A Vida Como Ela É escrita por LauC


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Postar esse capitulo agora, pq vou ficar sem notbook por uma semana, espero que gostem e comentem.



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Você não é páreo para mim mero guerreiro!!! Um sorriso insolente se formou nos lábios do guerreiro enquanto levantava a sua espada, se mostrando um total insolente. Seres como vocês que se acham superiores aos outros não merecem comandar esse mundo. Então eu, O guerreiro do Sul, iria eliminar você da face da terra.

Jogou sua capa para o lado e correu. O guerreiro batia e batia na maga, que conseguia facilmente se defender com o seu cajado. Uma abertura, só isso que o guerreiro do Sul precisava para derrotar a maga e então em um golpe sujo, o guerreiro chutou o joelho da maga a fazendo cair. Levantou sua espada e abaixou com toda a força em sua direção, fazendo com que uma luz muito clara o cegasse por uns segundos.

Finalmente quando a luz desapareceu, o guerreiro se encontrou em uma cena assustadora. Você se quer pensou que pudesse me eliminar com um ataque tão baixo como esse? A maga se levantou do chão intacta e encarou o guerreiro. Infelizmente para você guerreiro do Sul, eu não vou pegar leve e alem disso você está atrapalhando na minha jornada. Ela levantou suas mãos em direção ao guerreiro, que não conseguia se mover. Queime pelas chamas negras.

O céu ficou negro como a noite e o guerreiro desapareceu. A maga vencedora da batalha olhou para alem das montanhas, onde não se podia enxergar mais nada. Um lugar desconhecido, cheio de monstros e seres malignos que aos poucos aumentavam seu território no mundo. A maga endireito a sua capa negra, segurou firme seu cajado e começou a andar em direção ao desconhecido.

— Charlie??

— Deseja me desafiar mero mortal??

— Do que você ta falando? — Disse minha mãe começando a abrir a porta.

— Não!Não entre — Falei correndo em direção a porta e fechando bem na hora que ela começou a abrir. Ufa essa foi por pouco. Olhei para minhas roupas e suspirei, não preciso que mamãe veja minha roupa de maga.

— Que seja. Eu só vim dizer para você parar de fazer barulho.

Droga. Olhei para o meu quarto que estava totalmente bagunçado, vi o meu cajado no chão e pus a mão na cara.

— Certo, me desculpe. Já estou indo dormir.

— Ok, Boa noite então — Disse ela do outro lado da porta.

— Boa noite — Escutei os passos dela se afastando e então sentei no chão. — Essa foi perto.

Peguei o cajado do chão e fui para frente do espelho. Estava usando uma calça com uma das pernas cortada um pouco acima do joelho, um cinto prateado na cintura, uma regata preta e uma capa negra. O cajado era feito de madeira, eu mesmo tinha entalhado ele, eu estava com maquiagem escura nos olhos e cabelos soltos. Eu estava igual a minha personagem do jogo Endless, jogo que estava bem famoso em todo o Japão atualmente.

Olhei a hora no despertador e vi que era 11 hrs da noite. Tarde, tarde. Tirei minha roupa de cosplay e guardei tudo dentro do guarda roupa. Tirei a maquiagem da cara e me joguei na cama. Era culpa de Matsumoto, ela que me arrastava para feira de mangas e animes, então não era para menos eu estar viciada. Tanto que eu ainda agora estava imaginando uma cena do jogo no meu quarto.

Alguns anos se passaram e meu irmão eu descobrimos o novo... Perai, mas que diabos. Eu estou falando a abertura do Avatar. Affes para de fantasiar. Me sentei na cama e fechei os olhos, deixa eu começar de novo. Alguns anos se passaram desde que eu e meus pais nos mudamos para Okinawa, Japão. Bem, varias coisas aconteceram e uma delas foi que mudei meu quarto, agora ele tinha uma cama descente, não que aquela do chão não fosse, havia uma estante onde estavam meus livros,revistas,animes,jogos, Xbox e a Tv, uma mesa de estudos, que estava o meu PC, entretanto ainda não tinha banheiro.

Coloquei-me de pé e comecei a pegar os livros que estavam no chão, arrumei-os na estante e organizei a minha mesa, e me joguei na cama novamente. Amanhã seria o primeiro dia de aula. Virei para a parede e dormi.

Acordei com o despertador tocando, sabe né aquele barulho irritante que faz seus ouvidos doerem logo cedo,pois é meu despertador é um desses bem barulhentos. Desliguei ele e me espreguicei, era 6 horas da manhã. Todos os dias de manhã eu saia para caminhar, era bonito ver o sol iluminando as coisas. Vesti uma bermuda e regata, calcei o tênis e amarrei o cabelo, coloquei o celular no bolso e sai silenciosamente do quarto.Peguei minhas chaves na cozinha, onde ficava junto com as outras, e sai de casa.

As ruas naquele horário eram silenciosas e eu gostava de escutar os meus passos resoando na calçada. Algumas vezes eu via uma das vovós da rua molhando as flores do jardim e uma das poucas coisas que estavam abertas aquela hora eram as padarias,passei na frente de uma delas.

— Bom dia — Falei quando vi o filho do padeiro abrindo a porta.

— Bom dia — Respondeu com um sorriso. — Então vai comprar pão hoje? Vamos ter pão de coco.

— Ah, então eu vou, mas na volta, ok?

— Pode deixar que eu guardo alguns para você.

— Obrigado! — Agradeci e voltei a correr.

O pão de coco dali era bem popular e por ser tão bom que eu sempre o comprava quando tinha. Sempre caminhava pela mesma rota, passando por alguns restaurantes,lojas e um pequeno playground para as crianças do bairro. Comecei a fazer meu caminho de volta quando vi o horário, eram 6:50, a minha caminhada era só de uma hora, pois de manhã eu ajudava a fazer o café e me arrumava, depois disso eu pegava Matsumoto e íamos para a escola.

— O pão!! — Gritou o filho do padeiro quando eu passei pela frente correndo.

Dei meia volta e parei lá.

— Me desculpe — Falei me curvando.

— Sem problemas, afinal você está sempre ocupada — Disse ele gentilmente, entrou por uma porta e voltou de lá com uma sacola. — Aqui esta seu pão de coco.

— Eba, obrigado —Falei pegando a sacola, enfiei a mão no bolso e senti apenas o meu celular. Não acredito que esqueci o dinheiro! — Ah, é, eu me esqueci de pegar o dinheiro.

— Você pode pagar quando estiver indo para o colégio — Disse coçando a nuca.

— Muito obrigado — Falei me curvando. — Prometo que pago.

— Sim,sim. Agora vá se não vai se atrasar.

Segui o conselho dele e comecei a correr novamente. Subi as escadas de casa sem nenhum problema, como eu disse antes, muitos anos se passaram, abri a entrada do dojo e entrei. Vi as luzes de casa ligadas e destranquei a porta. Entrei na cozinha e vi mamãe mexendo no armário.

— Cheguei — Falei. Depois de alguns anos simplesmente pegamos os hábitos japoneses.

— Bom dia.

— Bom dia — Coloquei o pão na mesa — A senhora vai fazer o café?

— Sim — Disse pegando o pote de café do armário, olhou para a mesa onde estava a sacola de pão. — Pão de coco?

—Aham. Quer ajuda?

— Por enquanto não, seu banho está pronto. — Respondeu.

— Certo — Sai da cozinha e entrei no banheiro, tirei as roupas e entrei na banheira— Que bom.

Me enrolei na toalha e entrei no quarto, sequei meus cabelos, peguei meu uniforme da escola e o vesti. Me olhei no espelho e corei um pouco, lembre de quando cheguei aqui, me mostraram os uniformes que as garotas costumavam usar, nossa como eu morri de vergonha. Os uniformes eram bonitos, mas davam vergonha assim mesmo.

Coloquei meu material escolar dentro da bolsa,chaves, dinheiro para pagar o padeiro e o celular. Entrei na cozinha e vi que todos estavam de pé, todos eu me refiro a mãe,pai e vovó. Me sentei na almofada do chão e me servi com café, peguei o pão de coco e comecei a comer, ele era melhor sem nada junto. Bem, o motivo de o vovô não estar presente é porque ele partiu dessa para melhor, ele faleceu dois anos atrás,quando seu corpo ficou muito frágil e pegou uma pneumonia. Vovó ficou em depressão por muito tempo, só que cuidamos dela e no momento se pode dizer que ela estar normal. Meu pai assumiu o Dojo e eu agora tenho que treinar mais ainda.

Tomamos café em silencio. Papai e eu de uns anos para cá, na verdade desde que o vovô morreu, não nos falamos direito. Não que tenhamos brigado ou algo do tipo, acho que é só falta de assunto mesmo, nas poucas vezes que ele fala comigo é sobre a escola, karate e kendo. Chega a ser decepcionante,mas fazer o que? Eu também não tenho nada para falar.

Quando terminei de comer mamãe apontou para o obento que estava em cima do balcão,abri ele e vi o que era, tinha o tradicional arroz japonês,ovos e outras coisas ai. Fechei-o e o coloquei dentro da mochila.

— Estou indo! — Falei saindo da cozinha.

— Ok !!

Coloquei a mochila nas costas e me pus a andar. A casa de Matsumoto não ficava longe da minha, mas sempre nos encontrávamos em uma esquina,onde a rua principal se bifurcava. Demorei uns 10 minutos para chegar ao ponto de encontro, Matsumoto acenou com a mão e me deu um sorriso quando me viu.

— Bom dia, Yoi.

— Bom dia Charlie —Yoi Matsumoto é a minha melhor amiga, conheci ela quando estava no fundamental. Ela ajudou a me acostumar no Japão, me ajudou com a atividade e outras coisas da escola, ela praticava também kendo comigo no fundamental e fazia aulas no dojo da minha família. Pode se dizer que nós nos demos bem desde o começo, mentira, no começo eu achava ela um pouco louca, mas depois vi que ela era apenas agitada . Mas ela é a melhor amiga que qualquer pessoa sonha em ter, outra coisa que me fez se aproximar de Yoi foi o fato de que ela fala fluentemente o inglês, o que me ajudou em muita, muita coisa. — Céu está bonito hoje não é mesmo?

Olhei para cima e entendi o que ela disse, o céu estava totalmente limpo, sem nenhuma nuvem e o sol não estava escaldante. Falo isso por que quando chega o verão aqui, nossa ponha calor nisso!

— Você tá bonita nesse uniforme — Disse Yoi me encarando.

— To nada — Falei virando a cara para não deixar ela me ver corada, olhei pra ela de canto e sorri. — Você que esta.

Ela deu um sorrisinho pra mim, na verdade eu achava o sorriso dela muito lindo, mas vamos guarda isso para mim. Deixa eu explicar direito aqui. Se passaram 5 anos desde que eu cheguei aqui, agora eu estou no segundo ano do ensino médio. Yoi e eu sempre conseguimos tirar boas notas nos exames e por isso conseguimos entrar em um dos melhores colégios femininos de Okinawa.

O colégio tinha uns três uniformes, o primeiro era a roupa de educação física, que era uma camisa branca de manga curta e shorts vermelhos, o segundo era uma calça,camisa e jaqueta vermelhas com detalhes brancos, e a ultima que era a que quase sempre vestíamos e a vestíamos agora, era uma saia e gravata vermelha e preto listrada, uma camisa branca de manga comprida e por cima uma jaqueta preta com as bordas brancas e o brasão do colégio no peito esquerdo. Se você quisesse usar meias curtas ou grandes era decisão sua, porem o tênis tinha que ser preto. Ah e minha mochila era da mesma cor que a saia.

Eu tive que me acostumar com o uniforme constrangedor de qualquer forma. O nosso colégio ficava longe da nossa casa, cerca de 3 quarteirões e duas estações de trem. Avistei a padaria da qual peguei pão de manhã e fui até lá.

— Bom dia — Falei quando vi o dono da loja na recepção. Tirei o dinheiro do bolso da mochila e dei a ele. — O do pão de mais cedo.

— Bom dia. Ah sim, claro — Disse, o dono era um senhor nas bases de uns 40 anos de idade, já com cabelos cinzas. — Volte sempre.

— OK — Respondi saindo da loja, Yoi me olhou sarcasticamente — Nunca se lembra de levar dinheiro quando sai para caminhar, né?

— Sem comentários — Falei balançando a mão e sorrindo. Olhei no relógio, 8:15. — Melhor apertamos o passo.

— Também acho — Concordou e começamos a correr. Pegamos o 1º trem, passamos pelo parque que ficava entre as estações e conseguimos pegar o outro a tempo. — Por pouco, hein.

— Né.

Depois de uma caminhada curta, chegamos a entrada do colégio. Ele era bem grande, Tinha um pátio com um jardim na entrada, nos fundos havia o ginásio e a piscina, do lado o segundo prédio da escola onde ficavam os clubes, no centro ficava o colégio principal onde tinha a lanchonete, biblioteca e claro as turmas e do lado esquerdo ficava o auditório. Que era para lá que iríamos, por causa da cerimônia de abertura e blablabla. Eu sempre achei muito inútil isso mas...

Logo na entrada do prédio principal, havia o armário onde ficavam nossos sapatos, sabe né que os japoneses trocam/tiram os sapatos antes de entrar em qualquer lugar, e escolas não são diferentes. Olhamos em qual sala ficaríamos e pela primeira vez nos caímos em sala diferente.

— Não acredito — Falei quando vi que o nome de Yoi não estava na mesma turma.

— Eu quem o diga — Disse apontando para lista da sala ao lado — Sala 2-B.

— Que droga — Resmunguei baixinho. — Sala 2-A.

— Bem , pelo menos estamos numa sala do lado da outra — Falou, mas sua voz nem de longe parecia animada.

— Aham — Abracei ela por trás e ela deu um pulo de susto. Geralmente eu não fazia isso, só que tanto ela quanto eu não estávamos felizes com aquela divisão de salas. — Vamos nos ver na hora do almoço.

— E na hora da saída, no caminho de casa e no dojo — Falou começando a rir, soltei ela do abraço e fiz uma carinha levemente irritada. — Oh, você fica fofa quando faz essa carinha — Disse apertando minha bochecha.

— Para Yoi ! — Falei, algumas meninas olharam para gente meio confusas e outras deram um sorriso. — Se comporte mulher.

— Não fui eu que te abracei foi?

— Cala boca — resmunguei ficando vermelha.— Também não te abraço mais.

— Quê? A sua sem graça.

— Não.

— Nem no meu aniversario? Natal?

— Vou pensar no seu caso — Falei, ela me deu um olhar que dizia muito bem que tinha vencido a luta. — Vamos logo para a sala.

O prédio principal tinha 4 andares, o 1º era a lanchonete, sala dos professores, biblioteca e os banheiros. No 2º andar eram as turmas do 1º ano, no 3º o segundo ano e 4º o terceiro ano. Para cada ano havia 4 turmas com 38 alunas no mínimo e as turmas eram classificadas em A,B,C e D. Subimos para o 2º andar e logo vimos os professores do primeiro horário na porta segurando uma pequena caixa e papel nas mãos.

— Estão entregando os broches — Disse Yoi — Vou indo na frente. Nós vemos depois, ok?

— Ok — Respondi, Yoi me deu um rápido abraço e foi para a sala ao lado.

— Bom dia, Maedo-sensei — Falei quando parei na frente da professora.

— Bom dia Tanaka-san — Ela olhou para o papel que estava cheio de nomes dos alunos da turma e enfiou a mão dentro da caixa, retirando de lá o broche. — Aqui está, sabe o que fazer com ele, né?

— Sim — Peguei o broche dela e entrei na sala, tinha outras alunas dentro da sala. Me deram um breve olhar e voltaram a fazer o que quer que estivessem fazendo. Ignorei elas e procurei minha carteira pela sala, a achei no fundo da sala. Eles tinham organizado pelo sobrenome, o meu era Tanaka, pensei que ficaria no meio da sala mas pensei errado. Esse ano havia muita gente com o sobrenome antes do meu, fiquei até feliz quando achei a minha carteira, ela era a ultima da fila ao lado da janela. Dali eu poderia se ver todo o pátio.

Coloquei minha bolsa em cima da mesa e olhei para o broche que a professora me deu. Cada ano tinha um broche diferente, onde geralmente em outras escolas usavam-se lenços para diferenciar as series. O broche tinha um formato igual a do brasão da escola, que era meio que um escudo dourado. O broche do 1º ano tinha uma estrela no meio, o do 2º ano eram duas faixas vermelhas cortando diagonalmente e o do 3º ano era uma coroa. Bem legal,né? Enfim, tínhamos que colocar ele na nossa farda principal.

Prendi ele na argola da camisa e me sentei na cadeira. Fiquei vendo o movimento de algumas pessoas lá fora que não percebi quando a professora entrou na sala.

— Bom dia classe — Maedo-sensei disse — Começamos hoje a primeira aula do 2º ano de vocês. Como esse ano houve uma mistura de classes vou pedir para vocês se apresentarem adequadadamente.

Começaram a se apresentar da direita pra esquerda, de forma que eu era a ultima a se apresentar. Fiquei olhando para a vista lá de fora, nem prestando atenção nos nomes das outras alunas, não era que eu fosse mal educada, era só que eu não conseguiria lembrar o nome de ninguém assim.

— Tanaka-san.

— Hum — Falei virando o rosto para a professora, ela levantou as sobrancelhas e eu percebi que era a minha vez. — Ah sim, me desculpe. Meu nome é Charlie Tanaka, espero que possamos fazer bons laços aqui — Me curvei levemente, dei um sorriso tímido e me sentei.

As alunas me encararam por um segundo, isso era um saco, botei a mão no queixo e fingi não ver. As aulas foram tão normais quanto o possível, o sinal tocou para o almoço, cumprimentamos o professor enquanto ele saia e depois as meninas da sala começaram a conversar entre si, provavelmente se conhecendo. Peguei meu obento da bolsa e botei em cima da mesa. Como será que foi a apresentação de Yoi?

— Charlie! — gritou Yoi aparecendo do nada dentro da sala e pulando em cima de mim, fazendo quase nos duas cair. As alunas olharam para nós duas, mas Yoi parecia nem se importar. — Fiquei com saudades de você, naquela sala não tem ninguém que eu conheça!

— Certo Yoi — Falei sorrindo constrangida. — Pode me soltar agora.

— Oh sua chata — Disse me soltando, dei uma levei inclinada com a cabeça e ela olhou para o lado, vi seu rosto ficar por um segundo constrangido e depois um sorriso apareceu — Oi, meninas!

— Bom dia — Disse algumas delas para Yoi.

— Bem, vamos almoçar?Aqui é a sua cadeira?

— Aham — Respondi. — Cadê seu obento?

— É verdade, esqueci dentro da bolsa — Disse coçando a cabeça. — Bonita vista,hein?

— Sim — Peguei ela pela mão e peguei o obento com a outra. — Vem vamos pegar o seu almoço.

Sairmos da sala deixando as meninas da sala, cumprimentamos as alunas que passavam por nós no corredor e entramos na sala de Yoi. Era idêntica a minha, procurei a mochila dela e a avistei perto da janela.

— Ah, então a senhorita aprecia a bela vista também — Falei sorrindo.

— Né, porem a minha não fica no fundão. Vê se não vai virar vagabunda,hein.

— Eu duvido muito — Era impossível.

— Vamos comer aonde?Pátio?

— Parece uma boa ideia — Pegamos nossas comidas e fomos para o pátio, sentamos no banco do jardim e começamos a comer. — Eles fizeram uma mistura total com as salas.

— Verdade — Disse Yoi mordendo um bolinho de arroz. — é um saco ter que aprender todos aqueles nomes.

— Concordo, mas se bem que vamos aprender do mesmo jeito — Falei dando de ombros, um grupo de meninas passou perto de nós e deram um aceno com as mãos, Yoi devolveu o aceno, eu fiquei vendo se era para nós mesmo. — Não vou me acostumar com isso.

— Que nada, você só é tímida no começo, mas depois vai ver que vai falar com todo mundo — Disse brincando com os hashis.

— Humm.

O sinal tocou indicando o fim do período de almoço, nos levantamos e entramos no prédio principal. Deixei Yoi na entrada da sua sala e nos despedimos, caminhei para a minha e entrei.

Acho que nunca disse como era a minha aparência antes, então vou dizer aqui, eu praticamente puxei tudo a minha mãe, meus cabelos eram loiros lisos, tinha olhos azuis e pele branca, que sempre que eu ficava com vergonha meu rosto corava. Como eu praticava karate e kendo, normalmente eu participava de campeonatos. No fundamental eu participei de alguns, mas ganhei apenas 2 vezes. Cada ano havia os campeonatos nacionais, a nossa escola tinha diversos clubes, alguns deles eram esportivos, eu permaneci fazendo kendo e Yoi começou a fazer Kyudô (arco e flecha). Haviam também os campeonatos de karate por dojos.

E então ano passado ganhamos uma serie de medalhas. Yoi ganhou em 1º lugar pelo clube de Kyudô na modalidade individual e em grupo. E eu ganhei a mesma coisa pelo clube de kendo e participei do campeonato de karate, consegui ganhar em 1º lugar em individual e em grupo. Acredito eu que este seja o motivo de encararem a gente.

— Você é a Tanaka-san, não é? — Perguntou uma garota de cabelos pretos e olhos castanhos sentada duas cadeiras a minha frente.

— Sim sou — Respondi, encarei ela por um momento sem entender. — Tudo bem?

— Ah sim — Disse, vi seu rosto começar a ficar rubro e sorri.

— Vamos, vamos, que houve? — Perguntei a instigando a falar.

— Eu...só...queria dizer que você foi incrível no campeonato do ano passado —Falou já com o rosto vermelho.

— Ah, obrigada — Falei dando um sorriso tímido e passando a mão no cabelo. — Só fiz o que estava ao meu alcance.

— Mesmo assim — Disse se colocando de pé me deixando surpresa. — Você foi ótima.

— Estou ficando constrangida — Falei baixinho, ela olhou para mim surpresa e me deu um sorriso — Então qual seu nome?

— Sato, Myoko Sato — Disse se curvando.

— Prazer Sato-san — Estendi a mão a ela.— Tanaka, Charlie Tanaka.

— Prazer é meu — Disse ela com um sorriso enorme. Uma fã,hã?

— Bom classe, vamos começar a aula — Disse o professor entrando pela porta. Sentamos-nos e assistimos à aula.

Depois da escola os alunos iriam fazer as suas atividades nos clubes, o clube de Kendo era aberto nos dias de terça, quarta e sexta feira e o clube de Kyudo tinham aulas nos dias de segunda,quarta e sexta feira. Como Yoi e eu tínhamos um dia diferente eu ou ela esperava na biblioteca ou ia fazer alguma coisa. Geralmente quando ela tinha aula no clube eu ia para o parque que passávamos entre as estações, era bem reconfortante.

— Charlie, eu você pode ir para casa, a professora de Kyudo me pediu para ajudar com umas novatas — Disse Yoi na saída.

— Hmm, tudo bem — Falei ajeitando a mochila nas costas. — Boa sorte!

— Pode deixar.

Caminhei em direção a lanchonete, a lanchonete era bem organizada, havia algumas mesas com sofás na lateral e o balcão, cheio de pães e salgados. Tinha uma fila para comprar e entrei nela, acenei para algumas meninas que eu conhecia e logo depois comprei um pão de coco com mel. Achei uma mesa vazia, coloquei minha bolsa do lado e me sentei, abri o pacote do pão e comecei a comer.

— Matsumoto está no clube ?

— Aham — Respondi enquanto dava uma mordida no pão. Olhei para quem tinha falado comigo e percebi que era Sato. — Oi Sato.

— Oi, posso me sentar — Perguntou apontando para o banco da frente.

— Sim, claro — Dei uma mordida no pão novamente enquanto ela se ajeitava. — Então o que você manda?

— Queria só conversar mesmo — Disse dando um sorriso tímido. — Matsumoto é a sua melhor amiga não é?

— Aham, por que da pergunta?

— Nada, é que vocês duas sempre foram muito unidas e a primeira vez que vocês caiem em sala diferentes.

— Humm — Falei sem entender direito e encarei ela. — Quer nada para comer?

— Não, obrigada.

— Oks — Coloquei o resto do pão de volta na embalagem e coloquei as mãos em cima da mesa. — Peraí, deixa eu ver se entendi. Você quer dizer que os professores acham quem nos duas devíamos nos separar um pouco e se relacionar com outras meninas?

— Hã, bem, sei lá, acho que sim, se bem que eu não disse nada disso— Disse Sato sem jeito. Esfreguei meus olhos e soltei um suspiro, devo estar pegando de Yoi essas maninhas de chutar as palavras.

— Então, voce era de que turma no ano passado?

— Era da 1º C —Disse Sato.

— Humm. Eu não me lembro de ter falado com você antes. Você frequenta qual clube?

— Ano passado eu era do clube de artes, só que eu percebi que não era muito boa naquilo e esse ano eu ainda estou vendo em que clube eu possa entrar, se não eu continuo no de artes mesmo.

— Entendo, gostar de kendo ou kyudo? — Perguntei, vai que ela se interessava.

— Eu gosto só de ver — Deu um sorriso — Na verdade eu sou péssima.

— Então você tentou — Falei sorrindo — Bem, não é fácil.

— Exatamente — Concordou.

Ficamos conversando até quando eu vi a hora, me despedi de Sato e sai da escola. Era 18:20, o sol começa a se por, peguei a primeira estação e logo depois de alguns minutos eu desci do trem. Caminhei em direção ao parque. O parque era cheio de arvores bonitas, havia algumas arvores de cerejeiras espalhadas, eu gostava de sentar de baixo de uma delas que ficava de frente para a estrada, que passava em frente ao mar. Caminhei até onde ela estava e foi então que vi.

Embaixo da arvore rosa, havia uma garota linda, não consegui ver seu rosto da onde eu estava, então como se me corpo se movesse sozinho caminhei até ela. Parei ao lado dela, sem ela ao menos me notar. Pude ver o seu rosto bem feito, ela tinha os cabelos longos de uma cor castanha que a luz do sol tinha um tom meio laranja, seus olhos eram de um azul meio cinza, tinha os lábios cor de rosa. Vestia uma blusa de manga preta com branco, uma calça jeans e um tênis vermelho.

Senti meu coração batendo mais forte, minha boca ficou seca e minhas pernas ficaram incrivelmente leves. Apoiei-me na arvore e respirei fundo tentando voltar ao normal. A garota deu um pulo de susto quando me viu ali. Droga eu não queria assusta-la.

— O por do sol aqui é lindo — Falei, na verdade o que eu disse foi, lindo ser é o por do sol, engoli em seco, mas que diabos!?

A garota olhou para mim desde os pés as cabeças, engoli em seco novamente, porque eu estava nervosa? Então depois de alguns segundos sem nenhuma das duas dizer nada, ela abriu a boca como se tentasse falar algo.

— Eu não falo direito o japonês — Disse em um japonês quase irreconhecível. Pelo sotaque estranho dela, ela concerteza não era daqui. Senti um alivio me percorrer ao saber que ela provavelmente não tinha entendido o que eu falei sobre o por do sol.

— Ingles? — Perguntei tomando coragem. Ela me deu um sorriso de canto e acenou com a cabeça. — Bem eu disse que o por do sol é lindo aqui.

— Ah é sim — Disse perfeitamente em inglês. A voz dela era tão suave e bonita. Fiquei encarando ela. — Tem alguma coisa no meu rosto?

— Não, não — Falei sem jeito e virei o rosto para o por do sol. Fiquei em silencio um pouco e dei um olhar de canto para ela. Ela estava sentada no chão novamente observando o sol se por. — Bem, fico feliz em saber que não sou só eu que gosto de ver o por do sol aqui.

— Ah, me desculpe — Disse ela se levantando sem jeito. — Não sabia que.

— Sem problemas — Falei sorrindo ao ver ela sem jeito. Dei uma rápida olhada no relógio e já estava perto das 7 horas.— Eita, eu tenho que ir.

— Ah — Falou ela como se estivesse triste.

— Bem, vou indo, tome cuidado ao voltar para casa. Okinawa pode ser quieta, mas é melhor se prevenir — Falei ajeitando a mochila nas costas. — Boa noite.

— Boa noite — Disse ela. Comecei a me afastar da arvore e fui em direção a próxima estação, sentei no banco quando entrei no trem.

— Que garota linda — Sussurei.



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Notas finais do capítulo

Entao o que acharam? Comentem, isso incentiva. Quero indicar aqui a fic da minha onee-chan para os que não conhecem(Pq ela que me indicou para alguns) o nome da fic é "entre amores". Deem uma olhada. =DD



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