Bella narrando

– Katrina...

[...]

– Isabella... – ela sussurrou de volta.

Tudo que pude fazer foi me jogar em seus braços e ficar ali soluçando um choro silencioso e sem lágrimas. Passaram-se alguns minutos, então ela me soltou, e eu a soltei também, ela se sentou em um tronco de árvore que estava por ali, e bateu a mão ao seu lado, em um convite silencioso para que eu me sentasse. Eu me sentei.

– Sua mãe ligou, ela disse que você se transformou antes do tempo determinado, eu sei que isso acontece movido a tristezas, então, conforme a Dona Renée você só disse a ela que é por causa dos homens de sua vida. Ela disse também que perguntou sobre um namorado, e você afirmou, mas disse que o outro não é o Charlie. Quem seria Bella? Quer me contar o que está acontecendo?

Eu dei um longo suspiro. Droga! Porque diabos Renée foi ligar pra ela, eu não queria contar nada a ninguém. Mas ela é minha madrinha, vai me entender e com certeza me apoiar. Suspirei novamente, encarei seus olhos amarelados e peguei em suas mãos, sem desviar os olhos.

(N/A: recomendado por mim ouvir a música A Thousand Years - Christina Perry: http://www.youtube.com/watch?feature=fvwp&v=ITHCvpK50-g&NR=1 )

– Bem, vou começar do início. Eu estava namorando, mas ele foi embora, disse que não me amava, que nunca me amou, que tudo que ele um dia disse a mim era mentira. – decidi ocultar a parte de que ele era um vampiro, Kate era capaz de arrancar a cabeça dele, algo que eu jamais queria, nem em mil anos – Dois meses depois eu me descubro grávida dele. Mas não faço ideia de onde encontra-lo, não tenho nenhum número, nada. Eu decido que irei cuidar dessa criança sozinha, com a ajuda de minha amiga, então, quando eu estava com quatro meses, decidi conta-la, ela poderia me apoiar e me ajudar. Mas o que eu não esperava era que um dos garotos da escola ouvisse, justo aquele que gostava de mim, ele então gritou comigo, me xingou, xingou meu ex-namorado, xingou meu filho por existir. Sim, eu já sabia, era um menino, iria se chamar Anthony. Mas eu já sabia, minha gravidez era de risco, porque eu estava deprimida com a partida do meu amor, não comia direito, não dormia direito, chorava pelos quantos, e então, quando Mike falou tudo aquilo, eu revidei, você me conhece, eu me estressei com o modo como ele falou e gritou comigo, minha amiga então me ajudou, ela me levou ao hospital, mas não deu tempo, eu perdi meu bebê, meu Tony, nosso Tony. – eu estava novamente soluçando, se pudesse já estaria derramando lágrimas a tempo – Mas mesmo assim eu o amo, nunca deixarei de ama-lo, e você sabe que nunca irei esquecê-lo, que irei ama-lo para sempre, e estou disposta a espera-lo por mil anos, ou mais. Jamais esquecerei seu cheiro, seu jeito carinhoso, sua voz levemente rouca e ao mesmo tempo sexy, encantadora. Seus olhos, aquelas orbes que sempre brilhavam de desejo e amor, por incrível que pareça; ao me ver. Aquela boca, que mesmo fria, era e sempre será a melhor do mundo, porque eu sempre vou ama-lo, sempre.

[...]

I have died everyday waiting for you

Eu morri todos os dias esperando você

Darling don't be afraid I have loved you

Amor, não tenha medo eu te amei

For a thousand years

Por mil anos

I'll love you for a thousand more

Eu vou te amar por mais mil

[...]

Ela apenas me abraçou, disse que vai ficar tudo bem, que vai passar, e que se Deus quiser nós vamos nos reencontrar. Nós ficamos um bom tempo abraçadas, e quando a manhã começou a dar sinal de vida Kate foi embora pois eu precisava treinar.

[...]

Já haviam se passado três dias desde a visita de Kate, e ela prometeu que voltaria. Eu dava algumas voltas e depois ia até aquele tronco todos os dias, esperando ela aparecer, mesmo sabendo que eu esperava que outro vampiro aparecesse, não ela.

E lá estava eu, sentada naquele tronco, com as costas apoiadas em uma árvore que ficava atrás. E então eu ouvi ruídos, senti um cheiro familiar, o cheiro dela, da minha madrinha, da Kate. Vi um vulto passar em minha frente, e então ela se sentou ao meu lado.

– Como vai querida? – me puxou para um abraço, do qual eu retribui, deitei minha cabeça em seu colo, enquanto ela fazia carinho em meus cabelos. Podia apostar que se ainda fosse humana já estaria dormindo.

– Vou bem, você continua naquela mesma família? Com suas irmãs?

– Sim querida, continuo com minhas irmãs, Tanya e Irina. Mas agora temos mais dois membros, Carmem e Eleazar.

– Ah, e eles são... – hesitei por um momento, sem saber como dizer isso realmente – tipo... Seus ‘pais’? – eu não queria tocar nesse assunto, sabia que antigamente Kate tinha uma ‘família’, ela Tanya, Irina e Sarah, que era a ‘mãe’ delas.

– É – ela disse cabisbaixa – para a sociedade pelo menos...

– Me desculpe dinda, não queria te deixar assim, foi impulsivo, curiosidade.

– Tudo bem querida, não foi nada demais, eu devia ter superado, já faz tanto tempo.

– Não, não devia, ela era sua ‘mãe’, fazia parte de sua ‘família’. Não ligue para o que eu disse, foi impulsivo, esquece.

– Tudo bem, como andam as coisas por aqui? – perguntou, mudando de assunto.

– Vão bem, estou aprendendo vários feitiços e magias, e também descobri o porquê de você não poder me dar choques, tenho um dom, um escudo mental.

– Legal! Eleazar iria se surpreender muito com isso.

– Por quê? – perguntei confusa.

– ele também tem um dom, um dom para detectar o dom dos outros, é meio confuso mesmo, assim ele sabe se os outros têm um dom e sabe qual é, esse é o dom dele, não é muito útil. Não tão útil quanto o meu – disse se gabando e balançando a mão que estava reproduzindo correntes elétricas, pronta para atacar.

– Não tenho medo dinda, pode testar – disse estendendo o braço em sua frente, mas ela ignorou e abaixou sua mão – E também já estou o evoluindo, conseguindo transmitir aos outros, protegendo outros.

– E já fez amizades?

– Sim, minha colega de quarto, Amanda Whitlock. Ela já sabe toda minha história, é uma boa pessoa.

– Que bom que esta fazendo amizades, assim não fica sozinha quando não estou aqui com você minha sobrinha preferida.

– Sou sua única sobrinha.

– Não importa, é a minha preferida e a mais linda. As vezes preferia que você fosse minha irmã, não a Tanya, tudo que ela sabe fazer é se jogar em cima de qualquer um, como uma vadia faz, eu acho. Além de ser muito mimada e fútil, mas não deixa de ser aquela irmã que eu conheci, amigável, gentil, legal e acolhedora. Além do mais é muito bom conversar com ela, poder desabafar com alguém naquela casa, ou quando ela quer ser ouvida. As vezes eu penso que ela tem duas personalidades, a boazinha, quando quer ajudar ou quer algo em troca, mas ela raramente é assim; e tem a oferecida, sempre de nariz empinado, fútil, mimada, patricinha, filinha de papai, vadia oferecida e tudo mais, você sabe como ela é, e continua a mesma.

– Pois é, dou graças a Deus por não morar na mesma do que aquela lá, senão eu seria uma bruxa morta – Kate riu, e não aguentando eu a acompanhei. Quando me recuperei acrescentei – não que ela fosse me matar, mas eu a mataria, e duvido que vocês não fossem se revoltar contra mim por isso.

– Jamais, eu sempre irei proteger minha sobrinha.

– Eu te amo dinda.

– Eu te amo minha sobrinha linda.

E assim selamos nossa amizade, nosso amor e compaixão uma pela outra, claro, um amor de amigas, de irmãs, de família. Abraçamo-nos e micamos assim novamente, até o tempo permitido, e então Kate foi embora, e eu fui para os treinos.

Continua . . .