uma expressão intensa antes de olhar para ele. – Pode ser que eu não volte, então, adeus Caleb.

- O que você vai fazer? – Ele perguntou.

- Serei uma distração, espero que você seja bom com a espada. – Ela pausou por um momento. – Irei afastar o máximo deles comigo, mate alguns dos que ficarem com suas flechas, se não adiantar, lute com a espada e salve Alícia.

- Não, você não pode! Já viu quantos eles são? Mesmo que metade siga você, ainda serão muitos.

A filha de Hera sorriu.

- Não se preocupe, tenho meus truques. – Disse e se afastou rapidamente dele.

Caleb ficou sem saber o que fazer, até que um som invadiu a área ao redor, parecia um animal grande.

- Iole. – Ele murmurou e sorriu ao ver que algumas das pessoas que estavam ali correram para ver o que era o barulho, entraram na mata e não voltaram mais.

Logo mais deles estavam saindo rapidamente, ficando na clareira somente Alícia e outros seis. Caleb pegou as flechas que ia precisar. Fez pontaria e lançou as flechas rapidamente. Seis corpos caíram no chão, sobrando apenas a garota que se colocou em posição, a espera do inimigo.

Então Caleb se armou com a espada e saiu do abrigo das árvores e seu olhar encontrou o de Alícia.

- Alícia, sou eu. Caleb. – Ele disse se aproximando lentamente.

- Não pode me enganar monstro! Fique aí onde está! – Ela falou, os olhos brilhando de raiva e medo.

Caleb ficou sem saber o que fazer, então a filha de Hermes o atacou.

Ela era rápida e ágil, em poucos movimentos já quase o havia ferido duas vezes, mas apenas porque ele não queria machucá-la. Na terceira tentativa ele não teve tanta sorte e a espada da garota acertou suas costelas e ele trincou os dentes para segurar a dor e continuar lutando.

Ela atacava e ele fazia o melhor para bloquear.

- Alícia, sou eu. – Ele tentava argumentar, mas ela continuava o atacando repetidas vezes.

Com uma rasteira inesperada ele foi ao chão, a espada voou para fora de seu alcance e ele não poderia, mesmo que quisesse, lançar uma flecha para se salvar.

Alícia ergueu a espada, mas não completou o movimento. Algo atingiu sua cabeça por trás e ela desmaiou, largando a espada e caindo no chão.

Caleb procurou ao redor e viu dois vultos se aproximando.

- Ela o atingiu, precisamos parar esse sangramento logo, graças aos deuses não foi um ferimento grave. – Disse uma voz de garoto. – Ela está desacordada, precisamos aproveitar esse tempo para prendê-la.

- Caleb? – Era a voz de Iole, mas soava distante como em um sonho. – Caleb, você vai ficar bem, por favor, aguente firme.

Então tudo ficou escuro.


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Notas finais do capítulo

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