A Rainha de Copas escrita por Kaya Terachi


Capítulo 3
O palhaço.




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– O que alguém como você faz aqui nesse lugar, garotinha?
A voz havia soado ainda das sombras e evitou de responder as perguntas por medo, como havia feito aos outros, não que não quisesse respondê-las, mas as mãos tremulas e a sensação entorpecida não a deixavam.
Um passo a mais foi suficiente, para tirá-lo das sombras. O terno roxo e bem ajeitado cobria seu corpo, e era possível ver parte do colete verde abaixo, mas não foi a roupa que chamou sua atenção, e sim seus cabelos curtos e verdes caídos para trás e sua face coberta pela maquiagem estranha e assustadora, e como poderia esquecer da cicatriz enorme que tomava quase um lado ao outro de sua face passando pela boca, num sorriso permanente.
De fato, ele lembrava muito a primeira vez que havia ido a um circo com seus pais, e viu um dos palhaços se apresentarem, e talvez ele fosse apenas mais um deles, e já estava bem claro que ele não queria machucá-la.
Levantou-se, dificultosa novamente e observou-o de perto por um pequeno tempo.
– Como você se chama?
– A-Angelique... L’Croix.
– Hm... Conheço seus pais, acredito que muito melhor que você.
– Você... Os conhece?
– Sim, muito bem. – Ele disse a soltar a risada sutil, porém ainda assim assustadora. - Você pode me chamar de coringa.
– Coringa... ?
– Sim, é como todos me chamam.
Talvez aquele nome soasse familiar para si, já o ouvira algumas vezes dentro de casa, mas casualmente apenas, nunca prestara atenção completa na fala de seus pais, afinal, eles sempre falavam sobre coisas que não entendia ou não dava importância.
E ambos estavam em um impasse, a garota, enquanto pensava se podia ou não confiar nele, observava a seu lado o beco vazio, calculando qual talvez fosse a distancia entre ela e a saída dali. E quanto a ele, talvez pensasse, ou talvez não, sobre matá-la, ela era de fato tão pequena e não sabia de nada que pudesse acontecer entre a máfia e seus grandes problemas, mas não, o Coringa não pensava, ele só agia.
– Preciso ir embora... Mamãe e papai devem estar preocupados.
– Não, seus pais nãos estão preocupados.
– P-Por que?
– Porque eles estão mortos. – Disse ele com o estranho riso novamente.
E a pequena lágrima única escorreu pela face da garota.
– Ora, por que está tão triste assim? As coisas simplesmente acontecem e afinal, agora você pode conhecer o mundo, fora daquelas paredes. Eu posso te levar onde o assassino de seus pais está.
Ela o encarou, por um longo tempo se perguntando se deveria ir ou ficar, ele parecia muito suspeito, mas todos os amigos de seu pai eram estranhos assim, embora não tivessem tanta cara de psicóticos e maníacos, mas era apenas uma criança, como poderia prever quem era bom e quem era mal? A inocência estava estampada em sua face.
– Ta bem. – Disse a observá-lo.
– Ótimo, mas por que está tão séria?
– Meus pais... Morreram.
– E daí? Isso foi ontem. Sabe, as pessoas seriam muito melhores se sorrissem o tempo todo, não haveria preocupação, não haveria motivos para chorar. Você tem que entender que tudo é imprevisível, não podemos resgatar quem já morreu, assim como não podemos controlar nada o tempo todo a nossa volta. Eu estou lhe oferecendo sua vingança, mas só poderá ser uma vingança completa se a fizer sorrindo.
A garota o observou por um pequeno tempo e por fim lhe abriu um enorme sorriso, antes de segurar a mão do estranho homem e segui-lo para fora daquele inferno.


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