Tentava me concentrar o máximo no livro que estava lendo. Era um clássico da literatura espanhola e eu tinha pouco tempo para terminar, mas estava ainda irritada com Edward. Eu estava sendo arrastada para a Inglaterra e tudo que queria era voltar para os Estados Unidos, mas eu tinha meus planos enquanto estivesse lá. A agenda não estava apertada como eu imaginava, Edward tinha poucas reuniões e eu tempo livre em alguns momentos. Ótimo, era tudo que eu precisava.

- Estamos chegando Sra. Swan, gostaria de trocar de roupa? Estão menos dois graus.

- Obrigada.

Edward estava já com roupas de frio e eu entrei de vestido leve. Peguei uma pequena mala que Alice gentilmente fez e fui para um quarto do jato. Ele era luxuoso e impunha respeito. Cama de casal, frigobar, banheiro e tudo que um quarto de hotel poderia ter. Abri a mala e tinha apenas uma peça de roupa e casaco e sapatos altos e fechados. Alice deveria saber que eu precisaria trocar de roupa. O vestido era de um pano mais grosso e moldou meu corpo muito bem, a cor vinho sobre minha pele branca destacou ainda mais minha palidez de uma forma que eu até gostei. O casaco preto também era clássico e bonito. Tinha meias calças finas e elegantes. Quando completei o visual com os saltos nem me reconheci. Soltei os cabelos e passei o perfume que estava à disposição na mala. Retoquei a maquiagem e penteei os cabelos de maneira que ficassem um pouco volumosos.

Arrumei o resto das coisas de volta na mala e sai para me encontrar com Edward, que estava sentado lendo o jornal. Teríamos uma reunião assim que descêssemos e depois um almoço no hotel com outro fornecedor. Eu tinha meus celulares ajustados à hora local e meus computadores numa bolsa elegante que Alice me deu ao embarcarmos.

Eu sentia os olhos dele em mim mesmo não encarando ele. Naquela hora eu me lembrei da cena dele com Alex e ri internamente de como ele ficou irritado com a indiscrição do seu investidor e eu tive uma ideia. Edward não podia me irritar mais com essa história de viagem e eu estava realmente divertindo ele com tudo aquilo. Era minha vez de rir dele. Cruzei as pernas num ato quase inocente e parecendo distraída arrumei meus cabelos mostrando um pouco a nuca e ele mexeu na cadeira. Imagina quando seus queridos amiguinhos me vissem? O que Edward faria quando eles me comessem com os olhos? Ah... eu vou me divertir!

- Vamos pousar. Espero que tenham gostado do vôo.

E ele colocou o cinto e eu recostei na cadeira como se estivesse descansando. O pouso foi tranquilo e assim que tudo terminou nos levantamos para sairmos, os pilotos estavam na porta nos esperando para nos cumprimentar gentilmente.

- Foi um prazer voar com vocês. – disse um mais novo e sorri antes de descer.

- Imagino que sim. – disse Edward irritado.

Bingo! Ponto para mim. A viagem até o local que iríamos ter a reunião foi rápido e tranquilo. Edward fingia ler seu jornal, fingia mal, mas fingia. Eu apreciava a paisagem de Londres. Dei-me conta que nunca estive aqui e que deveria aproveitar a oportunidade. Sorri ao ver o Palácio de Buckingham e suas estruturas novas e antigas. Era linda e grande. E fiz uma pequena nota no meu celular para visitar assim que desse. Aproveitei para olhar a pauta da reunião e ver se estava tudo sob controle, estava sim. Edward não teria problemas quanto a isso.

Entramos no salão de um grande hotel e todo o luxo dele me chamou atenção imediatamente. Edward assim que entrou causou um pequeno movimento no salão, todos o conheciam pelo que parecia e logo o gerente veio avisar que os senhores estavam esperando por ele numa sala reservada.

- Sua esposa imagino. – ele sorriu para Edward gentilmente.

- Não, minha secretária. – disse a contra gosto e o gerente sorriu para mim. Devolvi o sorriso e Edward nos olhou com desgosto.

- Não precisamos dos seus serviços, sei exatamente onde fica a sala.

E o gerente saiu imediatamente. Olhei para ele com um olhar neutro. Ele não queria brincar? Essa era minha brincadeira favorita. Entramos numa sala reservada com três senhores sentados em uma mesa de madeira antiga e muito bem arrumada.

- Edward! Quanto tempo! – disse o mais velho vindo simpaticamente em nossa direção.

- John! É prazer estar aqui de novo com você.

- Essa deve ser a Sra. Cullen. Finalmente!

- Não, eu sou a secretária dele. – disse sorrindo para ele e ele virou-se para Edward.

- Perderá sua secretária cedo Edward! Ela não vai ficar muito tempo solteira tenho certeza.

Corei e então Edward deu um sorriso forçado.

- Isabella esse senhor simpático é John Maximilian, ele e seus filhos são nossos fornecedores mais antigos. E suas essências são compradas exclusivamente para nós e feita para nós também.

- É um prazer fazer isso para vocês. Agora venha, Isabella quero te apresentar meu filho mais velho. Paul essa é a secretária de Edward, está solteira. – o homem loiro abriu um grande sorriso, com certeza estava se divertindo com o pai – E esse é meu filho mais novo Isaac, ele vive na Áustria com a mãe, e está nos prestigiando com sua visita ao país.

Ele era encantador. Seus olhos negros e profundos. Sua pele branca entrava ainda mais em destaque com seus cabelos escuros. Poderia dizer que ele era militar, mas não podia afirmar. Os dois estenderam a mão e me cumprimentaram gentilmente.

- Bem, vamos aos negócios. – cortou Edward o clima de amizade e sentei do lado dele fazendo anotações sobre os novos preços dos transportes e sobre as novas leis impostar para o mercado europeu. Eles ainda debateram sobre mais assuntos e fiquei apenas um pouco entediada quando eles resolveram falar de suas respectivas famílias depois de uma leve refeição servida pelos empregados do hotel.

- Você é muito bonita. Quantos anos têm? – Paul me abordou enquanto eu bebia um café forte e quente.

- 22.

- Muito nova. – disse ele sorrindo.

- Sou sim, acabei de formar.

- Primeiro emprego?

- Sim. Estou gostando da experiência de trabalhar para um grande empresário como Edward.

- Ele com certeza viajará muito nesse ano, os contratos principais da empresa estão sendo renegociados para se adaptar a mudanças financeiras na Europa.

- Verdade.

- Bom Isabella, enquanto estiver aqui se estiver disponível para um jantar. Gostaria de sua companhia.

Oh... ele foi bem direto. Eu o olhei sem ter muita resposta. Eu era solteira e só estaria a trabalho poucas horas... deveria aceitar?

- Hum... não conheço muito a cidade.

- Em que hotel está?

- No mesmo que o meu. Ela não está disponível, temos um jantar beneficente para ir esta noite. Terá outras oportunidades Paul. – Edward disse isso num tom amargo e procurei meu celular. Não tinha nada agendado.

- Sr. Cullen, não fui informada desse jantar. Paul penso que metódico do jeito que Edward seja deve ficar sempre no mesmo hotel.

- Claro, o Hilton é sempre a sua escolha.

- Me busque as sete. Gosto de comida de todo tipo, não se preocupe com a escolha do restaurante.

- Isabella você não vai a lugar nenhum!

- Vou onde quiser Edward com quem quiser e não sou mulher e sim secretária!

- Isabella se dê ao respeito!

- Está dizendo que meu filho não vai respeitá-la Edward? Paul é um cavalheiro e Isabella poderá ter bons momentos com ele se desejar. Vamos voltar a falar de contratações, estou interessado no seu sistema de treinamento. Soube que é um dos melhores do mundo, como se deu isso?

Eu sabia que tudo que John queria era me dar uma oportunidade de ter alguns minutos a mais com seu filho. Paul era simpático e muito agradável, ele me falou um pouco sobre sua empresa de telecomunicações e a expansão que fariam esse ano. Seus planos agora logicamente era ter uma vida independente da do pai e sonhava com uma casa na França, no interior. Eu gostaria de partilhar seus planos, só que de alguma forma, não me sentia incluída nesses planos.

A reunião acabou e um Edward mal humorado me levou para fora do salão. Eu fingi que nem liguei, na verdade ele que se explodisse! Edward não tinha direitos sobre mim ou minhas escolhas. Paul que me levasse para qualquer lugar do mundo que eu estaria muito bem. Nessa hora meu coração traiçoeiro me disse que não, mas eu o ignorei e o silenciei com lembranças desagradáveis do meu pequeno e curto passado. Amor era algo para os grandes e merecedores, talvez eu me contentasse com alguém como Paul, agradável e carinhoso. Eu buscava carinho, era carente. Não amor, não aquele amor arrebatador que me fez fazer loucuras uma vez. Que me fez cair de um pequeno precipício. Não esse amor definitivamente. Eu estava bem, poderia viver sem isso, só precisava de alguma companhia para dividir as coisas. Algo que eu pudesse carregar.

 https://www.youtube.com/watch?v=kHg-PhseKOQ