Fale O Que Quiser Mas Sou Uma Garota escrita por Risadinha


Capítulo 100
Especial de 100 capítulos


Notas iniciais do capítulo

Olááááhhhhh!!! O povo mais lindo que eu, nunca, vi! Hoje, como eu havia dito, estarei postando um capítulo especial porque... CHEGAMOS A 100 CAPÍTULOS! Palmas, por favor. Se você está lendo isso de madrugada, no seu quarto escuro com apenas a tela do celular ligada para iluminar, bata palmas, o mais alto que puder; não tem problema se seus pais acordarem assustados, fale para eles que é um momento muito especial para essa fic kkkkkk
Mas falando sério, deixarei para as notas finais o meu discurso muito emocionado, então, favorzinho, leiam após terminar de ler o capítulo.
Sobre o que se trata esse capítulo? Ele é como se fosse um filler, não é uma continuação direta do último capítulo lançado. A história é bem aleatória, decidi fazê-la com muito carinho, por mais que eu esperasse fazer algo melhor ;-; Só em olhar para a capa do capítulo já dá para se ver sobre o que será kekeke Algo para deixar claro antes que leiam! O momento que se passa a história desse capítulo não é na segunda temporada, e sim no final na primeira... Exatamente, antes do capítulo do baile. Então o Lass fofinho estará de volta :3 MAS, na capa do capítulo tem o Zero e o Ryan, que não irão aparecer nesse capítulo, só para deixar claro!
Ah, está chegando dia 24... Alguém sabe o que terá de importante nesse dia?
Capa: Bem... É isso que vocês veem.
Boa Leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/346733/chapter/100

 

Naquele salão, todos olhavam para uma mesma direção: A poção. Tinham acordado cedo porque Astaroth havia falado que teria uma aula muito interessante naquele dia. Ninguém se atrasou pela a curiosidade que tanto deixaram acordados a noite toda. Agora, de frente para a verdade, todos esperavam uma boa explicação.

— É bom saber que todos vocês ficaram interessados pelo o que eu disse. - Diz Astaroth com um sorriso bem largo. Algo bom não iria acontecer.

Todos SSs estavam presentes, menos Eléo que parecia ter um compromisso justamente naquela hora da manhã. Ele voltaria lá para de tarde, pelo o que souberam.

— É bom que seja importante, Astaroth. Se não, faremos questão de atormenta-lo até o final do dia. - Diz Lupus, mal humorado como sempre. Mas todos concordaram com ele em um único assento.

— Para que tanta agressividade, pessoal? Nem falei nada.

— Isso já é um motivo para desconfiarmos. - Ronan completa.

Concordaram outra vez.

Astaroth olhou nervoso para todos, esticando a garrafa com uma poção para todos verem. Finalmente ele falaria sobre o que aquilo se tratava.

— Todos vocês irão beber esta poção no final do dia, para que ela faça efeito à noite. Cada um levará um pequeno frasco da poção para tomar, entendidos?

— Sobre o que se trata essa poção? - Questiona Jin. - Não iremos tomar algo que não sabemos o que é.

— Para ser honesto, nem eu faço ideia sobre o que é. Chegou ontem pelo o correio e fiquei curioso sobre o que se trata. Deve ser algo para aumentar a força. - Dizia pensativo. - Por isso testarei em vocês.

Era de se esperar que todos olhassem ofendidos para Astaroth. Estavam sendo usados como ratos de laboratório, como cobaias. Era uma ofensa para cada um ali.

Astaroth ergueu os braços e recuou um passo quando todos se preparam para pegar suas armas.

— Isso valerá uma nota muito boa! - Grita. - Garanto.                                                                                    

Não foi o suficiente para esfriar suas cabeças nervosas, mas todos soltaram suas armas e esperaram que Astaroth continuasse sua lista de motivos para não morrer naquele momento.

— Mas para deixa-los confiantes, tomarei um pouco desta poção à noite. Se algo acontecer com vocês, acontecerá comigo também, ok?

Agora ele tinha conseguido convencer eles. Em vez dos olhares sérios, apenas a curiosidade tomava conta deles agora.

— Então vamos direto para a aula! A mesma coisa de ontem. - Dizia Astaroth girando a mão para que eles se movessem logo. - Entrego a poção no final da aula, justamente para nenhum idiota desperdiçar ela durante o treino. E sim, isso foi uma indireta muito direta para você, Sieghart!

O moreno olha ofendido quando ouve seu nome ser mencionado. Ele não se achava uma pessoa desajeitada como parecia, ele se achava muito responsável com suas coisas. Mas logo esse pensamento é esquecido quando lembra que ainda precisava entregar algumas coisas que tinha pego emprestado com seus colegas, principalmente para Dio.

Enquanto isso, mais distante do grupo, Lass ficava quieto com seus braços cruzados. Jin estava distraído demais para ir conversar com ele, que era até bom, o ninja não estava no humor de falar com alguém. Se bem que a ausência de uma certa pessoa o incomodava.

Recuou alguns passos silenciosos, pronto para ir embora daquela aula de vez. Muitas coisas eram mais importantes que estar naquele lugar.

— Não faça isso.

Para de recuar quando a mão de Astaroth para em seu ombro e o professor parando ao seu lado. Lass olhou sério e virou o rosto.

— Acho que temos coisas para conversar, não? - Fala o professor. - Faria bem para você.

— O que tem a dizer? Que vai ficar tudo bem? - Força a risada. - Acho muito difícil.

Astaroth abriu um sorriso que não respondeu muito. O professor guiou Lass para o lado de fora, andando pelo o corredor ainda com a mão em seu ombro. O ninja não gostava desse tipo de contanto com ele.

— Como você, Grandiel e eu estamos presos a Cazeaje de uma certa forma. Não posso dizer que é algo que você se acostuma, mas com o tempo fica mais tolerável. - Astaroth adquiri um tom sério. - Você pode ter deixado as chamas despertarem e ter quase matado todos, - Sente o olhar do ninja o fuzila em raiva. Não gostava quando ele mencionava aquilo. - mas ainda há muita coisa pela frente. Esse é seu problema, Lass, pensa que está sozinho em todas situações. Você não está.

— Vai dizer que eu tenho amigos para me fazer companhia? Sabe que não sou esse tipo de pessoa, Astaroth. Nunca fui. - O olha. - E você mesmo me ensinou que se eu tiver um problema, eu devo resolver.

Isso fazia muito tempo, muito mesmo. Quando encontrou Lass pela a primeira vez, Astaroth e Grandiel ficaram de cuidar e treinar o garoto. Durante esses treinos, o professor era sempre duro com suas lições, repetindo diversas vezes que Lass deveria aprender a cuidar de si próprio.

Isso explicava uma parte da frieza do ninja com os treinos. Era um hábito.

— Mas agora é diferente. - Diz Astaroth. - Você vai precisa de todo o tipo de ajuda se quiser se manter firme. As chamas não são fáceis de se lidar, como você pode ver.

— Posso conter elas como sempre fiz, sem problema. Só porque errei uma vez, não quer dizer que eu vá errar outra.

Lass sente um aperto no ombro quando Astaroth aperta com a sua mão. Observa o professor ficar sério, em um tom que poucas pessoas conheciam; Infelizmente, Lass estava no meio delas.

— Seja honesto consigo mesmo, Lass. Por que você acha que perdeu o poder das chamas?

Essa seria uma pergunta que o ninja nunca conseguiria responder com toda certeza. Antes de dormir, ele sempre tirava um tempo para tentar achar a resposta, mas como era de se esperar, ele não achava. Poderia até colocar em sua lapide quando morresse, para que todos vissem o quão fracassado ele é.

Era nisso que ele queria acreditar. Lass sabia a resposta desde o início, e sentia que Astaroth sabia também. Aquela pergunta era apenas para atormenta-lo de seu erro.

— Eu não sei.- Foi a resposta que escolheu dar.

Param de andar quando o professor o encara. Lass vira o rosto para o lado, nervoso pelas seguintes palavras de Astaroth, ou algo pior. O corredor estava vazio, todos alunos estavam em suas salas tendo aula, totalmente diferente do que o ninja fazia.

Pode relaxar o corpo tenso quando o peso de seu ombro some. Astaroth o solta, porém se colocando à sua frente.

— Você sabe onde errou, Lass. Eu sei que você é um garoto esperto e evitará de cometer o mesmo erro. Não importa como, mas é melhor se afastar disso antes que acabe virando soldado da Dona Cazeaje.

O tom frio de Astaroth parecia ser ameaçador, mas no fundo era apenas preocupação que ele sentia. Era responsável por Lass e temia que ele cometesse outro erro, a qual sabia o que era.

— Voltarei para a sala, você está dispensado por hoje. É melhor deixar você esvaziar essa mente, não é mesmo? - O rapaz assente de cabeça baixa. Astaroth põe a mão no bolso e entrega a Lass um pequeno frasco com um líquido dentro. - Você também participará, não quero ninguém faltando nisso.

O ninja olha para a poção e já sente que coisa boa não vinha. Sem escolha, pega o frasco de vez.

***

Encarando o frasco em mãos, Sieghart olhava desconfiado. Após ter recebido aquele pequeno vidrinho com a poção vermelha, em um tom rosado, o fez ficar assim pelo o resto do dia todo. A curiosidade em saber sobre o que se tratava aquilo o matava, não só ele, Jin também.

Mas no caso do ruivo, o que matava ele era Sieghart falando toda hora sobre o que poderia ser aquilo.

— Apenas tome isso de vez. - Quase gritou o lutador.

— E se isso aqui for algum veneno para nos matar? Astaroth deve está ansioso para achar outros SSs para colocar nos nossos lugares. Certeza!

Jin não expressou uma resposta para o pensamento do rapaz. Ele era incapaz de dar uma com educação, sem que o chamasse de louco ou algo pior. Apenas balançou a cabeça e se afastou antes que a loucura pegasse nele.

Sentou-se em sua cama e também pegou o frasco que Astaroth tinha dado. Uma coisa era certo, ele estava curiosa para saber o que aquilo poderia fazer com ele, mas não demonstrava isso.

— Se fosse algum veneno, teria um cheiro mais forte. - Diz Jin após ter aberto o frasco e cheirado. Era algo doce. - E também, se for mesmo um veneno, Astaroth irá morrer junto.

— Você acha mesmo que aquele cara vai tomar a poção como a gente? Duvido! Ele deve está nesse mesmo momento derramando pela a pia e rindo da nossa cara.

Sieghart tinha descrito uma cena que parecia muito com o professor. Jin quis rir, mas lembrou que ele teria que tomar aquela poção de um jeito ou de outro, senão, nada de pontos para poder passar de ano.

— Tanto faz! Se eu morrer, será dormindo! - Diz Jin.

Bebeu a poção rapidamente, sentindo um gosto doce em sua língua, que logo se tornou azedo para qualquer paladar humana. Fez uma careta bem fechada e quis cuspir a poção que não estava mais em sua boca.

— Que gosto horrível. - Fala o ruivo entre os dentes. - Deve ser mesmo um veneno.

Sieghart olhou o amigo contorcer em agonia e depois para sua poção. Não pensou duas vezes antes de tomar em um gole. No entanto, diferente do ruivo, o moreno não demonstrou sentir gosto amargo, embora sentisse.

— Interessante. - Foi tudo que falou.

— Se está querendo parece sofisticado, pode parando! - Grita Jin com os olhos lacrimejando pelo o sabor que não iria sair tão cedo de sua boca. -Tem nada de interessante nisso.

Sieghart permaneceu a sorrir enquanto levantava e ia para o banheiro. Em seguida, um barulho do rapaz querendo vomitar o que tinha acabado de tomar. Finalmente ele reagia como uma pessoa normal.

Enquanto ouvia o rapaz gritar do banheiro que sua boca queimava em amargura, Jin olhou para outra poção que tinha sobre a cama de Elesis. A garota ainda não tinha chegado, isso o deixava preocupado por um pouco. Só esperava que ela não arrumasse outro problema para faltar mais dias.

***

Pessoas comuns geralmente costumam comprar despertadores para os acordarem de manhã, mas Lass não. O rapaz possuía algum senso que sabia que horas eram mesmo dormindo, ou descansando os olhos como parecia ser. O ninja sabia que precisava se levantar para arrumar-se e ir para sua aula com Astaroth; Não a SS, e sim uma que sempre tinha antes de todos de manhã. Ninguém sabia, e pretendia deixar assim, principalmente para uma certa ruiva.

Levantou seu rosto do travesseiro fofinho e esperou que seu corpo fizesse o resto por ele. Não fez. Sentou-se na cama e se espreguiçou lentamente, pondo o pé para fora para se levantar. De tão sonolento, acabou nem percebendo quando seu corpo deslizo para fora do colchão e ele caiu diretamente no chão. Não deixou de soltar um rugido em raiva.

Ainda levantando do chão, Lass nota que seu corpo parecia um pouco pesado em uma região, mas leve em todo o resto. Seu olhar sonolento são direcionados para suas mãos, as vendo tão pequenas quanto era antes. Abriu e fechou seus dedos, percebendo mesmo que aquelas eras suas mãos. Piscou, confuso.

— Estão macias. - Sussurra ao esfregar os próprios dedos e perceber que sua pele estava sem a aspires de antes.

Demora até Lass notar algo mais importante em seu peito. Como as mãos, piscou sem entender, achando que o sono estava fazendo aquilo com ele. Como ele queria que fosse uma ilusão.

— Qu-Quê?! - Grita, ficando mais assustado ainda. Botas as mãos na boca, calando-se. Demora para voltar a falar novamente. - Minha voz. O que tá acontecendo?!

Gritou com a voz fina como uma garota. Ficou de pé em um salto e correu direto para o espelho. Ao ver seu reflexo, quase soltou um grito assustado achando que alguma garota tinha entrado em seu quarto. Mas na verdade, a garota era ele.

Aproxima seu rosto do espelho com medo de si próprio. Tocou em seu delicado rosto, os cílios maiores e a boca mais fina. Seu cabelo pesava mais quando ele batia nos ombros por estarem maiores, quase cobrindo seus grandes e brilhantes olhos. E seu corpo, era uma parte que ele não gostaria de ver. Seios fartos e quadril maior, as pernas bem torneadas e os pés tão pequenos quanto suas delicadas mãos. Tudo tinha se tornado tão frágil naquela aparência.

Menos a expressão séria e furiosa que Lass fez ao perceber de quem era a culpa de tudo aquilo.

***

Um costume que poderia ser confundido com um hábito, Astaroth acendia seu cigarro e ficava do lado da janela do salão para não ficar o cheiro. Era sempre assim, acordava cedo, colocava a primeira roupa que via, que era o pijama, saía de seu conforto e ficava naquela salão enorme e vazia à espera de Lass chegar. O ninja nunca se atrasava, o que impedia do professor acabar com o maço por inteiro. Mas naquele dia era diferente, porque Astaroth conseguiu e estranhou a demora de Lass.

Jogou o pedaço do cigarro fora e saiu da janela. Seus passos são parados ao ouvir um barulho do lado de fora. Não fica em alerta por isso, mas espera que a pessoa se revele logo.

A porta do salão é aberta com violência, a pessoa atravessando e a fechando com um chute. Astaroth ergue uma sobrancelha quando o estranho com um capuz entra no lugar e para em uma certa distância, arfando em irritação.

— Seu babaca!

O professor fica sem o que dizer ao ouvir a voz da garota. Não a reconhecia, muito menos por nenhuma garota querer o chamar assim. Ele era muito amável.

— Algum problema, senhorita? - Perguntas Astaroth em um tom doce. Ele era assim com o sexo oposto, sempre gentil.

— Tudo! Eu vou te matar, esquartejar e depois fazer tudo isso de novo.

— Como? - Começa a ficar assustado. - Eu a conheço?

A garota andou apressada até ele, parando à sua frente e levantando o rosto. Ao jogar o capuz para trás, Astaroth não deixou de gargalhar insanamente. Teve que até colocar as mãos na barriga de tanto rir.

— Estou falando sério, Astaroth. - Diz Lass com o rosto vermelho, de vergonha e raiva. - Sabe que eu nunca brinco.

— Eu... Não... Desculpa. - Dizia rindo entre as palavras. - Você está MA-RA-VI-LHO-SA! - Ele fez questão de deixar no feminino.

Lass rosna como um cachorro, parecendo mais um poddle perto de Astaroth. Até mesmo sua altura ele tinha perdido, o professor parecia uma porta perto dele.

— Cala a boca! - Grita com seu tom agudo. - Você fez isso de propósito!

Astaroth ajeita a postura quando sua risada vai diminuindo, passando a mão em seus olhos para seca-los. Levou mais algum tempo até que ele conseguisse falar normalmente.

— Eu não sabia disso. Sério. - Dizia o professor, segurando-se para não voltar a rir. - Eu disse que não sabia o que a poção fazia, então estou tão surpreso quanto você.

Lass bufa e acerta um soco no peito do rapaz, seu punho tremendo após o ataque. Recuou sua mão e a segurou com uma expressão pesada. Aquilo tinha doído, por incrível que pareça.

— É melhor você dar um jeito nisso, eu não aguento ficar desse jeito por muito tempo. Essas coisas... - Dá uma rápida olhada para os próprios seios, envergonhado. - são pesadas.

— Claro que são. - Debocha, cutucando os seios de Lass.

Seu rosto pálido ficou vermelho em instantes, recuando com os braços sobre o peito. Até acertaria outro soco no professor, mas a dor em sua mão, que persistia, não o deixou.

Sua expressão envergonhada some ao lembrar de algo. Olha para Astaroth seriamente, virando o rosto para vê-lo melhor em todos os ângulos. Após essa rápida inspeção, Lass enche os olhos de indignação.

— Por que você não está assim também?! - Exclama furioso. - Você disse que tomaria a poção também!

— Ah, eu disse? - Coçava o queixo, fingindo seu modo pensativo. - Não lembro disso.

Lass contorce seus dedos para evitar de estrangular o professor. Como podia esquecer que Astaroth era a pessoa que mais falhava em suas promessas, tudo que ele dizia era uma grande mentira. Como podia ter se esquecido disso?

— É melhor você chamar o Grandiel antes que eu cometa um crime. - Fala Lass, fazendo o máximo para não surtar. - Rápido.

— Crime maior que libera as chamas? Difícil.

— Astaroth... - Fecha os olhos e respira fundo. Mais uma palavra e Lass libertaria as chamas de propósito. Apontou para a porta. - Vai.

O professor sorriu e jogou os braços de lado, indo chamar Grandiel para resolver essa situação. Porém, antes que chegasse à porta, ela se abre e mais pessoas entram. Não ficou surpreso quando todos tinham expressões parecidas com a de Lass ao chegar.

***

De um jeito ou de outro, Grandiel foi chamado para o salão. O diretor não entendeu absolutamente nada quando Astaroth chegou em seu apartamento dizendo que algo de muito importante precisava ser mostrado para ele, que significava código rosa. O que seria um código rosa? Ele não fazia ideia. Mas parece ter entendido o que era ao chegar no salão e ver todos reunidos.

Ficou parado na porta, analisando a situação. Tinha Astaroth, normal. E garotas, anormal.

— O que está acontecendo? - Ele pergunta.

As garotas se viraram para sua direção ao ouvirem a pergunta. Nunca tinha visto elas antes, mas reconhecia o rosto de cada uma naquele local. Isso não cheirava bem.

— O babaca do Astaroth fez isso com a gente.

Grandiel olha surpreso para a garota ao lado dele. Sua expressão séria e cabelos brancos fizeram o direto quase parar de respirar.

— Lass?

— Eu mesmo. - Disse de braços cruzados, o capuz de seu casaco escondendo uma boa parte de seus cabelos.

Então foi aí que Grandiel nota que todos aqueles rostos familiares não eram à toa. Aquelas jovens e delicadas eram seus SSs.

— Astaroth fez isso com a gente! - Olha para a garota com par de chifres. Era Dio. - E é melhor ele ter alguma solução para isso antes que a gente faça ele se arrepender.

Dio tinha a mesma expressão que sempre teve, séria e rabugenta, muito mais como uma garota agora. Seus cabelos cresceram tanto que ele precisou fazer um rabo de cavalo. Seu corpo, como Lass, tinham ganhado seu toque feminino, onde ele escondia com pesadas roupas por cima.

— Concordo plenamente. - A garota haro assente com a cabeça.

Lupus parecia ser outra pessoa sua com expressão totalmente afeminada, tão delicada e fria. Os cabelos quase encostavam em seus ombros, mas bem arrumados para alguém com mau humor. Seus seios não tinham ficado tão fartos como os do irmão, porém aquilo não impedia de chamar a atenção de qualquer garoto.

Grandiel precisava se segurar em algo antes que caísse no chão. Em vez disso, andou apressado até Astaroth, o encarando em explicação.

— Eu ganhei uma poção e decidi testar neles. Aparentemente, isso que acontece. - Solta uma risada forçada.

Cala-se quando as garotas rugem ao mesmo tempo. Podiam ser belas, mas assustadoras.

— Astaroth, você ficou louco? Olha o que você fez! - Acena com a mão para todos.

— É, eu consertei a cara deles.

Lass estala com a língua, seu limite estourando. Foi correr em direção ao professor mas é parado antes mesmo de fazer. Jin se coloca na sua frente, negando com a cabeça para que ele não fizesse aquilo.

O lutador também estava querendo matar Astaroth, mas não fez. Seus cabelos ruivos tinham crescido o suficiente para baterem em sua cintura, não se importando em deixa-los soltos e bagunçados. Suas sobrancelhas que possuíam um jeito grosso, estavam finas para seu rosto delicado. Seu corpo se habituou bem aos músculos de lutador, sendo bem esbelto agora.

— É melhor você arranjar logo uma solução para isso, Astaroth. - Agora é Azin que fala, calmo para a situação. - Creio que se ficarmos aqui será um problema para o colégio todo.

Azin tinha ganhado um corpo como Jin, forte e belo. Seus cabelos pareciam ter crescido apenas dois dedos, apenas sua face ficando mais afeminada para mostrar mudança. Exceto seu sorriso sádico que não iria sair nunca.

— Isso é verdade. - Concorda Ronan. - Os outros alunos não entenderiam nossa situação.

Como seu cabelo já era longo como de uma garota, o azulado não pareceu ter muitas mudanças. Ele virou quase uma piada quando apareceu e mostrou como ficou. Tinha ganhado corpo e seu rosto ficou delicado, além disso, parecia o mesmo Ronan de sempre.

Grandiel assentiu com o que Azin disse. Garotas em seu colégio sempre não dava certo, principalmente quando essas garotas eram seus melhores alunos. Não seria bom nem para eles quanto para Grandiel. Precisava de algum lugar para escondê-los até que resolvesse o problema.

Os olhares de todos vão em direção à porta, alertados para quem fosse entrar. Ficaram aliviados quando era um conhecido, que diferente deles, não parecia ter mudado nada.

— Eu me atrasei? - Pergunta Elesis como Eléo ao entrar.

Quando entra no salão, percebe algo de diferente. Seu sono era tanto que demorou a perceber seus amigos com peitos e cabelos longos. Não disse nada, apenas ficou à espera que alguém explicasse.

— Eléo, você não foi atingido pela a poção. - Grandiel fica surpreso.

Ela ergueu o dedo para debater, mas a aproximação da garota de cabelos escuros a calou. Não recuou com a aproximação da mesma, ela era menor que a espadachim. Sieghart a encarava com seus grandes olhos prateados. Seus cabelos pretos estavam longos e ondulados, seu corpo tão chamativo que até ele mesmo adorava se olhar. Se ninguém disse, Sieghart poderia ser considerado uma diva como garota.

— Como assim você não se tornou uma garota?! Eu deixei a poção ontem para você tomar. Por acaso, você não tomou? - Dizia Sieghart com sua voz delicada.

Elesis vai explicar, mas a mão do moreno bate contra seu peito, esfregando por toda a área. Ficou assim até perceber que não tinha volume algum sobre a camisa. Recua de boca aberta.

— Que tipo de bruxaria é essa?

— Olha, eu não sei o que tá acontecendo, nem pretendo entender. - Finalmente consegue falar. - Cheguei ontem de noite e vi uma poção sobre a minha cama. Achei que fosse nada e joguei fora.

Sieghart olha mais indignado. Tenta dizer algo, mas acaba jogando seus cabelos de lado e se afastando. Parece que ele já tinha se acostumado com seu novo corpo.

— Então você... - Jin fala, tentando não dizer demais. - ainda é um garoto?

Sem usar as palavras para responder, Elesis pegou a ponta de sua camisa e a levantou. Em vez das faixas brancas que apertavam seus seios, havia apenas um peitoral reto e com músculos. O que tinha de garota ali, tinha sumido.

Jin olha surpresa, segurando-se no ombro de Lass para não cair. O ninja também não deixou de reagir, porém escondeu bem. Enquanto aos demais, só olharam com total normalidade.

— Com toda certeza. - Faz um sinal positivo com a mão.

— Ao menos uma notícia boa. - Diz Grandiel aliviado. Vira-se para Astaroth. - Então, o que fará?

— Por que vocês acham que isso é algo ruim? - É Sieghart que fala, mexendo em seus longos cabelos. - Estamos tão belas!

— Achei que fosse contra isso. - Questiona Dio cruzando os braços. Ao contrário de Sieghart, o asmodiano estava nada à vontade daquela situação.

Como em resposta, Sieghart põe as mãos nos próprios seios. Aquilo era o suficiente para entender o motivo de satisfação dele.

— Por que não deixam eles no colégio da Lothos? - A voz grave de Elesis chama suas atenções. Até mesmo nisso ela tinha mudado, o que não a fazia forçar um fingimento. - Estariam bem lá.

— Isso pode servir. - Concorda Grandiel. - Ninguém desconfiaria de nada com vocês lá.

— Você se esqueceu que é da Lothos que estamos falando, né? - Fala Astaroth trêmulo. - Ela até entenderia, mas seria muito chata se descobrisse quem fez isso.

— Você, no caso.

O professor tinha mais motivos para não ir até Lothos e contar com a ajuda dela, mas ele não conseguiu dizer quando Grandiel já falava com todos que ficariam no colégio da comandante. Astaroth até já sentia aquele olhar pegando fogo sobre ele quando chegasse lá.

Por mais que não se sentissem felizes com aquela decisão, os garotos, ou garotas, acabaram aceitando. Tudo que precisavam fazer eram pegar algumas coisas suas e esperarem por Grandiel para irem ao colégio das garotas.

— Devo ir também? - Pergunta Elesis.

— Você conhece algumas pessoas por lá, certo, Eléo? - Diz Grandiel.

— É, tenho minhas amigas. Tenho certeza que elas poderiam ajudar eles, - Aponta com a cabeça para as meninas - também informa-los de coisas sobre... garotas.

Por mais que fosse uma, Elesis não era a melhor pessoa para guia-los por aquele árduo caminho. Nem mesmo ela sabia o que fazer com seu corpo feminino, sempre ligava para suas amigas para tirar algumas dúvidas. Tudo isso por causa da sua convivência com homens desde criança.

— Não veria problema, contanto que Lothos permitisse.

Seria um pouco problemático por esse lado. Elesis ainda não teve coragem de contar a comandante sobre seu segredo, então precisaria convencê-la que como garoto, não teria problema algum em ficar no colégio dela.

Era um bom momento para rezar para as Deusas.

— Vocês ouviram, vão pegar suas coisas e ir direto para o colégio das garotas! Será problemático se os rapazes acordarem e verem um bando de garotas andando por aí. - Gritava Astaroth. - Vamos, meninas.

Ele se segurou para não rir ao chamar eles desse jeito. Na saída, recebeu um chute de Dio nas costas pelo o deboche. Logo alguém colocaria o pé na frente para ele cair, que seria a graciosa do Lupus.

Elesis não tinha tanta pressa para pegar suas coisas, então acabou sendo a última a sair do salão. Porém, é impedida pela a garota ruiva que entra na sua frente, a expressão cheia de fome por explicação.

— Que droga foi aquela? - Pergunta Jin. - Explicações, agora.

— Você está muito fofinha assim. Já se olhou no espelho? - Elesis fala sem preocupação.

O ruivo quase deu um grito para que ela levasse aquilo a sério. Mas em vez disso, correu até a porta e puxou a pessoa que estava saindo. Lass não estava muito com vontade de querer saber sobre a espadachim e seu novo corpo.

— Lass, fale alguma coisa!

— O que eu deveria falar? - Pergunta baixo, evitando de mostra seu novo tom de voz.

Jin, com sua face de óbvio, aponta para Elesis. A espadachim continuava com seu sorriso bobo no rosto, como se nada de anormal estivesse acontecendo.

— Acho que vocês querem saber como eu fiquei assim, né? - Finalmente a garota se pronuncia. - Como vocês, eu também tomei a poção. Cheguei ontem à noite e vi aquela poção sobre a minha cama, eu tomei e joguei o vidrinho fora. Quando acordei de manhã, fiquei surpresa tanto quanto vocês. - Dar de ombros. - Só disse que não tinha tomado para não parecer estranho na frente de todos.

— Surpresa?! - Jin quis rir. - Você parece bem calma para quem tem algo de novo entre as pernas!

Elesis apoia a mão no queixo, lembrando desse pequeno detalhe. Diferente dos rapazes que acordaram com algo faltando, a morena não parecia tão preocupada assim.

— É, eu tenho que descobrir como isso funciona. Alguma dica?

Jin se recusou a responder essa pergunta, enquanto Lass pretendia ir embora após isso. O ruivo o segurou.

— Por que está tão feliz? Não se sente estranha? - Pergunta o ninja, querendo muito entender o motivo de sua felicidade.

Elesis esticou os braços e deu uma volta, quase como uma dança. Se ela fosse mesmo um garoto de nascença, seria desconfiada por seu jeitinho delicado que mostrava no momento.

— Eu não sinto mais o peso, tudo está tão maravilhoso! - Dizia ela com bastante prazer. - Não preciso me preocupar com aparência ou com a roupa que vou usar, o cabelo pode ficar do jeito que acordo que ninguém se importa. E a força, sinto elas fluindo por minhas veias. É praticamente uma armadura que estou usando.

— Quê? - Jin e Lass perguntam ao mesmo tempo.

— E sem falar disso.

Deu dois passos para ficar de frente para os dois. Ergueu seus braços e apoiou suas mãos sobre as cabeças dos dois. O lutador e o ninja tiveram que levantar o rosto para olhar na cara de Elesis e entender o que ela fazia.

— Vocês são tão baixinhas. - Ela gargalha.

E lá estava a explicação de seu sorriso largo. Lembravam que Elesis sempre reclamava quando um dos dois ficavam perto dela e ela se sentia baixa. Agora, o jogo tinha virado à favor dela.

Se entreolharam e assentiram com a cabeça. Juntaram toda a força em seus delicados punhos e acertaram na barriga de Elesis. A espadachim os soltou e se inclinou com a dor. Tossiu, porém ainda rindo.

— Não achei que você fosse tão babaca assim, Elesis. - Comenta Jin.

***

Toda vez que Lire se preparava para disparar uma flecha, ela prendia a respiração e fazia uma carranca séria. Era assustador. Então deixava a flecha voar em direção ao seu alvo e acerta-lo em cheio. Era uma coisa tão fácil quanto respirar para a elfa.

Abaixou seu arco quando ouve algumas vozes ao fundo. Olhou sobre o ombro o pátio atrás dela, de longe notando um grupo de pessoas parada e Lothos se aproximando. Não tirou a atenção daquela cena, principalmente ao reconhecer Elesis com seus cabelos pretos.

— O que ela está fazendo aqui? - Pensa.

O grupo conversou com Lothos por um tempo, com a comandante se alterando de vez em quando. Quando finalmente ela parece se acalmar, vira-se e olha em volta à procura de alguém. Seu olhar cai sobre a elfa. Faz um aceno com a mão para que ela se aproximasse.

— O que eu fiz? - Murmura antes de ir até o grupo.

Quanto mais se aproximava, mais Lire via as pessoas em volta da comandante. Nota Astaroth e Grandiel, também Elesis com um sorriso enorme no rosto; Não quis saber o motivo daquilo. Porém, não foram eles que mais a incomodaram, e sim as garotas ao seu lado. Elas eram familiares... Não, ela conhecia aquelas garotas.

Para de andar para respirar fundo e, assim, chegar perto deles.

— O que está acontecendo? - Lire questiona. Os amigos de Elesis estavam muito femininos.

— Teremos hospedes novos por um tempo. Poderia ajuda-las a acharem um quarto para ficarem? - Fala Lothos.

— Eh... Mas... - Olha para a diretora, depois para os garotos que estavam como garotas agora. - Estou confusa.

— É uma longa história, querida. - Menciona Astaroth. - O que você está vendo não é uma ilusão, acredite.

Todos se viraram e gritaram para ele calar a boca. O professor soltou uma risada baixa, com medo que alguém o batesse por isso.

— Certo, então. - Diz Lire, um pouco menos confusa. - Pedirei para a Arme me ajudar.

Lothos agradece. Com o olhar, ela pede que Grandiel e Astaroth a sigam para a sua sala, para ter uma conversa em particular. Com certeza seria uma bronca em que ela daria para Astaroth e sua incompetência.

Os três se foram, Lire ficando sem jeito quando os olhares dos rapazes caíram sobre ela. Conhecia os amigos de Elesis, mas não o suficiente para conversar tranquilamente, muito menos agora que eles estavam... Assim.

— Então, gente! - A voz rouca de Elesis tira a elfa dos pensamentos. Lire a olha espantada quando a espadachim se coloca ao seu lado e percebe algo de diferente nela, como nos rapaz. - Eu conheço o colégio tão bem quanto a Lire, então eu vou levar vocês para os quartos que ficarão.

— Como assim você conhece o colégio tão bem? Por acaso já esteve aqui tantas vezes assim? - Lupus questiona, preparando-se para colocar um sorriso fino no rosto.

— Coloque do jeito que quiser, Lupus. - Dar de ombros. - Enfim, vamos logo. E não falem com as garotas, vocês são desconhecidas para elas.

Embora estivesse em um corpo daqueles, Sieghart desanimou com o aviso da espadachim. Ele realmente achou que teria alguma chance daquele jeito.

Andando adiante, Lire segurou uma parte da blusa de Elesis, chamando sua atenção.

— O que aconteceu? - Ela sussurra.

— Poção. Eles tomaram. Estão assim agora. - É breve com a explicação. Antes que a elfa continuasse, Elesis ergueu a mão discretamente e apontou para si, rindo sem jeito.

Lire olha para sua mão e depois para ela. Não demora até entender o que realmente ela queria dizer sem as palavras.

— Você também?! - Seus lábios formam essa frase sem a voz. A loira estava muito surpreso que poderia gritar naquele momento.

Elesis assente com a cabeça, sorrindo por isso. A elfa suspira, negando com a cabeça. Não acreditava naquilo, precisava achar logo Arme para fazer companhia.

— Então, - Lire menciona ao se virar para eles. Pensa em como deve chama-los, por masculino ou feminino. - gente, Lothos não deixou claro onde vocês deveriam ficar, então vou deixar cada um em um quarto com conhecidos.

— Não seria mais fácil deixar a gente em um lugar isolado, longe das outras garotas? - Sugere Jin, um pouco nervoso ao falar. - Elas não precisam saber da nossa presença.

— Algum problema para você? - Diz Azin com um sorriso largo. Lá ia ele provocar. - Tem medo das garotas?

— É cla-claro que não! - Cruza os braços e tenta evitar a vergonha em seu rosto. Como garota, Jin era uma graça. - Só acho que poderia dar problema.

— As garotas não farão nada com vocês, Jin. - Menciona Elesis. - Elas não são selvagens, como você pensa ser.

Não era bem isso que Jin estava querendo evitar, e sim outra coisa. Mesmo quando era um garoto, estar perto de Amy o envergonhava por completo, agora como garota era pior ainda. Não queria imaginar o que aconteceria quando a rosada o visse daquele jeito. Seria vergonhoso.

O ruivo ouviu passos, como todos, e ficou tenso. Quando viu que era Arme, pôde soltar seu ar pesado. Tinha achado que fosse Amy por um momento.

— Lothos disse que você queria minha ajuda. Para quê? - Antes de soltar outra pergunta, a maga olha para o grupo de garotas à sua frente. Ela demora para identificar cada uma delas e seus rostos familiares. - Isso é alguma piada?

— Arme, seja mais delicada. - Pede Lire. - E eu te chamei para me ajudar com isso. Quero que leve eles para alguns quartos para ficar. Não pergunte, apenas faça.

— Mas eu estou curiosa para saber o que aconteceu.

Um braço contorna o pescoço da maga por trás, a enforcando para se calar. Elesis não precisa nem fazer força para deixar a garota se fôlego e calada.

— Para de falar. - Diz a espadachim.

— Você quer mesmo saber o que aconteceu? - Lass se intromete. - Tomamos uma droga de poção e ficamos assim. Se tiver alguma sugestão, seria bom compartilhar agora.

Arme se solta do braço de Elesis e leva alguns segundos para recuperar o fôlego. Enquanto passava a mão na garganta, disse:

— Poção? Se eu tivesse uma amostra dela, poderia fazer outra para anular o efeito. Sou boa em fazer poções.

— Isso é verdade?! - O grupo grita junto.

Ela assente sorridente. Era uma prodígio quando se tratava de magias e poções, não existia uma pessoa que superasse Arme nesse quesito.

— Só preciso de tempo para isso. Até lá, acostumem-se com seus novos corpos. - Solta uma pequena risada no final que não agradou muito eles.

***

Lire se aproximou de cada um deles e entregou uma barrinha de cereal. Soube que eles estavam sem lanchar desde manhã, por isso de entregar algo para alimenta-los. Lothos gostaria de falar com eles em breve, então esperavam em uma parte do pátio, onde estava vazio no momento. Esperava que nenhuma garota aparecesse para questionar o que acontecia.

— Sei que pode ser egoísta da minha parte, mas o Ryan não tomou esse tipo de poção, certo? - Pergunta Lire quando entrega o lanche para Ronan.

— Por mais bobo que ele seja, ele não tomou. Sorte a dele não ter recebido um também. - Responde.

— Falando assim, parecem que foram condenados. Não é tão ruim assim ser garota.

— É, quando você nasce como uma. - Ri sem jeito. Estava sendo difícil lidar com aquele novo corpo. - Mas também não sendo egoísta, onde está a Elesis? Ela tá no colégio?

Lire para de rir aos poucos. Sentiu uma enorme vontade de olhar para Elesis, sentada no meio do grupo conversando, mas não fez.

— Ela está viajando, algo pessoal. Volta em breve.

— Entendo. - Fala desanimado.

A elfa sente um aperto no peito. Não gostava de mentir, mas era preciso se quisesse ajudar sua amiga.

Quando se afasta para entregar a última barrinha, olha em desgosto quando ver que era Lass para quem entregava. O ninja a olhou, depois ficando sério.

— O que foi? - Ele pergunta.

— Você me dá nojo. Não se sente como um pervertido estando assim?

— Não estou assim porque quero.

— Mas aposto que ficaria ao descobrir que Elesis ficou do mesmo jeito. Sei que se sentiria gay se gostasse dela no estado que ela está. - Falava tudo aquilo porque estava mais afastado do grupo com Lass, então eles não ouviriam sua conversa. - É fácil entender o que passa na sua cabeça.

Sentado no chão, Lass fica de pé bem na frente da elfa. Era horrível quando percebe que estava na mesma altura que ela, não podendo a intimidar além do seu olhar.

— Então diga o que eu estou pensando agora. - Diz sério.

— Provavelmente uma forma de me matar.

— Matar seria fácil demais. Estou mais à favor de uma tortura.

— Uh, que medo. Por que não fazemos assim, uma luta? - Apoia a mão na cintura.

Lass solta uma risada abafada.

— Sabe que perderia para o meu estado verdadeiro, então quer lutar de igual para igual. Tanto faz.

— É claro que não, seu ridículo. Lothos proibiria qualquer luta contra um garoto, por isso nunca pude te propor uma. - Levanta o queixo, olhando em desprezo. - Mas agora é outra história.

De longe, Elesis sentiu a aura dos dois se chocando. A morena olhou e rapidamente ficou desesperada pelo o que aquelas dois podiam fazer. Ficou de pé e tentou não chamar a atenção ao andar até eles, porém adiantando de nada.

— Eléo! - A voz extremamente aguda o chamou.

Nem percebeu o vulto rosa pular contra ela. Felizmente, desta vez ela não caiu com o peso de Amy, ficou de pé enquanto a jovem a abraçava fortemente. Tinha se esquecido desse outro detalhe.

— Ah, oi, Amy. - Fala Elesis entre um suspiro.

Ela soltou e olhou a espadachim com um grande sorriso e olhos brilhantes. Nunca a viu tão feliz.

—Você lembra de mim, Eléo! Que bom.

— Ótimo, agora me solta. - Apoia a mão na testa da garota e a afasta. O mais longe o possível.

Antes que Amy soltasse outro grito fino pela a presença da morena, a voz de outra pessoa interrompe. Dentre todos do grupo, apenas Dio sabia de quem era aquela voz, nada agradável para seus ouvidos.

— O que é esse bando de garotas aqui? Nunca as vi neste colégio antes!

Rey era mesmo uma pessoa delicada com suas palavras. Sem dar nenhum passo para se aproximar, flutuou até o grupo e encarou cada um deles, tentando intimidar de alguma forma. Foi assim até parar o olhar em uma garota com um par de chifres. Uma asmodiana.

— Nunca muda, não é mesmo, Rey? - Diz a garota asmodiana, que Rey ainda não tinha conhecido.

— Como ousa falar comigo assim?! - Olha indignada.

Dio soltou uma bufada para o lado antes de levantar do banco e acertar sua cabeça contra a testa de Rey. A asmodiana flutuou para trás pelo o impacto, pondo a mão no local atingido. Quando seus dedos deslizaram um pouco, uma marca vermelha estava em sua pele.

— Briga entre garotas. Oba! - Disse Sieghart em agitação.

— Não piora a situação, Sieghart. - Aconselha Ronan.

Por sorte, Dio não ouviu o comentário do rapaz, foi logo andando em direção à asmodiana. Rey tirou a mão da testa e olhou furiosa, mas sua expressão diminuindo ao reconhecer Dio. Abriu sua boca, olhou de lado e tentou ver se era uma ilusão ou não.

Não era.

— Que droga é essa, Dio?! Se travestindo só para entrar no colégio e me bater?!

— Eu não estou me traves... Que seja! E você tem nada a ver com isso! - Aponta já irritado. Uma pena estar em um corpo onde parecia sensual quando se irritava, porque se tivesse como homem, assustaria todos.

Rey olha para os outros, também como garotas. Ela realmente não sabia o que acontecia.

— Vocês são nojentos. - Fala em desgosto.

— Não diga essas coisas, Rey! - Pede Amy correndo até a asmodiana, olhando para os garotos. Não conhecia todos, mas isso não era um problema para ela. - Eles devem ter alguma explicação para isso.

Amy olha sorridente para os rapazes na espera que eles dissessem mesmo alguma coisa sobre isso. Eles ficaram em silêncio, talvez pensando se deviam falar mesmo algo sobre aquilo.

— São um bando de pervertidos, isso sim. - Rey é fria.

Um brilho chama sua atenção. Olha para baixo de seus pés e ver um selo mágico ser criado. Consegue ser rápida a tempo de voar para o alto antes que os dentes da planta carnívora pegasse seus preciosos pés. Olha irritada para Dio, quem tinha feito aquela magia. Típico dele.

— Você está pedindo então! - Grita a asmodiana.

Criou sua esfera de energia e disparou contra Dio. Azar o dela ele ter amigos que o protegeria sem que precisasse ser pedido. A garota de cabelos castanhos entrou na frente com uma faca e, com ela, rebateu a esfera de Rey. A asmodiana voou para o lado para não ser atingida pela a própria magia.

— Estamos em paz! - Grita a garota da faca, que Rey ainda desconhecia. - Não queremos confusão para o nosso lado.

— Então segure isso como pedido de desculpas!

A esfera de Rey ficou maior que da outra vez. Desta vez, não teria como rebater, percebe Dio. Ele se prepara para desviar, mas outra pessoa interfere, para sua salvação.

Com um simples toque com a ponta de sua arma, a esfera é arremessada como uma bala, indo explodir em outro canto do pátio. Rey até ficaria furiosa se fosse um dos garotos novamente protegendo Dio, mas não era.

— Rey, sabe que não é permitido briga dentro da escola. - Aquele tom de voz meigo e doce a chama atenção.

Dio olha para a garota parada ao seu lado, que era tão baixa quanto a maga que viu anteriormente. Tinha os cabelos verdes e olhos azuis com uma cruz. Ela parecia o ser mais inocente do mundo, até depositar seu pesado martelo de lado, assustando os garotos pela a força da mesma.

— Principalmente com as garotas novas. - Vira-se para Dio. - Me desculpe por ela.

— Somos garotos! - Corrige os rapazes em um só tom.

A jovem olha desentendida, procurando as palavras certas para fazer uma pergunta que respondesse a enorme dúvida que ela tinha no momento. Olhou para Rey, que pousava de volta ao chão.

— Holy, é melhor se afastar antes que a doença deles peguem em você. - Aconselha a asmodiana.

A pequena paladina volta o olhar para o grupo, agora assustada. Segurou o cabo de seu martelo e se preparou para se afastar, achando-se em ameaça.

Uma mão em seu ombro a faz soltar um grito em susto. Olha para trás e se depara com um rapaz alto e com os cabelos escuros. Elesis.

— Não somos nenhuma ameaça aqui. Rey, pare de inventar!

Holy olhou mais assustada ainda, correndo de vez para longe deles. A paladina foi para trás de Rey, a vendo como uma figura forte para protegê-la daquelas pessoas.

Elesis olha confusa, esquecendo-se completamente do estado que estava. Se estivesse como ruiva e uma garota, seria ela quem estaria sendo abraçada agora; Elesis era como uma protetora para aquela garota. Portanto, recebe um tapa na parte de trás da cabeça. Passa a mão no local atingido, olhando mais confusa ainda para Lire.

— Se vai ficar para arrumar confusão, então é melhor você ir. - Não foi uma ameaça, e sim mais um aviso.

— Não estamos aqui para brigas. - Todos viram seus olhares para Azin quando ele se levanta de seu lugar. - Estamos totalmente em paz.

Seus passos param de frente para Holy, que ainda se escondia atrás de Rey. Azin abriu um sorriso calmo, mostrando sua tranquilidade com a situação.

— O que ele quer com isso? - Sieghart sussurra. - Interesseiro.

Azin era um típico cara que fazia as coisas pensando em outra. Mas no momento tudo que ele queria é que as confusões não se voltassem para eles. A raposa era observadora demais para saber que Lothos brigaria com eles caso algum problema acontecesse, independente se foram as garotas que começaram.

Holy olhou para Azin, ainda assustada. Seus lábios tremeram, então seus olhos se encheram de lágrimas. É, aparentemente, não tinha funcionado o plano da raposa.

— Cai fora. - Rey diz.

A asmodiana ergueu a mão e deixou sua magia chicotear contra o peito de Azin. Seu corpo frágil voou para trás e caiu com as costas no chão. E lá estava a confusão acontecendo de novo.

— Rey! - Grita Dio.

Ela já preparava para atacar o rapaz também, e ele nela. Tudo seria pior do que antes, e Lothos teria um motivo de verdade para expulsá-los do colégio.

— Parem com isso, já! - Lass berra.

O corpo de todos endureceram com o grito do ninja. Algo tinha passado por seus corpos que tinha congelados imediatamente, até a magia que se acumulava na mão de Rey sumiu em segundos. Foi como um rugido de um leão, não, algo maior. Olharam para Lass, ele sério com a situação.

Os rapazes e Elesis sabiam o que era aquilo, o pequeno medo que sentia no momento. Foi o mesmo que sentiu no dia que as chamas foram despertadas.

— Já deu dessa infantilidade! Estamos com um grande problema e vocês querem arrumar mais? - Dizia Lass. - E você também, Rey! Herdeira do trono da sua família e age dessa forma? Realmente, Dio faria melhor que você.

A asmodiana abriu sua boca em indignação. Ela só não deu uma resposta porque seu corpo continuava congelado.

— É verdade, vamos parar com isso. - Fala Elesis, seu corpo já fora do travamento. - Quanto menos problema, menos consequências teremos.

Todos se entreolharam, não querendo concorda com aquilo. Até mesmo Lass e Lire se olharam, nervosos um com o outro. Mas no final das contas, todos concordaram com isso, evitariam problemas até a saída dos rapazes.

— Tanto faz. - Rey dá de ombros, preparando-se para sair dali. - Contanto que eu não veja esse ser aí.

Dio dá alguns passos até ela, mas Lupus, que estava seu lado o tempo todo, o segurou. O asmodiano suspira e apenas lança um olhar mortal para Rey.

— Bom cachorrinho. - Elogia a asmodiana.

Agora ia avançar pra valer contra ela, mas Rey fez isso primeiro. Puxou seu rabo de cavalo, fazendo o mesmo soltar um fino agudo que não gostaria de ter feito.

Lass se preparava para soltar outro berro.

***

Mesmo após a confusão todo ter sido resolvida, outra parecia começar no quarto de Elesis. Em um canto, Lire, e no outro, Lass. Ambos se encaravam, só faltando as faíscas soltarem se seus olhos.

— Por que eu tenho que dividir o quarto com ela? - Questiona Lass.

— Ainda não entendo por que vocês se odeiam tanto. - Jin menciona.

— Não se esqueça que o quarto é meu, não seu! - Lire fala do outro lado.

Já estava de noite e todos os outros rapazes foram para os quartos que ficariam. Lass e Jin ficaram no quarto de Elesis, que também era de Lire, até que todo o problema fosse resolvido. Não era apertado para eles ficarem ali, cada um tinha um cantinho perfeito para dormir.

— Vocês vivem discutindo quando se encontram ou é impressão minha? - É a vez de Elesis questionar. - Parem com isso pelo menos por hoje. Quero poder dormir sem ouvir vocês brigando.

— Me desculpe. - Pede os dois ao mesmo tempo.

Só mesmo Elesis para que fizesse eles pararem de brigar.

— Lire, você pode ficar na sua cama mesmo. Jin, como a Arme não vai dormir aqui no quarto por causa da poção que ela está fazendo no laboratório, você pode dormir na dela. Lass, fique com a minha. - Explica a espadachim.

— Por que ele deve ficar na sua cama? Elesis, fique na sua! - Lire é contra.

— Lass é uma garota, eu devo ceder a minha cama pra ele.

Jin não deixou de soltar uma gargalhada enquanto o ninja olhava indignado pelo o que ouve. Dá passos até ficar de frente para Elesis, tendo que levantar a cabeça para encara-la.

— Você fala como se eu tivesse nascido assim. - Fala ele.

— Só estou dizendo que, com um corpo desses, ficará todo dolorido de manhã. Não é mesmo, Lire? - Olha para a elfa.

Ela quis negar, mas até que tinha razão. Quando dormia no piso duro, sempre acordava toda dolorida. Mas isso acontecia com qualquer pessoa, Elesis só quis parecer uma cavalheira.

A masculinidade dela estava subindo sua cabeça.

— Pare com essa idiotice! Não me trate como uma garotinha.

— Bem, mas você é uma. - Rir sem jeito.

Não segurou de atacar a morena. Deu um chute na lateral de seu corpo, doendo mas nele do que nela. Sua canela doía, mas conseguiu não demonstrar isso com sua expressão neutra.

— Isso fez cócegas. - Diz a espadachim.

Ele teve mais vontade de bater nela após esse insulto. A discussão não levaria a lugar algum, muito menos com Lire fuzilando ele com o olhar. Deu uma bufada e foi para a cama onde ficaria, que era de Elesis.

— Já basta está usando roupa emprestada sua, agora a sua cama. O que será o próximo? - Fala Lass ao se jogar na cama.

Era verdade, o pijama que estava era da espadachim, a que Jin usava também. Suas roupas ficavam muito grandes neles, que até caíam. Elesis decidiu emprestar algumas para eles, que couberam perfeitamente. Pareciam mesmo garotas, olhando daquele jeito.

— Eu pediria maquiagem, mas esqueço que é você. Então deixa pra lá. - Diz Jin.

Elesis concorda. De todas as garotas naquele colégio, ela era a única que não usava ou tinha uma maquiagem para usar. Tão máscula para tudo aquilo.

— Até pediria uma roupa de vocês para eu usar, mas deixa pra lá. - Elesis entra na brincadeira.

O pijama que usava agora era que usava quando Eléo, porém estava um pouco menor que antes. Não havia problema, de qualquer jeito.

— E o que você está usando como roupa de baixo? - Pergunta Jin. Ele e Lass usavam um short que servia como uma roupa de baixo.

Elesis ergueu os braços com uma expressão satisfatória.

— Nada.

Apenas Lire olhou em repúdio para Elesis. Lass e Jin não souberam como se expressar, tinham medo que a elfa olhasse assim para eles também.

— É melhor você ficar no chão mesmo, Elesis. - Diz Lire.

A espadachim não entendeu o que ela quis dizer com aquilo, mas aceitou de qualquer jeito. Pegou alguns lençóis e um travesseiro e arrumou uma cama no chão, deixando-a mais confortável possível. Era como olhar um gato tentando achar o canto mais fofo para se deitar.

A luz foi desligada e Lass ainda não tinha coragem para deitar na cama da ruiva. Fez isso lentamente, sua cabeça deitando sobre o travesseiro macio. Puxou o coberto para se cobrir, encarando o teto.

Ainda não conseguia acreditar que aquele dia estava acontecendo. Acordou como uma garota e dormia como uma, no quarto de uma e na cama de Elesis. Ao pensar assim, juntou as mãos contra o rosto, querendo tirar aquele pensamento da cabeça. Estava sendo impossível ficar naquele corpo com pensamentos assim, toda hora ficava vermelho facilmente. Quão tolo era.

Tirou sua mão do rosto e olhou para Elesis, ainda achando um jeito para se deitar em sua cama improvisada. Ela finalmente achou e deitou, logo dormindo do jeito que era. Embora estivesse em um corpo de garoto, Lass continuava a gostar dela... Talvez por seu lado feminino no momento. Como uma garota, será que sentia atração por Elesis como um garoto?

Ele não quis achar a resposta. Virou-se de lado na cama e tentou dormir.

Até que o travesseiro começava a ter um cheiro familiar.

***

Pela primeira vez, Lass entendia porque as garotas viviam passando milhares de maquiagens no rosto de manhã. Agora que se olhava no espelho enquanto escovava os dentes, via as olheiras sob seus olhos. Sua pele clara deixava a mancha maior. Ele se sentia horrível ao ver aquilo.

Nisso que dá, ficar a noite toda acordado tentando descobrir se aquele cheiro no travesseiro era mesmo dos cabelos de Elesis ou não. No final das contas, era mesmo dela; Então ele não dormiu mais.

— Como você consegue acordar cedo?

Quase se engasgou com a espuma da pasta ao ver Elesis se aproximar pelo o espelho. O banheiro das garotas naquela hora da manhã era vazio, por isso de Lass dar alguns passos para o lado quando a espadachim se colocou ao seu lado.

— Costume. - Responde com a espuma na boca.

— Ah, esqueci que você não dorme. - Até riria, mas o sono não permitia. Debruça sobre a pia e liga a torneira, logo enchendo a mão com a água e jogando contra o rosto.

— Você que é preguiçosa demais. Lothos nunca te deu uma bronca por isso não?

— Hum. - Levanta o rosto pensativa. - Perdi a conta.

Bem típico dela. Lass cuspiu a espuma e encheu a boca de água. Quando olhou de volta para Elesis, cuspiu a água sem querer. Lá estava seu rosto pegando fogo novamente.

A espadachim passou a água por seus cabelos, os jogando para trás. Ela não percebia, mas o ninja via de uma forma sensual tudo aquilo. Maldito era o corpo que estava.

— Que foi? - Pergunta Elesis ao ver que Lass olhava para o lado, tentando evitar olha-la.

— Na-Nada. Só estou percebendo como é difícil ser garota.

— Finalmente me entende. - Olha agradecida. - E você viu nada ainda.

— Nem pretendo ver. - Murmura.

Ouve a espadachim soltar uma risada. Não havia graça naquilo, Lass queria muito voltar para seu corpo habitual. Muito mais ao sentir o braço de Elesis contornar seu pescoço e puxar para perto dela. Virou o rosto para olha-la, e se arrependeu quando nota que a distância diminuiu muito.

— Se bem que eu já estou me acostumando com isso. É bem melhor conversar com você sem ter que olhar para cima. - Confessa Elesis com um grande alívio.

— Não posso dizer o mesmo.

— Ah, qual é! Você parece uma muralha perto de mim, é muito chato ficar com torcicolo toda vez que a gente conversa. Mas eu não, não fiquei tão alta assim. - Não chegava a mesma altura que o ninja tinha, mas mesmo assim o incomodava.

— Preferia do jeito que as coisas estavam.

— Por quê?

Volta a olha-la, sendo difícil outra vez com aquela aproximação. Seu rosto devia estar vermelho com a vergonha, mas pretendia dizer do mesmo jeito. Talvez aquela fosse uma forma mais fácil de se confessar, em explicação.

A porta do banheiro bate e passos se aproximam, mas mesmo assim Elesis não o solta. Olham sobre o ombro e veem que era Arme, ofegante.

— Que bom que te achei, Elesis. - Dizia ela.

— O que foi?

— Eu consegui terminar de fazer a poção para vocês. - Eles olham felizes. Arme continua. - Mas a Rey apareceu no laboratório e pegou o frasco que tinha a poção. Ela disse que os garotos não precisavam mais disso.

Elesis solta Lass, para o alívio dele.

— O que ela pretende fazer com a poção? - Pergunta a espadachim.

— Eu não sei, mas o Dio apareceu depois e eu contei para ele sobre isso. Acho que ele está correndo atrás da Rey nesse exato momento, junto com os outros rapazes.

Agora entendiam o desespero estampado no rosto da maga. A qualquer momento, o colégio viraria um campo de batalha só por causa da teimosia de Rey.

— Arme, vá acordar a Lire e peça para ela te ajudar a distrair a Lothos enquanto isso. Eu e o Lass vamos impedir que eles façam alguma besteira maior. - Dizia séria. - Aproveite e chame o Jin também para nos ajudar.

— Entendi. Espero que você consiga segurar eles, senão, será a Lothos que fará isso. - Arme fala antes de sair do banheiro apressada.

Elesis e Lass foram para o corredor, a espadachim pensativa em achar alguma maneira sutil de acabar com a confusão; Não tinha uma.

— É melhor irmos sem armas, se a Lothos nos ver com uma, sairemos como culpados. - Conhecia a comandante o bastante para saber que sobraria para eles.

— Certo, sem problema. Só me deixe colocar alguma coisa por cima, não quero sair de pijama.

Elesis o olha rapidamente. Lass nunca diria aquilo, mas parece que com o corpo de garota o deixava envergonhado.

— Esse é o seu maior problema?

— Bem...

Soltou um estalo com a língua, então tirou a camisa que usava e jogou para o ninja. Ele ficou rapidamente vermelho, mas seu rosto é coberto pela a vestimenta ao ser arremessada.

— Vista isso por cima, então. Agora vamos.

Elesis devia se sentir bem ao tirar a camisa e não ter que se preocupar com os seios à mostra, apenas o peitoral exposto. Já Lass não dizia o mesmo, sempre viu rapazes sem camisa, até mesmo ele, mas agora parecia que nunca tinha visto. Sem demorar muito, vestiu a camisa por cima, ficando bem grande nele, e correu para acompanhar Elesis.

***

— Rey, se eu te pegar, irei te partir em duas. - Grita Dio.

Sem armas, o asmodiano não poderia fazer muita coisa além de voar atrás de Rey e tentar acerta-la com os próprios punhos. O mesmo valia para Lupus e Sieghart, que o ajudavam nessa perseguição. Apenas Azin conseguia se virar sozinho, suas armas eram os próprios punhos.

— É o que veremos, Dio. - Debocha a asmodiana.

Rey flutuava alto em meio ao pátio, justamente para não terem algum apoio no prédio e pularem contra ela. A maldita sabia como pensar.

As asas de Dio cansaram e ele teve que pousar. Sua magia não estava totalmente disponível para ser usada, não naquele corpo. Por isso de não conseguir invocar sua foice.

— O que você ganhará com isso?! - Grita Sieghart. - Tem prazer em ver a gente como garotas?! É lésbica, por acaso?!

— Ela só quer perturbar a gente. - Responde Dio. - Esse sempre foi a diversão dela.

— Então irei acabar com ele agora mesmo. - Lupus é direto.

A única arma que tinha trazido era sua faca, felizmente. Girou ela em mão e se preparou para arremessar.

Rey girava o frasco em mão, brincalhona. Estava tão certa que nada a atingiria que nem viu a faca voar contra ela. Sentiu algo se aproximar e olhou, mas sendo tarde demais quando pega de raspão em sua mão, soltando o frasco. A asmodiana tenta pegar na queda, mas alguém é mais rápido.

Azin ajudou a jogar Sieghart o mais alto possível, o moreno alcançando a poção quando ela caía. Segura o frasco com ambas as mãos e ainda mostra a língua na volta ao chão. Caiu bruscamente, suas pernas doendo pelo o impacto. Não eram tão resistentes quanto as outras.

Rey voou contra o chão, suas mãos carregadas com magia. Jogou suas esferas contra Azin e Lupus, que foram atingidos e arremessados para os lados. O caminho até Sieghart estava livre, ela avançou e o atingiu, o arrastando no chão até que estivesse distante.

— Devolva! - Grita Rey ao soltá-lo.

— Você é mesmo mimada, não? - Debocha Sieghart ao ficar de pé, largando de jeito nenhum a poção em mãos. - Se quiser, venha pegar.

Após aquilo, o corpo do moreno é coberto por suas chamas roxas. Seus cabelos mexem com a intensidade do poder, que claramente mostrava ser perigoso.

— Que patético. - Rey diz com tédio.

Formou uma esfera mais fina e arremessou contra Sieghart. Ele ficou parado ao perceber que não o atingiria, passaria ao lado de sua cabeça. Ele se arrepende quando ver que é uma parte de seu cabelo que é atingido. Os ondulados fios caem sobre seu ombro e no chão.

— Meu cabelo... - Murmura ele sem piscar. Pegou uma mecha cortada, vendo o cabelo bem curto de um lado. - Meu lindo cabelo!

Furioso, estica sua mão a Rey e prepara para disparar as chamas. A asmodiana achava que poderia se defender com o próprio poder, por isso de não ter recuado.

— Idiota! - Diz alguém.

Sieghart olha ofendido para o lado, tendo nem tempo de escapar do enorme cobertor que voa contra ele. Lass joga contra o moreno, depois pula sobre o mesmo, o impedindo que usasse as chamas no colégio.

— Ficou maluco?! - Grita o ninja sobre o mesmo, segurando firme o cobertor para que ele apagasse as chamas. - Apaga isso.

— A poção! Cadê?! - Gritava Sieghart com o voz abafada sob o lençol.

Quando caiu no chão, a poção escorregou de suas mãos e rolou pelo o chão. Lass nem notou isso, só agora que olhava para os lados à procura. Só soube onde estava ao ver Rey voar para longe, em direção ao prédio.

— O que ela ganha com isso? - Murmura irritado.

Rey entrou pela a janela, pousando dramaticamente no corredor. Tinha outro plano em mente. Agiria como uma vítima até que Lothos aparecesse, assim os garotos sairiam como os vilões. Ela era mesmo uma boa atriz, problema nenhum em fingir está sendo atacada.

— Rey! - O grito como um rosnado chama sua atenção.

Sente Dio voar contra ela, portanto, recuou o bastante para quando o asmodiano atravessasse a janela, não a atingiria. E foi isso que o rapaz fez, pousou no mesmo corredor e olhou furioso para a jovem.

— Devolve essa droga de poção. Agora!

— Se pedisse com gentileza, até pensaria no caso. - Ergue o frasco, provocando. - Mas se ajoelhe primeiro, será mais interessante.

Dio não responde, preferiu andar com passos pesados até a asmodiana. Rey não se moveu, seu sorriso largo no rosto já demonstrava o plano que ela tinha em mente.  

— Isso, me machuque! Não será eu que sairá como vilã. - Pensava a asmodiana.

Dio podia ter ganhado um corpo novo, mas seus aspectos continuavam o mesmo. Os chifres e os dentes afiados estavam lá, porém o que mais importava não tinha ido embora; Seu braço demoníaco. Ele esticou o membro, que cresceu até acertar Rey com um tapa. A asmodiana ficou sem reação para se mover, mas não saiu do lugar, isso era parte do plano.

A garota foi arremessada para a parede ao lado, brutalmente. A poção foi solta com o impacto, mas Dio conseguiu pegar a tempo de evitar cair no chão.

— Dio!

Ele olhou para trás, estranhando ver Eleó correr em sua direção. Ao se aproximar, o segurou pelos os ombros, afastando de Rey.

— O que foi? - Dio pergunta.

— Você está caindo no plano dela. Não está vendo que Rey nunca deixaria ser atacada assim!

Seus olhos se arregalam, olhando diretamente para a garota sentada no chão. Rey olhou para eles, fingindo ao extremo está sofrendo pelo o ataque. Dio percebe que estava sendo um grande idiota por cair naquele truque.

Ele até gritaria com ela, para parar de fingir o sofrimento. Porém, outra pessoa aparece para piorar a situação, ou melhorar.

Rey levanta do chão, se pondo no meio do corredor de frente para eles. Ela é tola em não ter percebido a pessoa se aproximar por suas costas, estando atrasada ao se virar.

— Lupus, não! - Grita Elesis ao ver que era ele.

O caçador girou sua faca em mão e virou a lâmina para baixo, a erguendo e descendo contra a asmodiana. Rey deu um passo à frente, esquivando-se por pouco.

— Não ache que sairá ilesa, princesinha. - Diz Lupus.

Com a outra mão livre, puxou Rey pelas as pontas do cabelo e puxou. Ela solta um grito como um rugido, mas não reagindo com um ataque. Lupus sorriu e levou a lâmina a se mover outra vez, agora passando por todos os fios do cabelo da mesma.

Sentiu o corpo leve e caiu de joelhos no chão, sem reagir com o que acaba de acontecer. Rey olha fixamente para suas mãos apoiadas no piso, tentando entender a leveza que tanto sentia. Seu olhar vira para o lado ao ver os fios rosas caírem de lado, por seu ombro e chão.

— É como cortar um rabo de um cachorro, isso o faz se acalmar. - Menciona Lupus, jogando os fios de cabelo ao lado dela. - Espero que o mesmo aconteça com você.

Rey encarou seu cabelo no chão, finalmente entendendo porque algo batia em seu ombro e fazia cócegas. Era seu cabelo cortado, seu lindo e grande penteado que tanto teve trabalho para deixar assim. Seus esforços para ficar tão bela foram jogado ali no chão.

Fechou a expressão e rapidamente ficou de pé, na verdade, flutuou. Encarou Lupus com ódio, esquecendo totalmente a dor que fingia antes.

— Você vai pagar! - Ela grita.

Levantou a mão e deixou a magia guia-la. O corpo do caçador ganhou uma aura negra em volta, em seguida, voou pela a janela em um simples sopro. Elesis e Dio recuaram um passo em ameaça, sabendo que quando Rey usava aquele tipo de magia, nada sairia vivo se estivesse por perto.

— Rey, acal... - Elesis tentou ajudar.

O corpo da morena voa contra a parede com força, logo para a outra e assim consecutivamente. Rey a joga no chão e encara Dio com mais raiva.

— Eu vou destruir vocês. Todos vocês! - Gritava a asmodiana. - Vão se arrepender por ter feito isso.

— Foi apenas o Lupus, não ponha a culpa na gente. - Debate Dio.

— Cala a boca! - Estica a mão.

Dio não pôde desviar daquele ataque, o atingiu e explodiu, arremessando pela a janela como aconteceu com Lupus. Mas aquilo não era o suficiente para acalmar a jovem, ela precisava destruir mais coisas.

— Rey, você precisa se acalmar.

A asmodiana se esquece que Elesis ainda estava ali jogado no chão. A espadachim levanta um pouco torta, erguendo as mãos em trégua.

— Vamos conversar.

— Fale com a mão.

Rey ergue outra vez e acerta Elesis com suas esferas. Ela colocou os braços na frente em defesa, mas sendo atingida outra vez. A asmodiana continuou os ataque até que a espadachim gritasse para ela parar.

Revira os olhos e move a mão para o lado, Elesis sendo arremessada pela a mesma janela que Dio foi. Ouviu o corpo da morena girar contra o chão quando o atingiu.

Rey se preparou para voar pelo o buraco feito na janela, querendo ainda fazer eles sofrerem mais. Ela não pula, seu corpo fica paralisado ao sentir algo espetar em suas costas.

— Pare de ser tão irritante. - Lass comenta, algumas agulhas em mão. - Mesmo quando não pode.

Sem nem mesmo tocar, as agulhas presas em seu corpo voam para fora. Rey se virou para o ninja, uma aura pesada em raiva para usar nele. Lass percebeu no mesmo instante a pressão em sua volta mudar, ficando pesada. A força de Rey era algo incontável, poderia muito bem ultrapassar os próprios limites se ela quisesse; Aquele era uma das situações.

A asmodiana não precisou desta vez levanta a mão, seu olhar frio já servia como uma. O ninja tentou se mover para escapar, mas para ao sentir um forte aperto no peito. É como se uma mão apertasse seu coração, uma dor que atingia seu corpo inteiro. O ar que respirava afastava-se com o tempo, o deixando desesperado. Precisava fazer algo logo.

— Vocês são nojentos. - Comenta Rey. - Todos vocês. Merecem morrer de vez!

Suas mãos ergueram-se para o alto, a energia acumulando. Só mais um pouco e aquela esfera seria disparada contra o ninja, provavelmente o ferindo gravemente, se não o matasse.

— Rey Von Crimson!

A magia parou de ser acumulado rapidamente. A asmodiana tirou a expressão zangada quando ouve aquela voz, aquela mesmo que não esperava ouvir nesse instante. Seu rosto girou até que a visse se aproximar, com um olhar furioso. Abaixou as mãos, escondendo atrás de suas costas ao se virar para Lothos.

— O que você pensa que está fazendo, Rey? - Exigi a comandante, furiosa.

— Bem... eu... - Ela começa a gaguejar. Seu plano não deveria funcionar assim. - Estava me defendendo.

— Defendendo? Não foi o que eu ouvi falar.

Rey vira o olhar para o lado, irritada. Alguém deve ter contado para a comandante, provavelmente uma das garotas, porque Lothos simplesmente não acreditaria nos garotos.

Volta a olhar como uma vítima, apontando para trás.

— Ele me atacou primeiro, Lothos! Ele e os outros garotos. - Diz Rey.

— De quem você está falando? - Cruza os braços.

— Dele!

Olha para trás, sem saber como reagir ao ver que Lass tinha desaparecido. A presença da comandante foi tão grande que ela esqueceu totalmente do ninja. Como sentia raiva daquele garoto.

— Rey, para a minha sala. - Pede Lothos. - Imediatamente.

— Mas eu não...

— Agora.

Não adiantaria debater, Rey engoliu seu orgulho junto com suas palavras que pretendia usar contra a diretora. Tentando não usar sua magia para descontar sua raiva, saiu em passos teimosos, como uma criança fazendo pirraça.

Ouviu a asmodiana ir embora, logo Lothos atrás com sua bota de salto médio. Lass pôde finalmente relaxar seus músculos com a saída das duas. Pendurado no outro lado da janela, tinha conseguido escapar de ser visto por Lothos a tempo. Ao ver os cabelos loiros dela no final do corredor, pulou pela a janela e se segurou nela para não cair daquela altura. Suas pernas delicadas não aguentariam o impacto da queda.

— Boa, Lass!

Olhou sobre o ombro, vendo Elesis lá embaixo. Até diria algo, mas a poção que segurava em sua boca não permitiu. Dio tinha deixado cair no chão quando foi arremessado contra a janela, mas Lass conseguiu pegar antes que escapasse de ser visto por Lothos.

Tirou a poção da boca, usando apenas uma mão para se apoiar na janela. Respirou fundo antes de soltar e deixar-se cair de vez. Preparou seus joelhos para o impacto, torcendo para não se machucar.

Olha para a baixo quando se aproxima do chão, mas ficando surpreso. Não seria o piso do pátio que o receberia, seria os braços esticados de Elesis. Antes que a mandasse sair do meio, já sentia as mãos da espadachim agarrarem suas pernas com força. Lass parou quase sobre seus ombros, olhando de cima para Elesis. Ele só não esperava que seu rosto estivesse tão perto do dela.

— Vai por mim, cair daquela janela é bem doloroso. - Ri a morena.

Lass não riu junto, estava tão focado nos olhos vermelhos da garoto que nem pensava direito. Sua mão sobre o ombro da mesma parecia querer escorregar por nervosismo. Por que ela tinha que ter feito isso, Lass estaria melhor jogado no chão sólido.

— Que bom que conseguiu pegar a poção. - Diz Elesis. - Seria bem problemático se Lothos achasse e descobrisse que os rapazes estavam atrás disso.

— Si-Sim. - Vira o rosto de lado, já envergonhado. - Mas já pode me soltar.

Não era bem isso que Lass queria, arrependendo-se quando o toque da espadachim solta suas pernas, caindo no chão. Força a olhar para Elesis na sua frente, a altura da mesma o incomodando.

Como odiava a sensação que ela causava nele mesmo com os corpos diferentes. Seus coração batendo rápido não era uma boa sensação.

***

Se tinha uma coisa que Jin não parou de fazer quando voltou ao seu corpo original, era passar a mão por seu peito. Sem volume ou peso, como de costume. Nunca ficou tão feliz em não sentir seios fartos.

— Ah, como é bom sentir apenas meus mamilos. - Comenta.

Lass não conseguiu ignorar dessa vez. Olhou torto para o ruivo, depois para o livro em sua mão. Não foi uma boa ideia trazer ele para a biblioteca, só para fazer companhia enquanto pegava algum livro de seu interesse.

— Vai dizer que não estava com saudade. - Diz Jin, parando de se acariciar.

— Fico feliz por ter voltado, mas isso não é motivo para ficar me tocando. Em público, por sinal.

— Estamos na biblioteca, tem quase ninguém aqui.

— Tem eu, e não quero ver essa imagem horrível com sua mão. - Olha enojado.

Jin olha emburrado. Fazia alguns dias desde que tomou a poção feita por Arme e voltou ao seu corpo habitual. Como ele, todos os garotos ficaram imensamente agradecidos, menos Sieghart. O rapaz tinha ficado meio triste quando não tinha mais seus seios para apalpar, mas logo se recuperou quando voltou a treinar com seu corpo em total força.

— Se bem que, tem uma certa pessoa que não ficou feliz por isso. - Comenta Jin.

Arrastando os pés, Elesis aparece com uma cara tristonha, sem motivação alguma em estar ali. Podia estar vestida como Eléo, porém sob a roupa não era a mesma coisa que antes. Seu corpo frágil tinha voltado, deixando a mesma decepcionada. Tinha ficado tão feliz como um garoto de verdade.

— Achou? - Pergunta Lass, lá de cima da estante. Um costume que nunca conseguiria desapegar.

— Não, o livro que você quer deve estar por aqui. - Seu tom de voz grave não era o mesmo, mas Elesis tentava não se importa; Estava sendo difícil.

— Não fique triste. - Pede Jin, positivo. - Você irá se acostumar novamente com seu corpo, Elesis.

— Me sinto tão inútil assim. Gostaria de não ter nascido assim.

A tristeza da garota é tão forte que deixa o ruivo sem o que dizer. O que podia dizer para a espadachim, nem tinha se sentido bem quando garota, como ela agora.

— Você é bem mais legal assim! - Fala Jin. - E se não fosse por isso, você não estaria aqui. Pare para pensar por um momento.

Podia ser a maior verdade de todas, mas isso não fez Elesis abrir um sequer sorriso. Ela olha para os lados, vendo se tinha alguém por perto, e anda por entre as enormes estantes. Puxou o nó da gravata, a soltando pela a metade, logo tirou o casaco de seu uniforme e jogou de lado. Seus sapatos também foram retirados ao se sentar no chão, apoiando-se na estante atrás. Antes de soltar seu suspiro cansado, passou a mão em seu cabelo e deixou eles ficarem ruivos e longos.

— Estou cansada. - Fala a espadachim. - Não venha com sermões.

— Tudo bem, só tente não arrumar problema para o nosso lado. - Pede Jin.

— Não se preocupe, estou sem forças para isso. Se eu tivesse como antes, teria energia de sobra.

E lá estava ela resmungando novamente.

Lass apenas se focou em tentar achar seu livro. Quando viu a espadachim sentar no chão e deixar seus cabelos ficarem ruivos, teve que desviar o olhar para o lado. Por que ficava tão idiota quando via a jovem assim, no seu estado natural? Parecia uma criança.

— Por que reclama tanto? - Exclama o ninja, diminuindo a voz nas próximas palavras. Seu rosto esquenta. - Vo-Você é bem mais bonita assim.

Elesis levantou seu olhar para o rapaz, que não conseguia fazer o mesmo pela a vergonha. Botou a cabeça de lado, sem animação.

— Valeu. - É tudo que ela fala.

É obrigado a olha-la quando a falta de animação da mesma o atingi. Sente-se ofendido, precisou de tanta coragem para dizer aquilo e ela simplesmente o ignora.

— Levanta. - Diz Lass.

A ruiva suspira, quase caindo de lado no chão. Levou um susto quando o ninja cai na frente dela, sua expressão mais séria que o comum. Se isso era para intimida-la, não funcionou.

— De pé, agora. - Repete, mais intenso.

— Olha, não estou no clima das suas brincadeiras, Lass. Mesmo que você não seja do tipo.

O rapaz a segura pelos os pulsos, a puxando para o alto. Elesis fica de pé, mas querendo se jogar no chão após alguns segundos.

— Tá, estou de pé. E agora?

Não conseguiu terminar de fazer a perguntar por completo, os braços de Lass enrolaram em suas pernas e a ergueram. Elesis se segurou rapidamente no rapaz com medo de cair, olhando assustada para o ninja em explicação.

— Pronto. - Diz ele. - Satisfeita agora?

—Satisfeita com o quê? Me solta!

— Você sempre reclama de ter que olhar pra cima quando fala comigo. - Vira o rosto, sem jeito. Volta a encara-la. - Você não precisa agora.

Elesis demora a entender que Lass a mantinha mais alta que ele, tendo que ele levantar o rosto para olha-la. A ruiva solta um ah em compreensão, percebendo que era até agradável ficar daquela forma. Ela solta uma risada, seguido por um sorriso.

— Até é melhor assim. - Comenta. - Me sinto superior, literalmente.

Lass sorri aliviado quando ver a ruiva fazer o mesmo. Ao menos tinha tirado o mau humor dela.

— Seria bom você fazer isso toda vez. - Continua Elesis. - Mas é um pouco desconfortável.

Lass deixou de segurar tão forte as pernas da garota, não querendo machucar ela. O corpo da mesma escorregou um pouco, agora ficando desconfortável para o ninja.

Como da outra vez, seus rostos ficavam pertos, só que em posições trocadas. A face de Lass esquentou rapidamente, querendo que esfriasse com a respiração de Elesis sobre ele; O efeito foi ao contrário. A espadachim desapoiou uma mão, a levanta até os cabelos do rapaz. Botou sua franja para trás, um sorriso de lado.

— Você ainda precisa cortar esse cabelo. - Diz a ruiva.

— Na verdade, eu preciso fazer outra coisa.

Ignora a expressão confusa da garota, faria aquilo. Era um momento perfeito, não teria outro. Logo chegaria as férias e Lass teria que se despedir de Elesis, e isso não era algo que ele gostaria de fazer. Naquele momento, queria demonstrar seus sentimentos que tinha por ela, honestamente.

O peso do corpo de Elesis sumiu de seus braços de repente, a ruiva se afastando. Não viu Jin se aproximar de repente e puxar a garota de seus braços, a levando para longe do mesmo. Lass olha sem reação, logo furioso, pretendendo correr atrás do lutador para entender o que ele fazia.

— Finalmente te achei, Lass.

Olha para trás assustado, não sentindo que Grandiel se aproximava. Sua distração pela a espadachim é tão grande que tudo em sua volta é totalmente ignorado.

Do outro lado da estante, Jin pode finalmente soltar Elesis no chão. O lutador respirava ofegante por ter corrido a tempo de ter escondido a ruiva de Grandiel. Evitou um grande problema.

— O que foi isso, Jin? - Estranha Elesis.

— É o seguinte: Quando Lass terminar de conversar com o Grandiel, ele vai correr atrás de mim. Aproveite esse meio tempo para voltar a ser Eléo e fingir que nada aconteceu. Entendeu? - Diz tudo rapidamente. - Que bom que entendeu! Tchau.

Elesis nunca viu o lutador correr tanto na vida. Ela até questionaria, mas tudo ainda parecia confuso para ela. Perguntava-se com o que Lass queria dizer com aquilo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Review?
* Então vamos direto ao meu discurso! Já fazem quase quatro anos que eu estou escrevendo esta fic, com muita dedicação para termina-la. No começo, eu não tinha em mente em fazer ela se tornar algo sério e com tragédias, apenas uma história boba com coisas bobas acontecendo... Bem, não é isso que está acontecendo hoje, e o sofrimento do Lass é uma prova disse hehe
Eu não quero me aprofundar muito no momento que criei a fic, porque quero deixar isso como comemoração do aniversário da fic! Sim, dia 24 ela estará completando 4 aninhos! Eu farei um post especial para vocês lerem, dizendo tudo que eu tenho que dizer lá. Aceito presentes, não vou negar kkkkk
Mas voltando para o discurso... Esta fic só chegou aqui por causa de vocês, sério. Eu fico muito agradecida por todas as recomendações, favorits e, principalmente, comentários! Vocês me ajudaram muito, em muitos sentidos, e não sei como agradecer a vocês! Obrigada, pessoal!!! Sei como é difícil uma das poucas pessoas que ainda escreve fic de GC, mas mesmo assim eu quero continuar até terminar :3 Pretendo acaba-la em breve e espero que quando chegar esse dia, eu sinta um sentimento de missão completa.
E mesmo que você aí que esteja lendo isso aqui e nunca comentou na minha fic, tudo bem. Sei que existe bastante pessoas que leem essa fic, não somente 5 ou mais, que é a média de pessoas que comentam por capítulo e tal. Só espero que você esteja gostando, que a cada capítulo que eu lance você fique ansioso pelo o próximo.
É isso, mas antes de acabar, gostaria de fazer uma pergunta, um pouco boba até: Qual é o seu capítulo favorito? Gostaria muito de saber, e o motivo, é claro! Por favor, comentem sua resposta :3
* A partir do próximo capítulo, trarei curiosidades sobre a minha fic e eu em si kkkk Algumas pessoas que acompanham a fic desde o começo podem saber ou não, mas mesmo assim estarei ponde curiosidade!