Strawberry against Blood escrita por Miahh


Capítulo 19
Insanidade


Notas iniciais do capítulo

Oii gente :) Sei que menti para vocês falando que iria postar domingo, mas é que eu cheguei sábado de viagem e eu estava muito cansada... Sabe como é :) Espero que me perdoem por isso. Bom, obrigada a todos os reviews e os favoritos, além dos leitores u.u Amo todos vocês.
Ps: O capitulo ficou beeeemmmm longo, espero que isso não seja um problema :) Como meu amigo diz, eu não escrevo fics, mas escrevo biblias. Espero que gostem *--*



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Dirigi para a casa da Teresa, mais rápido que pude. Eu poderia ter causado muitos acidentes naquela noite, mas eu realmente não ligava. Eu precisava salva-la, mesmo que isso custasse a minha vida.

Estacionei o carro de qualquer jeito, do outro lado da rua onde por pouco quase parti em dois pedaços uma caixa de correio.

Antes de bater na porta, observei atentamente a residência: As janelas estavam fechadas e as luzes de dentro da casa, desligadas. Tentei espiar por alguma fresta, mas infelizmente não encontrei alguma onde pudesse ver o que estava acontecendo.

Então bati na porta e apertei a campainha por diversas vezes. Esperei por uma resposta que para o meu desespero, não veio.

Meus pensamentos estavam confusos, eu estava perdido, sem saber o que fazer em seguida. Imaginei que Lisbon estivesse morta, assim como minha filha e esposa. Imaginei que ela estaria ensanguentada embaixo de uma carinha sorridente, pintada com o seu sangue. Imaginei coisas horríveis. O desespero foi tomando conta de mim e eu precisava agir rápido.

Sabia que iria me arrepender disso – Ou talvez não – Mas eu precisava agir logo.

Teresa tinha uma porta nos fundos, uma porta que conectava a cozinha com o quintal de trás. Eu também sabia que geralmente ela verificava se esta porta estava trancada, toda vez antes de sair. Mas, eu precisava arriscar e tentar a sorte. Eu precisava entrar naquela casa.

Pulei a cerca branca de madeira que protegia todo o seu quintal. Talvez algum vizinho tenha visto, mas eu não ligava mais. Andei sorrateiramente pelas plantas, evitando fazer algum barulho que poderia estragar o meu plano.

Ao chegar na porta, uma surpresa: Estava trancada. Na verdade, lá no fundo eu temia por isso. Foi ai que eu me lembrei.

Dentro do meu bolso, havia um pedaço de metal que eu uso para abrir portas. Com cuidado eu o enfiei dentro do buraco da fechadura e mexi por alguns segundos, até a porta magicamente se abrir.

Guardei o metal de volta no seu lugar e fechei a porta.

A cozinha não estava escura como o resto da casa: A luz estava acessa o que facilitava a minha vida.

De cima do balcão, retirei uma faca de cozinha pontuda e brilhante. Se Teresa estivesse em perigo, eu teria como reagir ao invés de vê-la morrer.

Respirei fundo antes de continuar. Então, criando coragem, me dirigi até a escada dela, em direção de seu quarto. Eram apenas quinze degraus. Mas para mim, pareciam o dobro.

Meus pés começavam a ficar bambos e sentia gotas de suor escorrendo pelo rosto. Imagens da noite que eu encontrei minha família assassinada invadiram minha mente. Parecia que a terrível noite estava se repetindo: Eu sozinho, subindo uma longa escada até o quarto, onde esperava encontrar a pessoa que eu amo, viva. Espero que o final não se repita.

A porta do quarto de Teresa estava quase totalmente fechada, salvo por uma pequena fresta. Havia uma luz fraca vindo de dentro, provavelmente abajur e ouvi alguns sussurros, acompanhados de risos.

Isso mesmo, risos.

Com cuidado, passei a observar secretamente o quarto pela fresta e o que eu vi não me agradou:

Era Teresa e ela estava viva.

Isso deveria me deixar feliz, não é?

Se não fosse por um simples detalhe: Ela estava apenas de lingerie azul, deitada de bruços na cama enquanto recebia uma massagem nas costas, feita por Ray. Este que por acaso, estava apenas de cueca boxer branca e sua gravata listrada, pendurada no pescoço, massageando a pequena Lisbon com muita vontade. Muita vontade mesmo. Arrisco dizer que podia sentir o desejo em “toca-la” um pouco mais, só de olhar em sua única peça de roupa.

Vingança perfeita por parte dela. Eu queria vomitar, gritar, mata-lo. Mas não podia. Eu precisava esperar ele ataca-la, então eu o impediria e talvez isso amenizasse a raiva de Teresa por eu ter invadido sua casa.

Continuei a postos, os vigiando. Comecei a prestar atenção na conversa, tentando não fazer nenhum barulho.

–Estou com fome... – Teresa disse calmamente, soltando as palavras quase como um gemido – Depois podemos sair para comer algo?

–Claro, querida, tudo por você – Ele colocou delicadamente o cabelo dela de lado, para poder beija-la no pescoço.

–Hum Ray... Pare com isso... Daqui a pouco eu perco o controle e isso não é bom...

Senti meu estomago se contraindo.

–Vamos querida, perca o controle... Não há nada de errado em perder o controle de vez em quando.

Ela arfou.

–Não posso voltar atrás quando isso acontece... Se quiser que eu perca, vai ter que arcar com as consequências...

Como um cara consegue fazer minha Lisbon virar uma ninfomaníaca em apenas uma semana? Será que ela me viu na porta e está fazendo isso apenas para me torturar?

–Por favor, Teresa – Suplicou, beijando suas costas até chegar na calcinha – Seja somente minha nessa noite... Farei de você minha rainha e você não resistira... Simplesmente seja minha, somente minha.

Meu auto controle estava no fim. Eu nunca fiz isso com Lorelei, não era uma vingança justa.

–Hum, eu acho que é um acordo válido. Serei tua, mestre... – As ultimas palavras escaparam de sua boca como um gemido baixo. Ela mordeu os lábios e esperou que Ray fizesse o “serviço”.

Eu não aguentava aquilo, não aguentava vê-la sendo agarrada e conquistada por outro homem além de mim. Sei que o que fiz com Lorelei foi totalmente errado, mas tudo isso tinha um propósito: Pegar Red John. Agora Teresa está fazendo isso por pura vingança. E para piorar ela está na cama com o pior serial killer da história da California. É como se ela pedisse para ser morta.

–Não se preocupe, você não se arrependerá disso – Ele murmurava com um sorriso sádico estampado em seu rosto. Um sorriso que apenas eu conseguia enxergar.

Teresa, tomada pelo prazer prometido, abriu os olhos e olhou diretamente para a porta, onde infelizmente eu estava. Vi suas bochechas ficarem coradas instantaneamente, antes dela levantar em um pulo, assustando tanto a mim quanto a Ray:

–Seu filho de uma mãe – Ela esbravejou, vindo em minha direção – O que você está fazendo aqui, seu desgraçado?

–Teresa eu posso explicar – Tentei argumentar, mesmo sabendo que isto seria impossível.

–Explicar o que? Você é voyeur agora?

–Não, nada disso. Eu preciso te avi...

–O que está acontecendo aqui? – Ray me questionou, pronto para me dar um soco – Como ousa entrar na casa dela sem permissão? Você é louco? É doente?

Um psicopata me perguntando se eu sou doente... A ironia era tão grande que eu quis rir.

–Não, eu precisava falar com a Lisbon.

–Me ligasse.

–Eu tentei mas a senhora não atende esse celular, muito menos o telefone de casa – Argumentei, aumentando o tom de voz.

–Eu não sei se você viu que eu estou no meio de um encontro.

–Eu vi sim, por acaso vi até demais.

Ela ficou ainda mais corada.

–Afinal como o senhor entrou aqui, hein senhor Patrick?

–Pela porta.

–Eu tranque a porta.

–Pela porta dos fundos.

–EU TRANQUEI A PORTA DOS FUNDOS – Gritou –Eu não acredito que foi capaz de invadir a minha casa e ficar me vigiando em momentos íntimos. Patrick, se você não sair daqui agora, eu juro que vou pedir formalmente para Bertram para que te demita e se isso não for o necessário, para que te interne em um hospício.

–Teresa, eu vim aqui por que eu preciso falar com você – Alertei rispidamente.

–Pois se é tão importante assim, diga, diga em voz alta.

–Não posso dizer em voz alta, será que você não entende? Eu preciso falar a sós com você, agora.

–Eu não quero falar a sós com um voyeur.

–EU NÃO SOU VOYEUR – Gritei o mais alto que pude. Precisava deixar isso bem claro.

Ela recuou, assustada. Lisbon nunca tinha me visto perder o controle dessa forma, nem eu mesmo havia me visto assim. Estava descontrolado, raivoso e acabei descontando isso na minha amada. Idiota, será que eu não consigo fazer nada certo?

–Por favor, eu imploro... Vamos conversar a sós, agora – Disse baixinho, acalmando os nervos.

Ela olhou para Ray que parecia me fuzilar com o olhar. Então, ela concordou.

–Está bem, só vou colocar o meu roupão.

Teresa pegou seu lindo roupão preto, quase transparente, e seguimos para a sala.

–O que você quer me falar?

–Teresa, preste atenção – Pedi carinhosamente – Ray não é uma boa pessoa, ele pode te machucar se tiver a chance.

–Oi?! Como assim? Ele não machucaria nem uma mosca.

Ah, ele já machucou bem mais do que uma mosca.

–Teresa, acredite em mim. Ele não é uma boa pessoa – Alertei pausadamente – Não é. Você tem que ter cuidado com ele.

–Patrick, você está se ardendo de ciúmes por eu estar com ele e não com você, e se deu o trabalho de invadir a minha casa e estragar o meu encontro... Lamentável isso.

–Lisbon, eu não estou com ciúmes, eu apenas preciso te proteger, te proteger de todo o mal. Eu lhe prometi isso uma vez, e vou cumprir.

–Não precisa me proteger de um mal que não existe.

–Teresa, acredite em mim ele existe e ele está louco para que você se descuide, assim ele poderá ataca-la. Acredite em mim, ele quer e ele vai.

Lisbon cruzou os braços, evitando o contato visual comigo.

–Eu não acredito em você, Patrick. Você me traiu, mentiu pra mim... – As palavras saíram tremulas e pude enxergar seus olhos enchendo de lágrimas – Eu queria saber o que eu fiz para você me trair dessa forma, eu me pergunto toda noite o por que de você fazer isso comigo... E você não me deixa viver, não me deixa tentar seguir em frente – Desabafou, enquanto lágrimas e mais lágrimas corriam dos seus olhos – Eu sabia no que estava me metendo quando te conheci, quando deixei que tivéssemos aquela e outras noites de amor... Mas eu nunca esperava que você iria preferir ela do que a mim... Por que Patrick? Por que? Só me diz o por que disso... Por favor...

Acariciei seu frágil rosto com a ponta dos dedos. Meu coração estava apertado, meu olhos lacrimejavam e eu finalmente consegui enxergar o estrago que fiz na vida dela. Eu fiz Teresa sofrer, a fiz chorar. Eu era um monstro.

–Teresa eu...

–Não, não quero e não consigo mais ouvir seus pedidos de desculpas – Ela estava chorando cada vez mais descontroladamente e alguns soluços foram inevitáveis – Saia da minha casa, por favor, vá embora. Não quero mais chorar, não quero mais esse tipo de vida. Por favor, vá embora, me esqueça para sempre, eu imploro...

Suspirei alto. Eu iria mesmo embora, iria deixa-la. Eu perdi o controle da situação. Eu a fiz chorar.

–Me desculpe...

–Vá embora – Ela abriu a porta e me esperou passar para tranca-la novamente.

Eu iria mesmo deixa-la? Mesmo sabendo que ela corria sério risco de vida?

Não, eu não podia abandona-la.

Mesmo que tenha sido uma ordem expressa dela.

**

POV Teresa Lisbon

Como ele teve a coragem de entrar na minha casa e ficar a espreita, vigiando-me descaradamente, além de usar uma desculpa esfarrapada de que ele estava me protegendo do Ray.

Conheço o Ray o suficiente para ter certeza que ele não faria nada de mal comigo.

Patrick acha que ele pode me trair com a vaca da Lorelei o quanto quiser, - convenhamos que para uma criança surgir em seu ventre, ou foi muita sorte, ou muito sexo, e eu particularmente acredito na segunda opção – E eu não farei nada, não seguirei a minha vida, esperando o momento que o doce loiro irá cansar de sua vidinha em família e fugirá comigo para algum lugar belo e distante, igual ao um filme infantil.

Não, isso não iria acontecer.

Para piorar eu acabei desabafando tudo que estava entalado na minha garganta há dias, e isso não foi bom.

Estou com os olhos inchados e a maquiagem borrada de tanto chorar. Terei que enfrentar Ray que me fará milhões de perguntas sobre a nossa conversa, xingando e acusando o Patrick de ser um maníaco sexual, o que não tiro a razão.

Bom, o melhor que eu poderia fazer, agora que a minha noite estava destruída, seria pedir para Ray que fosse embora, enquanto eu tento me recompor.

Limpei o rosto e preparei um sorriso forçado, mais falso que nota de três. Precisava fingir que estava tudo bem.

–Ray, espero que isso não te incomode mas... Eu não quero mais fazer nada hoje, desculpe – Revelei, sentando-me na cama – Patrick estragou a nossa noite.

–Tem certeza? Ainda podemos sair para jantar.

–Tenho Ray, perdi a fome também, perdi tudo... – Menti, já que o meu estomago roncava, implorando por algum alimento.

–Tudo bem – Ele se aproximou de mim, roubando-me um beijo – Nós podemos sair outro dia, o que acha? Podiamos ir a minha casa... Patrick não sabe onde eu moro – Brincou.

–Claro, podemos sim – Nós nos beijamos novamente – Bom, até amanhã. Eu te levo até a porta.

–Ok.

Fomos até a porta e nos beijamos pela ultima vez.

–Até amanhã, Teresa... Durma bem – Despediu-se com um olhar amável. Como o Patrick pode ter dito tantas barbaridades dele?

–Até.

Tranquei a porta e suspirei. Eu realmente gostaria muito de sair naquela noite, nem que fosse para passar em uma lanchonete perto de casa e comer um lanche barato. Aproveitaria e caminharia por ai, colocando meus sentimentos em ordem.

Era uma ótima ideia.

Coloquei um vestido azul claro e um sobretudo por cima. Calcei minhas sapatilhas pretas e com um pouco de dinheiro em mãos, sai da minha casa, rezando para que nada de ruim me acontecesse no caminho. Era noite, fria e escura. Eu, uma mulher andando sozinha por ai. Não gosto de pensar nisso.

Tentei escolher as ruas menos desertas da cidade, mas que ao mesmo tempo não fossem as mais movimentadas. Precisava relaxar um pouco, talvez até chorar baixinho. Precisava parar de pensar no Patrick, para o meu bem.

Fui até o parque da cidade e caminhei por dentre as arvores, sentindo a lua cheia me banhar com sua luz. Sentei bem na beira de um lago, igual a quando eu era adolescente e precisava encontrar uma solução para os problemas em casa. Fechei os olhos e relaxei um pouco, ouvindo o som da brisa gelada batendo nas ultimas folhas secas que restaram no topo das arvores. Eu precisava de um pouco de descanso.

–O Patrick não te ama, ele nunca te amou... Ele te usou – Eu dizia para mim mesma – Ele apenas te usou como ele usa a Lorelei... Ele te odeia.

Lágrimas escorriam pelo meu rosto, mas eu prossegui.

–Por que eu tinha que me apaixonar por você? Por que eu tinha que escolher amar justo você? – Gritei, sabendo que não tinha chances de ser ouvida, afinal eu estava sozinha naquele lugar –Por que eu tenho que te amar, seu idiota. Eu não posso mais viver assim, eu não posso...

Então alguém tocou gentilmente o meu ombro, sentando logo em seguida ao meu lado.

Era o Patrick.

–Ótimo lugar... Deduzo que era aqui que você vinha quando o seu pai bebia demais, certo?

–Você voltou a me seguir? Você não para com isso?

–Meh, eu disse que iria te proteger do mal, e vou – Ele afirmou – Você sabe que não se pode andar sozinha por ai, ainda mais em um parque... Muito perigoso, senhorita Lisbon.

Ele deitou na grama fofa e prosseguiu:

–Obrigada por expulsar o Ray. Eu realmente estou aliviado com isso.

Olhei para aqueles olhos azuis, que realmente passavam sinceridade.

–Você já tinha estragado a minha noite mesmo...

–Meh, Teresa, juro que não pretendia assusta-la... Na verdade, foi você quem me assustou.

–Eu?

–É, “Meu mestre” – Repetiu, rindo logo depois – Sério mesmo? O que ele tem que eu não tenho?

–Dinheiro – Brinquei, quase esquecendo a raiva que eu estava por ele.

–Consigo tudo e mais um pouco do dinheiro dele, em uma noite de poker. Duvida?

–Ah, não duvido nada.

Jane sorriu e começou a acariciar as minhas costas. Passamos alguns longos minutos calados, apenas apreciando o som e a vista, que mesmo de noite, continuava maravilhosa.

–Não foi culpa sua – Ele sussurrou, quebrando o silencio – Foi culpa minha. Você é espetacular, Teresa. Você não dá motivos para alguem fazer o que eu fiz. Apenas eu tenho culpa nisso, ok?

Engoli aquilo a seco. Não esperava que começássemos ter uma D.R no meio do parque.

– O que vai fazer quando tudo isso acabar? Vocês vão ficar juntos?

–Não. Meu amor por você é mais forte do que tudo.

–Mais do que a Lorelei?

–Mais do que a Lorelei.

–Prove-me.

Mas que diabos eu estava falando? Eu estava ficando louca? Ele era o homem que havia me traído com o pior tipo de pessoa possível, me enganando e fazendo sofrer como uma maluca... E agora eu estou agindo como se tivesse esquecido tudo? Meu Deus eu estou louca... Estou mesmo louca...

Diferente do que eu havia pensado Jane não disse nada, nem ao menos deu alguma de suas respostas engraçadinhas que sempre quebravam o gelo em situações como essa.

Ele apenas passou a fitar-me carinhosamente, enquanto se sentava novamente, aproximando seu rosto do meu.

Eu pensei em recuar, mas não consegui. O desejo de ficar com ele era mais forte que a raiva que eu sentia. Eu sentia que precisava daquilo, ou eu morreria.

Vagarosamente, ele aproximou sua boca da minha e fechamos os olhos. Eu me sentia fraca, me rendendo aos meus impulsos e desejos, mas, era o Patrick quem eu estava beijando. O amor da minha vida.

Foi um beijo demorado e carregado de paixão. Coloquei uma das mãos em seu peito e a outra, no meio dos seus fios loiros e sedosos, os puxando delicadamente de vez em quando.

–Teresa... – Sussurrou no pé do meu ouvido – Eu prometo que vamos ficar juntos quando tudo isso acabar... Eu deixo tudo para ficar com você... tudo... – Ele envolveu meu pescoço de beijos rápidos e algumas mordidinhas, enquanto eu me deitava na grama fofa e o deixava totalmente sobre mim.

–Não prometa o que não pode cumprir... – Sussurrei.

Ele parou os beijos e olhou no fundo dos meus olhos verdes, com uma expressão triste, melancólica.

–Quando tudo isso acabar, nós dois vamos ficar juntos, entendeu? Nada, nem Lorelei nem bebê algum, vai nos impedir disso, ok?

–Mas Patrick...

–Sem mais – Ele colocou seu dedo indicados sobre meus lábios – É uma promessa.

Ele se deitou novamente no chão, comigo e eu coloquei minha cabeça sobre seu peito, fechando os olhos, me deliciando com aquele perfume tão hipnotizante, que me fazia delirar. Era o mesmo cheiro que estava impregnado na minha roupa de cama. Cheiro do homem que me fazia feliz...

Ficamos assim por talvez minutos ou horas... Não sei ao certo. Meu precioso tempo passa a ser algo secundário quando estava ao lado do loiro.

–Preciso ir... – Murmurei ainda deitada sobre ele.

–Eu dou carona...

–Não precisa.

–Teresa... Achei que não precisava mais explicar para você o quão perigoso é uma moça linda assim, sozinha há essa hora.

–Não, eu queria passar em uma lanchonete e comer um hambúrguer. Estou com uma vontade louca.

–Desejos agora? Sério?

–Claro, não posso ter alguns de vez em quando?

–Claro que pode, mas eu apenas achei estranho, só isso.

–Hum, por que?

–Você não é do tipo de mulher que tem desejos assim do nada.

–Não foi assim do nada, eu estava com fome.

–Meh, não vou insistir nisso ou acabaremos brigando novamente.

–Sábia decisão – Brinquei, recebendo um beijo como resposta.

Levantamos do chão e nós nos beijamos novamente, um beijo envolvente e maravilhoso.

–Preciso mesmo ir – Disse com a voz rouca.

–Tudo bem... Tchau...

–Até amanhã, Patrick.

Caminhei em direção da porta principal do parque, sendo acompanhada pelos olhares preocupados do consultor. Ele provavelmente enrolaria um pouco mais antes de voltar para sua “casa” se é assim que podemos chamar aquele quarto empoeirado.

Andei distraída pelas ruas do centro da cidade. A maioria das lojas estavam fechadas, por exceção de uma pequena padaria local de esquina e uma grande rede de farmácias americana.

Eu estava levemente nauseada e isso me incomodava: Odiava vomitar. Então, antes de passar na padaria e comer o meu tão sonhado lanche, criei coragem e entrei na farmácia, que estava quase vazia, procurando os remédios para dor de estomago e azia, prateleira por prateleira.

Foi quando eu vi algo que me chamou muita à atenção: Absorventes em promoção. Estranhamente, eu não lembrava se tinha usado um desses pelos últimos meses, muito menos se os tinha comprado.

Quase que na mesma hora, a minha intuição disse que eu deveria comprar testes de gravidez. Assim, só em caso de dúvida. Já a minha razão, logo tentou me convencer que isso era besteira:

–Eu não estou grávida – Pensei – Não tem como eu estar...

Convenci-me disso e fui para o balcão pedir por medicamentos genéricos. Estava quase sem dinheiro naquela noite.

A jovem atendente me trouxe duas caixas de comprimidos para conter enjoos e um xarope sabor menta, para tratar da azia.

–Mais alguma coisa, senhora?

Eu pensei, pensei e pensei. Eu não poderia estar grávida e esses enjoos eram culpa da gastrite misturada com a minha má alimentação. Mas, em todo caso, eu poderia muito bem tirar a prova disso tudo com um teste. Por que não? É só um misero teste.

–Eu... Eu quero um teste de gravidez.

–Está bem – A jovem respondeu antes de retirar da vitrine, uma pequena e bonitinha embalagem rosada – Aqui está. Não vai querer mais nada?

–Não.

–O total deu: Trinta dólares.

–Ok – Entreguei o meu cartão de credito a jovem, que depois de alguns segundos já havia efetuado a compra.

–Muito obrigada senhora, volte sempre.

–Obrigada.

Peguei a minha sacola e notei que a pequena padaria já estava fechando. Era tarde demais para o meu tão sonhado lanche. Bom, o meu estomago teria que aceitar comer o que estivesse na geladeira, infelizmente.

Cheguei em casa exausta e pronta para tomar um banho quente. Abri o armário à procura de uma camisola limpa,mas estranhamente, eu não conseguia me concentrar na busca. Era como se a minha mente estivesse tomada de pensamentos sobre aquela estranha dor de estomago que eu sentia recorrentemente.

O teste. Eu precisava fazê-lo.

Tentei convencer a mim mesma que isso não era necessário, não hoje. Eu já o tinha, então eu poderia fazer o dia que eu quisesse.

Mas ao mesmo tempo, eu sentia que precisava. Aquela sensação tomava conta de mim, até o momento que eu me irritei.

Quer saber, vou fazer isso logo apenas para provar para mim mesma o quão louca estou.

**

Cinco minutos.

Era esse o tempo que eu precisava esperar para receber a confirmação que a minha sanidade mental estava abalada o suficiente, para eu sentir uma necessidade inexplicável em um misero teste de gravidez barato.

Já vestida com minha camisola branca, -uma das poucas limpas – eu encarava a porta do banheiro, sentada na cama, esperando o momento de enfrentar o meu destino.

Nesse pouco tempo que pra mim mais parecia uma eternidade, comecei a me questionar... E se eu estivesse mesmo grávida? O que eu faria? Contaria para o Patrick? E Lorelei? Como eu iria cuidar de uma criança? Sozinha? Com o Patrick?

Acho que o pior de tudo era pensar que essa criança seria meio irmão do filho da Lorelei, já que dividem o mesmo pai. Patrick, se eu o conheço bem, iria tentar aproximar os dois como se fossem irmãos legítimos, como se fossem de uma só família. Talvez por que ele não teve uma, digamos, “ótima” família quando criança ou também por que se sente culpado por não ter tido a chance de acompanhar o crescimento da filha única, Charlotte, por motivos óbvios.

Mas agora, e se eu não estivesse grávida? Eu me sentiria envergonhada, entretanto aliviada. Eu não teria um vinculo com Patrick, eu não estragaria a vida dele com a Lorelei e poderia deixa-lo ir com ela, para sempre. Eu não teria que me preocupar com uma criança e, se ela teria pai ou não. Seria perfeito, mas, é isso mesmo que eu quero? Uma criança alegraria a minha vida, mas estragaria outras...

Eram tantas incertezas e duvidas que brotavam, que eu não conseguia nem mais assimilar os meus pensamentos.

Devia ter algo de errado comigo.

**

Os cinco minutos se passaram.

Ansiosamente, caminhei trêmula para o pequeno banheiro.

Abri a porta e vi o temido teste sobre a pia branca.

Respirei fundo antes de pegá-lo. Eu estava tão nervosa, que sentia que o meu coração iria sair pela boca.

Ofegante, retirei o teste da pia e dei um breve sorriso.

Parece que dessa vez, a intuição ganhou da razão.


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Notas finais do capítulo

Gente, eu não consegui revisar o cap, estou com muito soninho :( Mas sabem que qualquer erro ou opinião podem ficar a vontade pra me avisar... Eu adoro ouvir vocês.

Bom, a reação do Jane quando estava vendo a Teresa com o Ray era a minha reação tb e a de mts de vcs eu acho ^.^ E sim, eu coloquei Jisbon pq eu não me aguento XD. Agora é claro, coloquei um novo ser na fic O.O povo chocado, ou não, quem não gosta da Tessy grávida?

Espero que tenham gostado, amo vcs meus lindos *---*