As Noivas Do Drácula: O Despertar Do Caçador escrita por avada kedavra


Capítulo 4
The Brides - Part 3: Marishka Cromwell


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal. Faz muuuuito tempo, né? Bom, digamos que fiquei trancado nesses dois últimos anos estudando pra concurso público. Mas agora voltei! E, como prometido, aqui está o capítulo da fic, que voltará de vento em popa agora. Divirtam-se.



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Marishka Cromwell era uma jovem moça da sociedade inglesa. Pertencia à parte burguesa da sociedade, que crescia mais e mais com o passar do tempo. Sua família, apesar de ser burguesa, adquiriu prestígio ao apoiar a dinastia Lancaster na Guerra das Rosas. Desde então, a linhagem Cromwell ganhou destaque e iria perdurar por vários séculos. Mas a história dessa família começou a ser escrita muito antes.

Marishka era uma bela mulher. Possuía cabelos dourados, pele clara, olhos verdes e um sorriso capaz de cativar qualquer um, mesmo aqueles com os corações mais duros. Mesmo não pertencendo a nobreza, ela tinha tudo do bom e do melhor graças aos esforços de seu pai, Leonard Cromwell, que tinha uma mina de carvão e, com os lucros, trazia conforto e luxo para sua família.

A garota nunca precisaria trabalhar para sustentar a família, porém era amante da arte. Contemplava poetas, músicos, dançarinos e pintores. E era esse amor que a fazia querer participar desse mundo tão perfeito que eles criavam. Alguns, apenas ao se depararem com seus olhos, queriam escrever sobre aqueles cachos louros e aqueles olhos mais verdes que o Jardim do Éden. Muitos pintores eram tão obcecados por sua beleza que pagavam a ela para a moça posar para eles. E ela aceitava.

Em uma de suas aventuras, Marishka conheceu um poeta chamado William. Ele era um moço pobre, mas encantador e sempre dizia que a “pequena M” era a sua musa inspiradora e tema dos seus mais tórridos sonhos. Aos poucos, os dois começaram a ficar cada vez mais próximos, um romance nascia entre aqueles dois corações.

Numa bela noite, Marishka tinha ido dormir na casa de William. Enquanto ela estava lá, deitada na sua cama, ele estava com seu caderno e pena nas mãos, criando sua maior obra, do fundo da sua alma. Ele observava as curvas do corpo da mulher e as relatava no papel, recheado de antíteses e metáforas.

Aos poucos, Marishka começou a se despir na frente de William, ainda deitada. Fazia isso de uma forma tão doce e delicada, mas ao mesmo tempo caliente. Seus olhos verdes, semicerrados, deixavam escapar a lúxuria de seu ser. William ergueu os olhos do papel e observou aquele espetáculo privado, aquela mulher que o seduzia como uma sereia.

Ambos estavam em um frenesi. Não se tocavam do que estavam fazendo até estarem completamente nus, um do lado do outro, deixando a paixão ardente consumi-los. Marishka, que ainda era virgem, foi embalada numa imensa sensação de prazer, gemendo e contraindo todos os músculos do seu corpo.

Durante quatro meses foi assim. Marishka e William se encontravam às escondidas e consumavam seu amor várias vezes durante várias luas. Porém, numa tarde fria, enquanto sua empregada colocava seu espartilho, Marishka sentiu algo estranho. Era como se seu estômago aumentasse de tamanho e encolhesse bem rápido, chacoalhando bastante. Ela correu até a janela afrouxando o espartilho e vomitou tudo o que havia comido no almoço. Ao se virar para a serva, Marishka toma um susto. A mulher está com os olhos arregalados olhando para a sua barriga.

– Minha senhora – a mulher falava numa voz trêmula.

– Sim, Abigail?

– Você... você está...

Marishka vai até o espelho e se despe por completo. Ela entendera o pânico da mulher. Agora tudo fazia sentido. Seu humor alterado, enjoos constantes, os meses que não sangrava... Ela estava grávida.

– Não! Não pode ser! – ela dizia, desesperada – Eu não posso estar grávida! Eu simplesmente não posso!

– Minha senhora, você tem que tirar essa criança – a serva diz, alarmada – Se sua mãe descobre, seu casamento será desfeito.

Abigail tinha razão. Seus pais haviam planejado um casamento dela com um nobre, o filho de um lorde. Desse modo, seu pai ascenderia na sociedade e o nome Cromwell ganharia prestígio. Porém, essa gravidez acidental poria um fim em tudo que sua família almejava.

Alguém bate na porta. Marishka se desespera e tenta cobrir o corpo com as roupas. Tarde demais. Sua mãe entra no quarto, toda sorridente. Naquela noite seria o jantar de noivado. Ao ver a barriga da filha, seu sorriso morreu.

– Abigail, retire-se – falou a Sra. Cromwell, depois de um tempo.

A serva faz uma mesura e rapidamente se retira da sala. Assim que a porta fecha, Marishka, com lágrimas nos olhos, começa a falar.

– Mãe... mãe, por favor me ajuda. Eu cometi um erro. Eu...

– Sua... maldita... prostituta! – a mãe avança para cima da filha e bate na cara dela.

A Sra. Cromwell puxa a filha pelos cabelos e a joga em cima da penteadeira. Marishka, nua, se encolhe no cão. Lágrimas escorrem por seu rosto. A mãe puxa seus cabelos e a põe de frente para o espelho.

– Está vendo? – a mulher fala, com os dentes cerrados – Está vendo esse maldito rosto no espelho? Ele não é seu. É graças a seu pai que você tem essa beleza. Ele a comprou pra você. E é assim que você retribui? Abrindo as pernas pra um qualquer que aparece lhe chamando de musa?

Marishka chora, desesperada, e abaixa a cabeça. A mãe segura seu queixo com força e o ergue, a forçando a encarar o espelho.

– Escuta aqui, sua vadia – a mãe fala, em tom ameaçador – Você ficará trancada no seu quarto hoje. Direi ao seu pretendente e à família dele que você está muito doente, contaminada por algo contagioso, e precisa ficar sozinha. Amanhã antes do sol nascer, nós duas iremos numa sacerdotisa tirar esse verme de dentro de você. E depois disso, esqueça esse assunto pra sempre!

A mãe a empurra contra o espelho e sai do quarto. Os cacos feriram as mãos de Marishka. Sua mãe era horrível. Não amava ninguém e só queria saber de poder e riqueza. Já seu pai a chamava de bonequinha e era muito amoroso. Sempre fora gentil com todo mundo, independente da sua classe social.

Ela não se importava com o que a mãe pensava, mas só de imaginar o rosto de decepção de seu pai, seu coração se partia em milhões de pedaços. Ela se ergue, enrola os panos no seu corpo e encara o espelho quebrado, respirando fundo e dizendo pra si mesma:

– Vou fugir para bem longe. E será esta noite.

Enquanto seus pais estavam no jantar, Marishka fazia seus preparativos.

– Tem certeza, minha senhora? – diz Abigail, enquanto ajuda a montar uma trouxa.

– Minha mãe fará de minha vida um inferno. Não posso viver mais assim. Você que foi uma mãe pra mim Abigail. E fará esse ato de bondade pra mim.

Abigail, chorosa, abraça a garota. Marishka estava prestes a passar pela janela quando lembrou de algo.

– Preciso de mais um favor seu – ela diz – Em cima da escrivaninha tem uma carta. Quero que entregue a William para mim. O endereço está no verso.

Abigail assentiu.

– Boa sorte, minha senhora. Rezarei por você todas as noites.

Marishka parte, sem olhar para trás. Ela se encaminha até o porto da cidade de Londres e, com os trocados que tinha, consegue adquirir lugar em um navio mercante que iria até a Irlanda. Ela se acomoda no convés, sentindo o vento açoitar seus cabelos, enquanto se lembra dos escritos na carta. Está tão claro na sua mente quanto as estrelas no céu.

Meu Sol e Estrelas,

Nada me dói mais do que imaginar os seus sentimentos quando ler essa carta. Tentarei ser o mais breve possível.

Minha mãe tirana descobriu sobre você, sobre nosso amor. Eu jamais contaria a ela porque já esperava essa reação, mas o que revelou a nossa paixão foi a semente que você plantou em mim. A semente da vida.

Eu poderia abortar a criança, apagá-lo da minha mente e me casar com o lorde, mas eu jamais seria capaz de destruir o produto do nosso amor. Então eu fugi. Fugi para bem longe. Carrego a criança em meu ventre, ela será a constante lembrança do que deixei para trás. A lembrança do como eu te amo e de como sempre amarei. Prometo jamais esquecê-lo enquanto eu viver. Você foi e sempre será meu único e verdadeiro amor.

E nessa carta eu entrego a você meu coração. Ele já não pertence mais a mim. Agora ele é seu. E um pedaço de você estará sempre comigo. Talvez um dia nós nos reencontremos, para dar continuidade ao nosso conto de fadas, mas o futuro é incerto. Jamais serei feliz de novo. Você não merece essa infelicidade que eu estou sentindo. Então, encontre alguém, ame-a, me esqueça. Seja feliz. Viva a vida.

E, como um grande escritor disse uma vez: “Quando o sol nascer a oeste e se puser a leste. Quando os mares secarem e as montanhas forem sopradas pelo vento como folhas. Quando meu ventre voltar a ganhar vida e der à luz um filho seu. Então regressarei, meu sol-e-estrelas, e não antes.

Com muito carinho e pesar, deixo o seu lado.

Amorosamente,

A-Lua-de-Sua-Vida.

Marishka decide liberar toda a dor que estava sentindo no peito. Chora até esgotar as lágrimas. Quando o navio atraca no novo país, ela ergue a cabeça, decidida a começar uma nova vida.

Toda sua fortuna já era. Agora ela teria que viver como uma camponesa. Começou a trabalhar numa quitanda ao ar livre e, a noite, servia como modelo nua para vários pintores.

Sua vida estava miserável. Ela sabia que não poderia sustentar seu filho quando ele nascesse. Então tomou uma decisão. Poucas semanas após dar a luz, Marishka colocou seu filho dentro de um cesto e caminhou até o litoral, onde ficava a parte burguesa da sociedade. Ela deixou o cesto numa porta. Se abaixou, beijou a criança e a acalentou. Depois, tirou um colar com uma pedra azul e colocou nas mãos do bebê.

– Meu coração sempre estará com você, meu pequeno William. Serei seu protetor e protetor dos seus filhos até o fim dos tempos.

Ela se ergue, bate na porta e sai correndo, enxugando as lágrimas.

Meses depois, Marishka encontra-se desconsolada. O que fazia não era suficiente para garantir seu próprio sustento e ela estava morrendo de fome. Havia sido chamada para posar numa mansão na Corte. Enquanto caminhava até lá, ela tomara uma decisão: sua única saída seria se prostituir.

Ao entrar na mansão, ela fica encantada. Uma empregada aparece e disse que o senhor a espera no escritório particular. Cautelosamente, ela se dirige ao local que a empregada apontou.

Na sala havia uma penumbra. Uma luz fraca iluminava um sofá grande. Marishka ficou parada ali, tentando enxergar na sala mal iluminada.

– Aproxime-se, minha cara – uma voz grave e calma fala.

Marishka faz um esforço e aperta os olhos. Na frente do sofá, numa poltrona, um homem está sentado, totalmente oculto pela sombra. Como se fosse enfeitiçada, ela se aproxima.

Ela tenta enxergar o rosto do homem, mas está muito escuro.

– Tire a sua roupa e deite no sofá.

Na mesma hora, ela tira sua roupa, sem nenhuma vergonha, e deita de lado no sofá, fazendo uma pose. Ela percebe que o homem começou a rabiscar em um caderno de desenhos.

– Qual o seu nome, querida? – ele pergunta, com uma voz doce.

– M-Marishka Cromwell – ela fala, como se o homem fosse um ímã e sua voz fosse um pedaço de metal.

– Hmm, uma Cromwell – ele se ajeita na poltrona. Há excitação na sua voz – Jamais pensei encontrar uma Cromwell em minhas andanças. Você faz ideia do quanto você é especial?

– Quem é você? – Ela pergunta.

– Você tem irmãos? – ele a ignora.

– Não. Sou filha única.

– Filhos?

Ela sente um arrepio percorrer a espinha. Não iria contar seu maior segredo para aquele homem.

– Não – ela disse, sem tremor na voz – Não encontrei alguém que pudesse me conceder um filho.

– Entendo...

– Quem é você?

O homem para de escrever. Ele ergue os olhos para ela. Os olhos de Marishka haviam se acostumado à escuridão e agora ela podia vê-lo. Era muito belo.

– Sou Conde Vladislaus Dragulia. Herdeiro de...

– Eu conheço você – ela o interrompe.

– Perdão? – ele pergunta. Há desconfiança em sua voz.

– Quer dizer, jamais o vi pessoalmente na minha vida até agora. Mas namorei alguns poetas durante minha vida.Eu... li... histórias sobre você.

– Interessante. O que elas contam a meu respeito?

– Elas... elas falam de um homem misterioso e sombrio. Que se move nas sombras. Dizem que é imortal e pode ter o que quiser – ela conta, trêmula – Dizem que é temeroso.

– Interessante – ele diz. Com um movimento rápido, ele se aproxima dela e deixa seus rostos próximos. Ela se assusta – Me diga, Marishka. Você está com medo agora?

– S-sim – ela diz, evitando encará-lo – Por favor, não me machuque.

– Oh, jamais faria isso, minha doce Marishka.

Ele se levanta e estende a mão para ela se levantar também. Ela o faz.

– Me diga, milady, o que você acha da imortalidade? – ele acaricia seus cabelos.

– Me parece muito solitário.

– Não se você tiver a pessoa certa ao seu lado. Posso lhe dar tudo isso e muito mais. Você jamais envelhecerá, ficará bela para sempre. Será forte, independente. Poderá desativar aqueles pensamentos que a deixam tristes e a fazem sofrer. Poderá ter prazeres constantes. Nenhum homem será digno de você. Nenhum exceto eu – Ele afasta os cabelos dela, expondo sua nuca. Ela pende a cabeça para o lado, enfeitiçada por suas palavras – Um breve momento de dor e ficaremos juntos para sempre.

Era muita tentação. Tudo o que ela queria. Se livre do sofrimento. Não precisar se preocupar com nada.

– O que eu me tornarei? – ela pergunta.

– O futuro.

Ele mostra as presas. Sua pupila se contrai e ele abocanha o pescoço de Marishka. Ela fecha os olhos. A dor não a incomoda. Pelo contrário. Ela sente um alívio. Com seu último suspiro ela vê aquele charmoso homem mordendo seu próprio pulso e esfregando o sangue na língua dela. Depois tudo se apaga.

***

O Conde carrega o corpo inerte de Marishka Cromwell para o cemitério, com um sorriso no rosto. Ele deita seu corpo dentro de um caixão e o coloca a sete palmos, em uma lápide. A noite passa e a madrugada avança.

Marishka estava tento um sonho lindo e feliz. Porém, durante esse sonho, seus dedos dão espasmos. Depois os músculos de seus braços começaram a se contrair. Ela estava sendo sugada de volta à vida. Seus olhos se abrem, ela acorda arquejando por ar. Como num impulso automático, Marishka destrói o tampo do caixão com as mãos e cava por entre a terra.

Pareceu uma eternidade até ela emergir do túmulo, ao lado da lápide, completamente nua e suja de terra. Ela se levanta, com dificuldade para andar. Relâmpagos e trovões cortavam o céu. Deveria estar frio, mas Marishka não estava sentindo. Na verdade, ela não estava sentindo nada, exceto uma coisa. Sede.

Um homem, o Conde, vinha caminhando em passos lentos em sua direção. Ele carregava uma vestimenta amarelo-dourada em suas mãos. Seu rosto estava sorridente.

– Trouxe um presente para minha noiva. Um vestido de casamento que você usará durante toda a eternidade para selar o nosso amor.

Ela pega o vestido das mãos dele. É de seda. Ela sorri.

– Obrigado, meu mestre. Vou usá-lo com enorme prazer e gratidão.

O Conde dá um riso para a sua nova noiva. Um relâmpago ribomba no céu, iluminando brevemente mais dois vultos femininos atrás do Conde, que logo desaparecem.

Drácula achava que matando Marishka Cromwell, a última de sua linhagem, havia colocado um fim na profecia. Estava enganado.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Sei que não está à altura dos outros porque passei muito tempo parado, mas logo logo pego o jeito de novo. DEIXEM REVIEEEEWS!!
Até o próximo capítulo o/



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