Laura e Edgar- Um romance desde o Início escrita por Nanda
Notas iniciais do capítulo
Desculpem a demora... o comprimento do capítulo e acima de tudo a monotonia...
Naquela tarde abafada, de sol escondido por algumas nuvens escuras, Edgar, parado na varanda da casa, olha incrédulo para Laura, como que tentando decifrar um enigma...
Laura: O que foi? Vai ficar parado aí?
Edgar: Laura... eu entendi isso mesmo?
Laura: Amor... você mesmo sempre disse para eu voltar para nossa casa...
Edgar: Repete isso...
Laura (sorrindo): Voltar... para nossa casa...
Edgar (sorrindo): Laura... nem acredito... não sabe o quanto eu esperei... o quanto eu desejei isso...
Laura: Bem... então... vai me ajudar... ou tenho que trazer as malas sozinha?
Edgar: De forma alguma! Você fica aqui... eu e o rapaz ali vamos trazer...
Laura: Ah... mas eu quero trazer alguma coisa......
Edgar: Amor... eu faço questão... eu levo as tuas coisas e do nosso filho para dentro da nossa casa...
Enquanto Edgar vai até o automóvel do sogro e juntamente com o motorista começa a levar os pertences de Laura e Daniel para o interior da residência, no outro lado da cidade, Fernando entra na casa de Catarina e encontra a cantora radiante...
Fernando: Olá meu rouxinol!
Catarina (cantarolando): Olá!
Fernando: Nossa... o que te fez ficar assim... de tão bom humor?
Catarina: Eu não acredito que você não saiba... não saíste às ruas hoje, meu caro?
Fernando: Sim claro... como não pensei nisto... imagino que esteja falando da Laura... ou melhor... dos cometários a respeito dela e do Dr.Freitas... e do escândalo na Confeitaria...
Catarina: Só de pensar que o nome dela e daquela família emproada está indo à sarjeta já é um bom motivo para me regozijar... Imagino a cara do seu irmão ao ouvir que a esposinha querida é amante de um homem que tem idade para ser pai dele....fora o que aconteceu na Confeitaria... pelo que me disseram ele ouviu tudo.... com isto tenho certeza que aqueles dois nunca mais voltarão a ficar juntos... mas isso ainda é pouco... Aquela mosca morta não perde por esperar... ela e aquela mulata que se diz dançarina...
Fernando: Será que Laura já não teve o suficiente? O que pretende fazer?
Catarina: Suficiente? Não diga besteiras Fernando! Laura tem que sofrer... sofrer muito! Ainda não sei o que farei... mas hei de saborear minha vingança...você verá....
Fernando: Verei... eu sei... mas... no momento... que tal se deixássemos um pouco a mosca morta e o idiota do meu irmão de lado... temos coisas bem mais interessantes para fazer...
Catarina: Falando em seu irmão... precisamos entregar o convite do nosso noivado...
Fernando: Claro... quando quiser... minha querida futura noiva...(rindo e dando um beijo em Catarina)
Enquanto Fernando e Catarina resolvem ter momentos mais amenos, na casa do Cosme Velho, uma visita inesperada bate à porta da casa de Laura..
Gertrudes: Boa Tarde
Constância: Boa Tarde Gertrudes... onde está Laura? Quero falar com ela..
Gertrudes: Desculpe Baronesa... mas D. Laura não está...
Constância: Eu a espero...
Gertrudes: Sinto informar-lhe... mas acho que a senhora perderá tempo a esperando aqui...
Constância: Mas que atrevimento é este Gertrudes? Está me mandando embora?
Gertrudes: Não senhora... mas creio que D. Laura vai demorar... ela foi a casa do Dr. Vieira...
Constância: Ela foi procurar o Edgar... mas isso é uma ótima notícia!.. Pelo que vejo minha filha está recobrando o juízo!... Só espero que não se humilhe... criei meus filhos para mesmo diante das piores provações enfrentarem a tudo de cabeça erguida... (ficando calada uns momentos enquanto a empregada a observa) E meu neto... o Daniel está?
Gertrudes: Não... foi com a mãe...
Constância: Bem... neste caso vou para casa... espero sinceramente que Laura consiga entender-se com meu genro e deixem de uma vez essa bobagem de divórcio para trás...e logo tudo o que aconteceu desde o momento em que essa menina resolveu cometer esse absurdo será esquecido...Boa Tarde Gertrudes....
Enquanto isso, na residência do advogado, Edgar terminara de depositar todos os pertences da esposa e do filho na sala... Laura, acomodada em uma cadeira de vime na varanda observara todo o esforço do marido e do motorista de seu pai em carregar aquelas malas pesadas... vendo que Edgar transportara a última valise para dentro da casa, levanta-se com a intenção de entrar em seu antigo e tão novo lar...
Edgar: Onde vai?
Laura: Entrar na nossa casa... me acompanha Dr. Vieira?
Edgar: Espera... tem algo que preciso fazer... (segurando levemente o braço de Laura)
Laura: O que?
Num gesto rápido, o rapaz toma a esposa nos braços... Laura, sem entender olha para Edgar e apoia-se melhor no colo do advogado...
Laura: Edgar...
Edgar: Meu amor... quando casamos não te carreguei no colo ao entrarmos pela primeira vez juntos nesta casa... como um noivo apaixonado faria...Hoje... com seu regresso .. quero realizar o gesto que deveria ter feito há seis anos atrás... como uma promessa de que vamos ser muito felizes... e que nunca mais nada vai fazer você cruzar essa porta para não voltar...
Edgar dá alguns passos com Laura em seu colo... a moça sorri enternecida com a atitude do esposo... uma lágrima furtiva lhe corre pela face.... estava em casa...
Edgar (pondo Laura no chão do vestíbulo e a abraçando por trás): Bem-vinda a sua casa Sra. Laura Vieira...
Laura solta-se do abraço do marido... anda um pouco até a sala... observa cada detalhe daquela casa... emociona-se.... lembra-se de cada objeto que decora aquele local e que abriga um pouco da história dos dois...
Laura: Obrigada meu amor.... sabe... eu olho para cada cantinho dessa casa.. e lembro de tanta... mas tanta coisa... não sabe a saudade que eu senti daqui...
Edgar: Essa casa também sentiu tanto a tua falta...todos os cômodos... todos os móveis... tudo por aqui estava triste... mas agora... dos talheres ao lustre... tudo aqui está feliz pela sua volta... (aproximando-se dela e acariciando-lhe o rosto) principalmente eu...
Edgar aproxima-se mais de Laura... seus lábios vão de encontro aos dela, beijando-a levemente a aprofundando aos poucos, sendo correspondido em igual medida... tornando os movimentos e sensações cada vez mais intensos... Edgar acomoda o corpo de sua esposa mais junto ao seu... naquele momento nada e ninguém parece importar ao casal... até que Laura por um instante volta a sua consciência...
Laura: Amor... (tentando se soltar de Edgar) aqui não... as crianças...
Edgar (voltando a si): Tem razão... vamos para o nosso quarto...
Laura: Edgar... é melhor a gente esperar... a gente tem a noite inteira... (dando um beijinho no rapaz) a vida inteira...
Edgar: Laura... eu não vou aguentar esperar até à noite... eu quero você...
Laura: Eu também quero... mas a gente não pode agora... aguenta só mais um pouquinho vai...
Edgar (fingindo desapontamento): E eu tenho outra opção?...
Laura (sorrindo e acenando a cabeça negativamente): Não... e na verdade... acho que neste instante a gente tem que falar para eles...
Edgar: Temos... e depois que a gente falar... (sedutor)
Laura: Depois que eles dormirem...
Edgar: Laura..
Laura: Edgar.. para que toda essa pressa?
Edgar: Saudade é um bom motivo para você?
Laura (fazendo manha, apoiando os braços no pescoço de Edgar, enquanto ele a envolve num abraço): Mas a gente nem ficou tanto tempo longe...
Edgar: Ah é?
Laura: É... só tempo suficiente para eu morrer de saudade e perceber que eu não consigo mais ficar longe de você.... te amo...(beijando novamente o marido e se soltando)
Edgar: Você me provoca e depois me deixa... isso não se faz Sra. Vieira...
Laura: Não faz essa cara.... vem... vamos conversar com a Melissa e o Daniel...
Edgar: Está bem... vamos...
O casal, de mãos dadas sobe para o segundo pavimento da casa em direção ao quarto onde as crianças estão brincando...Neste ínterim, na casa dos pais do advogado, Heloisa e D. Margarida conversam animadamente enquanto tomam seu chá...
Margarida: E então, minha querida? Como está o trabalho?
Heloisa: Agora está bem... no início foi um pouco complicado até entender direito o que fazer.... mas o Dr. Vieira foi muito paciente... me explicou tudo... é muito bom trabalhar para ele... e não estou dizendo isso por ser seu filho...
Margarida: Eu sei Heloisa.... e meu filho... como está? Há dias não o vejo...
Heloisa: Normalmente está bastante disposto... ele trabalha muito... quando não está no escritório está às voltas com os processos...mas hoje.. não sei se devia dizer-lhe... mas...ele estava bastante taciturno... eu diria até mesmo deprimido...
Margarida: Eu imagino o por que... apesar de não ter ido às ruas... fiquei sabendo por Bonifácio o que aconteceu ontem ... e conhecendo Edgar como conheço... imagino que deve ter se desentendido com Laura... sabe Heloisa, minha nora é uma boa moça...mas tem um temperamento bastante forte... assim como Edgar... meu filho deve estar muito triste...
Heloisa: Imagino que neste momento eles devem estar tentando entender-se... quando saí, D. Laura e o menino estavam chegando à casa...
Margarida: Espero que consigam chegar a algum entendimento... pelo bem deles e do meu neto... estou cansada de ver meu filho sofrendo... Amanhã vou fazer uma visita a ele.. pena não ser por um motivo mais agradável...
Heloisa: A senhora vai ver... tudo há de se resolver entre eles...
Margarida: Não digo por isso... digo por saber que vou pedir algo a meu filho que provavelmente irá aborrece-lo muito... (fazendo uma pausa) Meu outro filho, Fernando, irá noivar... preciso que Edgar me acompanhe...
Heloisa: E no que isto irá aborrece-lo?
Margarida: Fernando irá noivar com a mãe de minha neta Melissa...que é filha do Edgar... e a recepção será oferecida na Confeitaria Colonial...
Heloisa: Será realmente uma situação muito constrangedora para ele... eu diria até uma situação limite.... não há outra pessoa que possa lhe acompanhar? Seu esposo?
Margarida: Bonifácio cortou relações com Fernando... e de forma alguma aprova a decisão dele se casar com aquela mulher... não irá de forma alguma... já tentei convence-lo de todas as formas...Mas eu preciso estar presente... meu filho está dando um passo muito importante... seja ele certo ou errado... e só posso contar com Edgar neste momento...espero que me perdoe pelo que vou lhe pedir para fazer... pois sei que não irá se negar...
Enquanto a conversa entre as amigas segue, a alguns quilômetros dali, na rua do Ouvidor, Filipa e Manuela andam apressadas... vão em direção ao Hotel Glória, indicado pelo zelador do teatro com sendo o local onde Catarina havia hospedado-se durante sua temporada no país em 1903...ao dobrar um quarteirão, encontram-se com Joaquim...
Joaquim: Boa Tarde... que grata surpresa encontra-las...
Filipa e Manoela: Boa Tarde...
Joaquim olha para a ex-noiva com um sorriso encantador... Filipa, no entanto, tenta demonstrar-lhe nada mais do que indiferença...
Filipa: Vamos Manoela... temos coisas a fazer...
Joaquim: É sobre o caso da menina?
Manoela: Sim... vamos fazer mais algumas investigações...
Joaquim: Neste caso... como já resolvi as pendências que tinha no escritório.. gostaria de acompanha-las....
Filipa: Dispenso sua companhia...
Joaquim: Filipa... por favor..... eu me ofereci de bom grado para ajudar no que fosse necessário neste caso...onde vão?
Manoela: Ao Hotel Glória... nos informaram que Catarina estava hospedada naquele local...
Joaquim: Não é um local dos mais bem frequentados... pode ser perigoso... faço questão... vou com vocês...
Filipa: Não temos medo...
Manoela: Filipa... ele pode ser útil... talvez consigamos mais informações se o Dr. Castro for conosco... a figura de um homem sempre acaba por intimidar mais...
A contragosto Filipa aceita que Joaquim as acompanhe até o destino... Enquanto isso, na casa do Dr. Vieira, o casal encontra-se no quarto dos filhos, que param com a brincadeira ao perceber a presença de Laura e Edgar...
Melissa (correndo em direção ao casal): Tia Laura... que bom que está aqui!
Laura (abraçando a menina): Oi Princesa! Como está? Como foi seu dia?
Melissa: Bem... meu dia foi bom... mas agora está bem melhor... estava querendo muito brincar com o Daniel...
Daniel: E eu queria muito vir para cá...gosto de ficar aqui na casa do papai...
Edgar: Meu filho... essa casa é sua... da Melissa... da sua mãe... e minha...
Laura (sentando-se na cama e reunindo as crianças junto dela): Sim... essa casa é de todos nós... e agora o papai e eu queremos conversar um pouquinho com vocês...
Daniel: A gente fez muita bagunça?
Laura: Não... nós queremos contar algo... Daniel... seu pai e eu conversamos... e a partir de agora nós vão morar aqui... junto a Melissa e ele...
Melissa: Verdade papai?
Edgar: Sim meu anjo... nós todos vamos viver aqui nesta casa... como o que nós somos... uma família...
Melissa: Papai... por que se você e a Tia Laura são casados... não moravam na mesma casa?
Edgar: Filha... nós dois tivemos muitos problemas... coisas de gente grande...isso fez ficarmos longe um do outro por muito tempo... a Laura e o Daniel foram morar longe daqui... agora eles voltaram... nos reencontramos... resolvemos grande parte dos nossos problemas... e vamos voltar a viver juntos...
Daniel: Quer dizer que a gente não vai mais morar lá na outra casa?
Laura: Não meu amor...
Daniel: E as minhas coisas?
Edgar: Estão todas lá na sala... amanhã a Matilde organiza tudo aqui no quarto ao lado... aquele vai ser seu quarto agora...
Daniel: Oba! Vai ser supimpa morar aqui!
Laura: Claro que vai.. a gente vai ser muito feliz aqui... todos nós...
Daniel: Mamãe... e a Gertrudes? Ela também vai vir para cá?
Laura: Eu não sei... isso depende do seu pai...
Laura olha para Edgar como que inquirindo o marido a cerca da pergunta do filho... O rapaz sorri... subitamente um ideia lhe passa pela cabeça...
Edgar: Daniel... no que depender de mim, a Gertrudes vem morar amanhã mesmo... ela cuidou de você e da mamãe por todo esse tempo... mas a gente precisa saber se ela quer vir morar aqui...
Daniel: Pede para ela? A Tude tem que vir para cá!!!!
Melissa: É papai... ela tem que vir... o Daniel fala tanto dela que eu também quero que ela venha...
Edgar: Que tal se vocês pedissem? Duvido que a Gertrudes não venha para cá se vocês forem lá falar com ela.... olha...o motorista do vovô Assunção ainda está lá embaixo... a Matilde pode...(olhando para Laura, que está espantada com as palavras do marido) acompanhar vocês...
Laura: Ai eu esqueci de dispensar o rapaz... o meu pai deve estar precisando do carro...
Edgar: Então... ele leva as crianças até o Cosme Velho e vai para a Boa Vista...
Laura: Mas...
Daniel: Ah mamãe... deixa...
Melissa: É tia Laura... deixa a gente convencer a Gertrudes...
Laura: Está bem... depois então o papai e eu vamos buscar vocês...
Edgar: Infelizmente não vamos poder busca-los... tenho um assunto importantíssimo para resolver... mas a Matilde e a Gertrudes vão estar com eles... eles podem dormir lá...e amanhã elas trazem vocês de volta...
Daniel: Isso! Vai ser supimpa... vamos brincar até a hora de dormir...
Laura: Olha lá... eu vou pedir para Gertrudes contar o que vocês fizeram.... comportem-se...
Enquanto Edgar combina com o motorista do sogro para levar os filhos até a antiga residência de Laura, a moça informa Matilde sobre a visita repentina a Gertrudes e arruma as crianças. Neste meio tempo,Filipa, Joaquim e Manoela chegam a seu destino...um hotel antigo, com mobiliário simples e já marcado pelo uso....encaminham-se até um grande balcão de madeira maciça, sendo recebidos com desconfiança por um funcionário do local
Joaquim: Boa Tarde...
Funcionário: Boa tarde... posso ajuda-los?
Filipa: Boa Tarde... espero que sim... precisamos falar com um funcionário deste estabelecimento que tenha trabalhado aqui em 1903...
Funcionário: Bem... eu trabalho aqui há mais de 15 anos...
Joaquim: Permita que nos apresente... estas são Dra. Borges e Dra. Medeiros... meu nome é Joaquim Castro... somos advogados e estamos investigando um caso... precisamos de algumas informações sobre uma senhora que hospedou-se neste hotel... gostaríamos de contar com sua colaboração..
Funcionário: Desculpe mas as informações sobre os hospedes são mantidas sob sigilo...
Manoela: Senhor... nós manteremos essas informações como confidenciais... caso não queira colaborar voluntariamente podemos encaminhar um documento ao fórum por obstrução de justiça e solicitar seu depoimento junto ao delegado local...
Funcionário: Tudo bem... vejamos... o que querem saber?
Filipa: Nos foi informado que os cantores e produtores da Companhia Lisboeta de Canto Lírico estavam hospedados aqui durante a temporada que passaram no pais em 1903... o senhor confirma?
Funcionário: Sim... confirmo...
Joaquim: Dentre estes cantores... Catarina Ribeiro... encontrava-se hospedada neste hotel? Gostaríamos de saber um pouco sobre sua rotina...
Funcionário: Sim... D. Catarina era uma das hospedes...mas ela muito pouco ficava nas instalações do hotel...
Manoela: Como assim?
Funcionário: Ela sempre saia bastante cedo... junto a Companhia... mas nem sempre voltava com os outros cantores... na verdade... geralmente voltava algum tempo depois e sozinha...
Filipa: Sozinha?
Funcionário: Sim... um coche a trazia... ou melhor... lembro-me agora que algumas vezes esse mesmo coche vinha busca-la...antes do resto da Companhia ir para o Teatro...
Joaquim: Era sempre um mesmo coche?
Funcionário: Sim...
Filipa: Como era esse coche? O senhor sabe a quem pertence?
Funcionário: Era um coche fechado.. um Clarence...pelo modelo deve ter sido importado da Inglaterra... não há muitos iguais por aqui... mas infelizmente não sei dizer de quem era...
Joaquim: Realmente... um Clarence inglês... poucas pessoas conseguiriam comprar um... e os cavalos?
Funcionário: Um par de Mangas-largas mouros...
Manoela: Vai ser quase como procurar uma agulha em um palheiro...
Joaquim: Talvez não... esse tipo de carruagem não é tão comum assim...e confesso que conheço algumas poucas pessoas que possuem esse tipo de veículo...
Filipa: Ela recebia alguma visita masculina aqui?
Funcionário (zangado com a pergunta): Não senhora... este é um hotel de respeito... D. Catarina tinha muitos fãs que a procuravam.. traziam presentes... mas nunca recebeu visitas neste sentido...
Manoela: Ela abandonou o espetáculo antes de terminar a temporada... as diárias do hotel foram pagas por ela mesma?
Funcionário: Não... um rapaz a mando de alguém veio e quitou tudo...
Filipa: Como era esse rapaz?
Funcionário: Um tipo comum... um estafeta que poderia trabalhar em qualquer lugar aqui no Rio de Janeiro...
Joaquim: O senhor tem o recibo do pagamento? Gostaria de vê-lo...
Funcionário: Está arquivado... se aguardarem um instante... posso procurar.. (indo até o arquivo e procurando a ficha de Catarina) aqui está...
Filipa: A assinatura do pagador está ilegível... mas...podemos ficar com uma cópia?
Funcionário: Sim claro...
Manoela: Bem... por hora era o que precisávamos saber... agradecemos as informações...
Os advogados saem daquele estabelecimento com a certeza de que ainda teriam muito trabalho pela frente... enquanto Joaquim acompanha as moças até o local onde estão hospedadas, na casa de Edgar as crianças acabam de embarcar no carro em direção ao Cosme Velho...
Laura (fingindo desagrado enquanto Edgar fecha a porta principal da casa): Que coisa feia o que você fez... você expulsou nosso filho e Melissa de casa...
Edgar: Amor... eu só dei uma sugestão para eles passearem e se divertirem.... e eles ficarão bem... estarão com a Matilde e a Gertrudes... tenho certeza que vão gostar dessa noite que vão passar lá...(envolvendo Laura em um abraço) e eu vou adorar a noite que vou passar aqui contigo...
Laura :Não tenho tanta certeza ... acho que vou te castigar por isso...
Edgar: Ah é? E de que forma pretende me castigar?
Laura: Vamos ver... acho que vou começar assim.. (beijando o pescoço de Edgar, subindo por seu queixo e beijando seus lábios levemente)
Edgar: Hum.. acho que vou lhe aplicar algum castigo também... você tem se comportado muito mal... (beijando Laura enquanto percorre suas costas à procura dos botões de sua blusa que começa a abrir)
Laura (sussurrando): Eu? O que eu fiz para o Dr. advogado (mordendo a orelha dele, enquanto tira o paletó)
Edgar(beijando o ombro dela): Fez algo gravíssimo... não se provoca assim um marido que está morrendo de saudade...
Laura: Acho que esse castigo vai ser melhor aplicado em outro lugar...(beijando ardentemente o marido)
Edgar: Tens razão... acho que podemos continuar lá em cima...
Laura: Concordo... ótima ideia... (subindo as escadas correndo seguida por ele)
Laura para em frente a poltrona do quarto... Edgar entra e tranca a porta
Edgar (indo em direção a ela): Pronto... agora a senhora não vai sair daqui nunca mais...
Laura (fugindo dele): Então esse é meu castigo... ficar presa aqui? Duvido que consiga.... eu fujo!
Edgar: Eu não vou deixar você fugir... vai ficar presa.. aqui comigo...para sempre(tentando pega-la)
Laura: Para sempre com você?(dando um beijinho no marido) Neste caso... eu não fujo... (abraçando e beijando Edgar de início com calma e logo com voracidade)
Edgar: Tão bom ter você aqui... poder ficar com você sem pressa... sem ter que pensar que amanhã você não... (enquanto ela deita)
Laura (puxando Edgar para cama): Não fala... não sei como a gente conseguiu ficar nessas idas e vindas esse tempo todo...
Edgar: Também não (beijando Laura) Mas agora isso acabou...
Laura: Amor... esse castigo de prisão perpétua é um pouco exagerado, não?
Edgar (enquanto desabotoa a camisa): Para mim não... ficar preso com você é tudo o que quero na vida...
Laura: Eu também meu amor... mas é tempo demais aqui... que tal até amanhã de manhã... sem interrupções?
Edgar: Por isso mesmo as crianças foram para o Cosme Velho... e eu vou saber muito bem o que fazer contigo sem elas por aqui...
Laura (acomodando-se nos travesseiros e chamando Edgar com a mão): Ah é? Então me mostra o que pretende fazer...
Edgar (aninhando-se entre as pernas dela e rindo): Eu vou te mostrar... (beijando Laura com paixão)
Aos poucos os beijos vão ganhando mais profundidade e os carinhos ficam mais intensos...as roupas vão sendo retiradas em meio às carícias... os olhares ficam mais invasivos... extraindo da alma aquilo que a boca não consegue pronunciar... amam-se sem pressa... com a calma de quem tem a esperança de um futuro feliz junto a quem ama...
Após amarem-se e saciarem os desejos um do outro, no descanso dos corpos cansados ainda resta vigor para leves caricias, beijinhos inocentes, declarações de que nunca foi tão bom assim e o encontro de ambos num abraço exausto... Conversam mais algum tempo, trocam juras de amor e olhares cúmplices até acabarem por adormecer aconchegados... já é madrugada.... ... naquele momento nada mais importa... estão juntos... acalmados pela presença um do outro, com a certeza de que serão felizes e de que nada mais vai os separar apesar dos problemas, e sentindo-se mais fortes para enfrentar tudo o que está por vir...
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