Pov Bia

Acordei sobressaltada com aquela porcaria de sonho de novo. Era a decima noite seguida que aquela menina me assombrava. O sonho começava numa sala redonda e úmida feita toda de pedras. No centro havia uma menina ajoelhada, com o cabelo no rosto. Era um pouco assustador porque parecia a Samara no poço. Vozes ecoavam em uni solo, "Ela finalmente encontrará seu caminho. Filha do deus do sono e vigiada pelos olhos da própria guerra. Ela está chegando e com ela virá um caminho de problemas e escolhas." Então a menina olhou para mim e gritou por ajuda. E então eu acordo.
Olhei para o relógio, ainda com a visão embaçada, ainda eram 5 da manhã e eu provavelmente não vou conseguir dormir de novo.
Olhei para o lado e vi que todos os meus irmãos ainda dormiam, fazer o que, o chalé 11 é sempre o ultimo a acordar. Levantei, lavei o rosto e troquei de roupa. No estado zumbi que eu estava, isso deve ter durado no mínimo 30 minutos.
Sai do chalé e fui em direção a cozinha para tentar roubar alguma coisa para comer.
Consegui um pacote de Doritos e um saquinho de M&M. Depois disso fui em direção ao Cais. Lá era bem quieto quando não tinham filhas de Afrodite nadando, gritando e se exibindo para o resto do acampamento. Sentei no pier com os pés na água e comi o Doritos em pouco tempo.
Tentei não pensar no sonho, mas cada vez que fechava os olhos aquela desgraçada aparecia pedindo ajuda. Quem era ela afinal? O que ela queria comigo? Porque ela aparecia para mim? Eu sei lá o que estava acontecendo, mas não seria nada bom prender minha cabeça a isso.
–O que você ta fazendo sozinha aqui?- ouvi a voz de Rafa atrás de mim.
–Oi! Eu só estava... Pensando...- eu disse e ela se sentou ao meu lado.
–Pelo o que eu sinto, não é nenhuma desilusão amorosa ou problemas assim, então...
–Não é algo que você possa resolver...
–Mas eu posso ajudar!
Rafa é filha de Afrodite e a primeira pessoa que eu procuro quando tenho problemas amorosos ou preciso de dicas de beleza. Mas além disso, ela é uma das minhas melhores amigas.
–Mas eu to bem! É só um pesadelo que não me deixa dormir direito...
–Claro, pesadelos são uma merda!
–Com toda certeza.
Depois de um tempo, resolvemos voltar e o dia passou rápido. Depois das aulas de treinamento, tomei banho e fui para o Pavilhão jantar.
–Bia, hoje vai ter festa no Anfiteatro.- disse Travis
–Claro. Vocês vão, né?
–Obviamente. - respondeu Connor.
Travis e Connor eram meus irmãos e meus melhores amigos. Além deles tinham a Clarice e Polux e muitos outros. Cla e Polux são filhos do Sr. D. Estranho? Para caramba. Eu me perguntava como aquele cara podia ter filhos, e a ideia dele fazendo filhos era ainda mais bizarra.
Acho que vocês devem querer saber o que está acontecendo no Acampamento. Bom, a algumas semanas, Reyna, Nico e o Treinador Hedge chegaram com a Atena Partenos. O Acampamento Meio-
Sangue e o Acampamento Júpiter ficaram em paz. Nico visita o Acampamento de vez em quando, porém, não está fixamente nele. E quanto aos 7 semideuses, eles estão de volta. Eles não conseguiram derrotar Gaia. Eles apenas retardaram a sua volta. Alguns gigantes ainda estão vivos, porém se recuperando para novos ataques. A maioria está nas profundezas do Tártaro. Depois que os acampamentos fizeram as pazes, os deuses se recuperaram e voltaram ao seu normal. Ajudaram na guerra e destruíram os gigantes. A profecia dos 7 continua. Percy, Annabeth, Leo, Frank, Hazel, Jason e Piper estão no Acampamento Meio-Sangue, junto com alguns semideuses romanos, se preparando para os próximos ataques. Estamos bem longe de ter paz. Resumidamente, é isso.
Depois do jantar, eu, Travis, Connor fomos andando até o Anfiteatro. Passamos pelo caminho mais longe, perto do pinheiro, para não sermos descobertos. Travis estava fazendo piada sobre azeitonas quando foi cortado por um grito. Não consegui distinguir de primeira. Pedi silencio e o grito se repetiu, dessa vez bem nítido. "SOCORRO". Meus pelos arrepiaram e eu senti um frio subir a espinha. Não podia ser! Simplesmente, não podia ser! Era a menina do sonho.

Duda's POV

–Como...?- e isso foi a única coisa que saiu da minha boca diante daquela cena.
Hunter a minha frente, com uma lança cravada em seu ombro direito
Corri em sua direção. Ele estava desacordado, provavelmente ainda por causa do impacto na arvore quando o mostro o arremessou para longe. Ajoelhei ao seu lado.
–Hunter? Acorda! Hunter, por favor! Não me deixa aqui. Por favor!
Me desesperei. Obviamente, minhas suplicas eram em vão, ele não iria me ouvir. Lagrimas escorriam pelo meu rosto.
–SOCORRO!- gritei- POR FAVOR! EU PRECISO DE AJUDA! POR FAVOR! SOCORRO!
Depois achei minha ideia muito idiota. Eu provavelmente só atrairia mas monstros daqueles.
Ao meu lado, ouvi passos. Segurei Hunter. Então de dentro da mata saiu um menino. Ele era pálido e tinha cabelos escuros jogados no rosto. Ele olhou para mim e depois para Hunter.
–Por favor! Preciso de ajuda.
– O que aconteceu?
–Um monstro. Ele correu atrás da gente. Disse alguma coisa sobre deuses. E então ele me atacou e eu explodi ele em pó dourado. Bum. Mas antes ele lançou isso e acertou Hunter. Ele está bem ferido. - eu expliquei sem perceber que estava fazendo gestos ridículos.
Ele riu, me deixando com raiva. Como ele podia rir diante daquele momento?
–Você deve me achar doida... Mas não importa, só me ajude a salvar ele...
–Não te acho louca, e só engraçado o jeito que você explica. Ele não vai morrer, não é a hora dele.- ele disse firme, como se tivesse certeza.
–Como você sabe?
–Posso garantir que não.- ele disse se ajoelhando ao meu lado- Sou filho de Hades, posso sentir quando é a hora de alguém.
–Hades? Quer dizer, o deus da morte?
–Hades, deus do mundo inferior.
Ele puxou a lança. Tirou o casaco do Hunter e enfaixou o seu ombro.
–Acho melhor você entrar antes que outros daqueles monstros te achem.
–Er... Obrigada. Mesmo. Meu nome é Duda. Quer dizer, Eduarda, mas eu prefiro Duda. Duda Melo.
–Nico, Nico Di Angelo.- ele disse estendendo a mão e eu apertei.
Então, ao lado do pinheiro, uma voz gritou.
–Aqui!
–Ah meus deuses...- disse a menina.
3 adolescentes correram em sua direção, 2 garotos quase idênticos, e uma menina. Olhei para Nico e ele havia desaparecido.
–Não pode ser você!- disse a menina.
–Eu? - perguntei.
–Sim! Você! Meus Deuses é você!Eu tenho sonhado com vo..Er...NADA! Esquece!Ah santo Hermes. Sua perna.
Ela disse e me fez lembrar do corte. Por algum motivo a dor voltou e eu percebi a poça de sangue em volta da minha perna. Fiquei tonta e perdi a força.
–Você fez um bom trabalho com o seu amigo.- disse um dos meninos- Ah, eu sou o Travis.- disse enquanto levantava Hunter.
–Eu sou o Connor.- disse o outro menino me ajudando a levantar.
–Eu sou a Bia... Er... Precisamos conversar com o Quíron.
Eu tentei ficar em pé sem a ajuda de Connor, porém minha perna não queria ajudar e eu quase tombei, mas ele me segurou.
–Tudo bem, eu te ajudo. - ele passou o braço na minha cintura me dando estabilidade.
Andamos em silencio até o tal pinheiro. Eles me disseram depois que eram filhos de Hermes. E disseram que até eu descobrir quem era meu pai, eu passaria umas noites no chalé deles. Me disseram sobre o acampamento e que estavam indo para uma festa. Me desculpei por estragar a noite e eles falaram que tudo bem, ainda eram 8h. Daria para aproveitar depois. Eles me levaram até uma casa muito grande. Na varanda, um homem em uma cadeira de rodas treinava jogadas de damas sozinho.
Eles me apresentaram. Seu nome era Quíron. Não conversamos muito. Ele disse para que me levassem diretamente para a enfermaria para cuidar da minha perna e disse para descansar. No dia seguinte, teríamos muito para conversar. E assim foi. Minha visão começou a embaçar e eu percebi que havia perdido muito sangue. Antes que eu pudesse dizer algo minhas pernas vacilaram e eu perdi toda força. Connor me segurou forte e eu já não tinha mais consciência do ele estava falando ou do que estava acontecendo. Então ele me pegou no colo. Depois disso, minha visão escureceu e eu desmaiei.