A Filha Do Sol escrita por Let B Aguiar, Taty B


Capítulo 13
Aceito o que me foi destinado


Notas iniciais do capítulo

Hey chuchuzinhos! Com0 vocês estão? Leram o capítulo passado? Gostaram? Desculpe não ter postado esse capítulo antes, eu e Taty estávamos sem tempo hahaha. Obrigada a todos que leram a história até aqui, inclusive vocês anônimos que não comentam ^^ Prometo que daqui pra frente vai ficar mais emocionante ;)



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Sério, se eu soubesse que minha vida iria mudar mais ainda quando conversasse com Rachel, eu nunca teria feito isso. Pelo menos, eu tentaria atrasar a minha conversa. Leo e Piper vinham atrás de mim, e eu estava louca para contar a Rachel sobre meus sonhos. Percy havia chegado e cumprimentava Rachel quando eu me juntei a eles.
– Oi, pessoal. – eu falei. Annabeth arregalou os olhos quando me viu. Percy e Quíron me cumprimentaram, e a garota Rachel me olhou atentamente.
– Olá, Patricia. – Quíron disse – Você apareceu num momento muito oportuno. Eu pretendia apresentar Rachel para todos os campistas novos na hora fogueira, mas vou adiar um pouco a apresentação.
Quíron sorriu e trouxe Rachel para perto.
– Essa é o Oráculo do Acampamento, Rachel Elizabeth Dare.
Eu dei a mão para Rachel, e uma sensação estranha percorreu meu corpo quando nossas mãos se tocaram. Senti que ela estava sugando toda minha alma ou algo do tipo, e foi muito desconfortável. Mas isso só durou até Rachel falar.
– Oi, Patricia! Como vai? – ela disse. Rachel tinha uma voz simpática, e deduzi que tinha, de fato, a idade de Percy a Annabeth.
– Oi, Rachel. Eu estou bem, e você?
– Eu estou bem, obrigada. Você é filha de qual deus? Afrodite? Hermes?
Eu ri.
– Na verdade, eu sou filha de Apolo.
Então, Rachel arregalou os olhos, assustada. Uma fumaça verde saiu de sua boca, e seus olhos perderam o tom azul, passando a apresentar uma cor verde hipnotizante. A fumaça contornou Rachel, fazendo-a praticamente desaparecer. Todos demonstravam surpresa e receio, exceto por Quíron, que encarava aquilo como se fosse um acontecimento normal.
Ao leste, a Filha do Sol partirá. Na Terra da Luz o deus raptado encontrará – a voz de a voz de Rachel se tornou amedrontadora. Parecia que cinco Rachels falavam ao mesmo tempo. – O machado e a lança, pelo amor lutarão. A feiticeira imortal e a serva, por fim, sofrerão.
Eu estava assustada. Todos estavam. E, de repente, a fumaça verde voltou para a boca de Rachel, os olhos retomaram a cor azul, e então ela desabou. Percy a agarrou rápido suficiente para que não caísse de cara no chão. Ninguém dizia nada, mas ficara claro o que ela tinha acabado de proferir: uma profecia sobre mim.
– Crianças, vamos para dentro. – Quíron sugeriu.
Nós o seguimos para dentro da Casa Grande. Percy carregou uma Rachel desmaiada nos braços, com Annabeth ao seu lado. O interior da Casa Grande era simples, com um sofá, uma mesa de jantar e uma mesa de ping-pong. Percy deitou Rachel no sofá, e se juntou a nós, também com uma expressão nada boa no rosto.
– Eu vou chamar os conselheiros chefes dos demais chalés. – falando isso, Quíron saiu da sala. Ele fez sinal para que sentássemos em volta da mesa de ping-pong, e puxamos algumas cadeiras. Encontrava-me tão apreensiva que não conseguia nem organizar meus pensamentos.
– Caras, essa foi a profecia mais rápida e efusiva do século! – Leo comentou, entrando na sala junto com Piper. Talvez sua piada tenha sido uma tentativa de amenizar o clima pesado e misterioso. Annabeth e Percy tentavam reanimar Rachel. Me preocupei mais ainda ao analisar a palidez da garota. Minha consciência ficaria péssima se algo de ruim acontecesse àquela garota que eu mal conhecia. Sentei-me ao lado de Leo e Piper na mesa. Piper me olhava preocupada, como se notasse meu nervosismo.
– Pattie, não fique assustada. Quando cheguei aqui no acampamento, passei pela mesma coisa... Não é Rachel que convoca as visões e profecias. Elas simplesmente acontecem sem aviso prévio. – Piper falou numa voz tranquilizadora, mas que não surtiu muito efeito em mim.
– Profecias são tão normais quanto pégasos de asa quebrada. – não entendi a comparação de Leo. Ele tentava me fazer rir, só que aquele não era um momento oportuno. Vi Rachel se mexer no sofá e as expressões de Annabeth e Percy se aliviaram.
– Obrigada gente, está tudo bem. – ela afirmou, se sentando, ainda bastante pálida.
– Me desculpe! – exclamei, me sentindo de fato culpada pelo que aconteceu.
– Pattie, não se preocupe, isso é completamente normal! – Rachel disse, já conseguindo se levantar do sofá – Meu corpo não acompanha a intensidade das profecias. Então, desmaiar é a consequência.
– Bom, acho que temos uma profecia fresquinha para discutir. – Percy dizia isso como se ter uma profecia sobre você mesmo fosse similar a ver o jornal das oito.
– Sem dúvidas. – concordou Annabeth. Percy puxou uma cadeira para ela se sentar, e eu achei isso delicado da parte dele. – E não há dúvidas também de que essa profecia se refere a você, Pattie. E a você também, Leo.
– Eu? – ele pareceu surpreso com a menção de seu nome. – O que? O que eu tenho a ver com essa profecia?
– Bem, a profecia diz... “O machado e a lança, pelo amor lutarão”. Machados normalmente remetem a filhos de Hefesto. E você é o filho de Hefesto mais próximo da Pattie. Não vejo razão em ela escolher outra pessoa do seu chalé para acompanhá-la. – o que Annabeth disse foi bem racional. Ela era tão inteligente que em poucos segundos já parecia saber todo o significado da profecia.
– E eu pensei que iria ter férias de verão... Que empolgante. – ele pareceu desapontado com a notícia. Fiquei mais aflita ainda. Não entendia muito bem o que ia acontecer ali para frente, o por que de Leo ter de me acompanhar na missão, mas meu sexto sentido dizia que coisas boas é que não iriam seguir.
No mesmo instante, Quíron adentrou a sala, seguido de Will, Ryler, Miranda Gardiner, do chalé de Deméter, Travis Stoll, Lou Ellen, do chalé de Hécate, e um gordinho com cara de sono cujo nome eu não sabia. Ryler trocou um olhar breve comigo, para mostrar que estava ali. Todos se se sentaram à mesa, e apesar de estarem conversando casualmente, a tensão não ia embora. Quíron pigarreou e tomou a dianteira:
– Pattie, você não deve estar entendendo nada. – Quíron ainda não tinha conseguido dizer algo tão sábio quanto isso, pelo menos para mim. – É compreensível... Você mal se acostumou com a rotina do acampamento ainda. Mas profecias acontecem somente para quem é capaz de carregar o fardo. Percy entende muito bem disso. – Percy me lançou um olhar de encorajamento. Tinha ouvido muitas de suas histórias, e ele realizou atos heroicos desde o momento em que pisou no acampamento, com doze anos de idade. Ele podia se dizer expert em ‘ser pego desprevenido por profecias loucas e garotas cuspindo fumaça verde’.
– Você tem razão, Quíron. E eu quero entender tudo o mais rápido possível. – fui firme em minhas palavras, apesar do medo que passava em forma de correntes elétricas por todo meu corpo.
– Profecias designam uma missão para um semideus e mais dois acompanhantes. – ele começou a explicar – Normalmente, dá-se primeiro a missão e só depois o herói recorre ao oráculo em busca de uma profecia para auxiliá-lo. Mas, como pode ver, em alguns casos, ocorre o inverso... Rachel recitou uma profecia sobre sua primeira missão como meio-sangue.
Apesar da calma e transparência na voz de Quíron, senti algo muito frio percorrer meu sangue. Não me sentia preparada para uma missão. Porém, pelo pouco que escutei, não havia como escapar do meu fardo.
– Essa profecia, é claro, se refere exclusivamente a você – a filha do deus do sol – e uma vez que isso é mencionado nos versos, não há escapatória. – Quíron personificou o que se passava por minha cabeça. Os outros prestavam atenção em seu discurso, mas muitos ali já o tinham escutado várias vezes.
– Agora, precisamos tentar entender os versos da profecia. – Rachel completou – E você deve decidir quem irá lhe acompanhar em sua missão. Apesar de que, de certo modo, isso já está bem explícito.
– O machado e a lança. – Percy repetiu, com os dedos tamborilando sobre seus lábios. – O que a Annie disse faz sentido. O machado só pode ser uma referência a um filho de Hefesto.
– Que sou eu, porque é óbvio que a Pattie vai me escolher. Quer dizer, eu acho... – Leo soltou isso tão impensadamente, e meu coração parou com medo de que Ryler ardesse em ciúmes e voasse em cima dele. Nada aconteceu, graças aos deuses.
– Se a profecia diz que tem que ser assim, é claro que eu vou te escolher – respondi, imparcialmente. Ryler olhava de mim para Leo, se controlando para não fazer nada ameaçador. – Mas e a lança? Vocês acham que se refere ao que?
– A algum filho de Ares. – Travis revirou os olhos com tédio.
– Então eu vou! – Ryler quase se levantou de sua cadeira para dizer isso. Pude perceber o semblante de Leo mudar.
– Ryler, quem decide isso é a Pattie. – Piper ponderou, e ele me fitou à espera de uma decisão. Os outros presentes ali fizeram o mesmo.
– Bom... Ryler deve ir comigo, sim! – conclui, e pude ver seus olhos reluzirem. – Mas sinto que não é só isso que temos que discutir...
– Não mesmo, Pattie. – Rachel tornou a falar. – Quando você chegou aqui, senti que queria me contar algo.
Eu hesitei por alguns segundos. Respirei fundo, e confessei tudo sobre meus sonhos. Quíron pediu para que eu contasse cada detalhe deles, e isso acabou demorando uns dez minutos. Leo construía uma miniatura de um barquinho pirata com as coisas que tirava de seu cinto mágico. Essa mania dele sempre me deixava mais nervosa ainda, e a minha vontade era de meter a mão no seu rostinho de elfo.
– Eu juro por Poseidon que queria entender como é que um deus some e ninguém percebe! É preciso um semideus sonhar com isso para que todos fiquem sabendo! – Percy exclamou, indignado, quando terminei de contar os dois sonhos.
– Percy, você nunca vai entender. – Annabeth lhe deu um banho de realidade. – Os deuses são assim mesmo. Concentrados demais em suas tarefas individuais. E se o desaparecido é um deus menor, aí é que eles nem notam mesmo.
– Não é bem assim – Quíron interrompeu – Os deuses devem ter notado, com certeza. Se Eros foi sequestrado, a mãe de Piper deve estar bem infeliz.
– Ah... Tinha quase me esquecido que ele é meu meio irmão. – Piper comentou, mas sua voz não demonstrava nenhum tipo de sentimento.
– E por que sequestrariam Eros? – questionei – Sequestrar o deus do amor... Isso não faz sentido para mim.
– Faz sentido, sim. – Annabeth observou – Eros não é responsável apenas por fazer os mortais se apaixonarem. Junto com a sua mãe, Afrodite, ele colabora com o equilíbrio das relações interpessoais. Todas elas, de alguma forma, são movidas por um sentimento, seja ele amizade, compaixão, ou amor... Se ele está desaparecido e se Afrodite realmente estiver abalada, creio que em poucos dias vamos começar a ver as consequências disso tudo.
– Com certeza! – Piper apoiou – As pessoas tendem a subestimar o poder do amor, principalmente os mortais... Mal sabem que com o desequilíbrio deste, a sociedade pode entrar em colapso.
– E que feiticeira iria querer que os mortais entrassem em colapso? – Lou Ellen perguntou, uma sobrancelha arqueada.
Quíron mandou um olhar significativo para mim.
– Uma que detesta os mortais, srta. Ellen... Principalmente os do sexo masculino. Acho que Pattie se esqueceu de mencionar o nome da feiticeira, não foi, querida?
Com um estalo, me recordei do nome que lutei para lembrar enquanto descrevia os sonhos... Circe.
– Circe. – disse com amargura, sentindo nojo dessa feiticeira ridícula sem nunca tê-la visto pessoalmente.
– Isso mesmo! – Quíron afirmou, quase entusiasmado.
– Ah, não acredito! – Percy reclamou – Pensei que o Barba Negra e seus marinheiros haviam dado um jeito nela...
– Definitivamente não, Percy. Ela é imortal. – Lou Ellen falou novamente – Você só a fez ficar acuada... Bem, digo isso porque de certa forma, ela é uma meia-irmã distante.
Ela era filha de Hécate. Devia saber tudo sobre a bruxa. Ou até mesmo idolatrá-la. Nunca saberia.
– Resumindo...– Leo se pronunciou, desmontando o barquinho que construíra – Circe sequestrou Eros dentro de sua própria casa, pois com a desgraça dos casais do mundo inteiro, pretende aniquilar todos os seres do sexo masculino, a fim de construir um império feminista, estilo as bruxas de Salem! – Lou Ellen lhe lançou um olhar repreendedor, mas ele não deu à mínima. Percy e Connor riram discretamente. – Eu, Pattie e Ryler, devemos descobrir onde está o covil da bruxa e resgatar o anjinho sequestrado, para que isso não aconteça.
– Basicamente, Leo. – Annabeth não devia concordar muito com Leo, pois ele se demonstrou surpreso. – Mas há uma pista de onde Circe pode estar.
– Na Terra da luz – Rachel refletiuSó que não pode ser o que eu estou pensando...
– Paris? – Ryler decidiu usar suas cordas vocais depois de ficar muito tempo calado, apenas trocando olhares comigo. Seu chute pareceu certeiro.
– Wow, alguém entende de geografia aqui! – Leo tinha medo, mas não tinha vergonha, e pude perceber os punhos de Ryler se cerrando embaixo da mesa.
– Chegar até Paris é inviável! – Will finalmente decidiu quebrar seu próprio silêncio e dizer algo – Como vocês vão chegar até a Europa antes que toda a energia de Eros se esvaia?
Todos ficaram intrigados com a questão levantada por Will. Até Leo pareceu não ter ideias.
– Infelizmente, não temos mais o Argo... – ele falou, com a expressão de quem procurava por algo que solucionasse o problema.
– Eu tive uma ideia! – Percy exclamou com tanto entusiasmo, que até parecia que ele também ia fazer parte da missão – Só há uma pessoa que pode ajudá-los, e essa pessoa é Hermes.
– Meu pai? – Travis debochou – Ele vai querer algo em troca, sem dúvidas.
– Não importa! – eu rebati – Precisamos resgatar esse deus de qualquer jeito. Eu não quero que todas as pessoas passem a odiar umas as outras. Guerras poderão acontecer, crimes, e outras tantas tragédias. Quantos dias temos até que, hum, a energia de Eros se esvaia?
– Provavelmente, uma semana. Se uma deusa poderosa como Hera quase padeceu em algumas semanas, calculo que para Eros esse tempo seja mais reduzido. – Quíron foi categórico – E se não vai ser fácil convencer Hermes a ajudá-los, também não irá ser fácil encontrá-lo. Ele nunca fica no mesmo lugar por muito tempo, sua localização é sempre incerta.
– Um outro deus saberia dizer o paradeiro dele... Os deuses sempre sabem como se achar. – Will conseguiu acrescentar algo brilhante à conversa, de novo. Queria ter a metade de sua inteligência.
– Psiquê. – Miranda Gardiner se incluiu no debate – Ela é a esposa de Eros, e deve estar desesperada. Se vocês conseguirem chegar até o palácio secreto de Pisquê e Eros, podem pedir por sua ajuda, e assim descobrir o paradeiro do deus mensageiro.
– É uma boa ideia. – aprovou Travis.
– Ótimo! – não poderia concordar mais com a opinião de todos ali. – Já temos por onde começar, então. Vamos partir o mais rápido possível. Amanhã.
– Eu iria dizer isso, mas não foi necessário. – percebi que Quíron dava um meio sorriso para mim, como se aprovasse minha atitude.
– Espera! – Leo levantou a mão – Vocês estão se esquecendo do mais importante... O meio de transporte. Como eu já disse, não temos mais um super barco de guerra voador.
Era verdade. Precisávamos de um meio de transporte. Não tínhamos ideia de onde o palácio secreto de Psiquê e Eros ficava, muito menos da localização de Hermes. E de preferência, teria de ser um meio de transporte bem rápido.
– A biga! – Ryler exclamou – A biga voadora do chalé de Apolo e de Ares. Eu e Pattie pertencemos a esses chalés. Podemos usá-la.
– É, podem mesmo. – Leo concordou com Ryler, mesmo se mostrando contrariado.
– Ok. – continuei transmitindo firmeza em minhas palavras. – Nós sairemos amanhã, depois do café da manhã. Usaremos a biga... E bom, espero que os deuses colaborem conosco.
– Eles irão colaborar. – era difícil dizer se o incentivo de Quíron tinha fundamento ou se era apenas para nos encorajar. Ou melhor, me encorajar. Leo já salvara o mundo e o Olimpo uma vez, e Ryler tinha encarado tantas missões perigosas que perdera a conta. Toda a inexperiência pesava sobre meus ombros. Porém, a reunião fez eu me sentir confiante e menos amedrontada. Aquelas pessoas não se importavam com a minha idade, com as minhas habilidades, ou com a minha experiência. Elas acreditavam no meu potencial, e isso significava que eu também tinha de acreditar.
– Isso vai ser baba para vocês! –Percy disse, sorrindo e se levantando da mesa com Annabeth e os outros campistas. Eu fiz o mesmo, olhando para Leo e Ryler com a intenção de que eles me seguissem. Agradeci as palavras de incentivo de Percy e de todos que colaboraram com suas ideias. Saímos da casa grande, e Leo e Ryler vinham em meu encalço. Tentei me afastar um pouco das pessoas para que fosse possível conversar com eles. Nenhum dos dois parecia animado para trabalhar em equipe.
Olha, vocês podem achar que essa missão não é nada comparada a tudo que vocês já enfrentaram. – falei séria, parando bruscamente no meio da colina, olhando no fundo dos olhos de ambos – Mas é a minha primeira, então eu preciso que vocês colaborem e se tolerem. Matem monstros, e não a vocês mesmos.
– Fale isso para o seu namorado, não para mim! Ele é que tem sede de sangue, não eu. – Leo se fez de ofendido.
– Valdez! – a fisionomia de Ryler mudava rápido quando ele se irritava – Eu juro por Ares que só não quebro a sua cara porque a Pattie é sua amiguinha!
– Acho que acabei de fazer xixi nas calças de tanto medo! – Leo instigava Ryler para a briga. Logo eles estavam cara a cara, e as mãos de Leo começaram a queimar em chamas. Ele estava à beira de se descontrolar e partir para cima de Ryler.
– Mas que merda! – gritei, nervosa de verdade, mais do que no dia em que acertei uma flecha flamejante em Ryler e fui tratada com hostilidade. – Quantos anos de idade vocês tem? Oito? Não sabem encarar nada com maturidade! Não deveria ter escolhido vocês dois para me acompanhar! Leo, apaga essas porcarias de mãos! – ele olhou para mim, voltando a si, e as chamas em suas mãos se apagaram.
– Pattie... – Ryler percebeu minha fúria, e tentou ir atrás de mim quando dei as costas e comecei a descer a colina em passos largos. Não olhei para trás. Ele me irritou tanto que eu precisava ficar alguns minutos sem olhar para sua cara, só assim me acalmaria. Praticamente corri até o meu chalé, deixando-o para trás. Distraída, acabei trombando em Piper quando cheguei à área dos chalés.
– Desculpa, desculpa! – Piper notou meu atordoamento e ficou intrigada.
– O que aconteceu, Pattie? Você precisa ficar calma...
– O que aconteceu? Leo e Ryler são duas crianças imaturas! Se eles continuarem agindo assim durante a missão, vamos fracassar! – disse, frustrada.
– É verdade... Mas se tem alguém que pode intermediar os conflitos entre eles, essa pessoa é você. Então, em vez de dar as costas, encare os dois e tente colocar ordem na situação. – Piper aconselhou-me. Ela sempre me dava os conselhos certos, na hora certa.
– Você tem razão, Pipes, mas às vezes eu de fato perco a cabeça! – bufei, e me sentei na varanda do chalé. Ela me acompanhou, e ficamos conversando sobre a missão. Piper era tão experiente quanto Leo, apesar de alegar que só colaborou com seu charme, e não com sua força. Piper tinha um sério complexo. Ela se achava inferior aos outros semideuses por ser filha de Afrodite e seu poder se resumir ao charme da sua voz. Por mais que todo mundo lhe dissesse que seu poder era extremamente útil, ela não acreditava.
– Pattie, eu acho que tem um jeito de descobrir a localização do palácio. – Piper opinou, enquanto fazia uma trança em meus cabelos. O engraçado é que deveria estar discutindo esse tipo de coisa com Ryler e Leo, mas naquele momento a minha vontade era dar um soco na cara de cada um.
– Que jeito? – perguntei, esperançosa.
– Seus sonhos! Você não voltou a sonhar sem motivo. Eu acho... Acho que seu pai lhe devolveu esse dom para te ajudar na missão. Então hoje antes de dormir, peça a seu pai para que ele lhe faça sonhar com o palácio. Talvez funcione.
A teoria de Piper fazia sentido.
– Eu vou tentar. Eu preciso conduzir essa missão decentemente, não posso decepcionar ninguém. – suspirei, expressando um pouco do que sentia.
– Pattie, você não vai decepcionar ninguém. Você é mais durona do que Leo e Ryler juntos. – ela terminou de fazer a trança em meu cabelo e se levantou. Eu adorava quando as pessoas me chamavam de durona, não podia negar. Me levantei também e nos despedimos, para depois nos encontrarmos no jantar novamente. Prometi a mim mesma que comeria sem pudor, porque aquele poderia ser meu último jantar no acampamento Meio-Sangue. Trágico, sim, mas era a realidade dos semideuses.
Meus outros irmãos me receberam no chalé alegremente, mas sem deixar aquela pressãozinha básica de lado.
– Pattie, você precisa voltar viva dessa missão. – Leroy não poderia ter sido mais direto.
– Eu vou tentar! – repliquei.
– É um privilégio receber uma missão no primeiro ano de acampamento. – Matt comentou – Apenas eu, Will e Johnny tivemos essa sorte.
– Joga na cara mesmo! – Austin jogou uma palheta na cabeça de Matt, como se fosse muito doloroso e ameaçador.
– Por favor, tomem cuidado com a biga! – Will implorou – Da última vez ela...
– Cala a boca, Will! – Adam interrompeu – Se acontecer alguma coisa, o chalé de Hefesto arruma de novo.
– Vocês não sabem o significado dessa biga...
– Sim, sabemos! – exclamou Ronnie – Não precisa repetir pela quingentésima vez!
– Pattie vai acertar flechas no traseiro de vários monstros! – Carlos sorria para mim, enquanto afinava um contrabaixo, sentado em um pufe.
– Ou acertarei traseiro de monstros com a minha espada! – provoquei-os, e uma onda de reclamações caiu sobre mim – Ok, ok, parem de reclamar e me arrumem néctar, ambrosia e outras coisas úteis.
Will me deu um cantil com néctar, uma quantidade razoável de ambrosia, band-aids, gaze, ataduras, pomada cicatrizante e remédio para dor de cabeça. Peguei um saco de dormir dentro de um baú, protetor solar, um mapa, pacotes de Ruffles, uma camiseta extra do acampamento, escova de dentes e desodorante. Meus irmãos disseram que eu tinha pegado muita coisa, porém, para mim aquilo era o básico. Johnny pegou três flechas de dentro de seu baú e as entregou para mim.
– Um presente para você, pequena – Johnny tinha os olhos azuis como os meus, um rosto perfeito e cabelos loiros raspados nos lados. Seu estilo descolado, a pose de bad boy, as tatuagens e o piercing na sobrancelha, faziam as garotas derreterem. – São flechas supersônicas que nosso pai me deu de aniversário uma vez. Quando acertam o alvo, emitem um som numa frequência insuportável, o que espanta os outros monstros em volta. Eu não ando saindo em muitas missões, então acho que seria justo dar algumas para você.
– Uau, Johnny! – fiquei encantada com a atitude dele. Depois de Will, Johnny era o irmão mais próximo de mim. – Obrigada, são incríveis!
– De nada! – ele tentou bagunçar meus cabelos antes de me abraçar, como sempre fazia – Faça bom uso delas, ok?
– Pode deixar, irmãozinho! – os outros viram nosso abraço e começaram a interpretar ataques de ciúmes. Esses garotos definitivamente tinham predisposição ao drama, bem mais do que eu.
Ryler estava me esperando na frente do chalé, quando saí para ir jantar. Consegui me acalmar durante o tempo em que conversei e arrumei a mochila com meus irmãos. Respirei fundo, e me aproximei dele.
– Está mais calma? – ele indagou, e eu dei um sorriso debochado.
– Eu é que te pergunto isso.
– Eu... eu prometo que não vou mais me descontrolar com o Valdez. – Ryler falou, resignado – Por você, e pelo bem da missão.
O fitei com curiosidade. E apesar de saber que não poderia ser tão mole com ele, acabei me suavizando com as suas palavras.
– Ok, eu vou dar meu voto de confiança para você. Mas vai ter que realmente cumprir. Uma coisa é falar, outra é fazer. – tentei soar bastante séria.
– Confie em mim. – Ryler se aproximou mais e me deu um selinho demorado. Depois sorriu, e pegou a minha mão – Vamos jantar, temos que aproveitar o nosso último jantar decente.
– Comilão! – zombei dele, e juntos nos dirigimos para o refeitório.









































































































































































































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Notas finais do capítulo

Então? O que acharam? Gostaram? O que acharam da profecia? Fui eu mesma quem fez! Hahaha Não deixem de comentar, ok? Quem quiser me falar alguma coisa no twitter é @let_barreto. Sintam-se a vontade para criticar, elogiar, etc. E mais uma vez: anônimos, vocês não perderão nem 5 minutos fazendo uma conta no Nyah! para comentar ;) #ficaadica. Vejo vocês no próximo capítulo :*



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