Sonhos Roubados escrita por Kátia
Notas iniciais do capítulo
Tem uma surpresinha nesse capitulo.
– Aqui. – Colin me entregou uma marmita. – Minha mãe fez estrogonofe para você.
Ainda estava quente. E estava com um cheiro maravilhoso.
– Obrigada, Colin.
– Disponha. Eai? O que aconteceu? – Colin me perguntou com um brilho a mais nos olhos.
– Você é muito mau. – Disse com a boca cheia.
– Isso porque você não viu o jeito que ele olhou para você. – Disse ele se acomodando na cadeira ao lado da minha. Já fazia alguns meses que almoçar na varanda ao lado de Colin havia virado parte da rotina.
– Não invente história onde não existe. – falei erguendo as sobrancelhas.
Ele ia dizer algo, mas o telefone dele tocou, ele suspirou e atendeu.
– Oi, Lolla. – Ele disse e fez um gesto dizendo para que eu esperasse e ficou dando voltas na varanda, como sempre fazia quando ela ligava para ele. Ele demorou bem uns 10 minutos no telefone, o que me deu tempo para terminar de almoçar.
– A Lolla está apaixonada por você. – Falei descontando.
– É, parece que sim. Mas não venha mudar de assunto. Evan está caidinho por você.
– Poupe-me dessa conversa. Por favor. – Falei dando um murro no braço dele. – E você ainda me põe nessa situação. Colin, ele me pegou no colo. Culpa sua.
– Não acredito que perdi essa cena. – Disse ele rindo.
– É.
– Você devia dar uma chance. Pode fazer bem para você. Pode ser mais uma ajuda. – Disse ele pegando minha mão e olhando em meus olhos.
– Já tenho você. – Falei apertando sua mão.
– Não digo dessa forma.
– Eu não preciso. Você se lembra da última vez que eu arranjei um namorado? Ele só trouxe mágoas.
– E distrações. – Falou ele me incentivando. – Jess, você precisa sair e distribuir alguns beijos.
– Você é terrível. – Falei sorrindo.
Ele sentou no chão e fui deitar em seu colo como sempre fazia. As pessoas da minha rua sempre que passavam por nós imaginavam que fôssemos namorados, o que é estranho. Sempre que eu e Colin assistíamos a filmes onde o melhor amigo casava-se com a melhor amiga nós riamos. Imagine casar com o sensual Colin? Seria como casar com Jim ou Fred.
– Você é o remédio mais gostoso da face da terra. – Falei rindo.
Ele era o meu remédio. Assim que tudo aconteceu, ele se pôs ao meu lado mais do que o necessário. Até que quando ele foi comigo a sessão psiquiatra, o meu psiquiatra disse que eu poderia parar de tomar boa parte do remédio se eu passasse as horas cruciais com o Colin. Claro que ele estudou bem a situação, falou com outros psiquiatras e até mesmo psicólogos. Até que se chegou a essa conclusão. Pensei que o Colin não iria aceitar, pois ele fazia outras coisas nesse horário. Mas ele viu meu surto no primeiro dia e acho que isso ajudou a tomar a decisão dele que foi a que ele precisava ficar ao meu lado. Ele nunca se queixou. E nunca me olhou com pena, o que é considerável.
– Sou quente como Apolo. – Ele riu também.
– Mas então, o que a Lolla queria? – Perguntei. Ele olhou para cima e não respondeu. Levantei para olhar melhor para ele.
– Responda. – Ordenei. Ou pelo menos tentei.
– Ela queria confirmar se eu iria mesmo à festa dela. – Disse ele rapidamente. – E eu disse que iria. Mas ai ela ficou estranha e disse que queria muito que você fosse também.
– Oh, não. Ela ficou louca de vez. – Disse rindo.
– Jess, não é engraçado. É trágico. Ela te odeia. Tem algo errado. – Disse ele sério.
– Não se preocupe. Eu não vou a essa festa mesmo. – Falei dando de ombros.
Colin sorriu.
Ficamos às duas horas ali sem fazer nada e não dizendo nada de útil também. Até que era a hora de entrar em casa. Colin me ajudou a levantar e me apoiei nele. Assim que abri a porta meu coração acelerou. Respirei fundo e olhei diretamente para a escada. Colin sentiu minha tensão e segurou mais forte em minha cintura. Ouvi um grito, mas logo o silenciei. Hoje era segunda feira. Normalmente as coisas são mais difíceis neste dia da semana. Porque é quando a dor é mais forte. Colin sabia disso também, por isso ele sabia que segunda era o dia que eu chorava. As lágrimas começavam a cair lentamente em um ritmo inconstante enquanto as imagens bombardeavam minha mente. Assim que chegamos à escada, Colin me sentou no segundo degrau e me abraçou. Normalmente ele me levava para o quarto e lá ele me abraçava. Mas eu já estava bamba e com o joelho doendo demais para tentar subir a escada.
– Jess? O que houve? – Chamou uma voz a distância.
Levantei meus olhos para a porta que pendia aberta e lá encontrei Evan. Ele estava com uma expressão estranha e com a bicicleta.
– O que você fez com ela? – Evan largou a bicicleta e veio rapidamente na direção de Colin e o encarou.
– Ei, cara. Não é uma boa hora. Apenas vá embora. – Colin disse.
Ele ignorou Colin e se agachou na minha frente. Pegou minha mão delicadamente e a beijou. Tentei controlar minhas lágrimas, pois não queria chorar na frente daquele estranho. Mas a situação só piorou.
– Ele fez algo de ruim para você? – Perguntou Evan.
Balancei a cabeça negativamente. Podia sentir Colin revirando os olhos.
– Apenas me ajuda a levá-la para o quarto. – Colin disse tranquilamente.
Colin me segurou pela direita e Evan pela esquerda. Fomos subindo devagar enquanto meus membros todos tremiam. Eu estava com medo de perder totalmente o controle.
Chegamos ao meu quarto e Evan me soltou. Colin me conduziu até minha cama. Sentei e o abracei novamente. Ele não disse nada, só ficou ali. Minha cabeça estava em seu peito, por isso pude sentir o quanto o coração dele estava batendo rápido. Concentrei-me na batida do coração dele e logo fui me acalmando e esquecendo as imagens. E na medida em que eu ia me acalmando o coração dele acalmava também. Até que parei de chorar. Levantei minha cabeça para olhar para ele e sorri. Ele sabia por que eu estava sorrindo e sorriu de volta. Abracei-o ainda mais forte e dei um beijo na bochecha dele. Eu havia recuperado o controle mais rápido dessa vez. Depois de meses eu enfim havia conseguido superar o trauma mais firmemente.
– Você quer um chá? – Perguntou Colin ainda sorridente.
– Sim, obrigada.
– Já volto. Porque você não vem comigo Evan? – Colin falou forte.
– Não, não quero chá. – Evan disse rudemente.
Colin saiu e me deixou sozinho com um Evan preocupado.
– O que foi isso? – Perguntou ele confuso.
– Nada. Estávamos treinando para a peça da escola. – falei baixo e com os olhos fitando meus pés.
– Mentirosa. – Disse ele estreitando os olhos.
– Você prefere ouvir que eu sou uma desequilibrada emocional em tratamento? – Falei ainda mais baixo.
Ele não disse nada. Ele veio até a cama e sentou-se ao meu lado. Depois de algum tempo em silêncio ele finalmente disse:
– Conte-me tudo.
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HAHA. Curiosos para saber mais sobre a história da Jess?