Paradoxo Temporal escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 4
Mistérios e cortinas de fumaça




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Em meio à poeira, ecoou o som de espadas sendo desembainhadas, ao mesmo tempo em que Hijikata berrou:

- SOUGO!! O QUE VOCÊ FEZ?!

Nenhuma resposta de Okita, mas o Vice-Comandante sabia que ele fora o autor do disparo. Reconheceu ali o projétil que era realmente de uma bazuca. Assim que a poeira baixou totalmente, Hijikata e Shinpachi procuraram por Gintoki, Ginmaru, Katsura e Elizabeth. Mas nenhum deles estava lá.

Agora era a vez de Shinpachi soltar o berro:

- OKITA-SANNN!! O QUE VOCÊ FEZ?!

- Ué, mas não fui eu... – Okita disse. – Nem deu tempo de disparar a bazuca quando aconteceu a explosão.

Comandante e Vice-Comandante se entreolharam completamente atônitos. Se não fora Okita, então quem havia disparado contra eles?

*

- Ei, ei, ei, ei! – Gintoki protestou. – Que negócio é esse de arrastar a gente assim, Zura?!

- Não é Zura, é Katsura. – o outro respondeu.

- Ah, que seja! – Ginmaru entrou no meio. – Mas pra que arrastar a gente?

“E a gente perderia uma chance dessas de escapulir?”, Elizabeth argumentou via placa.

- Mas o que isso tem a ver com o fato de termos sido arrastados? – o ex-samurai questionou.

- Você não quer saber como foi o seu desaparecimento?

- Sim, mas...

- Então me sigam. – Katsura interrompeu o albino mais velho.

- Mas pra onde? – o albino mais jovem perguntou.

O quarteto rumou para um velho bar, que não era muito estranho para Gintoki, apesar da precariedade da fachada e do letreiro improvisado e mal-pintado. Katsura e Ginmaru colocaram prendedores de roupa em seus narizes, deixando o Yorozuya sem entender nada do que estava acontecendo e a razão de tal gesto.

Assim que entraram no recinto...

- Ei – Gintoki tentou questionar. – Por que vocês estão tap... COFF...! COFF...! COF, COF, COF...!

O ex-samurai teve um ataque violento de tosse ao sentir o cheiro da densa fumaça que tomava conta do local. Saiu sufocado dali e continuou tossindo convulsivamente por uns dois minutos sem parar.

De onde saía tanta fumaça de cigarro pra aquele lugar estar impregnado como estava? Ouviu uma voz nasalada o chamando:

- Gintoki – Katsura o encontrou apoiado na parede se refazendo do ataque de tosse. – Begue agui zeu brendedor.  Be desgulbe por esguezer de te avisar disso. (1)

- Deberia der be abizado, Zura! – Gintoki reclamou com o nariz já tapado pelo prendedor. (2)

- Dão é Zura, é Gatzura...! – Katsura protestou como sempre. (3)

Nisso, a placa improvisada se despregou sozinha e caiu diante dos dois amigos. O albino leu a placa caída, na qual estava escrito “Bar da Catherine”. Mas logo viu a placa que ainda estava fixa, onde a placa improvisada estava antes. A placa que ainda estava fixa tinha a escrita “Bar da Otose”.

- É belhor be exbligar o gue tá agontezendo neze bar agora! – ele disse. (4)

*

Gintoki e os demais encontraram uma parte livre da fumaça de cigarro, de forma que puderam tirar os prendedores dos narizes. Apesar de aparentemente reconhecer aquele ambiente, não se sentia em casa de jeito nenhum.

Estava mais perdido do que cego em tiroteio. E isso o deixava mais irritado do que o normal:

- O que vocês querem falar comigo, pra gente ter que se enfiar num lugar como esse?

Antes que fosse dada qualquer resposta, ele ouviu uma crise de tosse de duas pessoas que chegavam ao local quase sem ar nenhum. Eram Shinpachi e Kagura que tossiam como loucos.

- COFF, COFF...! Como é que vocês conseguiram entrar aqui, Gin-san?! – Shinpachi perguntou.

Ginmaru simplesmente mostrou a ele o prendedor de roupa:

- Poderiam ter pedido por um na entrada.

O garoto de óculos e a Yato apenas se entreolharam trocando olhares céticos.

- Já dá pra desenrolar logo essa história? – Gintoki bufou aborrecido. – Senão eu desisto da ideia de encontrar meu “outro eu”.

- Tenha calma, Gintoki. – Katsura disse. – Nós viemos aqui porque ninguém vai nos achar onde é o obvio.

- Ok, ok... Mas desembucha logo!

- Bom, como Ginmaru já deve ter dito, faz dez anos que você desapareceu.

- Isso eu já sei, mas como eu desapareci?

Antes que Katsura começasse a contar, alguém apareceu pra servi-los e, além de bebida e dois copos de leite, também trouxe uma cortina de fumaça, obrigando a todos taparem os narizes com as mãos ou com prendedores, o que não diminuiu em nada a crise geral de tosse.

- MA... MAS QUE FUMACEIRA É ESSA? – Gintoki berrou. – É PIOR QUE A CATHERINE FUMANDO NA MINHA CARA!

- Você não deveria estar desaparecido, idiota? – a voz que entregara as bebidas demonstrou irritação.

Em meio à fumaça que se dissipava, o Yorozuya reconheceu o quimono verde feminino e as orelhas de gato por cima de um cabelo cortado à Chanel.

- CA... CATHERINE??

- Claro que sou eu! Quem você pensava que era? Vê se volta a desaparecer por mais uns vinte ou trinta anos!

- É melhor você fechar a matraca! Cadê aquela velha? Ela deveria te dar uns catiripapos por encher o bar todo de fumantes! Parece que todos os fumantes de Edo vieram parar aqui!

O olhar de Catherine ficou sombrio e Gintoki pressentiu que a qualquer momento seria arremessado de lá. Porém, nada aconteceu.

- Idiota. – Catherine disse. – Otose morreu faz cinco anos. E este bar é o único em Edo que aceita fumantes.

- A Otose-san morreu? – Shinpachi estava surpreso.

E assim, mais uma vez a cabeça de Gintoki ficou novamente um caos, processando essa nova informação. Tudo bem que se passaram vinte anos na linha de tempo na qual estava, mas não esperava que aquele fóssil virasse realmente um fóssil.

No entanto, os pensamentos do albino foram mais uma vez interrompidos, desta vez por um grito:

- KATSURA!! AGORA VOCÊ NÃO ME ESCAPA!

Um vulto surgiu do meio da fumaça produzida por todos os fumantes de Edo presentes no bar. O som de uma espada sendo desembainhada foi ouvido e Hijikata emergia, partindo pra cima de Katsura, Elizabeth, Ginmaru e o Trio Yorozuya.

- Sem essa! – o líder Joui tirou a katana das mãos de Ginmaru e se posicionou pra luta. – Não vou me entregar!

Os dois saltaram para atacar um ao outro, pra matar ou morrer. Porém, o Vice-Comandante do Shinsengumi errou totalmente o alvo e passou longe de Katsura, caindo de cara em cima da mesa onde Gintoki e os outros estavam, ao mesmo tempo em que todos os fregueses saíam correndo em debandada geral, obviamente sem pagar a conta.

- Maldição... – Hijikata murmurou ao se levantar. – Deixei meus óculos caírem...

“E-Ele é míope...?”, Gintoki, Shinpachi e Kagura pensaram ao mesmo tempo.


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Notas finais do capítulo

Tradução:

(1) Gintoki Katsura o encontrou apoiado na parede se refazendo do ataque de tosse. Pegue aqui seu prendedor. Me desculpe por esquecer de te avisar disso.
(2) Deveria ter me avisado, Zura...! Gintoki reclamou com o nariz já tapado pelo prendedor.
(3) Não é Zura, é Katsura...! Katsura protestou como sempre.
(4) É melhor me explicar o que tá acontecendo nesse bar agora!