– CAPÍTULO QUATRO –

THE PRINCESS & THE CRIMINAL

– É, eu já vi vocês. Muitas vezes, sim. – disse Clove. – E duvido que o Snow não saiba que vocês vivem se pegando em todos os lugares dessa escola...

Glimmer piscou repetidamente.

– E-eu nem sei do que essa maluca tá falando – a loira ressaltou, nervosa.

– Claro que você não sabe. – disse Marvel, com deboche. – Mas talvez eu possa refrescar a sua memória, loira – e deu mais um passo na direção dela.

– Não se atreva! – Glimmer disse, apontando-lhe o dedo em riste. – Se você encostar em mim outra vez eu peço pro meu irmão acabar com você!

Porém antes de Marvel responder, Clove aproveitou a deixa.

– Outra vez? – ela perguntou a Glimmer. – Ah, então você admite?

Traída pelas palavras que dissera, Glimmer finalmente respondeu.

– Sim – ela disse a contragosto. – Mas não foram TODOS os lugares, como você disse!

Marvel se intrometeu na resposta.

– É, só faltou a sala do Snow e o telhado – ele disse cínico e Glimmer suspirou inconformada. – Tecnicamente, qualquer lugar onde os amigos dela não pudessem ver a Miss Popularidade com o Marginal da Panem High School. – as últimas palavras saíram com uma mágoa não premeditada.

Clove ergueu as sobrancelhas.

– Não é bem assim Marvel, e você sabe disso! – Glimmer replicou.

– Ah, não é assim? – Marvel indagou em desafio. – Então como é?

Glimmer nada disse, e Marvel continuou, se dirigindo aos outros que estavam na biblioteca.

– Aí, querem ouvir algo interessante sobre isso?

Cato se ajeitou melhor na cadeira e Peeta deu de ombros. Glimmer continuou resignada quando Clove falou:

– Vá em frente – ela disse para Marvel e ele então o fez. Virando-se para Glimmer, ele começou a falar, para que todos pudessem ouvir:

– Hm... Teve um dia, na frente da sua casa... lembra, loira? Nós dois no seu Porsche branco, novinho... Você só queria que eu te levasse pra casa, não é?

– Cala a boca! – Glimmer pediu com desespero, sabendo exatamente o que Marvel ia dizer, mas ele não lhe atendeu.

– Vamos lá, eu sei que você lembra – Marvel insistiu; Glimmer virou o rosto para que ninguém visse as lágrimas de humilhação se formando ali. – Eu lembro. Minha mão no seu peito, debaixo da sua blusa; você sem sutiã, sem sapatos, minha calça no banco de trás...

– Chega!

A voz que interrompeu a narrativa de Marvel, veio de Clove. Quando percebera o rumo que a conversa tinha tomado e o estado de Glimmer, a morena resolveu se manifestar, antes que chegasse a um caminho sem volta.

– Agora que a coisa tava ficando quente? – Marvel perguntou com sarcasmo. – Sério, faquinha?

– Não foi isso o que eu perguntei pra vocês! – Clove disse irritada e Glimmer suspirou de alívio por um breve momento, muito breve.

– Então me permita continuar! – protestou Marvel.

– Não do jeito que você tava contando. – respondeu Clove, com firmeza.

Marvel ponderou. Vendo que poderia tirar proveito de outra situação, ele voltou a provocar Clove.

– Por quê? Por acaso você é do tipo que se ofende ouvindo sacanagem? – ele a olhou de cima antes de dizer: – Aliás, você já beijou algum cara na boca? Duvido.

Clove engoliu em seco, e dessa vez, foi Cato quem perdeu a paciência:

– DEIXA A GAROTA EM PAZ! – disse ele, indo até Marvel. – EU MANDEI DEIXAR A GAROTA EM PAZ, CARALHO!

Definitivamente, Cato resolvera bancar o protetor da baixinha que ainda nem lhe dissera o nome. Tanto que, por duas vezes, ele respirara fundo, pensando em não arrumar mais confusão, aquilo não seria bom para seus patrocínios. Mas, por alguma razão que ele não sabia, seu sangue ferveu quando Marvel voltou a provocar a garota, e Cato não pôde se conter.

– Você vai me obrigar? – Marvel perguntou, desafiando Cato. Mas foi só o que conseguiu fazer.

Cato empurrou Marvel com toda força; pego de surpresa, o mais alto foi atirado contra uma prateleira empoeirada; em seguida, Cato avançou sobre ele. Peeta, Clove e Glimmer correram até os dois.

– Eu não quero brigar com você, campeão. – Marvel disse, para surpresa de Cato, que o largou por um minuto.

– Por quê? – Cato quis saber.

– Porque eu te mataria – respondeu Marvel, tirando uma arma do cinto e colocando-a entre os olhos de Cato.

– AH MEU DEUS! – Glimmer gritou chocada, usando sua bolsa numa tentativa falha de bater em Cato; Peeta e Clove reuniram forças para afastá-lo de Marvel.

– Tira as mãos de mim! – Cato disse, desvencilhando-se deles num empurrão. Quando viu que tinha empurrado a morena junto com o pãozinho, ele imediatamente se desculpou. – Me perdoe.

– Quer saber? Vocês são uns babacas. – disse Clove, esfregando o braço. – A gente devia ter deixado vocês se matarem.

Peeta não disse nada, tampouco. Parecia ter ficado abalado demais com a presença de mais uma arma – além da faca da morena – dentro da sala.

– Não acredito que você ainda anda com isso – Glimmer disse para Marvel, e seu tom não era de medo; era decepção.

– Mas eu não usaria isso em você, meu bem – ele respondeu com cinismo, guardando a arma de volta no cinto, cobrindo-a com a camisa. – Nem mesmo depois de você ter dito na minha cara que não seria legal eu entrar na sua casa, não pela porta da frente.

Mais uma vez, a última frase saiu com mágoa, mesmo que Marvel tenha disfarçado as palavras com deboche. E Glimmer percebeu isso.

– Você não entendeu... – ela tentou dizer, mas ele não estava mais ouvindo.

– Pensando bem, campeão, eu não te mataria. – Marvel voltou a falar com Cato, que ainda tinha raiva nos olhos. – Simples assim. Se eu te matasse agora, a sua família iria fazer de tudo pra me ver na prisão, e você não vale isso.

– Vamos acabar com isso agora, falou? – indagou Cato, explicando: – Você não vai mais falar com ela – ele apontou para Clove –, não vai mais OLHAR pra ela, você entendeu?

Clove o interrompeu furiosa:

– E quantas vezes eu vou ter que dizer que eu não preciso da sua proteção? – ela perguntou com raiva para Cato. – Que merda! Se alguém se meter a besta comigo, eu meto a faca e pronto!

– Mete a faca, Srta. Kentwell? – a voz gelada de Snow soou à porta da biblioteca e o coração de todos, mesmo o de Clove, quase parou.