Watch Me escrita por haru
Notas iniciais do capítulo
Não tenho muita certeza sobre esse capitulo D: quero dizer, ele se passa boa tarde numa espécie de Flash back, enquanto Nagumo tenta convencer Hiroto e Midorikawa de que eles sempre iam aquele campo.
Espero que não tenha ficado muito bobo.
Havia quatro crianças caminhando, com entre 8 e 9 anos. Uma delas segurava uma bola.
Estávamos procurando um lugar fresco para brincar, já que o dia estava muito quente.
- Onde estamos indo mesmo? - perguntei.
- Estamos procurando um bom lugar pra jogar, oras - respondeu Hiroto, mostrando a bola em sua mão.
- Estamos fazendo isso a horas! - falou Midorikawa.
- Calor - falou Suzuno.
Hiroto olhou para os dois, um pouco bravo.
- Parem de reclamar, se vocês não andassem feito lesmas já teríamos chegado! - falou.
- Chegado onde, pelo amor de deus? - perguntei.
- Em algum lugar! - ele respondeu.
- Caloor - repetia Suzuno.
O sol torrava nossas cabeças. Estávamos a uma meia hora andando, mas pareciam ter se passado umas 5 horas!
A estrada estava praticamente vazia, aquele nunca fora um lugar muito movimentando, diga-se de passagem. Havia poucas casas, e muitas arvores e mato em volta. A estrada era de terra.
- Porque não brincamos enquanto procuramos? - sugeriu Hiroto.
- Brincar de que? - perguntou Midorikawa.
- Não, esta muito quente - falou Suzuno.
- Vai ficar reclamando do calor o dia inteiro, bobão? - impliquei.
Suzuno me olhou fazendo uma careta. Ele tinha mais expressões quando era criança.
- Cala a boca, eu estou derretendo - falou.
- Picolezinho - falei, em tom sugestivo.
- Vamos brincar de alguma coisa ou vocês vão continuar de namoricos? - perguntou Hiroto, sorrindo.
- O QUE? QUEM ESTA DE NAMORICOS ? - gritei.
Ele tinha uma voz um pouco manhosa, e parecia uma garotinha. Urg.
- Se você for esperar por eles, nunca vamos fazer nada alem de escutar eles brigando - falou Midorikawa, emburrado.
- Eu só quero ver o dia que o Haruya-chan admita que gosta do Fuusuke-chan - Hiroto fez uma cara maliciosa.
Fiquei vermelho, bufando.
- Eu não gosto desse branquelo!
- Fale de uma vez, todos ja sabemos - falou ele.
Avancei para cima dele, porém, Hiroto era rapido, desviou-se de mim e saiu correndo, rindo.
Fui atrás dele, e os outros dois patetas me seguiram.
Hiroto sumiu entre as arvores. Ele era muito rápido, e eu havia sido deixado para trás por ter prendido meu pé numa raiz de uma arvore e caído. Ainda me lembro de como meu joelho estava doendo quando eu o arranhei.
- Hiroto maldito - falei, me sentando no chão com as mãos no joelho.
- Mas vocês dois, hem.. agora estamos aqui no meio desse mato - falou Midorikawa, mal humorado, ao lado de Suzuno, que apenas me olhava com cara de nada.
- Eu vou pegar ele! - falei.
Em meio ao meu ataque de raiva, Suzuno começou a olhar a nossa volta, até que ele viu algo se mexendo em um arbusto.
Midorikawa notou ele olhar fixamente para aquela certa direção.
- O que foi? - perguntou o verde.
- Eu acho que vi.. um coelho - ele disse.
Me levantei, tentando não demonstrar estar sentindo dor. Eu era uma criança orgulhosa.
- Eu não vi nada - falei.
- Claro que não, você estava ai choramingando - falou Suzuno, apontando para alguma coisa se mexendo.
Nos aproximamos tentando não chamar atenção. Havia realmente um coelho branco naquele arbusto, ele estava comendo umas frutinhas, até que , sem querer, pisei em um galho seco que fez um barulho maldito alto, e ele correu.
Por alguma razão, Suzuno saiu atrás dele. Eu e Midorikawa levamos um tempo para decidir ir atrás dele também, mas eu estava com o joelho machucado, acabei ficando para trás.
- HEei, não vão tão depressa - gritei, tentando acompanha-los.
Por sorte, não demorou muito para que eles parassem e eu os alcançassem.
O coelho havia nos levado a um lugar novo, no meio daquele pequeno "bosque". Era como se as arvores houvessem se afastado para abrir um espaço para a luz do sol.
Um campo, cheio de mato e pedras, mas era um campo, cercado por arvores e arbustos. Nosso lugar especial.
- Que lugar é esse? - perguntou Hiroto.
Me virei para trás.
- Você estava ai, seu maldito!
- Eu vi que ninguém estava atrás de mim - falou ele, fazendo bico - então eu tive que seguir vocês.. e pare de falar "maldito", você não sabe que isso atrai coisa ruim! - ele apontou para meu joelho ralado.
- Aah, cala a boca!
Midorikawa e Suzuno estava observando no meio do campo.
- Vocês não estavam procurando um lugar novo? - perguntou Suzuno - acho que encontramos..
- Hiroto! Achamos um campo - falou Midorikawa, ao notar Hiroto se aproximando.
Me sentei numa pedra e fiquei olhando os idiotas falarem e planejarem como transformariam aquilo um campo de verdade. Eu estava com preguiça para ajudar em alguma coisa, mas é claro que eles não me deixariam ficar simplesmente ali olhando para eles, com joelho ralado ou não.
- Venha, Nagumo, você tem que ajudar a gente a remover essas pedras! - chamava Midorikawa.
- Ele é um preguiçoso - falou Suzuno.
- Eu não quero limpar nada! - gritei - nem sei porque aquele coelho idiota trouxe a gente aqui!
- Coelho? - perguntou Hiroto, olhando para Suzuno.
- Sim, seguimos um coelho até aqui.. mas ele sumiu - respondeu o albino.
- E se ele fosse algum espirito ou coisa assim - perguntou Midorikawa.
- Do que você esta falando, Mido-chan? Porque existiria um espirito de um coelho aqui e porque ele nos traria até esse campo? - perguntou Hiroto.
- Vai ver esse lugar é assombrado!
Suzuno deu uma risadinha.
- A unica assombração aqui é o Nagumo.
Ao escutar aquilo, me levantei e me aproximei deles com raiva.
- Olha quem fala! Você que parece um fantasma!
Ele fez uma careta.
- Eu não sou um fantasma!
- E esse cabelo branco? Hem? Fantasmas tem cabelo branco!
- Como você sabe? Você já viu um?
- Eu vejo você.
- Eu não sou um fantasma..!!!
- Fuusuke teria que morrer para ser um fantasma - Hiroto se intrometeu - e ele esta vivo, Nagumo, agora venha ajudar a gente a limpar, que tal?
- É, já que você tem energia e disposição para brigar - completou Midorikawa.
Bufei e comecei a remover as pedras com eles. Em alguns VÁRIOS minutos, - eu não sei, eramos jovem demais para saber contar horas - havíamos tirado tudo que achávamos que poderia nos machucar quando fossemos jogar.
- Acho que esta bom.. - falou Hiroto, dando terminamos.
Estávamos todos muito sujos.
- Mas ainda tem muito mato - falou Midorikawa, olhando em volta enquanto limpava as mãos na camisa - o que vamos fazer para tirar tudo isso?
- Vamos voltar amanha e começar a arrancar - sugeriu Hiroto.
- Vamos levar a vida toda para fazer isso! - falei - porque não vamos para o campinho perto da escola, como todo mundo?
- Porque lá é cheio de gente chata - falou Suzuno.
- Então pelo menos você estaria no lugar certo - impliquei.
Ele só me olhou com cara feia e foi em direção as arvores.
- Você já esta indo, Fuusuke? - perguntou Hiroto.
- Sim, vocês não vem? - perguntou o albino.
- É, vamos gente, amanha continuamos! - falou Midorikawa.
E foi assim. Durante um bom tempo, íamos aquele campo todos os dias e pouco a pouco deixávamos ele mais limpo e melhor para jogarmos. Levávamos sempre uma cesta para fazer-mos um piquenique e era divertido boa parte do tempo.
Menos quando chovia. Apesar de mesmo assim, algumas vezes arriscarmos a ir e ficávamos sujos de barro.
- Tem barro no seu nariz, Nagumo - falou Suzuno, certa vez.
- O que? Não tem não.. - tentei enxergar meu nariz.
- Tem sim, olha - Suzuno passou o dedo em meu nariz, sujando ele de barro.
- Seu maldito! - gritei, tentando fazer o mesmo com ele, só que na cara toda.
Suzuno acabou caindo no barro e me puxou junto.
Aquela tarde rolamos na lama e levamos uma bronca quando chegamos em casa.
As vezes iamos no inverno também. As pedras eram geladas demais para nos sentarmos nela, mas acabamos nos acostumando.
Jogar bola nos aquecia.
- Suzuno, você não sente frio? - perguntou Midorikawa.
Suzuno Fuusuke não parecia se incomodar com o frio. Ele usava regatas, como se fosse verão, ou então erguia a manga da camisa.
- Não, eu gosto.
- E você, Nagumo? - o garoto de cabelo alface olhou para mim.
- Eu não gosto, mas não me importo com ele - respondi.
Eu usava minhas roupas normais. Nunca sentia frio.
Midorikawa e Hiroto, por outro lado, vinham todos encapuzados e com 3 quilos de roupa cada um.
Eu e Suzuno sempre vencíamos eles no jogo, nessas épocas do ano.
Os anos se passaram, fizemos 12/13 anos.
Havia 4 anos que frequentávamos aquele lugar.
- Hoje é nosso aniversário..aaaaaaaaaaaalegria! - gritou Hiroto, se aproximando com uma caixa, que continha um bolo.
- "Nosso"? - perguntei.
Estavamos todos sentados em um lençol no meio do campo. Um lençol vermelho, coisa de Hiroto.
- Sim, do "nosso" campo, Haru-chan - respondeu ele, colocando o bolo no meio, e abrindo a caixa.
- Não me chame assim, seu ...
- Tá, Maldito, já sei - ele disse - mas acho que como amigos a tanto tempo deviamos ser mais intimos.
Ele se ajoelhou ao lado de Midorikawa.
-Haru-chahn, Ryu-chan, Fuu-chan - ele apontou para cada um de nós, nesta mesma ordem, e depois apontou para si mesmo - e Hiro-chan.
- Isso é no minimo muito gay - falei, franzindo a testa.
Suzuno fez uma careta.
- Não vou chamar esse cabeçudo de "Haru-chan" - falou ele.
- QUE? Eu sou cabeçudo? Você parece ter uma cabeça de 3 metros com esse cabelo ai.."FUU-CHAN".
- Ah, já vão começar.. porque não podemos ter um dia de paz? - perguntava Ryu-cha,..quero dizer, Midorikawa.
- É esse cabeça de tulipa que faz escândalo - falou Suzuno.
- Foi você quem começou!
- Eu não, você que fica bravinho por qualquer coisa.
- Ah, cala a boca, seu branquelo do inferno..
- Você é que cor então, seu idiota?
- Foda-se.
- Você tem uma boca muito suja.
- Morra.
Midorikawa já estava bufando de raiva.
- SERA QUE VOCÊS QUEREM CALAR A BOCA E VAMOS COMER LOGO ESSE BOLO, POR FAVOR? - gritou o garoto.
Eu, Suzuno e Hiroto viramos a cabeça para ele, e ao fazermos isso, Midorikawa fica sem jeito.
- Vocês estavam me irritando.. - falou.
- Ok, vamos comer logo então - falei, pegando um guardanapo.
- Ei, espera! Não cantamos parabéns - lembrou Hiroto, pegando uma sacola, que eu nem o vira trazer.
Ele tirou uma velinha de cada cor: azul, vermelho, roxo e verde.
- Uma pra cada - falou ele, entregando uma para cada - Nagumo pode ficar com a vermelha.
- Oh.
- Pra que isso? - perguntou Suzuno.
- É um "ritual", eu que inventei - falou Hiroto - cada um acende sua velinha, e vamos coloca-la no bolo, cantar parabens.. essas coisas como num aniversário normal, e vamos todos fazer um pedido..
- Que besteira - resmunguei.
- Deixa de ser chato, Nagumo, pelo menos uma vez - falou Midorikawa.
- Sim - ajudou Suzuno.
- VAMOS TODOS FAZER UM PEDIDO.. - Hiroto erguera a voz para impedir que fosse interrompido novamente - MAS.. o mesmo pedido.
- E qual seria? - perguntei.
- Vamos pedir para nunca deixarmos de sermos amigos, - falou Hiroto, num tom dramático - para nunca esquecermos um ao outro.
- Isso é muito bobo.. pelo amor de deus - falei, fazendo uma careta.
- Pode até ser, mas é algo que eu não vejo problema nenhum em fazermos.. estamos só entre nos mesmo - Hiroto falou.
- Tudo bem, eu faço - Midorikawa foi o primeiro a pegar o esqueiro.
- Ah, vamos então - falou Suzuno, e então , todos olharam para mim.
- ARG..
- Ok, todos concordaram, então vamos! - Hiroto animou-se.
E então fizemos. Foi incrivel como conseguimos não rir enquanto fazíamos isso.. mas depois que as velas foram apagadas, olhamos um para a cara do outro e não resistimos.
- Ainda bem que ninguém mais viu isso - falou Midorikawa.
E por alguma razão, aquilo fez a gente rir por um bom tempo. Tudo parecia muito bom.
E mais alguns anos se passaram, e fomos cada vez menos. Mas mesmo assim, nunca deixávamos o mato crescer.
A escola era o que mais nos atrapalhava, e os jogos. Mas pelo menos uma vez a cada 15 dias, nos reuníamos em nosso campo, que sempre chamávamos, secretamente, de "lugar especial". Nome que demos quando eramos criança e não achávamos que precisaríamos criar um outro nome.
- Feliz aniversário, Fuusuke. - Hiroto o entregou um presente.
- O que é isso? - perguntei - é seu aniversário?
Suzuno fez uma careta para mim e abriu o presente. Era um par de meias azuis, com um pequeno detalhe vermelho na ponta.
- Eu não sabia o que comprar, e como você só usa tenis, achei que seria util, desculpe - falou Hiroto.
- Não, isso é muito bom - falou Suzuno.
Ele não sorriu, mas deu um leve abraço em Hiroto.
- Ah, que bonito, um em mim também! - Midorikawa veio e foi abraçado também.
Depois, todos olharam para mim.
- O que foi?
- Não vai pedir um também, Haruya? - perguntou Hiroto, sorrindo maliciosamente.
Era o aniversário de 14 anos de Fuusuke.
- Eu não quero abraçar esse cara.. nem ninguém - falei, saindo de perto.
- Não é como se eu quisesse abraçar você também - ele falou, dando de ombros.
A noite chegou e cada um seguiu seu caminho.. ou quase.
Eu e Suzuno íamos na mesma direção, oposta a de Hiroto e Midorikawa.
- Até mais! - gritou Midorikawa.
- E vê se não ficam de namoricos na rua! - gritou Hiroto.
- VAI *$%(#%*(&$(*#% - gritei de volta para ele.
Andamos por algum tempo em silêncio. Eu o olhei, em algum momento, pelo canto do olho, e pude ver ele olhando para o presente de Hiroto.
- Você gostou disso? - perguntei.
- Sim, eu gosto da cor - ele respondeu.
- Huh..
- O que?
- Nada.
Olhei para o céu. Era uma noite bonita e fresca.
- Feliz aniversário, Suzuno - falei, quando chegamos ao cruzamento, onde Suzuno ia para um lado e eu para o outro.
Ele arregalou os olhos para mim.
- Hã?
- Você ouviu, idiota.
Ele me olhou desconfiado por alguns minutos, mas então se aproximou e me abraçou.
4 segundos. Foi esse o tempo que ele ficou com o braço em torno de mim. E então, deu as costas e foi para casa.
Por alguma razão, eu fiquei parado, e só consegui me mover quando ele sumira caminho a dentro.
E mais tempo passou. Nada mudava. Continuamos cuidado do nosso lugar sempre e sempre. As vezes, parávamos para pensar onde diabos o coelho branco havia se metido depois. Nunca mais o vimos. Mas de alguma forma, eu poderia dizer que ele nos deu uma espécie de presente. Foi uma pena que por tanto tempo eu não havia notado o quanto aquele lugar era bom.. "especial", como o nome já sugeria.
Mas haviam se esquecido dele. Hiroto e Midorikawa, agora, atualmente, estavam de pé no meio daquele campo, olhando em volta como da primeira vez que fomos lá. Mas eles não se lembravam dele. Nem de Suzuno, nem de nossa promessa.
- Não funcionou - falou Suzuno, depois que nos separamos dos outros dois, no cair da tarde.
Estávamos indo para casa - no caso, minha casa -, e paramos num pequeno parque, onde havia uma gangorra, um escorregador e um balanço, do qual Suzuno ocupava.
- Tenha calma, acho que isso leva tempo -falei, paciente.
Suzuno olhou para mim.
- Eu não acredito que você este me ajudando..
- Nós temos um trato, lembra?
- Qual?
- Af, aquele sobre você me deixar em paz..
- Ah, sim, entendi.
- Eu vou ajudar você, trazer você de volta - falei, gesticulando - você vai ser eternamente grato a mim e me deixar em paz, e seremos todos muito felizes e blabalblaba
- Sim, é verdade.
Olhei para o céu.
- Vamos trazer todos de volta - falei, baixinho.
Eu não posso dizer se Suzuno Fuusuke me ouviu, mas seu olhar acompanhou o meu, em direção as estrelas. Elas eram tão parecidas com as que brilhavam naquelas noites, em que estávamos os quatro acampando juntos, que isso só poderia querer dizer: ainda estamos nesse mundo.
Talvez eu comecei a me tornar um pouco sentimental. Mas enquanto ninguém sabia, eu não me importava.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Obrigado por ler u3u essa coisinha.