Nossos próximos dois dias seguiram quase idênticos ao primeiro. Caçar, comer, tentar achar um lugar para dormir, na segunda noite vimos os carreiristas do 11 , 1, e 2. E James.

–Queridinho, tem certeza de que foram por aqui ?- Lise dizia, e peguei uma faca pronta para atirar. Isso significava que estavam juntos ainda.

–Tenho, as armadilhas lá de trás só podem ser deles. Se seguirmos em frente poderemos encontrá-los.

–Gata, por que não o matamos de uma vez ?- Cato disse enquanto a segurava pela cintura. Mais um segundo e eu a teria matado se John não me segurasse.

–Preciso dele vivo para encontrar a garota de ouro, e o outro cara.

Depois que se foram, me virei para John furiosa.

–Eu estava prestes a matá-los!

–Sim, e com isso eles matariam nós dois. Você precisa parar de ser tão precipitada.

Por um lado ele estava certo, eles nos matariam e venceriam. E agora eu tinha a certeza de que não iria deixar que isso acontecesse.

O próximo dia seguiu praticamente normal.Tirando o fato que eu e John estávamos enlouquecendo pela sede.

Já são três dias e nada de água. Eu não consigo aguentar e caio no chão, enfraquecida, mas por sorte vejo o chão úmido. Enquanto ia me arrastando (literalmente), John ia andando atrás do que era uma pequena fonte. Uma coisinha de nada que salvou nossas vidas. Depois de bebermos, colocamos bastante em nossos cantis.

Pelos meus cálculos, estamos bem longe de qualquer tributo. Mas um calor repentino envolve o ambiente de forma desagradável. Fogo!

Isso mesmo, fogo, queimando boa parte da floresta. Tentamos correr, mas isso estava nos cercando, peguei minhas facas e a espada. Uma árvore caiu bem entre nós. Espalhando um pouco de brasa em minha panturrilha, fazendo com que eu gritasse de dor pela queimadura.

–Corre, fuja, para bem longe!- John me dizia.- Carlie, fuja, vou tentar te encontrar novamente.

–John..- tentei berrar mas outra árvore caiu, obrigando-me a correr para longe. Não tão distante, pude ver algo, como se algo estivesse atirando bolas de fogo. "Filhos de uma puta" pensei. Correndo o mais longe que podia, ou tentando. No mínimo uma hora depois, encontrei um banhado no qual eu me sentei do lado e coloquei lentamente minha panturrilha na água, depois tirei. Repeti o mesmo várias vezes, aumentando o tempo de deixar na água.

Quando vi de longe os carreiristas se aproximando, e James com eles.

–Lá está ela.- um garoto disse- Você não pode fugir de nós queridinha.

Tentei correr o máximo que podia apesar da minha dor. Encontrei uma árvore alta e subi, subi o máximo que pude, quando Lise tentou atirar uma lança em mim. Por sorte ela errou.

–É o máximo que consegue cadela ?- eu disse zombando dela.

–Eu pego ela- Cato disse subindo, eu também comecei a subir mais, mas quando atingi meu máximo ouço um "crec", e vejo Cato caindo da árvore. Um carreirista que não sabe subir em árvores, lindo.

–Vamos esperar ela descer, ela não vai aguentar para sempre- disse James tentando ajudar Cato a se levantar.

Me ajeitei em um galho e olhei para James como se fosse dizer "Você é o primeiro que eu mato".

Passo o dia agonizando com essa bosta de queimadura na panturrilha, mas de noite chega um recipiente em um paraquedas, pousou um galho acima de mim. Fui pegar, uma espécie de pomada com um bilhetinho escrito "Docinho, isso não está nada legal- P" deduzi que Phill poderia ter conseguido com algum patrocinador. Voltei ao meu galho, passei bastante dessa pomada na minha panturrilha, na hora já havia aliviado a dor. Ergui o pote para cima como agradecimento aos patrocinadores.

Pouco depois, o hino e os mortos. Dois, apenas. A garota do 5 e um garoto do 7. Agora meu desafio era escapar daqui.