Fusion Art Online escrita por Snow


Capítulo 4
Army of Zero.


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, eu estou em época de provas então fica meio difícil de postar, mas enfim, logo logo o capítulo 5 estará ai também.



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[27 de Setembro de 2030 | 21:52PM]

Observei cada parte do meu corpo para ver se estava bem. Não me machuquei durante a batalha, então não tinha ferimento algum. Com exceção da minha cabeça.

Era a primeira vez que sentia medo de um jogo. Nunca me senti assim. Mesmo quando zerei todas as edições de Resident Evil, quando todos gritavam sempre que um cão infernal aparecia de súbito; de Diablo, onde só as músicas eram suficientes para que cravassem medo e insegurança em sua mente, acoplado com o Hardcore Mode, onde uma morte significava todo o seu personagem; tudo aquilo era fictício. Mesmo os meus amigos ainda sentem arrepios só de ouvir falar desses jogos antigos.Mas no FAO é diferente. As pessoas morrem, e eu matei seis. Não podia segurar as lágrimas, nem parar o meu soluçar, mas podia limpar o meu rosto e dormir para me acalmar.

Deixei os pensamentos de lado por um instante e procurei o meu celular. Estava na minha estante e, quando o liguei, me informou de duas mensagens não lidas da Mirian.

– Não estou com cabeça para ouvir ou ler besteiras – empurrei o celular pro outro lado da estante. Precisava mesmo dormir, apesar da hora; estava acostumada a jogar até às três ou quatro da manhã sem soltar um bocejo. Rolei pela cama, me espreguicei e fechei os olhos.

O que aconteceu?

Você fez aquilo – apontou novamente para os corpos estacados. Pareciam ainda piores, com os braços caindo aos pedaços.

N…Não pode ser, ai meu Deus! Eu não mataria alguém!

Pois você matou. E agora vai pagar por isso –sacou uma adaga e partiu pra cima de mim. Mas a sua adaga estava jogada, longe de seu alc…

Um ataque destruiu os meus pensamentos em pedaços. Dei um grito abafado, enquanto o aço perfurava o meu estômago. Jin girou a adaga, ainda dentro de mim, e senti o corte se abrindo. Sangue jorrava de mim, ao ponto de deixar a sua mão vermelha.

Tentei gritar, mas nada saiu. Nada, a não ser um tênue “me desculpe”, quase que inaudível.

– Uma morte lenta para você, pequena vadia – e começou a subir a mão. A sensação do aço cortando lentamente os meus órgãos tomou conta dos meus sentidos. Já não conseguia ver direito o rosto de Jin; ouvi o administrador murmurar alguma coisa, mas meus ouvidos não conseguiram distinguir as palavras; nem pronunciar um grito eu conseguia. Mas eu conseguia sentir muito bem o gosto de sangue na minha boca, e a adaga levando a minha vida embora…

[28 de Setembro de 2030 | 07:11AM]

Capítulo IV: Army of Zero

Acordei suando como um porco. Qualquer um poderia ouvir a minha respiração de fora do meu quarto, e os meus olhos denunciavam que não tive o melhor dos sonhos. Passei a mão pelo meu rosto para limpar o excesso de suor, e quase chorei ali mesmo.

O calor da alvorada penetrava pelas janelas e esquentava as minhas cobertas e o chão do meu quarto. Estava me sentindo bem confortável entre as minhas cobertas, apesar do péssimo sonho, mas a minha barriga falava mais alto. Saí da minha cama e fui até o banheiro com os pelos eriçados. Após a higiene básica, me troquei e fui até a cozinha.

Enquanto descia as escadas, percebi uma melodia agradável de piano que dançava pelo ar e me convidava gentilmente ao quarto do meu avô. Quanto mais eu me aproximava, mais notava como ele estava se aperfeiçoando no instrumento.Ele é uma pessoa gentil e simples, com cabelos grisalhos e buracos da calvície pelo couro cabeludo.Ele gostava de animes e jogos, assim como eu, embora tenha a mesma mania de dizer que antigamente era melhor, assim como outras pessoas da sua idade.

– Você, acordada a esta hora? – parou a música quando percebeu a minha presença. - Bem que eu achei que estava tocando muito bem, devo estar sonhando – abriu uma gargalhada. Acompanhei-o com um sorriso.

– Estou faminta. Estava indo até a cozinha, quando ouvi a sua música. Parece que você está melhorando bastante no piano.

– Ah, então não estou sonhando, afinal. Fico agradecido, minha neta. Um dia, farei uma música para cada um da minha família – abriu um largo sorriso. – Mas para isso, preciso treinar mais – e continuou a tocar.

Apesar de tudo, ele ainda me faz sorrir, reconheceu Camila. Sentiu vontade de abraçá-lo, mas talvez isso entregaria o acontecido. Preferiu ir até a cozinha.

No meio do caminho, encontrei meu pai roncando no sofá da sala com uma cerveja em mãos. Era a mesma cenatodo dia, como um dèjá vu. Resolvi respeitar o seu ronco desta vez. Quando voltei da cozinha segurando um prato com pão, mortadela e queijo, o homem ainda estava dormindo. Desta vez, notei baba escorrendo pela barba por fazer. Aquilo me deixou com vontade de ir até o meu quarto o mais rápido possível.

Ao chegar lá, pensei em voltar ao meu mundo virtual, apesar de tudo. Porém,fui interrompida por uma música, enquanto comia o meu sanduíche. Panic Attack, do Dream Theater. Certamente não é o meu avô que está tocando, pensei. Corri até o meu celular. Era uma ligação da Mirian. Após um suspiro, atendi:

– Alô?

– Ahn… É o pai da Camila? Como voc…

– Desde quando tenho voz de homem? – perguntei, irritada. Devia ter mastigado mais rápido.

– Ah, é você – dissera, com uma ênfase no você.

– O que foi, desta vez?

– Nada de mais. Só ignorou as minhas ligações e as minhas mensagens. Vem cá, o que está acontecendo com você?

– Nada, ué. Deveria acontecer algo comigo?

– To falando sério, você mudou ultimamente, isso me preocupa!

– Tudo bem. Era só isso mesmo?

Não, né! – deu pra ouvir o bufo que ela deu, após responder. - E o Lucas?

– Nada.

– Nada mesmo? Tem certeza?

– Absoluta.

– Tudo bem, então – um silêncio tomou conta por alguns segundos. – Cah, tome cuidado.

– Cuidado? Com o quê?

– Sim, houve um caso de morte aqui no Brasil, graças a esse jogo que vocês dois andam jogando.

– M-Morte? – fingi surpresa, apesar de não ter ficado menos chocada.

– Sim. Dizem que, quando a mãe do garoto foi vê-lo no quarto, ele estava todo ensanguentado, com um buraco que ia do meio das pernas até a cabeça. Como se tivesse sido empalado.

Meus lábios não encontraram resposta para isso. Não, não, não, não pode ter sido ele, alguém mais deve ter feito isso, algum tipo de monstro que ainda não descobri por aí, mas não eu, mas não eu, NÃO…

– Camila?

– A-A-Ah, o-oi…

– Camila, você tá bem?

– Ótima. Olha, eu pre-preciso desligar, de-depois a gente se fala…

– Cam...

Desliguei o celular e o joguei com força. Por sorte, caiu apenas na cama e não se estatelou na parede. Desatei a chorar, e agora eu não podia controlar mesmo. Você é uma assassina, matou seis pessoas, virou notícia e…

Lembrei que não tinha visto notícia sobre nada disso. Claro, ela não era muito fã de sites de notícia ou televisão, mas certamente seu pai já teria a alertado. Liguei o meu computador e comecei a pesquisar sobre mortes devido ao FAO. Mais de trezentas pessoas morreram desde o dia do lançamento, há menos de uma semana atrás. Todas as mortes foram relatadas a sites poucos conhecidos para que sua existência possa ser notada pela sociedade. Nenhuma notícia em nenhum site famoso, nenhuma declaração do governo de algum país, nada.

Me levantei da cadeira e fitei meu capacete. Se eu quiser descobrir mais sobre isso, não poderei abandonar este jogo. Respirei fundo e coloquei o meu capacete.

Estava no centro de Glorian novamente, ajoelhada e ensanguentada. Um vento forte anunciava a chegada de uma frente fria no jogo, e mal se podia ver raios de sol pelo grande pátio. As nuvens tomavam conta do céu.

E, por incrível que pareça, ninguém se lembrava de nada.

Olhares normais eram lançados pra mim, outros davam um sorriso. Um deles gritou “a mobada”, e os que estavam ao redor deram risadas. Até mesmo os NPC’s que estavam por perto me olhavam com cortesia. Pelo menos não vou precisar passar por olhares de medo e ódio, pensou.

Antes de fazer qualquer coisa, um ícone de carta tomou a minha atenção. Toquei no ícone com o indicador, e uma mensagem apareceu:


“Preciso falar com você. Me encontre na pousada.

Jin

– Aí tem coisa... – Respirei fundo. – Vamos lá.

Enquanto me dirigia até a pousada, notei que toda a minha jornada estava centrada ali. Eu realmente preciso começar a jogar a sério, pensei. Nem ao menos uma classe eu tenho ainda.

Assim que cheguei, porém, ninguém estava no local, a não ser os NPC’s e alguns jogadores descendo as escadas para a saída. Saco, nem sequer vi se ele está online. Antes de fazer o movimento para abrir o menu, fui surpreendida por um toque bruto no meu ombro. Girei com as costas das mãos apontando pra onde achava que era o rosto de quem quer que fosse, mas o meu braço foi segurado com perfeição.

– Não é assim que damos bom dia a alguém, pequena – começou Jin. Seu rosto estava meio pálido e com olheiras. Não fui a única a ter sonhos ruins.

– Você chegou do nada – afastei o meu braço com um puxão. – O que voc…

Fui interrompida por um abraço. O seu corpo estava tão quente que achei que estava me deitando com várias camadas de cobertores por cima.

– Por favor, me desculpe. Foi tudo minha culpa, você se descontrolou daquele jeito… E-Eu não vou deixar isso acontecer com você outra vez, eu prometo – a essa altura, o meu rosto estava extremamente corado e a minha boca, seca de palavras. Nos abraçamos por mais um tempo, em silêncio, um tempo que pareceu durar uma eternidade. Senti vontade de chorar em seu ombro, de bater em suas costas por não ter me dado ouvidos. Mas aquela não era a hora para isso.

Lentamente me afastei de seu abraço contra a vontade do meu corpo. Ainda estava corada, mas tinham coisas mais importantes a serem tratadas.

– Como você está? – perguntou enquanto afagando minha cabeça, o que me fazia ficar estranha.

– Não muito bem – desviei de seu cafuné e olhei para o chão. - Tive um pesadelo horrível com você.

– “Horrível” e “eu” não se encaixam na mesma frase. – brincou, numa tentativa de melhorar o clima. Dei apenas um sorriso amarelo, e então ele voltou à sua expressão séria. – Que pesadelo foi esse?

– Prefiro não dizer – respirei fundo e voltei a olhá-lo no rosto. – Minha amiga disse que um garoto foi encontrado empalado, no meu país.

– Então...

–… sim, provavelmente fui eu – preferi eu mesma terminar a frase.

– E-eu sinto muito – Lamentou-se, fitando o chão.

– Não vamos começar de novo, por favor–cortei-o. Depois, passei minha mão pelo meu rosto, como que para me acalmar. – Enfim, eu fui procurar por mais casos sobre mortes no FAO. Trezentas pessoas já morreram, desde o lançamento na semana passada.

– Isso tudo!?

– Sim. Além do mais, quando entrei hoje e apareci no centro de Glorian,me olhavam como indiferença. Como se… como se não soubessem de nada o que havia acontecido.

– Pelo menos não foi insultada e apedrejada – observou. Logo depois, fez uma cara de reflexão. – Por que eu ainda me lembro disso, então?

Não tinha resposta para aquilo e, realmente, fazia sentido. Ficamos em silêncio por um tempo, até que o Jin o cortou.

– Tem um lugar que quero te mostrar.

– Que lugar?

– Na verdade, é uma guilda.

– Legal, nunca participei de uma. Aonde ela fica?

– Ela fica na segunda cidade. Chama-se Hamada – com o indicador, mostrou o mapa e apontou a localização. Ficava ao sudoeste de Glorian, e não era mais do que algumas horas de caminhada.

– Finalmente vamos sair de Glorian! – estava entusiasmada. Por mais que achasse Glorian linda, há coisas que não se esquecem tão facilmente. Além do mais, não agüentava mais ficar naquela mesma pousada, naquele mesmo lugar. A mesma praça, o mesmo banco… – E então, o que estamos esperando? Vamos lá!

– Arrume-se enquanto vou pagar a diária – dirigiu-se até a NPC atendente.

– Espera aí! – correu até ele e mandou uma solicitação de negociação. Porém, fora respondida por um “não”.

– Nem pensar, eu irei pagar.

– Já que você insiste… - dei um sorriso e fui para fora da estalagem.

Com tudo pago, seguimos pela estrada rumo à segunda cidade.Começou a chuviscar ao mesmo passo em que pisamos nos arredores de Glorian.De chuvisco, cresceu para uma chuva normal, que aumentou para uma tempestade. As folhas das árvores balançavam violentamente com o vento e a água que acumulava nelas voava com força.Corri para uma árvore cuja copa era grossa o suficiente para não me encharcar. Porém, Jin se sentou no campo aberto e começou a aproveitar o momento.

– Vai acabar ficando doente ai na chuva – preveni.

– Eu não ligo, a chuva me faz bem.

– É pra isso que inventaram o chuveiro – provoquei. Não houve resposta. –Estamos muito longe?

Jin olhou para o sul e viu um arco enorme dos portões da próxima cidade.

– Não está muito longe– levantou-se e foi até a minha direção. – Vamos, vai anoitecer e você vai ficar aí.

– Se a chuva durar até o anoitecer, teremos um dilúvio – brinquei. – Ainda são duas da tarde.

– Não importa, vamos logo! – segurou a minha mão e me puxou. O puxão foi tão forte que, por pouco, não nos abraçamos de novo.

– Não precisava me abraçar.

– Cala a boca, ninguém mandou ser bruto.

Sobre risos e discussões, seguimos em frente, mesmo com a chuva caindo sobre nós com fúria. Matamos alguns monstros que apareciam ocasionalmente, inclusive alguns que nunca tinha visto antes. Estávamos bem próximos à cidade quando um enorme arco de concreto dava as boas vindas à cidade. Tinha uns dez metros de altura e dava abertura para uma muralha que alcançava oito metros.O arco possuía gemas de diversas cores incrustadas que davam a impressão de beber a luz do sol, quando sua luz não é interrompida pelas nuvens. Tinha a espessura de duas palmas e pelo menos dez pessoas poderiam entrar ao mesmo tempo. Apesar de Hamada ser um pouco menor do que Glorian, suas construções eram mais “futurísticas” do que as de Glorian e, no seu centro, uma espécie de castelo com uma placa escrita “Army of Zero” chamava a atenção de quem quer que olhasse.

– Parando pra pensar, como que existem guildas em apenas uma semana de jogo? E como que você tem conhecimento delas? – perguntei, curiosa.

– Guildas são muito comuns em jogos. Geralmente são criadas pelo bônus de experiência, mas anunciaram no primeiro jornal que existe uma guerra entre guildas. Foram prometidos itens valiosos aos vencedores.

– Imagino a carnificina que deve rolar…

– Na verdade, foi dito que quem morresse nas guerras seria respawnado para a cidade mais próxima.

– Assim é bem melhor – não sei se aguentaria mais uma chacina da minha parte.

– E aqui estamos.

Fitei a placa neon gigante com o nome da guilda.Deve ter custado uma fortuna, pensei, imagino se existe mais de um beta dentro desse lugar que possa ter pago isso tudo.

– Eu nunca pensei que ela poderia realmente cumprir o que prometeu – colocou as mãos atrás da cabeça, como sempre gosta de fazer. – Pois bem, vamos entrar?

– Vamos.

Assim que nos aproximamos, os NPCs guardas fizeram uma leve reverência e abriram os portões.Apenas dez pessoas ocupavam o local que era maior do que parecia, de uma perspectiva de fora do castelo.Um tapete vermelho dava um charme ao mármore liso e impecável, cortinas escarlates se penduravam nas paredes, mesas e bancos estrategicamente dispersos.Um pequeno bar ficava à direita, enquanto uma escada ligava ao segundo andar à esquerda. No centro, um pequeno palco improvisado era encontrado.

– Que lugar incrível!

– Nem eu imaginava que aquele barraco fosse se transformar num castelo desse porte.

Corri em direção ao bar, sentei e me virei em um dos bancos giratórios.Uma mulher ao meu lado me olhou com admiração e cautela.

– Olá... Quem seria você,gelinho? – deu um gole em sua cerveja.

– A-ahn, eu sou a Yuki.Muito prazer! – estendi minha mão esperando um ato respeitoso, quando fui surpreendida por um abraço apertado.

– Ah finalmente! Como eu queria ter mais gente aqui! – gritou enquanto me sufocava com o abraço. - A-ai, como você é fria! – afastou-se e simulou tremedeira. O momento não me deixou reação enquanto o silência se instalava. – Mas você é tão kawaii! Kya – num súbito, voltou a me abraçar.Ela é muito forte, pensei, enquanto soltava um suspiro de dor.

– V-você está…

– Ah, perdão! Eu sou a Laureen, muito prazer! – disse, desta vez estendendo a mão.

– P…prazer – cumprimentei-a com agilidade para manter as minhas mãos intactas.

– Diga-me, o que veio fazer aqui? Veio fazer parte da Army?

– B-Bem...

Antes de responder Jin apareceu afagando meu cabelo.Ele gosta de me deixar envergonhada.

– Parece que você já conheceu a Pistoleira.

– Não me chame assim, Jin-Kun!

– Você por acaso é do Japão? – observou.

– Sim, eu sou de Tókyo.

– Nossa, e pensar que estou falando com alguém do Japão tão fluentemente – riu um pouco.

– Isso porque o FAO possui um tradutor universal – notou Jin.

– Então por que diabos algumas palavras em japonês não foram traduzidas?

– Eu também não entendo, mas já me acostumei. – respondeu enquanto sentava-se ao meu lado.

– Minha língua irrita tanto assim? – Perguntou Laureen num tom triste.

– Não, claro qu…

Um estrondo foi ouvido do segundo andar.

– O que foi isso?

– Ah, você logo vai saber.

Outro estrondo foi ouvido e então uma mulher aparece no corredor com os olhos em chamas. Com o susto eu e Jin fomos parar atrás do balcão do bar.

Meus cigarros, ONDE ESTÃO OS MEUS CIGARROS? – gritou enquanto arremessava tudo o que estava no seu campo de visão. – MEUS CIGARROS!

– M-Mas o que diabos é isso?

– Essa é a mestra da guilda.

– Mestra da…

LAUREEN! ONDE ESTÃO MEUS CIGARROS?

– Kya! E-eu não vi! Não me machuque, onegaii!

Estava pronta para segurá-la no ar, quando notou as visitas e reconheceu o gatuno.

– Oh, Jin! Que bom te ver novamente! – um sorrigo impregnou seu rosto. -
– Como está?

– A-ah, olá, Sra.Lilioth…

– Ora, não precisa me chamar assim. Somos tão íntimos. –sua voz saiu em um tom sedutor enquanto esfregava a sua mão em seu peito.

– Íntimos? – perguntei, por alguma razão.

– N-não, não dê ouvidos a ela! – a mestra desatou a gargalhar alto.

–O que foi? – perguntamos em uníssono.

– Você deveria se ver agora, garota – olhou pra mim. – O ciúme que você mostrou é impagável. – continuou a gargalhar, desta vez ainda mais alto.

– Q-QUE? – gritar e corar ao mesmo tempo não ajudou a minha situação.

– Huhuh, não sabia que o Jin estava namorando.

– Eu não estou namorando – notei uma olhadela de canto pra mim.

– Sei – continuou com um sorriso malicioso em sua direção. Será que ela sabe o que ele está pensando? - O que vieram fazer aqui?

– Nós passamos por alguns maus bocados em busca de experiência. Entrar em uma guilda, porém, pode nos ajudar contra futuras situações – declarou Jin.

Lilioth me mediu dos pés a cabeça por alguns instantes. Depois, deu um sorriso de canto e uma meia-volta.

– Venham comigo, sim?

– Posso ir também?! Onegaii! Esses momentos são tão mágicos. – implorou Laureen.

– Tá, vem você também. – puxou-a pelos braços e saíram andando. Jin e eu fizemos o mesmo.

No caminho, percebi que o castelo era ainda maior.Várias portas ramificavam o estreito corredor do castelo, cada uma com seu próprio estilo. Adentramos em uma sala cujo símbolo tinha formato em “Z”. Lilioth sentou-se em sua cadeira e simbolizou para que fizéssemos o mesmo.

– Muito bem – se aconchegou um pouco mais na cadeira. –Porque você quer entrar na Army of Zero?

– Eu quero...

– Não você, Jin, eu já lhe conheço – virou-se para mim. – Quero saber da pequenina ali.

Tentei segurar o meu espanto.Pensei em alguma resposta rápida, e me endireitei na cadeira:

– Eu quero entrar porque eu tenho o Jin como referência. Ele não consideraria a ideia de se juntar à guilda se não tivesse confiança na ideologia de seus líderes.

Ambas Lilioth e Leanna me fitaram por alguns momentos. Olharam, uma para a outra, e sorriram. Lilioth se levantou e estendeu as suas mãos para nós

– Levantem-se como um membro do nosso clã, Yuki.

Estranhei como ela sabia o meu nome, mas aceitei a sua mão e me levantei por ela. Puxou um cajado de baixo da mesa e o encostou do meu lado esquerdo do meu peito. O símbolo da guilda se formou em minha armadura: Uma espada dourada em forma de Z envolvida por um círculo prateado.

– Seja bem-vinda à Army of Zero. Como sua primeira quest de aprovação, tome.

Ela me entregou um folheto contendo as informações.

– Um lobisomem? Não sabia que existiam por aqui.

– Tome cuidado, este não é um lobisomem normal. Seu poder foi subestimado por alguns, certamente não foi a melhor escolha a se fazer.

– Não se preocupe conosco, ficaremos bem – acenei e saí correndo, em direção para a saída. Jin me acompanhou com a mesma pressa.

A quest apontava para as montanhas de cristal, na saída leste da cidade. Não demorou para enxergarmos uma placa que anunciava um boss de alto nível.

– Preparada? – sacou a sua adaga e olhou para mim. Respondi congelando um pouco do ar ao redor das minhas mãos.

– Claro.




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