Não havia como negar, o tempo tinha mudado muito. O frio chegou tão de repente que pegou a maioria dos bruxos desprevenidos. Parecia que a mudança do tempo era um sinal de que muita coisa iria mudar também.

Ao passar pelo acampamento, ouviam-se os sátiros e ninfas dizerem “O inimigo está se aproximando” o que deixava muitos campistas e bruxos desconfortáveis e a ponto de desconfiar de tudo. E Andrew desconfiava.

Desconfiava do assobio dos pássaros pela manhã, e até do sopro do vento noturno.

Depois do pequeno acidente que acontecera, não havia ninguém com quem o garoto pudesse conversar sem se sentir intimidado ou pressionado. Apenas Joy.

O moreno estava tentando lutar contra o boneco de palha, que ao pegar impulso derrubava Andrew na primeira chance.

“Levante essa espada” o garoto se ordenou.

Com tanta coisa se passando em sua cabeça ficava até difícil tentar atacar aquele boneco de palha, que parecia rir da cara de Andrew.

Ele estava prestes a desistir, quando um brilho sombrio e um sorriso maldoso surgem em suas faces.

Andrew levanta a espada com tal brutalidade, que deixaria todos assustados. E enfim a finca na barriga do boneco, fazendo um corte jorrar palha para todo canto. Sadicamente o garoto levantava a espada cada vez mais para cima, em direção a cabeça do boneco, até arranca-la e esvaziar o boneco por completo.

 - Drew? – Chama Joy assustada o olhando do outro lado da arena.

- Joy. – Responde o garoto de modo sensual. – Joy, Joy, Joy.

Joy percebeu pelo modo com que ele sorria, e pelo modo com que falava de modo mais grave que aquele não era Andrew Cobain.

- Drew volte! – Exclamou ela entusiasmadamente. – Vamos lá, você consegue!

- Ele não vai voltar. – Disse Andrew, sua voz estava em um tom profundo incrivelmente belo, e um tanto irresistível para Joy. – Não desta vez.

- Eu sei que ele vai. – Disse Joy tentando parecer confiante. – Ele sempre consegue!

Andrew vai se aproximando cada vez mais da garota, e quando enfim estão a poucos centímetros de distancia, o garoto a puxa, colando seus corpos.

Tentando responder ao ato de Andrew, Joy coloca as mãos no peitoral do moreno e encara bem no fundo de seus olhos.

- Drew. – Chamou a garota. – Estou aqui, volta para mim ok?

- Para. – Riu Andrew. – Você sabe que não quer que ele volte. Você gosta de mim desse jeito.

- Não. – Ela fala decisivamente. – Gosto do Drew como ele é.

- Você gosta dele? – Perguntou Andrew. – Do “Drew” que nunca percebeu o quão desesperada por ele você estava? – Falou ele debochando do modo com que Joy o chamava. - Ou gosta de mim? Que te corresponde em todos os aspectos possíveis...

- Para! – Grita Joy exaltada. – Se ele não voltar agora, eu quebro o seu braço.

- Como se você fosse capaz... – Ia dizendo Andrew quando Joy pula em suas costas e segura seu braço para trás.

- Acha mesmo que não consigo? – Riu Joy. – Aposto que se conseguir o Drew volta!

- Não, o Lord me deu poderes totais sobre ele! – Rugiu ele. 

- Mas o Lord não está aqui. – Sorriu Joy puxando ainda mais o braço do garoto até ouvir um grande estalo.

- AI! – Gritou Andrew rolando no chão de dor. – Joy? O que?...

- Desculpa. – Fala a garota se ajoelhando ao seu lado. – Espero não ter quebrado mesmo o seu braço.

- Mas... – Dizia Andrew entre gemidos. – Por que você... quebraria meu braço?

- Ele parece estar mais forte. – Informou Joy ao amigo. –Disse até algo sobre um tal Lord ter dado mais poderes a ele.

Andrew parecia assustado, e muito, muito cansado.

- Esse foi o único modo que consegui para expulsá-lo. – Se lamuriou Joy. – Me desculpe.

- Está tudo... Tudo bem. – Andrew tenta acalmar a amiga. – Acho que não chegou a quebrar, deve ter só saído do lugar.

- É o que eu espero. – Murmurou Joy. – Não foi você que aceitou lançar o feitiço no Fletcher e na Skyler, foi ele certo?

- Foi. – Assumiu Andrew. – Não lembro de nada, apenas de ter “acordado” no meio do baile com a varinha na mão apontando para os dois.

- Você devia ter falado para o professor Dumbledore! – Exclamou Joy quando viu o sangue escorrendo do braço de Andrew. – Vamos, vou te levar até a enfermaria.

- O que eu poderia falar? – Perguntou Andrew com alguma dificuldade ao se levantar. –Foi culpa daquele maluco que fica me possuindo o tempo todo? Acho que não.

~*~

Catrina mal conseguia acreditar que estava quase nevando. Ela, Carter e Skyler estavam no chalé de Apolo, Cat estava emprestando algumas pecas de roupas mais quentes para Sky e Cart, que haviam sido pegas desprevenidas por esse tempo frio.

- Moletom da Chanel? – Carter perguntou espantada levantando a malha para que Skyler pudesse ver. – Roubou um banco para comprar um destes?

- Ganhei da Alice no meu aniversário do ano passado. – Riu Catrina ao explicar a situação para as amigas. – O lado positivo de ter muitas amigas filhas de Afrodite.

- Então vou lá avisar a Alice e companhia que o meu aniversário é daqui a dois meses. – Brincou Skyler. – Será que ganho o novo perfume da Gucci?

- Ok, chega de brincadeira, temos que levar isso para a Joy e para a Megan. – Lembrou Carter apontando para a bolsa com algumas pecas de inverno. – Vamos logo.

As três saíram do chalé, e ao andarem poucos metros se deparam com uma figura encapuzada. A pessoa estava virada de costa para os chalés e tinha uma forte luz azul-prateada sendo refletida em seu rosto.

- Ninguém desconfiou até agora. – Falou o de capuz. – Duvido que descubram.

- Ótimo. – Sussurrou uma voz em tom baixo. – E que continue assim se quiser que ela sobreviva.

Em um rápido salto, Catrina pula nas costas do ser encapuzado, acompanhada por Skyler que puxa uma de suas pernas, levando ele e Cat ao chão.

- Você não sabe o quanto estávamos loucas para te conhecer. – Exclamou Carter com um sorriso triunfal em seus lábios rosados. – Vai tirar o capuz ou quer que eu mesma tire?

A figura ficou ali, parada enquanto Catrina e Skyler estavam o imobilizando.

- Que seja! – Falou Catrina puxando com violência o capuz.

- Harris?! – Gritaram as três juntas.

- Como...? Por que...? Como...? – Gritava Carter irritada.

A expressão de Paul Harris era de raiva, como se fosse explodir a qualquer instante.

- Sky vá chamar o Senhor D. e Dumbledore! – Falou Catrina. – Cart e eu cuidamos desse daqui.

Skyler não hesitou em sair correndo em direção a casa grande, enquanto Carter e Catrina ainda olhavam admiradas para Paul.

- Me diz um bom motivo de não ser mandada para Azkabam agora! – Gritou Carter. – Já fomos amigos e você apronta uma dessas?

- Ele... Ele queria machucar a Lucy. – Harris tentou explicar quase em pânico. -  Eu não podia deixar que ninguém machucasse a Lucy!

Em instantes, Senhor D. Dumbledore, os demais professores e alguns campistas, incluindo Lucy, Fletcher, Pietro, Noah e Alice chegaram até ali.

- Paul! – Gritou Lucy começando a chorar.