O Útimo Jogo - Em Cinzas escrita por Caderno Azul


Capítulo 2
Realidade


Notas iniciais do capítulo

Como o prólogo foi muito pequeno, já estou postando o primeiro capítulo.



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Seus olhos condenatórios me acusam silenciosamente.

Ergo a cabeça para encarar a causadora de todo meu sofrimento. A garota em chamas. O Tordo. Chame-a do que quiser. Katniss Everdeen quer a minha cabeça numa bandeja de prata e nem posso pensar em motivos suficientes para desestimular esse desejo.

E ao mesmo tempo, parece-me extremamente egoísta seu comportamento. Todos sabem o quanto ela lutou pela irmã. Primrose talvez tenha sido indiretamente a causa de toda a guerra, se ela não fosse selecionada na Colheita, então Katniss nunca teria tomado o seu lugar e dado início a toda a rebelião. Fazia até algum sentido para mim ela ter morrido, como se o ciclo tivesse acabado.

Mas não acabou. E não seria declarado fim até que todos os vitoriosos estivessem saciados de vingança.

Só que numa Guerra todos perdem. Todos nós tivemos vidas queridas arrancadas de nós, por que de repente parecem agir como se a dor do Tordo fosse maior do que do restante?

Sim, Prim foi uma vítima. E sim, foi uma lástima o que aconteceu. Porém, houveram milhares de vítimas. Quem vai lembrar delas? Quem vai fazer homenagens? Por que estar do lado errado da guerra faz com que sua vida não valha mais nada?

Eu buscava as respostas dessas perguntas nas íris cinzas de Katniss. Mas só havia amargura e rancor ali. Desviei meu olhar para Peeta, seu olhar foi de compaixão e lembrei que costumava ser o vitorioso mais solidário. Talvez soubesse o fardo que acabara de se acumular em minhas costas. Ou talvez simplesmente fosse uma pessoa genuinamente boa. Era quase impossível acreditar nisso durante esses tempos.

Crianças que sempre foram acostumadas com o alto padrão da vida na Capital agora foram enfileiradas como soldados. Nos corpos, nossas melhores roupas foram postas e nos rostos, as expressões mais assustadas. Olho para a outra extremidade da grande praça e vejo Dive fitando-me de volta. Um sorriso tenso é trocado, o dele tenta me passar confiança e falha. Alguém aperta minha mão e aperto de volta. Anaís está do meu lado e não posso dar o luxo de encontrar seus olhos. Não sem desmoronar.

Felizmente, antes que as lágrimas cheguem, Effie Trinket se direciona para o palco, onde os outros vitoriosos nos observam. Homens armados até os dentes vigiam qualquer movimento suspeito e sinto que se respirar alto demais vou ser bombardeada.

–Feliz Hunger Games! E que a sorte esteja sempre ao seu lado! - ela diz a sua habitual fala que já é sua marca registrada e o silêncio que se segue é esmagador.

Como não há mais distritos, os tributos serão escolhidos por bairros. Conheço todos ali de vista, senão mais intimamente. O que significa que sei suas qualidades e fraquezas. A desvantagem é que eles também sabem as minhas.

Os Jogos Vorazes nunca me pareceram menos festivos antes e sei que grande parte dessa consequência é porque os lados estão invertidos. Meus pulmões não vão suportar a pressão da minha respiração acelerada, meus pés não vão continuar a sustentar o peso de meu corpo por muito tempo.

–Primeiro as damas - ela anuncia depois de um pigarro, sua mão de unhas compridas estica e agarra uma das tiras de papel erguendo e exibindo-a. Com uma lentidão agonizante, ela abre a folha e surpresa tinge seus olhos antes que fale.

A próxima coisa que sinto é a mão de Anaïs se apertar com mais força a minha e as três palavras que vão mudar o curso da história como nunca imaginei.

–Vixen Annie Snow!


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Notas finais do capítulo

O próximo capítulo será maior e explicará melhor toda a situação dos Jogoso Vorazes e o restante dos tributos.
Beijinhos!



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