A Vida Como Ela É escrita por LauC


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Esta ai mais um capitulo. Nesse eu tentei escrever um pouco mais de Yuri pq uma certa pessoa me pediu, mas só que não pude avançar muito justamente pq nao estava no momento certo. mas espero que gostem, bjus =D



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CAPITULO 9

Começamos as aulas sem nenhum problema, Amanda juntou sua mesa com a minha, eu passei a explicar a ela o que o caderno de perguntas estava pedindo. Nossas mãos de vez em quando se cruzavam quando eu apontava para a questão, fazendo nos duas ficarmos coradas e caladas por um tempo.  Amanda era muito boa em matemática, ela levantou a mão antes de todo mundo quando o professor perguntou quem sabia responder a questão.

Ela foi ao quadro e começou a escrever a conta bem devagar para todos acompanharem. Quando ela terminou percebi que a conta tinha pego metade do quadro, professor ficou surpreso com Amanda. Ela se sentou ao meu lado novamente e soltou um suspiro.

— Eu não esperava por isso — Comentei olhando para o seu rosto.

—Ah, bem. Matemática é a mesma em todos os cantos do mundo — Disse dando de ombros. — Apesar que eu não goste muito de ser o centro das atenções.

Quando ela falou isso eu levantei as sobrancelhas sem entender, pois afinal ela tinha ido por própria vontade no quadro. Seu rosto começou a corar quando viu que eu estava olhando para ela, ela virou o rosto para o lado e um sorriso de canto de formou nos lábios cor de rosa dela. Senti-me encantada por aquela reação dela e sorri de volta. Não dissemos nada depois disso.

O sinal tocou indicando que o 4º tempo de aula, a educação física, iria começar. Pegamos nossas coisas e fomos para o vestiário para nos trocarmos. Abri o meu armário e comecei a tirar a roupa. Tirei a gravata e a coloquei em cima do banco, tirei o casaco e desabotoei o botão da minha camisa, quando cheguei no quarto tive a sensação que tinha alguém me observando e parei. Olhei para o lado e encontrei de primeira quem estava me olhando, Amanda estava basicamente me comendo com os olhos se é que eu posso dizer dessa maneira.

Olhei em direção dela e vi que ela estava se aproximando de mim, senti meu coração batendo mais forte. Ela parou na minha frente, seus olhos encontram os meus, eles estavam com um brilho intenso nos olhos, ela afastou a minha camisa e sua mão tocou na minha barriga.

Meu corpo simplesmente paralisou. Que diabos está acontecendo aqui?! Engoli em seco, senti minha barriga queimando onde ela estava tocando, uma gota de suor percorreu pelas minhas costas e eu encarei os olhos de Amanda, que estavam olhando para minha barriga. Com muito esforço, quando eu digo que foi com muito esforço é por que foi com muito esforço, eu abaixei meu olhar para onde ela estava tocando.

Sua mão estava em cima da cicatriz que eu tinha a cima do umbigo, ela passou o indicador por cima dela lentamente e um arrepio percorreu todo o meu corpo. Mas que diabos ela esta pensando para me tocar assim? Respirei fundo e gentilmente afastei sua mão da minha barriga. Ela olhou nos meus olhos, eles estavam uma mistura de cinza e azul completa e no fundo deles havia preocupação e talvez... desejo?

—V-V-Você tem uma cicatriz na sua barriga — Disse depois de um longo momento, seu rosto estava totalmente vermelho.

—S-S-Si-Sim — Consegui dizer gaguejando. Olhei para ela novamente, ela virou-se para o armário e vi que fingia procurar alguma coisa. Certo, isso foi estranho e por mais que eu não queira admitir, o toque da sua mão na minha barriga tinha sido super bom. Soltei um gemido inaudível e tirei com tudo minha roupa, vesti a camisa e o short de uma vez, me sentei no banco e comecei a dobrar a minha farda. Levantei o olhar em direção a Amanda, ela estava encostada no armário, olhando para o que se pode dizer o alem e suas bochechas estavam coradas. Engoli em seco e respirei fundo.  — A- A cicatriz.

— Como conseguiu? — Disse ela sem olhar em minha direção, ela concerteza estava mais envergonhada do que eu.

— B-Bem, quando eu era criança eu tinha uma bicicleta, um dia eu estava andando nela quando uma borboleta azul pousou no meu braço, eu fiquei encantada com ela e não percebi por onde eu estava andando. Quando olhei para frente, um poste tinha surgido do nada e eu colidi com ele, cai na grama de uma casa e a bicicleta em cima de mim. Quando a tirei de cima de mim, havia um corte na minha barriga. Imagina o meu desespero. — Falei dando um sorriso sem graça. — Fui as presas para casa, meus pais quando viram eu suja de terra e a blusa sangrando, me levaram no hospital. Não tinha sido nada demais, levei alguns pontos e uma injeção contra tétano.

— Ah sim — Disse ela sem graça, então deu um sorriso despreocupado e carinhoso para mim. — Melhor irmos para o ginásio.

Observei ela indo na frente e soltei um suspiro, Amanda me surpreendia as vezes. Coloquei as roupas no armário e sai do vestiário. Ficamos dando umas voltas em volta da quadra e montamos times de vôlei, jogamos até a hora do almoço e depois retornamos para o vestiário. Entrei no chuveiro e tomei um banho rápido, vesti minha camisa branca e coloquei a saia, coloquei a gravata em volta do pescoço e apertei o nó, e vesti o casaco, antes de eu abotoar ele senti alguém se aproximando de mim e vi que era Amanda, ela se pós na minha frente. Oh Deus, ela não vai fazer aquilo de novo vai? Para minha surpresa ela puxou minha blusa para fora da saia e afrouxou minha gravata.

— Percebi que prefiro você assim — Disse ela me dando um sorriso tímido.

— Mas...

— Hey Mioko — Disse ela me interrompendo e falando em inglês com Mioko, a nossa colega de classe. — Tem algum problema dela ficar assim?

Mioko olhou para mim e deu um sorriso, que me fez lembrar de Yoi quando  disse que pensava que eu queria lançar moda na escola.

— Acredito que não — Respondeu amarrando os cabelos castanhos em um rabo de cavalo.

— Viu não tem problema — Amanda se virou pra mim animada. Vi que como Yoi seria inútil discutir com ela depois que colocava uma coisa na cabeça.

— Tudo bem então — Falei dando de ombros, penteei os cabelos e guardei as coisas no armário. Olhei para Amanda que estava fazendo o nó da sua gravata, quando terminou fechou seu armário e deu uma voltinha, como se perguntasse como estava. Linda. — Está ótima, vamos almoçar.

Encontramos Yoi sentada na minha cadeira olhando pela janela, seu obento estava em cima da mesa, ela olhou de canto e deu um pulo animada quando nos viu.

— Pensei que tinham se perdido no vestiário — Disse ironicamente, ela puxou a cadeira da frente e virou para minha mesa, foi ai que ela olhou para o meu uniforme, ela levantou as suas sobrancelhas e um sorriso se formou nos seus lábios — Eu pensei que...

— Não diga nada — Falei interrompendo, Amanda deu uma risada baixa com aquilo, ignorei o riso dela que achei muito fofo e me sentei na carteira. Peguei minha mochila e tirei o obento de lá. Olhei para Amanda que fazia o mesmo. — Trouxe seu almoço hoje?

— Sim, minha mãe fez pra mim — respondeu colocando seu obento em cima da mesa, Yoi e eu entreolhamos-nos curiosas para saber que tipo de comida era. Amanda viu que estávamos querendo saber o que era e abriu. Soltei um suspiro meio aliviado e desapontando quando vimos que era apenas sushi. — Pensaram que fosse o que?

— Sei lá — Disse Yoi dando de ombro e abrindo seu obento, vi que tinha quase as mesmas coisas do de Amanda. — Algo da Alemanha talvez.

— É difícil achar alguns temperos da comida de lá aqui e eu gosto de sushi — Disse sorrindo, pegou seus hashis e tentou pegar a comida que quase caiu no chão.

— Você tem que aprender logo a pegar comida direito — Comentei sorrindo, abri o meu obento, peguei os hashis e apontei em direção a ela, igual o gesto que meus pais fizeram na mesa. — Parece que vai deixar a comida cair a todo momento.

— Sou nova nessa área tá? — Disse ela um pouco irritada quando viu que Yoi estava sorrindo também.

Foi assim o nosso almoço e tarde, depois da aula eu fui para o clube. A professora me pediu para escolher umas das novatas para ser a treinadora dela enquanto estávamos no clube. Escolhi uma garota de cabelos pretos compridos e olhos verdes, ela era um palmo mais baixa que eu, ela disse que se chamava de Fugi Murasawa. Na aula eu ensinei algumas coisas á ela e vi que ela prestava muita atenção e se esforçava para fazer certo.

— Você não precisa bater com tanta força — Falei quando a vi abaixando a espada com força. — Primeiro tente aprender o golpe depois aos poucos você aumenta a quantidade de força.

— Certo — Disse, Fugi levantou a espada e fez o golpe que eu ensinei, estava mais leve. Ela aprende rápido pensei. — Então?

— Muito bem, na próxima aula te ensino um movimento diferente se der tempo — Falei dando um sorriso para ela, seus olhos brilharam e me deu um sorriso de volta. Olhei para o relógio na parede e vi que já eram 17:30. Coloquei minha mão no seu ombro e dei um leve aperto — Tenho que ir, se cuide.

— Tenha uma boa noite Tanaka-san —Disse se curvando, me curvei para ela também e olhei para o lado. Dei um xau para Yuku e a treinadora, que fizeram um aceno positivo com a cabeça.

Abri a porta do clube e dei de cara com Yoi. Fomos juntas para o vestiário, tirei meu kimono e o coloquei na mochila. Yoi fez o mesmo com a sua roupa de treino de Kyudo. Ela estava só de blusa regata branca e um short preto, seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo e suas mãos estavam com luvas.

— Uma folga hein? — Disse ela tirando as luvas.

— Aham — respondi vestindo a saia quadriculada da escola. Yoi deu um breve olhar para minha barriga e voltou a tirar as luvas e a guarda-las no armário. Peguei a camisa branca da escola e a vesti, guardei a gravata e o casaco na mochila e calcei o tênis.

— Você não disse por que passou a usar a farda assim — Apontou para a minha camisa que estava para fora.

— Bem, o horário de aula acabou e você e Amanda ficam me enchendo para se vestir assim — Acenei para a camisa. — Então vou ficar assim por um tempo e ver no que vai dar.

— Amanda também,hum? — Disse ela com um olhar suspeito.

— Você entendeu — Falei fechando o armário e colocando a mochila nas costas. Yoi deu uma risada e colocou a mochila nas costas também.

Saímos do prédio e encontramos Amanda esperando na entrada do colégio. Yoi pulou em cima dela e Amanda deu um tapinha no braço dela gentilmente.

— Você não ganhou folga? — Disse Amanda olhando para o kimono de Yoi.

— Nem, eu não tenho esse luxo, mas eu posso faltar se quiser — Disse com um olhar bem inocente.

— Nem pense em faltar Yoi — Me aproximei delas duas e puxei Yoi de perto da Amanda.

— Ok ok — Disse ela levantando as mãos. —Vamos indo? Falta alguns minutos para o próximo trem.

Começamos a andar, passamos por algumas lojas, restaurantes e uma livraria no caminho da estação, chegamos no horário certo do trem. Ficamos de pé perto da porta, porque o trem estava lotado, fiquei entre as duas, segurando a barra de ferro com uma das mãos. O trem diminuiu a velocidade e deu aquele pequeno solavanco, Amanda bateu com o ombro em mim e engoli em seco. Oks, que sensação era essa? Senti meu rosto corar um pouco mas não disse nada.

Descemos do trem e seguimos caladas através da estação e o do parque. Paramos na frente do Prédio de Amanda e Yoi se virou para nós duas.

— Acho que daqui eu sigo sozinha — Disse coçando a nuca e dando um sorriso sem graça.

— Aham — Falei — Avisa meu pai pra mim?

— Pode deixar — Yoi deu um aceno com a mão — Boa noite Amanda até amanhã.

—Até! — Vimos Yoi se afastando e quando ela saiu de vista, senti uma cutucada no braço, olhei para o lado e encontrei os olhos de Amanda. — Vamos entrar?

—Sim — Ajeitei minha mochila nas costas e entramos no prédio, passamos pelo porteiro e pegamos o elevador. Não fiz contato visual com Amanda novamente, fiquei com medo do que poderia acontecer ou sentir quando olhasse nos seus olhos. Eles tinham alguma coisa interessante neles, não era apenas a cor que ficava entre o cinza e azul, era algo a mais que eu não sabia descrever.

Ela abriu a porta do apartamento e entramos, estava escuro, apertou o interruptor e as luzes acenderam.

— Minha mãe vai chegar daqui a pouco — Disse ela tirando os sapatos. — Entre, sinta-se em casa.

— Com licença — Falei tirando os sapatos e entrando na sala. Sentei no sofá e respirei fundo.

— Você não se importa de eu tomar um banho rápido, se importa?

— Não, pode ir — respondi enquanto olhava bem os moveis. Olhei Amanda entrando em uma porta, me levantei do sofá e caminhei para onde eu tinha visto a Sra. Schmidt sair quando vim aqui.

A cozinha era bem arrumada, havia um armário comprido  de alumínio que ficava suspenso na parede, uma geladeira cinza, um fogão, uma pia, tinha uma mesa de vidro no centro e uma espécie de balcão que separava a mesa pra área do fogão. Tudo nela era de alumínio. Peguei um copo com água e sai da cozinha. Olhei para uma porta que não tinha visto antes e parei na frente dela, devia ser o quarto dos pais de Amanda.

— Charlie, você pode esperar no meu quarto se quiser! — Gritou Amanda, sua voz vinha de um aporta no fim do corredor, andei até a porta que tinha visto ela entrar e vi que era o seu quarto.

O quarto dela era bem bonito, tinha uma mesa para o seu notebook na parte direita, havia alguns livros também junto. Sua cama ficava a esquerda, mais ao lado tinha um closet de portas brancas, no centro tinha uma pequena mesa com algumas almofadas, onde ela tinha deixado a bolsa com os livros que eu tinha dado mais cedo. Me sentei na almofada e esperei ela sair do banheiro.

Esperei cerca de 10 minutos até que ela saiu do banho, vestia uma bermuda preta e uma blusa de manga azul clara, seus cabelos estavam molhados e sobre os ombros estava uma toalha branca.

— Desculpe te fazer esperar — Disse dando um sorriso de canto. Ela parou por um momento, como se tentasse ouvir alguma coisa e olhou pra mim. — Mamae não chegou ainda?

— Não — Falei esticando minhas costas. Ela estendeu a toalha e se sentou ao meu lado na mesa. — Certo vamos começar.

Comecei ensinando o básico, como se juntava as palavras e escrevia, alguns gestos e atitudes que todos faziam aqui. Percebi que ensinar Amanda seria mais difícil do que nunca, ela tinha uma certa dificuldade para pronunciar as palavras em japonês sem deixar que seu sotaque alemão atrapalhasse. Depois de duas horas ensinando ela, minha barriga deu um ronco alto. Amanda começou a rir e se levantou.

— Vem vamos fazer algo para comer — Estendeu a mão para mim, olhei para sua mão e a segurei.

— Sua mãe trabalha em que, se é que me permite perguntar — Falei quando entramos na cozinha e vi ela pegando alguns ovos e presunto da geladeira.

— Ela trabalha em uma empresa de viagens — Pegou uma frigideira e quebrou os ovos dentro.

— Entendo. E seu pai?

— Bem, meus pais se divorciaram faz uns 2 meses, nessa época mamãe recebeu um convite para vim morar aqui e não demorou muito para ela aceitar.

— Sinto muito.

— E quanto aos seus pais? Você pediu para Yoi avisar para seu pai. Seu pai faz karate também? — Disse se virando em minha direção.

— Ah, isso — Cocei a parte de traz da cabeça — Meu pai é o dono do dojo onde Yoi e eu fazemos karate.

— Uou — Exclamou ela surpresa — Serio? Por isso que ela disse que não tinha o luxo de ganhar um dia de folga.

— Bem, meu pai é um pouco rigoroso comigo, por que sou filha única e a próxima sucessora do dojo, não tenho muito tempo livre como percebeu — Falei dando de ombros. — Contei a eles sobre você e ele me deu o dia de folga nas noites de quartas.

— Agora eu entendi — disse mexendo os ovos na panela. — E sua mãe?

— Ela não trabalha, minha avó era cozinheira há alguns anos e meu avô falesceu alguns anos atrás. O motivo de temos vindo para o Japão foi por que ele já não estava bem da saúde e meu pai era o único filho então.

— Humm — disse ela mais para si mesma, ela pegou um pão e começou a fazer um sanduiche, de queijo,presunto,maionese e ovos. Bom saber que essa comida é universal, pensei. Fiquei um pouco com medo de ela me dar algo estranho para comer. Pegou um suco de laranja da geladeira e encheu dois copos, comemos em silencio.  Quando terminamos, limpamos a louça e voltamos a estudar.

Eram 22:00 quando a mãe dela chegou em casa e vi que já estava na minha hora de ir. Coloquei minhas coisas na mochila e a coloquei nas costas, me despedi delas duas e sai do prédio. Demorei uns 12 minutos para chegar em casa, tomei um bom banho e me joguei na cama. Digitei uma mensagem de boa noite para Yoi e coloquei o celular ao lado do despertador. Que dia hein?

Levantei a minha blusa e pus a mão em cima da minha cicatriz na barriga, fechei os olhos e revivi o momento de quando Amanda tocou minha barriga, um arrepio me percorreu e virei de lado na cama.  Que droga de sentimento é esse?


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Notas finais do capítulo

Entao? escrevam uma review, isso anime o escritor, bjinhos e ate mais



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