O Corvo escrita por Jhiovan


Capítulo 2
Capítulo 1 - Resgate


Notas iniciais do capítulo

Aqui vai o primeiro capítulo. Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/343849/chapter/2

Amanda estava passeando pelo Mercado. Um local cheio de barracos velhos, onde ocorria o comércio, tanto legal quanto ilegal. A comida, por exemplo, era importada. Geralmente roubada de caminhões que passavam pela estrada ali perto e depois vendida para aqueles comerciantes. Era necessário, sem o comércio, não haveria dinheiro, e sem dinheiro, a morte por não pagar os impostos.

Era um local bem sujo, cheio de papéis e restos de comida pela areia. Protegido do sol por tecidos que formavam as barracas. Amanda era uma garota de olhos azul-claros que eram chamativos, porém traiçoeiros, pele bronzeada pelo sol escaldante do deserto, cabelos negros e rosto angelical. Usava uma roupa surrada e sua pele parecia mais escura, pela quantidade de sujeira no corpo.

Ela escutou duas pessoas conversando próximas à ela.

Você soube da morte da senhora Fichel?

Aquela louca que falava sobre um tal messias que a salvou dos impostos? – os dois riram.

Exatamente. Coitada, o Gubner a matou de um jeito cruel...

Realmente. Ninguém merece ser enforcado só por contar uma história.

Amanda engoliu em seco. Era verdade. Mas diversas vezes ela havia dito para a mãe parar de contar aquela velha história. De quando Amanda era apenas uma criança, que chorou quando um homem salvou-as da morte pelos homens-da-lei que foram cobrar os impostos atrasados. Pobres homens, — pensou – mas ou eram eles ou a gente. Desde então sua mãe nunca parou de contar sobre essa história aos conhecidos e desconhecidos que encontrava por aí. Amanda nunca parara de ouvir boatos de que sua mãe era apenas uma louca. Até que um dia, o Gubner ordenou que lhe enforcassem por estar incitando o povo à revolta.

A verdade era que ela sempre quis conhecê-lo. Sempre foi fascinada por aquele ser misterioso, que se nomeava “Corvo”. Sempre quis entendê-lo. Pelo menos vê-lo mais uma vez... Mas isso parecia irreal. O que ela tinha certeza de ser real eram duas coisas: sua sede e sua fome.

Amanda discretamente pegou duas maçãs da arquibancada com umas poucas frutas e escondeu-a debaixo da blusa surrada. Olhou para os dois lados, ninguém parecia ter percebido. Então andou rapidamente para fugir dali.

Alguém pôs o pé emseu caminho e ela caiu derrubando as maçãs. A grande multidão que ali estava circulando, parou e a encarou. Olhares desaprovadores a cercaram. A pessoa que a fez tropeçar era um homem-da-lei. Usava o típico traje: chapél e um terno preto, a pistola em punho apontada para ela.

Peguei você, mocinha. Roubar é um crime grave. Agora vai sofrer as consequências. Levante-se.

Amanda fingiu se entregar. Levantou-se lentamente com as mãos para o alto. Ficou de pé e deu um chute entre as pernas do homem. Ele largou a arma e gritou de dor, apertando o lugar chitado com o corpo curvado.

Vadia! Eu te mato!

Ela correu abrindo espaço em meio à multidão empurrando-a. O homem corría atrás dela. Ele chamou por outros homens-da-lei e eles se juntaram a perseguição. Um deles parou na frente dela com arma apontada. Amanda parou imediatamente. Outros chegaram e a cercaram. Ela viu que era inútil fugir, ia acabar levando um tiro. O que ela havia chutado apareceu e aproximou-se.

Eu falei que ia sofrer as consequências. Vou acrescentar mais um crime na lista: agressão à um homem-da-lei.

Amanda não suportou e fez o máximo que podia enquanto suas mãos eram amarradas em cordas: cuspiu nele. A autoridade deu uma tapa em seu rosto e acrescentou:

Espero que o Gubner condene-a à morte! Podem levá-la.


Eles amarraram-na em cima de um cavalo. Dois homens-da-lei levavam-na no caminho até à Mansão do Gubner.

O sol já estava baixando, porém não menos quente que antes. O deserto parecia infinito, entendia-se até onde os olhos alcançavam. A sede de Amanda só aumentou. Se eu tivesse corrido um pouco mais de pressa... Arrependeu-se. Tudo continuou tranquilo. Incrivelmente ela não estava temerosa ao destino que poderia ter.

Um corvo sobrevoa o céu sem nuvens e corveja alto.

Outro som veio de trás de Amanda. Ela vira-se para olhar: um dos homens-da-lei fora atingido por uma faca. Exatamente no pescoço. O sangue jorrava rapidamente. O corpo caiu sem vida de cima do cavalo. Os outros dois cavalos agitaram-se.

O outro homem-da-lei pega a arma do cinto e aponta-a para todas as direções procurando pelo assassino. Não vê ninguém. O vento levanta a areia branca e de lá aparece uma pessoa. Vestida quase completamente de preto, por exceção de um pano vermelho-vivo cobrindo a região da boca e o nariz, que estão cobertos por uma máscara de gás. E usando um boné igualmente preto.

Amanda solta um grito de supresa. Sim, é ele. Eu tenho certeza! O Corvo!

O homem-da-lei começa a disparar. Porém, o homem mascarado desvia seus tiros. Um vento forte novamente levanta a areia, que bate nos olhos do homem-da-lei e o empede de enxergar. Amanda abaixa-se e cobre os olhos.

Estava começando uma tempestade de areia.

O Corvo aproxima-se andando normalmente apesar da forte quantidade de areia que tapava sua visão. Ele saca duas facas do cinto – que está cheio delas – e gira-as entre os dedos. O homem da lei tenta recuperar a visão, mas o Corvo está perto demais. Ele só tem tempo de dar alguns tiros inúteis no ar, até que o Corvo corte sua mão, fazendo a autoridade soltar a arma com uma faca, e com a outra a enfiou em seu peito.

Ele subiu em um dos cavalos – que estava agitado pela areia em seus olhos.

Venha, suba. A tempestade logo vai começar – falou, sua voz era metálica e abafada pela máscara.

Eu sou uma criminosa, não tenho aonde ir. Você deveria me deixar aqui – respondeu Amanda.

Você roubou por necessidade. Para não morrer de fome. E eu não vou lhe deixar morrer. Venha comigo!

Ela não discutiu, subiu no cavalo onde ele estava e eles partiram com a tempestade de areia se formando atrás deles.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Devo prosseguir? Comentem por favor, vocês sabem como isso é importante ainda mais no processo inicial de uma fic. Obrigado!