Casa Ao Lado escrita por Laís Oliveira


Capítulo 11
A Verdade Por Trás da Ignorância


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Como sempre, quero agradecer a todas vocês que deixaram reviews no ultimo capítulo!
Como eu sei que ele é bem esperado, vamos sem rodeios!
Nos vemos nas notas finais!



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Bella POV.

Estava muito frio e a neve já começava a se prender ao chão, dando início a mais um inverno rigoroso, típico de Forks.

Eu não vi Edward antes de voltar para a minha casa. Assim que cheguei, eu subi direito para o meu quarto e tomei um banho demorado, quando o terminei vesti uma meia calça de lã e por cima uma calça jeans justa e uma blusa de manga cumprida na cor azul, logo em seguida peguei uma jaqueta preta quente o suficiente para encarar frio lá fora. Sentei na cama, calcei meu all star e penteei o cabelo, deixando-o cair em cascatas por meus ombros como sempre.

Eu estava me sentindo incrivelmente bem, como há muito tempo eu não me sentia. Eu tinha certeza que a minha melhora devia-se não só aos meus amigos, mas também a Edward que se mostrava presente agora mais do que nunca. Respirei fundo sentindo o ar entrar levemente por minhas vias respiratórias e expirei com satisfação. Uma satisfação repentina que tomou conta de mim, não só por ser de Edward, mas por ele ser oficialmente meu.

Não demorou muito até que o som da buzina tão conhecida por mim chegasse até meus ouvidos. Corri aos tropeços até a janela para que eu tivesse uma visão privilegiada e lá estava ele. Cabelos acobreados e rebeldes apontando para todas as direções, ainda assim, charmoso. Ele vestia uma camisa branca e por cima um suéter de malha na cor azul marinho com uma leve entrada em V, que por sua vez definia o seu peitoral másculo, e como quase sempre vestia também uma calça cáqui com o cinto marrom grosso se destacando ali. Não sei como ele não estava sentindo frio, porém, ignorei esse fato.

Inevitavelmente eu sorri, assim fazendo o meu caminho até o andar debaixo. Antes de sair, peguei duas barras de cereal na cozinha e fui de encontro a Edward, que me esperava na mesma posição que eu o tinha visto.

- Bom dia, amor. – Enfatizei a ultima palavra.

- Bom dia, linda – Edward me respondeu sorrindo torto.

Recebi um leve beijo nos lábios e antes que eu pudesse ter qualquer reação Edward abriu a porta do volvo para mim. Já acomodada eu dividi uma barra de cereal com Edward enquanto ele literalmente acelerava pelas ruas até a escola.

- Bom dia casal! – Eu disse assim que vi Alice e Jasper.

Alice estava perigosamente perto de Jasper, o que tornava o momento bastante íntimo. Jasper corou, mas quem depositou um beijo em seus lábios foi Alice, e então entendi, eles estavam totalmente resolvidos.

Fiquei feliz por minha amiga, lembrando que desde o primeiro dia que ela havia fixado os olhos nele já traçava segundos planos. Jasper podia ser fechado e ter problemas para se relacionar com a sociedade, porém era exatamente por isso que ele e Alice combinavam de uma forma impressionante. Dizem que os opostos se atraem, e isso realmente é verdade. Alice seria o gás de Jasper, ele precisava de alguém tão serelepe quanto ela em sua vida para ajuda-lo a superar os seus problemas e para impulsiona-lo a se abrir mais ao mundo. Eles eram o oposto um do outro, e talvez isso os tornasse uma fórmula tão... Interessante.

- Bom dia! – Alice respondeu energética e acenou mesmo estando a poucos passos de distância de mim.

- Bom dia! – Jasper disse ao mesmo tempo, porém ele estava acanhado.

- Onde estão Rose e Emmett? – Edward perguntou logo atrás de mim.

- Eles já entraram, Rose precisou pegar alguma coisa no armário e Emm foi junto com ela. – Respondeu Alice.

Quando nos direcionamos até o primeiro prédio com destino a primeira aula os olhares ainda eram maldosos em nossas direções. Tentei não me importar, mas era claro que eu me incomodava com tal pressão dos alunos, e Edward, claro, percebendo meu desconforto, não saia de meu lado enquanto podia com a desculpa de “assim será mais confortável”. Bem, seria mais fácil encarar a situação com ele ao que cogitar ficar sem ele.

Foi quando eu fui até a biblioteca pegar um livro de literatura que eu me irritei.

- Olá, Swan! – Jéssica, a garota mais fofoqueira da escola me cumprimentou.

- Oi, Jéssica – Respondi sem formalidades.

Já sabendo que ela provavelmente iria tentar uma conversa comigo eu praticamente fugi do lugar onde ela estava e caminhei apressadamente até uma estante de livros próprios de literatura inglesa. Novamente percebi a sua aproximação e aceitei que não teria como eu fugir.

- Como é ter uma amizade colorida, tipo, com Edward? Eu queria ter um amigo assim também. – Ela disse como se fosse a coisa mais normal do mundo.

- Como é isso, tipo, beijar o seu melhor amigo? – Continuou – Eu sei que deve ser super estranho no começo, mas quando se trata de um cara como Edward Cullen é bem melhor quando a situação começa a se colorir um pouco mais, não é?

- Jéssica...

- Mas pode falar, não existe amizade entre homem e mulher! É claro que vocês já estavam juntos há muito tempo.

- É claro que existe amizade entre homem e mulher, isso é totalmente à parte. – Eu disse seca.

- Como assim?

- O que aconteceria com um casal se eles não fossem amigos acima de tudo? Eu vejo dessa maneira, muitos relacionamentos evoluem quando se tem uma boa amizade.

- Então vocês estão assim, juntos?

Eu não podia ver o seu rosto por estar concentrada demais em olhar algum ponto fixo a minha frente, todavia, eu sabia que a sua boca estava se abrindo em um completo O perfeito.

- Sim. – Respondi simplesmente.

- Namorados?

- Jéss...

- Céus, Edward Cullen! Realmente um pedaço de mau caminho, o sonho de consumo de noventa e cinco por cento das garotas desse colégio, apenas para não arriscar os cem! Quem...

- Você poderia parar de falar assim do meu namorado? – Virei-me irritada.

- Uau, uma namorada ciumenta. Mas acostume-se Bella, a concorrência é grande por aqui. Quando se é irmão de Emmett Cullen, um dos melhores jogadores de futebol da escola e ainda por cima gato, essas coisas acontecem. Emmett, Alice, Edward, Rosalie, até você e Jasper são populares por aqui

- Obrigada por me alertar sobre isso. – Respondi ríspida.

- Eu também queria falar...

- Você não queria falar nada Jéssica, tchau. – Eu disse por fim.

Deixei a biblioteca irritada pelas palavras ditas de Jéssica e nem ao menos consegui pegar meu livro de literatura inglesa.

-

- Por que você está com essa cara de quem comeu e não gostou? – Rose me perguntou durante a aula de inglês.

- Eu estou bem.

- Que é algo relacionado a Edward eu já sei, mas eu duvido muito que ele tenha feito algo para deixar você tensa desse jeito.

- Não é nada. – Dei de ombros.

- Uhum. – Concordou.

- Argh! – Desisti – É que eu estou com ciúmes, é isso.

- Edward está te dando motivo para ter ciúmes? – Rose arqueou a sobrancelha.

- Não! – Soltei em um resmungo – Às vezes você parece uma interrogadora de polícia, deveria seguir isso ao invés de moda.

- Vou considerar essa hipótese. – Comentou entre o intervalo de minhas palavras.

- Eu fui até a biblioteca e Jéssica começou a falar coisas um tanto atrevidas para mim, eu não gostei disso, me senti... Ameaçada, mesmo agora tendo plena consciência de que Edward me ama de verdade.

- Você não confia nele?

- É claro que eu confio, mais do que em qualquer pessoa, Rose, ele pode ser meu namorado agora só que acima de tudo ele é meu melhor amigo. Eu não confio é nas garotas dessa escola, como por exemplo, o grupo de amigas de Heidi, Jéssica também...

- O que ela disse exatamente para você?

- Basicamente que quase todas as garotas da escola tiram suas calcinhas pela cabeça por causa dele e que eu tenho concorrência por aqui.

- Ela está querendo te deixar insegura, não há concorrência.

- Eu sei que há. – Disse firme.

- Pense um pouco e você vai saber que não há.

- Rose...

- Bella, você é tão idiota às vezes. A partir do momento que Edward te ama, ele não vê outras garotas como concorrência e sim com apenas “mais uma garota que não tem importância alguma para ele”, muito menos influência em alguma decisão que ele há de tomar. É só você para ele, boba, não percebe o jeito que ele te olha, assim... Desde sempre?

- Pode ser... – Eu disse realmente aceitando a teoria dela.

- Não é “pode ser”, Bella, é.

Logo após a afirmação de Rose o sinal soou, indicando que as aulas haviam acabado por aquele dia. Joguei meus livros dentro da mochila de qualquer jeito e pedi para que ela me acompanhasse até a biblioteca para que enfim, eu pudesse pegar o livro que estava precisando.

Demorei mais do que eu deveria na biblioteca e quando eu cheguei ao estacionamento com Rose o local estava completamente vazio, a não ser pelo volvo de Edward e o jipe de Emmett no mesmo local de sempre com seus respectivos donos lado a lado.

- Eu já estava indo atrás de vocês, onde estavam suas loucas? – Emmett perguntou meio desesperado.

- Nós estávamos na biblioteca, Emm, está tudo bem. – Respondi.

- Eu disse. – Edward falou para Emmett cruzando os braços.

- Como você sabia? – Perguntou Rose.

- Eu segui certa pessoa até a biblioteca e vi que ela não tinha conseguido um livro, então deduzi que ela iria pegar após a saída.

- Por que você não apareceu? – Perguntei.

- Porque é engraçado ver você irritada.

Rolei os olhos, realmente não importava se o nosso status havia se modificado, Edward sempre seria o mesmo ser irritante em alguns momentos, nem que fosse só um pouquinho.

Após nos despedirmos de Rose e Emmett, Edward sugeriu novamente que nós fizéssemos alguma coisa naquele fim de tarde e sinceramente, eu estava morrendo de vontade de que fizéssemos uma coisa do tipo.

- O que você quer fazer? – Ele me perguntou.

- Eu quero comer, para falar a verdade. – Confessei.

- Eu conheço um lugar em Port Angeles que vende a melhor pizza do país. – Disse com orgulho.

- Você fala como se já tivesse experimentado todas as pizzas do país. – Debochei.

- Bella, quando você experimentar vai saber do que estou falando. – Finalizou e deu uma piscadela para mim.

Assim que Edward me deixou em casa, eu literalmente corri. Ele viria me buscar daqui a exatas duas horas e eu queria estar no mínimo apresentável quando ele estivesse aqui. A primeira coisa eu fiz foi preparar um jantar para quando Charlie chegasse, ele realmente estava se esforçando e merecia. Tomei mais um banho sem deixar que a água molhasse meu cabelo e quando o terminei vesti uma calça jeans azul marinho, arriscando na bota marrom sem salto. Por fim, vesti uma blusa de mangas cumpridas simples e um sobretudo vermelho sangue que havia ganhado de Alice no ultimo aniversário. Acho que eu estava pronta.

Sem mais cerimonias, resolvi usar uma bolsa que o próprio Edward havia me presenteado no meu aniversário de dezesseis anos. Ela era preta e meio franzida, com duas opções de alça. Joguei dentro dela minha carteira – contendo algumas notas de vinte dólares – mesmo sabendo que Edward jamais me deixaria ajuda-lo a pagar, um batom hidratante para os lábios caso estivesse muito frio lá fora, meu celular e um pacotinho de absorventes, como sempre fazia. Como ela ainda estava vazia e sobrando couro para todos os lados, coloquei uma blusa de lã no fundo para que ela tivesse uma aparência melhor.

Alguns minutos depois eu escutei duas batidas firmes na porta, só poderia ser ele.

- Não quer entrar, bonitão? – Indaguei divertida.

- Eu acho que nós deveríamos ir logo, quero que você esteja em casa até o horário de seu pai estar aqui. – Respondeu-me com um sorriso.

- Ah, claro, eu preciso deixar um bilhete para ele caso isso não acontecer.

Fui até a cozinha e retirei um bloco de notas da gaveta juntamente com uma caneta e escrevi.

“Pai, eu não quero te atrapalhar no trabalho e esse é o motivo para eu não fazer uma ligação, você poderia estar ocupado. Caso eu não esteja aqui quando você chegar não se preocupe, eu estou indo até Por Angeles com Edward e não devo demorar.”

Beijos, Bella.

Após escrever o bilhete o pendurei com imãs na geladeira e voltei até a sala.

- Eu acho que já podemos ir.

- Devo te lembrar de que você está absurdamente linda?

- Sim, sempre é bom você me lembrar. – Eu respondi sincera, percebendo que quando um elogio era feito por Edward sempre seria bem vindo.

Edward me guiou até o volvo e quando estávamos já na estrada ele iniciou um diálogo.

- Eu já sei aonde vamos passar o natal. – Edward disse dando de ombros.

- Onde?

- Eu só estou permitido a dizer que lá não tem neve nem nada do tipo, é Sol e praia.

- Mas disso eu já sabia, Edward. – Senti meus lábios formarem um bico involuntário.

- Eu estou pensando em outra coisa agora. – Desconversou.

- Em que?

- Eu quero falar com o seu pai, deixa-lo ciente de que estamos namorando, Bella. Eu acredito que você ainda não tenha feito isso.

- E eu não fiz, acho que agora também não seria uma boa ideia. – Falei com pesar.

- Por quê? – Edward me olhou por uma fração de segundos e depois voltou a prestar atenção na estrada a sua frente.

- Nós estamos nos entendendo aos poucos agora, eu não quero que isso desande porque senão vamos voltar para a estaca zero. Charlie... Eu não sei qual seria a reação dele, digamos que eu acho, só acho que ele não gosta muito de você.

- Por que ele não gostaria?

- Ele nunca disse nada que deixasse claro, mas quando Renée ainda estava por aqui e eu ia para o seu quarto...

Lembranças invadiram minha cabeça com flashes de momentos quando eu e Edward éramos apenas amigos. Brincadeiras idiotas quando eu o desafiava à alguma coisa, risos idiotas com provocações mais idiotas ainda, abraços calorosos que me traziam imenso conforto, eu observando o rosto de Edward adormecido e na maior parte das imagens eu acordava ou dormia em seus braços.

- Hm... – Edward tentou chamar a minha atenção e eu sorri sentindo meu rosto esquentar.

- Continuando, ele me pegou uma vez chegando pela manhã e naquele mesmo dia a noite ele disse que se soubesse que eu estava passando as noites na sua casa... Bem, ele iria colocar a polícia atrás de vocês.

- Mas agora ele já sabe que você passa as noites lá e não diz nada.

- É que antes disso... Ele disse que... Na verdade, ele não confia em ninguém, Edward. Ele é policial e já viu muita merda acontecendo, ele só é desconfiado, eu preferiria esperar.

- Eu entendo o lado dele, linda.

- E eu também tenho minhas duvidas em relação à viagem, eu acredito que ele não irá permitir que eu vá com vocês.

- Mas isso é um presente de natal dos meus pais, ele tem que entender.

- Eu não sei...

- Se você não for eu vou ficar aqui com você. – Sua voz soou firme.

- Não mesmo, amor, é Sol. Sol! – Balancei minhas mãos involuntariamente tentando explicar que para onde ele iria havia Sol, era quente, havia vitamina D entrando por seus poros.

- Qual a graça de ir para o Havaí sem você?

- Havaí? Oh meu Deus! – Eu quase gritei.

Havaí, Sol, calor, temperatura quente mesmo no inverno. Eu não poderia perder uma viagem assim.

- Ai, merda! – Edward resmungou irritado.

- Sério mesmo que é Havaí?

- Não. – Respondeu com um biquinho adorável.

- Ow, Havaí.

- Só não fale para minha mãe que eu soltei isso, tudo bem? Ou então eu vou apanhar depois de grande.

- Eu não vou falar nada.

- Voltando ao assunto antes de eu estragar a surpresa, eu vou dar um jeito para você ir, nem que eu tenha de falar com Charlie ou então o frio será muito bem vindo com você aqui para me esquentar. – Ele completou com um sorriso torto e por um momento eu achei essa ideia melhor do que as praias paradisíacas do Havaí.

- Você não pode ficar aqui só por minha causa, qual será a próxima vez que você vai ter a oportunidade de sentir o Sol na sua pele?

- Quando formos para Yale. – Deu de ombros.

- Sim, nossa promessa. – Eu sorri ao me lembrar dessa noite. – Porém, mesmo assim.

- Bella, você iria para o Havaí sem mim? – Edward reduziu a velocidade para poder olhar mais uma vez em meu rosto.

- Claro que não. – Minha resposta foi imediata.

Depois de eu me perder um sorriso torto e convencido eu entendi onde Edward queria chegar. Do mesmo modo que eu não iria sem ele, ele também não iria sem mim. Ele queria dizer que me amava da mesma maneira que eu o amava, nenhum de nós deixaria o outro para trás.

- Argh! Isso é golpe baixo. – Resmunguei ao cair em sua armadilha – Eu só quero que você se divirta, poxa.

- E você iria gostar de ficar aqui sozinha sem ninguém para te esquentar? – Perguntou e eu senti um leve, ou melhor, um monstruoso arrepio correr por minha espinha.

- Não. – Respondi agora emburrada por perder mais uma para Edward, porque era sempre assim?

Com a velocidade que Edward corria pelas estradas de Forks não demoramos mais do que quarenta minutos para chegar à pizzaria italiana Gordy's Pizza & Pasta, que por sua vez fazia as “melhores pizzas do país”.

Edward estacionou seu carro na ultima vaga disponível que havia ali, e então adentramos no local. O lugar era bem simples, a parede tinha tonalidade amarela e marrom escuro, decorada com quadros e uma prateleira de bebidas. As janelas eram feitas de tijolos marrons e ao invés de ter uma vista para a rua, havia aquários com vários tipos de peixes no lugar da paisagem. Também havia cerca de dez mesas com quatro cadeiras cada, sendo decoradas com toalhas xadrezes na cor branca e vermelha. Todo o ambiente trazia uma sensação agradável de acolhimento, era incrivelmente bom e aconchegante estar lá.

Edward como um verdadeiro cavalheiro puxou a cadeira para eu me sentar, mas antes que nós pudéssemos fazer nossos pedidos um funcionário pediu para que Edward estacionasse o volvo mais adentro do estacionamento, ele nos disse que um carro havia acabado de deixar o estacionamento e para que mais pudesse estacionar ali, Edward precisaria mudar o carro de posição.

- Eu não demoro, linda. – Ele disse antes de sair e depositou um beijo em minha bochecha.

Acompanhei Edward com os olhos até ele deixar o local, e quando ele sumiu de minha vista eu peguei o cardápio que havia sido me oferecido momentos antes pela funcionária e folheei as páginas. Pizza de alho picado, pepperoni, salsicha italiana, verde oliva, espinafre, cogumelos, azeitona preta, bacon, camarão e muitas outras. Além das pizzas, havia saladas, sobremesas, pães, bebidas e etc. Definitivamente, um restaurante italiano, sem contar que o ótimo cheiro de massas fazia presença absurda no local.

- Já sabe o que vai pedir, moça? – Uma voz perguntou ao meu lado.

Levantei o olhar e dei de cara com um rapaz de estatura mediana, olhos negros e traços asiáticos. Ele sustentava um sorriso um tanto doce para mim, mas não gostei do jeito que seu olhar me avaliava.

- Ainda não. – Respondi sendo educada.

- É a sua primeira vez aqui?

- Sim.

- Bem, eu tenho ótimas dicas para você experimentar os melhores pratos que são servidos.

- Obrigada, mas não será necessário.

- Me pergunto o que uma moça tão bonita faria aqui sozinha ainda mais num horário desses. Bem, eu estou aqui de passagem, mas eu não me importaria de fazer companhia para você.

- Tenho certeza de que isso não será necessário. – A voz de Edward soou possessivamente atrás do rapaz.

Ele demorou seu olhar mais um pouco em mim até virar-se lentamente e dar de cara com Edward.

- Eu achei que a moça estava sozinha. – Se defendeu.

- Bem, agora você pode ver que ela não está – Edward respondeu seco e continuou – Agora você já pode se retirar.

- Acredito que você não é ninguém aqui para dizer quando eu tenho de me retirar. – O rapaz respondeu aumentando a guarda.

- Edward... – Sussurrei.

- Eu sou o namorado da garota que você está dando em cima. – Edward respondeu no mesmo tom.

- Eu não sabia disso.

- Soube alguns segundos atrás, mas como não foi possível que você fizesse uma ligação óbvia eu eu estou deixando claro agora.

Sem mais, o rapaz se retirou quase a ponto de bala, quase correndo. Edward sentou-se a minha frente e sua expressão ainda era dura, não tive como não achar fofo.

- É só eu sair do seu lado por alguns minutos e os urubus já marcam em cima. – Ele disse sério.

- Vejo que eu não sou a única ciumenta por aqui. – Comentei ao relembrar do episódio na biblioteca.

- Você realmente fica uma graça com ciúme. Já decidiu o que vai comer?

- Eu pensei que você iria me recomendar alguma coisa, se aqui vende a melhor pizza do país você deveria saber o que há de melhor.

Edward arqueou a sobrancelha e eu sorri desafiadora, ele teria de me surpreender. Ele chamou o garçom e pediu uma pizza de queijo de búfala com azeitonas pretas e um suco de abacaxi com hortelã para mim, sabendo que eu não tomava refrigerante.

E realmente era a melhor pizza que eu já havia experimentado em toda a minha vida. Bem recheada, assada, o tempero era forte e as bordas eram recheadas em queijo também. Depois da primeira pizza Edward pediu outra de cogumelos, eu não consegui comer mais do que dois pedaços dessa.

- Edward, eu queria falar uma coisa com você... – Eu disse enquanto bebericava o meu suco.

- Alguma coisa séria?

- Eu não sei como você vai interpretar, mas eu vou passar as noites em casa de novo. – Confessei encarando o fundo do meu copo.

- Por quê?

Sua voz soou alerta e preocupada ao mesmo tempo. Levantei meu olhar para encara-lo e ele me olhava atentamente, esperando minha resposta.

- Charlie precisa de mim... As coisas não estão tão ruins agora, está tudo... Se encaminhando bem, aos poucos, mas está.

- Eu não estou entendendo muito bem onde você está querendo chegar.

- Edward, eu só estou tentando tomar uma decisão madura agora. Charlie pode não ter sido muito bom comigo os últimos tempos, mas agora eu vejo que ele está se esforçando e eu estou me sentindo culpada por deixa-lo sozinho em casa todas as noites, ele tem uma filha e sou eu. Agora sem Renée eu acho que seja a hora de nós nos unirmos, nós precisamos nos levantar sem ela.

Edward ficou em silêncio durante alguns minutos e eu já estava me arrependendo em ter tocado em um assunto delicado no nosso primeiro “encontro”, era para ser um programa leve e sem tensão.

- Eu entendo você, Bella. Eu só não gosto de pensar nisso porque sei que lá você vai estar se sentindo sozinha e eu não quero que isso aconteça.

- Mas eu tenho que pensar por meu pai também, eu acho que essa seja uma boa maneira de me reaproximar dele. E mesmo eu me sentindo sozinha, eu vou me acostumar.

- Você poderia descer pela janela novamente.

- Eu quero fazer tudo certo, desculpa.

Edward não relutou, mas ficou óbvio que ele não gostou da minha decisão, porém a entendia e aceitava.

-

Como eu não iria mais passar as noites em sua casa, Edward me convenceu a dar um ‘oi’ para Esme e para Carlisle, ele não deveria ter saído para trabalhar ainda. Assim que chegamos Esme nos recebeu com um sorriso estonteante e antes de tudo me deu um abraço apertado.

- É tão bom perder uma filha para ganhar uma nora, não é, mãe? – Emmett quase gritou.

- Fique sabendo que eu não perdi uma filha, ainda é a mesma coisa para mim, eu só ganhei uma nora. – Esme pontuou e foi abraçar Edward.

- Reunião, por acaso? – Perguntei divertida ao perceber Jasper, Rose, Alice e Emmett sentados no carpete da sala em frente à lareira acesa.

- Oi, Carlisle – Cumprimentei-o com um sorriso e um abraço apertado, que foi prontamente retribuído por ele.

- Exato, nós estávamos esperando só vocês chegarem! – Rose respondeu-me quicando em seu lugar.

- Sorte a nossa que você não foi direto para casa porque Edward teria de ir te buscar imediatamente, você nem sabe para onde vamos! – Alice puxou-me para eu me sentar ao seu lado.

- Havaí! – Esme disse feliz.

- Havaí! – Gritou Emmett logo em seguida levantando os dois braços e por pouco ele não acertou Rose que lhe deu um beliscão.

- Ai, meu Deus! – Eu quase gritei em animação mesmo já sabendo desse detalhe.

Havaí invadiu a minha mente e eu vi praias, coquetéis de frutas, dança hula hula e Sol, muito Sol.

- Agora que chegaram podemos decidir para que praia nós vamos. – Disse Carlisle com um sorriso, ele também estava animado.

- Bella, você já falou com o seu pai? Meus pais deixaram a mim e a Jasper, eu nem acredito que vou sentir a vitamina D entrando pelos meus poros.

- Pensei exatamente isso hoje! E eu ainda não falei e não tenho certeza se ele vai me permitir – Respondi constrangida.

- Eu tenho uma impressão boa sobre isso, Bella. Agora senta aqui e vamos pesquisar as melhores praias!

Alice não era acostumada a dar uma de vidente, mas quando ela dizia algo sempre acontecia, sempre. Contudo, eu tentei não me animar, mas estava sendo bastante difícil. A felicidade que emanava naquela casa era impressionante e dificilmente não iria contagiar alguém que ali estivesse.

Fizemos uma pesquisa na internet e decidimos que a nossa melhor opção era ir para a capital do Havaí, Honolulu, que segundo a lista de “as dez praias mais bonitas do Havaí”, a praia de Waikiki ficava no topo. Além desse detalhe, ela tinha uma vida noturna agitada, o que nos deixou praticamente em êxtase pela vida monótona em Forks tanto de dia como de noite.

Alice se engraçou com o “Aston Waikiki Beach Hotel”, e então decidimos que ele também seria o melhor, por ficar no centro de Waikiki e ter uma vista de frente para o mar, ele era perfeito. Iriam ser alugados três quartos, um para Esme e Carlisle, outro para Alice, Rose e eu, e o ultimo seria para Jasper, Emmett e Edward.

- Crianças, esse é o nosso presente de natal para vocês! – Esme disse quando terminamos de fechar a compra pela internet, Edward estava meio paralisado ao meu lado.

- Uhu! – Alice puxou os gritos e Rose, Emmett e Carlisle acompanharam prontamente.

Foi difícil não embarcar na animação deles e em menos de meio segundo Jasper, eu, Edward e Esme gritávamos também, houve até assobios e logo ao termino dos sons de comemoração nós caímos na gargalhada.

O momento foi simplesmente mágico, era apenas uma comemoração de férias que representava um período sem preocupações, cobranças ou problemas. Eu realmente mal podia esperar para colocar os pés no paraíso que eu conhecia apenas por fotos.

Enquanto eu ainda ria ganhei um selinho de Edward que havia saído de seu transe e já havia se misturado na bagunça também. Rose beijou Emmett discretamente e Jasper deu um beijo na bochecha de Alice, tudo ao mesmo tempo.

“Ele falou com o meu pai!” Alice mexeu os lábios apenas para que eu entendesse, e definitivamente eu tinha outra certeza que eles estavam completamente resolvidos.

- Oh, Carlisle, nem acredito que vamos sair de férias, você trabalha tanto! Merece aproveitar esse tempo com toda essa energia jovem que temos ao nosso redor! – Esme disse o abraçando.

- E quem disse que nós não somos jovens, querida? Vamos aproveitar também, vamos deixar essas crianças no chinelo! – Carlisle respondeu e todos nós gargalhamos.

Cedo demais eu tive de ir embora para casa, estava tão bom lá que eu me perguntei por que não havia adiado a minha decisão apenas por mais um dia.

- Agora só falta eu falar com o seu pai, linda. – Edward disse no meu ouvido e eu senti seu quente rodando a região de meu pescoço. Inevitavelmente eu senti todos os meus pelos se arrepiarem com a sensação.

- Como você sabe...?

- Eu vi Alice tentando dizer para você. – Respondeu ainda eu meu ouvido.

- Você vai falar em breve, amor, eu vou apenas preparar o terreno, pode ser? – Perguntei o abraçando pelo pescoço.

- Como você quiser – Disse por fim antes de me beijar novamente.

-

- Bella, é você? – Charlie perguntou quando ouviu o barulho da porta se abrir.

Ele estava sentando no sofá assistindo alguma reprise de jogo que eu não sabia qual era.

- Sim, acabei de chegar. – Respondi.

- Obrigado pela comida, estava tão boa quanto.

- Obrigada. – Agradeci desajeitada.

- Eu precisava falar com o senhor – Anunciei sentando-me ao seu lado.

- Do que se trata? – Perguntou-me tirando a atenção do jogo e voltando-a a mim.

- Bem, Esme e Carlisle me deram uma viagem de aniversário, na verdade para mim e para os nossos amigos, eu gostaria da sua permissão para poder ir.

Charlie franziu o cenho e sustentou uma carranca em sua expressão, logo em seguida coçando a cabeça.

- Quando é?

- No natal.

- Quantos dias irão durar essa viagem e para onde vocês irão? Aliás, quem exatamente vai?

- Vai durar uma semana, o mesmo tanto de dias que vamos ficar afastados da escola para as festas de fim de ano, no oitavo dia eu já vou estar aqui. Vamos para o Havaí e irão Esme, Carlisle, Alice, Emmett, Edward, Rose e Jasper.

- Eu não estou gostando muito disso.

Fiquei em silêncio, sabendo que ele iria dar continuidade ao assunto.

- Quem são Rose e Jasper, por que você nunca os apresentou para mim?

- Eu os conheci na escola e não me leve a mau pai, mas você nunca me deu espaço para isso. Se nós não nos damos bem como antigamente, como eu poderia ter certeza que você iria se dar bem com eles? Eles são importantes para mim e eu não quero que nada dê errado.

- Você fala como se tudo isso que está acontecendo fosse culpa minha, eu não tive escolha Isabella, eu não tive! – Ele explodiu a minha frente e eu fiquei sem reação por um momento.

- Que escolha? Você poderia me falar e eu poderia te ajudar, eu não quero viver assim, rodeada de mistérios! – Tentei soar gentil, mas minha reação foi um tanto desesperada.

Charlie respirou a aspirou fortemente a minha frente e eu tive a certeza que ele havia cedido. Ele iria falar e agora eu já não sabia se queria saber do que ocorreu para destruir a minha família.

- Bella... – Meu pai falou com lágrimas nos olhos – Quando tudo começou... Eu não sei como te falar isso.

Novamente ele respirou e aspirou, dando continuidade às suas palavras.

- Você sabe que a sua mãe tomava injeções para não menstruar e para não engravidar, mas ela tomou algum remédio na época, só pode ter sido isso para tal coisa acontecer. Você sabe que até alguns anos atrás eu era louco por mais uma criança nessa família, eu queria mais um filho e ela nunca quis me dar, ela se negava.

Puxei na memória alguns anos atrás, até meus quase dezesseis anos e lembrei-me de conversas de meus pais no almoço ao final de semana, jantas, programas em família. Quase sempre que meu pai via algum bebezinho no mercado ou na rua, ele parava para brincar e comentava com Renée o quanto era fofo e lindo uma criança, que ele queria mais um antes que eu ficasse grande demais. E ela como sempre, ria e o chamava de bobo.

Eu na verdade também sempre quis um irmão ou irmã por sempre me sentir muito sozinha, e somente quando os Cullen’s chegaram à Forks eu deixei de seguir as ideias de meu pai.

- E o que isso tem? Vocês se separaram porque ela não queria te dar um filho?

- Bella, eu sempre quis ter mais filhos e Renée se recusava. Eu juro que eu não planejei nada, simplesmente aconteceu, apesar de tudo eu respeitei a decisão dela.

- Eu não estou entendendo. – Sussurrei.

Ver o desespero nos olhos de Charlie quebrou as minhas pernas. Ele parecia tão vulneral e indefeso que a ultima coisa que se passaria em minha cabeça é que ele era um chefe de policia.

- Como Renée não menstruava não percebeu o que estava acontecendo... Só quando ela estava com quase três meses e percebeu a barriga começar a ficar levemente redonda ela procurou um médico e fez um ultrassom, apressada do jeito que era não esperou o resultado do exame de sangue.

Vê-lo naquela situação, quase caindo sobre os seus joelhos fez meu coração apertar de tal forma que eu não consegui encontrar a minha voz, tudo o que eu fazia era apenas olha-lo com a garganta em nós e meu estomago embrulhado.

- Eram dois bebês que ela carregava consigo Bella, dois bebezinhos lindos. Ela estava desesperada, disse que não iria perder a liberdade dela novamente para cuidar de duas crianças com uma filha já crescida. É claro que eu tentei acalma-la, eu estava tão feliz, tão feliz. Só de imaginar que eu poderia ter você e mais duas crianças correndo por essa casa, fazendo bagunça e coisas de bebês meu peito enchia-se de orgulho, eu teria uma família grande como os Cullen’s. Talvez seja por isso que Renée deixou de gostar dos garotos dessa família, porque eu fazia muitas comparações em questão de filhos. Renée sumiu no final de semana, disse que iria para a casa das amigas em Port Angeles ou em Seattle, eu não sei. E você sabe o que ela fez?

Senti meus olhos encher de lágrimas, minha mãe não teria coragem de fazer isso, teria? Não era apenas um bebê, eram dois bebês que meu pai sonhou por tantos anos, e até algum tempo atrás eu também. Renée não poderia...

- Ela abortou dois bebezinhos, ela tirou meus filhos, Bella. – Charlie tremia e chorava ao falar – Ela sabia que eu não permitiria e por isso ela escondeu tudo de mim, quando voltou no dia seguinte ela me contou o que havia feito e eu não poderia fazer mais nada. Bella, nem que ela desce a luz e deixasse meus filhos comigo, ela teria a liberdade que queria, mas deixasse meus filhos comigo! Ela poderia ir embora e seguir a sua vida apenas deixando eles viverem, eu daria um jeito! Ela não tinha o direito de mata-los, ela não tinha.

“Eu não estou sendo dramático, longe disso. Mas só de imaginar eles introduzindo um metal dentro do corpo de Renée e espedaçando os corpinhos dos meus filhos até retira-los completamente de dentro dela, eu... Eu não aguento filha.”

Novamente memórias invadiram minha mente de forma absurda. Eu com quatro ou cinco anos, Charlie me chamando de ‘sua princesa’, levando-me ao parque, dando-me sorvete e doces antes do almoço sem Renée saber. Eu com doze ou treze anos, ele tentando me explicar que eu não deveria namorar na escola e assumindo que tinha ciúmes de mim, que tentaria me proteger a todo o custo. Seu surto quando aos meus quinze anos eu comecei a namorar Jacob, mesmo ele sendo filho do seu melhor amigo.

- Pai... Ela não pode ter feito isso – Eu disse tentando conter o choro em minha garganta – Você tem certeza? Há alguma coisa errada... Isso não pode, ela não teria coragem...

- Eu nunca iria brincar com uma coisa dessas, Bella. Quando eu descobri eu fiquei em êxtase, imaginei que ela estaria pregando uma peça em mim. Mas ela começou a gritar dizendo que não era eu quem iria perder a liberdade ou acordar todas as madrugadas, não era eu quem iria ficar pesado com dor nas costas durante nove meses, ela disse coisas absurdas! Quando você estava na barriga de Renée eu achava tudo lindo e eu percebi que ela achava tudo a pior coisa do mundo. E depois disso tudo eu ainda tentei, mas todas as vezes que eu olhava no rosto dela eu lembrava que ela havia matado dois bebês, eu não consegui, foi demais para mim!

Charlie sentou-se no sofá aos prantos com as mãos na cabeça, agora ele não tinha condições alguma de falar. Lentamente eu senti lágrimas descerem por minhas maçãs do rosto e eu chorei ali com ele, chorei pelos meus irmãos que eu não sabia que sequer um dia existiram, chorei por perceber que a minha família poderia ter um presente muito diferente do ‘agora’.

Eu poderia ter bebês em casa falando suas primeiras palavras, dando seus primeiros passos e chamando por papai, mamãe e Bella. Eles ficariam no único quarto de hóspedes que havia em casa e se um deles fosse uma menininha poderia dividir o quarto comigo estivesse com seus dez ou nove anos.

Hoje nós poderíamos ser uma família feliz com duas criancinhas irradiando luz em casa, dando sorrisos para todos os lados e gargalhadas gostosas de bebês. Mas, hoje, eu estava sozinha com meu pai, e ele chorava ao meu lado por ter o seu sonhos arrancado de forma bruta de suas mãos.

- Pai... – O chamei encontrando forças em minha voz – Tudo vai ficar bem.

- Eu penso no que poderia ter sido e não foi. – Ele disse entre soluços.

Abracei Charlie repentinamente e chorei junto com ele. Eu nunca havia visto em toda a minha vida Charlie derrubar sequer uma lágrima, e hoje elas vinham como uma enxurrada conturbada em emoções.

- Vai ficar tudo bem, pai, o senhor ainda vai encontrar uma mulher muito legal com quem vai poder juntar sua escova de dente novamente – Eu dei um sorriso triste – Quem sabe vocês até poderão ter um bebê juntos ou adotar, nunca se sabe.

Ele permaneceu em silêncio, perdido em seus próprios pensamentos.

- A propósito, você pode viajar com seus amigos e com os Cullen’s, eu sei que apesar de tudo eles são responsáveis.

- Como assim apesar de tudo?

Novamente ele ficou em silêncio e eu me arrependi de ter aberto a boca, como ele mesmo havia dito, fazia comparações de nossa família com ele e por isso ele deveria ter algum tipo de... Inveja.

- Eu não posso ir e deixar você aqui, principalmente no natal. – Eu disse rapidamente ao perceber que eu deveria estar ao seu lado agora.

- Filha, não tem problemas. Vá se divertir, eu sei que você está realmente precisando.

- Mas pai...

- Eu vou ficar na reserva com Billy, sei que vou ser muito bem recebido lá durante o natal e ano novo. Quem sabe eu não encontro uma escova de dente por lá – Ele fez graça.

- Eu vou pensar no seu caso, mas obrigada. Você está sendo ótimo comigo.

Charlie saiu de meu abraço e segurou os meus ombros gentilmente.

- Desculpe pelas vezes em que eu magoei você, querida. Isso mexe tanto comigo e você me faz lembrar tanto a sua mãe... Eu estou tentando.

- Eu nunca faria uma coisa dessas, pai.

- Eu sei que não.

E então foi Charlie quem me abraçou. Eu senti em seu abraço todo o carinho, proteção e amor que ele ainda mantinha por mim serem resgatados no fundo de seu peito.

- Eu amo você, me desculpe filha.

- Eu também amo você pai, eu te amo muito.


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Notas finais do capítulo

Ihhh o que vocês acharam? Renée mandou MUITO mal nessa, ela realmente não tinha o direito de tomar essa decisão sozinha e como o próprio Charlie disse, ela poderia deixar os bebês com ele porque ele iria se virar.

Confesso que eu chorei ao escrever esse capítulo, eu já tive casos de aborto na minha família e é uma dor horrível, tentei passar isso para vocês.

E então, o que achara?? Nos vemos esse final de semana, amoress! ♥



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