Sonhos Roubados escrita por Kátia


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Eai. Espero que gostem.



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Fui correndo em direção ao ginásio o que não foi muito legal, visto que eu tropecei nos meus próprios pés e cai. Meu joelho esquerdo bateu tão forte no chão que eu achei que ele tivesse trincado.

- Você está bem? – Perguntou uma voz desconhecida. Não olhei para o dono da voz, estava mais concentrada na minha vergonha.

- Estou. Meu equilíbrio é que não tem estado muito bem, – suspirei – desde o dia em que eu nasci, eu acho. – Ouvi uma risada e olhei em direção ao som. Ao meu lado estava um garoto que eu não tinha visto antes aqui na escola, talvez porque eu não era uma pessoa muito sociável aqui dentro desse hospício. Ele tinha cabelos pretos e feições bonitas. Ele ainda tinha um sorriso no rosto quando me ofereceu a mão para me ajudar. Eu a peguei e logo estava em pé, analisando o dano. Doía um pouco, mas nada que eu não pudesse suportar. E eu teria que suportar, pois não poderia faltar mais nenhuma aula de educação física, senão eu estaria reprovada.

- Então, qual o veredito? – Ele perguntou, analisando minha expressão pensativa.

- Bem, acho que vou sobreviver. Obrigada pela ajuda. – Sorri para ele e segui caminhando, mancando um pouco.

- Você quer uma ajudinha a mais? Posso te ajudar a chegar ao seu destino? – Ele nem esperou que eu respondesse e foi logo pegando meu braço direito e passando pelo seu pescoço, e sua mão veio à minha cintura para me apoiar.

- Oh, não precisa. Você vai se atrasar para sua aula. – Falei tentando escapar daquele estranho.

- Tudo bem, minha aula é para esse lado também. – Ele falou confiante.

- Eu estou me sentindo ridícula com você me carregando desse modo por causa de uma queda. – falei com sinceridade enquanto caminhávamos. –Minha aula é no ginásio. – Complementei.

- Oh, que coincidência. A minha também. – Ele disse rindo ainda mais.

- Engraçado, nunca te vi na aula. – Falei pacientemente.

- Provavelmente porque você nunca foi à aula. – Ele estava certo, é claro. – Você não gosta de educação física, não é mesmo?!

- Não gosto de praticar com tanta gente vendo. Principalmente com aqueles minúsculos uniformes.

- Entendo. – Ele disse e a conversa terminou ai.

Chegamos ao ginásio e todos já estavam com seus uniformes. A professora me lançou um olhar de surpresa e veio em nossa direção.

- O que está acontecendo aqui? A senhorita resolveu se juntar a nós, enfim? – A professora riu, como se aquela fosse a piada do ano.

- Sim, não posso reprovar em educação física de novo.

Semestre passado eu havia reprovado, porque eu não apareci em nenhuma das aulas. Esse semestre eu deveria me esforçar ao máximo para conseguir uma boa nota, senão eu reprovaria o colegial.

Tirei meu braço do pescoço do garoto e fui indo em direção ao vestiário.

- Professora, ela não pode fazer exercícios hoje. Ela machucou o joelho. Olhe lá.

Parei e encarei o menino.

- Nada disso. Todos farão.  Afinal a aula hoje é de fundamentos de “Defesas pessoais”. – parei de encarar o menino e encarei a professora. Como ela ia ensinar alunos, adolescentes, irresponsáveis a lutar?

- Isso não vai dar certo. – Cochichei e fui para o vestiário.

Troquei-me rapidamente e logo estava de volta ao ginásio. Sentamos em circulo e meu joelho já não estava doendo tanto, talvez por que eu não estava o movimentando. Não queria fazer aquela aula. Eu não podia. A professora falaria alguns minutos, depois ensinaria o básico. Para minha sorte não passamos do teórico, pois o alarme de incêndio tocou. Todos se levantaram aos pulos e saíram correndo pela porta de emergência. Eu me levantei calmamente, pois sabia que não passava de mais um treinamento. Olhei ao redor umas duas vezes, depois caminhei mancando até a saída. O menino que tinha me ajudado havia parado na porta e me olhava com uma expressão de curiosidade. Passei por ele sorrindo e ele me seguiu.

- Você tem algum problema? – Ele perguntou cético.

- Todos. – Falei.

- Seu joelho ainda está doendo?  

Não, só estou mancando porque eu gosto de parecer idiota, pensei. Mas disse:

- Um pouquinho. Obrigada pela ajuda. – Disse realmente agradecida.

- Me chamo Evan. – ele se virou um pouco de lado e me estendeu a mão, novamente.

- Jess, – estendi a mão para a dele – prazer em conhecê-lo.

- O prazer é todo meu. – Falou e soltou nossa mãos.

Estávamos quase chegando onde todos os outros alunos estavam quando três garotos vieram em nossa direção.

- Como sempre a última. – Thomas falou. – Ei, quem é o seu amigo ai?

- Sou Evan. – Ele falou tímido.

- Esses são Thomas, Mike e Colin. – Apresentei a ele meus amigos e eles se cumprimentaram com apertos de mãos.

- Fazia tanto tempo que não víamos você de uniforme. Tinha me esquecido do quanto você fica gata no uniforme do Colin. – Mike disse me zoando.

Dei um passo para alcançar ele e meu joelho protestou, doendo muito. Iria cair de novo se não fossem as mãos que me seguraram. Colin me segurava pela esquerda e Evan pela direita.

-Jess. – Colin me olhou com reprovação. – Não me diga que você caiu de novo?

-Não foi culpa dela. – Evan falou agora um pouco mais alto.

- Você tem razão, a culpa é só da falta de coordenação motora dela. – Thomas disse rindo e Colin e Mike o acompanham. Abaixei a cabeça fingindo estar triste, olhei para ver se Evan também estava rindo e o peguei olhando para mim intensamente. Fiquei constrangida. Colin percebeu o olhar dele em mim e disse rapidamente:

- Ei, Mike e Thomas, lembram que a professora de espanhol disse que queria conversar com a gente sobre o trabalho que a gente não fez? – Ele disse com aquele tom que eu conhecia bem que dizia “Apenas faça o que eu digo, depois eu explico”.

- Ahhh. – Falaram os dois ao mesmo tempo.

- Vocês podem ir outro dia? Preciso de ajuda para ir para casa, Colin. Não acho que vou conseguir levar a bicicleta. – Dei bastante ênfase quando falei o nome dele. E eu provavelmente dava conta sim, só estava querendo desfazer o que ele mal tinha começado a fazer.

- Você veio de bicicleta e ainda tá viva? – Thomas riu ainda mais. O ignorei completamente.

- Desculpe, Jess. É importante. Tenho uma ideia melhor. Evan, que tal se você a levasse? – Colin falou malignamente e sorridente.

- Oh, claro. Posso fazer isso. Você se importa, Jess? – Ele disse com um sorriso ainda maior que o de Colin. Era pecado dizer não àquele sorriso.

- Tudo bem. – Falei dando de ombros.

Colin e os seus comparsas nos deram tchau e adentraram na escola novamente.  Colin piscou para mim e mandou um beijo.

- Vamos? – Perguntou Evan.

- Vamos. – Concordei.


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