Jardim de Rosas Negras escrita por TamiresHale


Capítulo 13
Jardim de Rosas Negras.




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Eu corri o mais longe possível do bar, o máximo que eu pude aguentar. Eu queria fugir de tudo aquilo. Mas ouvi passos atrás de mim, e eu sabia quem era. Não me virei, mas ele me obrigou a parar, quando segurou firme meu braço.

▬ Hey, por que você saiu correndo daquele jeito? ▬ Perguntou ele, exasperado.

▬ Ah, e você ainda pergunta? ▬ Gritei para ele. Olhei meu braço e o puxei com força. Eu estava ardendo em fúria. ▬ O que siginifica aquela droga de música?

Ele respirou fundo, escolhendo as palavras. Passou o dedo por entre os cabelos, parecendo nervoso. Eu ainda tinha uma mínima esperança de que ele disesse que era tudo uma piada.

▬ Quero que você me diga, por favor, que você não pensa assim. Quero que você me diga que não fez aquela música para... mim.

Ele me fitou e eu soube, naquele segundo, que eu sabia a resposta antes que ele disesse as palavras.

▬ Você sabe a resposta. ▬ Sussurrou.

Eu fechei os olhos, mortificada, tentando lutar com as lágrimas de desespero que ameaçavam minha firmeza já destruída. Se o sentido daquela música era verdadeiro, então Rob estava afim... de mim. Que mais eu podia pensar? Que conclusões tirar disto?

▬ Kris, olhe para mim. ▬ Pediu ele, numa voz bem suave. Então eu abri os olhos e explodi com ele.

▬ O que você pensa que está fazendo?! Não podia ter feito isto! Ficou louco? O que você estava pensando, Robert?!

▬ Estava pensando em você. ▬ Respondeu ele, numa voz fraca.

▬ Não! Eu não acredito nisto! ▬ Eu abaixei minha cabeça nas mãos.

▬ Você está fugindo, Kristen.

Eu levantei a cabeça e o fitei, furiosa.

▬ Fugindo do que? Desta insanidade e desta música idiota que você inventou? Eu não sou obrigada a ouvir aquelas... coisas.

Só de lembrar daquela coisa que ele chamava de música eu sentia o desespero e o fim me tragando. Era o fim de meu mundo feliz, traquilo e ilusório.

▬ Você estragou tudo. Nós somos amigos. ▬ Consegui dizer.

▬ Amigo é o escambal! ▬ Rebateu ele, exasperado.

Eu dei um passo para trás. Parecia que eu ia cair a qualquer momento.

▬ Do que está falando? ▬ Perguntei.

▬ Kristen, você sabe muito bem o que está realmente acontecendo aqui.

▬ Não está acontecendo nada. O que está acontecendo é que você se enganou e fez uma música sem noção insinuando que eu... e ... você... Oh, Deus, eu nem consigo pronunciar as palavras.

▬ Você não consegue porque não quer enxergar a obviedade bem diante de você!

▬ E a obviedade é o que? Que eu deva ficar emocionada com sua música ridícula?

▬ É ridícula porque é verdadeira? ▬ Perguntou ele, erguendo as sombrancelhas.

▬ O que é verdade? ▬ As palavras saíram num gemido desesperado.

▬ Que eu quero você.

▬ Oh meu Deus. Cale a boca! ▬ Eu coloquei a mão no peito, tentando aliviar o baque. ▬ Você não pode me querer, Robert.

▬ Por que não?

▬ Bom, eu tenho namorado. Podemos começar por aí. ▬ Tentei parecer rude.

▬ Eu já sei disso. ▬ Ele falou, seco.

▬ Então por que fez isto? Por que estragou tudo?

▬ Eu não estraguei nada, Kristen, você que se nega a ver o que está bem diante dos seus olhos.

▬ Ah, tá! Eu não tenho culpa se fez uma música achando que eu ia concordar. ▬ Rebati.

▬ Mas você pediu para ouvir e eu disse que você não estava preparada.

▬ Mas eu não fazia ideia de nada disso! ▬ Gritei.

▬ Você está fugindo porque também quer.

▬ Eu não quero!

▬ Na noite que passou no meu apartamento demonstrou muito bem isso. ▬ Falou ele, sarcástico.

▬ Eu estava bêbada. ▬ É claro, eu sempre podia culpar a bebida.

▬ Não tão bêbada que não soubesse o que estava fazendo.

▬ Não, eu... ▬ Eu não tinha o que dizer naquele momento. Apenas o olhei furiosa.

▬ E só não aconteceu porque eu parei. Não me lembro de você mandar eu parar, muito pelo contrário.

Isso bastou. Eu devia estar perdendo o juízo. Avancei para cima dele com o punho fechado e o esmurrei no peito. Ele segurou minhas mãos.

▬ Pára com isto! ▬ Eu nem sabia mais o que eu dizia.

▬ Você não quer ver a verdade, mas é esta a verdade, Kristen. Eu quero você. Independente do mundo lá fora, eu quero você. E você tem medo de me querer também. ▬ Ele parecia muito firme em sua declaração. Mas não podia ser. Eu não podia querer! Mas, mesmo agora, minha mente numa confusão só, eu sentia o calor de suas mãos na minha. Sentia seu rosto tão próximo do meu que era capaz de sentir sua respiração quente.

Mas eu lutei contra.

▬ Você não sabe de nada. ▬ Eu dei outro passo atrás. ▬ Se está achando que sou como a Nikki ou a Rachelle que vive correndo atrás de você, está enganado. Não é porque você tocou uma musiquinha que vou me derreter aos seu pés. Você não me conhece.

▬ Está sendo injusta. Eu apenas estou sendo sincero. E não me escondendo atrás de uma concha de moralidade feito você ▬ ele disse, dando um meio sorriso.

▬ Só faltou me chamar de provinciana agora. ▬ Murmurei.

▬ Você quem está dizendo.

Lutei contra a vontade de bater nele de novo. Nada ia adiantar.

▬ Se pensa isto, então não temos nada a fazer. ▬ Eu disse e me virei para me afastar.

▬ Kristen, não vai! ▬ Pediu ele. Eu quase me virei para vê-lo sorrindo e dizer que tudo não passava de uma piada de mau gosto. Mas eu saí correndo. E, dessa vez, ele não me seguiu. Agora nada seria como antes. Aquela música tinha estragado tudo!

Eu entrei em casa e bati a porta, indo direto para o quarto e me jogando na cama, sem ao menos me preocupar em tirar a roupa. Só tinha vontade de chorar e sumir. Senti algo sob minha cabeça e quando olhei o que era, gemi ao ver o livro que Rob me dera, e que eu tentava ler antes de dormir. Com fúria, joguei o livro longe.

Agora tudo fazia sentido. O livro, a conversa sobre infinitas possibilidades... o filme.
Eu fora uma idiota completa! Acreditava que tudo o que ele queria fosse amizade e o tempo inteiro ele agia pelas minhas costas. Será mesmo que achava que eu fosse cair na dele por causa de uma música?

Eu me consumia em ódio. Mas depois do ódio passar, veio a decepção. Eu queria ser amiga dele. Eu gostava dele. Demais. Como amigo. Quando eu estava com fúria, enxergava vermelho. Minha mente tinha em vista uma área de detonação explosiva, enxergando vermelho furiosamente. Mas, agora, na decepção, eu enxergava preto. Estava cega. Minha alegria fora totalmente devastada de meu corpo, como se alguém fosse num jardim e roubasse as cores das flores. Como se eu tivesse contemplando esse jardim. Um jardim de rosas negras.

 

E enquanto meus olhos foram se fechando de exaustão, eu ainda tive que lutar com aquela pequena parcela dentro de mim que temia sentir o mesmo por ele, contra todas as possibilidades.

 

 

 

 

 


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